DRAMIONE || Compreendendo o inimigo escrita por Corujinha


Capítulo 6
Ameaça e Arrependimento parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas bonitas! Demorei para voltar? Só um pouquinho né? Mas o capítulo tá bem grande. Na verdade eu acho até que está grande demais (e ainda tem um "parte I" no título kkkkkkkk). Se vocês acharem que é melhor eu tentar deixar o capítulo menor podem me falar okay? É só falar pra tia, que a tia faz o melhor pra vocês.
E obrigada a Betadizi que favoritou a fic.

Bom, boa leitura e até as notas finais. o/



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POV DRACO

Eu entrei no dormitório furioso. Nott que estava deitado em sua cama pareceu se assustar quando me viu. Eu fora encharcado pela chuva que caía lá fora enquanto caminhava para entrar no castelo e acabei deixado todo o quarto molhado.

Para piorar eu ainda cruzei com Madame Nora que saiu correndo provavelmente atrás de Filch, e eu tive que vir para meu quarto tomando o caminho mais longo para não encontrar com ele.

Tudo culpa daquela Granger. Não sei se sentia mais raiva dela ou de mim por ter dito aquilo a ela. Ela ainda teve a petulância de me enfeitiçar. Com quem ela acha que está lidando?

Quando eu a deixei ela estava branca como um fantasma, parecia assustada. Tomara que o que eu disse tenha atormentado-a bastante. Agora nós dois não vamos ter sossego, Sabe-Tudo.

– Cara, vai trocar de roupa! O dormitório já tá todo molhado. - reclamou Nott.

– Cala boca, Nott. Não me irrita mais não tá? - disse a ele, meu tom de voz aumentando descontroladamente e ele ergueu as mãos.

– Ui. O que aconteceu?

Eu passei por ele e fui direto para o banheiro batendo a porta com força atrás de mim. Não ia dar explicações a Nott. O melhor a fazer era afogar a raiva que eu estava sentindo com um bom banho quente.

E quando levei a mão ao botão da capa...

– Droga! Deixei com ela!

POV HERMIONE

As vezes eu acho que o Filch se multiplica por mil e cada uma de suas cópias fica em um canto do castelo à noite.

Escapei dele por pouco tantas vezes que perdi a conta e acabei entrando em salas vazias duas vezes enquanto ele andava no corredor do lado de fora.

Quando finalmente cheguei no dormitório já cansada tanto física quando emocionalmente a Mulher Gorda ressonava alto em seu sono.

– Ei! - chamei mas ela não deu qualquer sinal de que tivesse me ouvido - Ei! Acorda! - chamei agora um pouco mais alto.

– Ãnh... O que...? - ela disse grogue.

– Garra de Lobisomem - eu disse a senha.

– Não pode entrar no dormitório dos outros a essa hora meu bem. - ela disse e voltou a fechar seus olhos.

– O que...? - eu respondi mas logo me dei conta do que a confundiu: Capa da Sonserina. E eu ainda havia posto o capuz, então, com o sono que ela aparentava estar, com certeza não identificaria minha voz.

Eu tirei o capuz de minha cabeça e voltei a falar sem muita paciência:

– Não seja tola, sou eu.

A mulher gorda abriu novamente os olhos e me encarou. Pensei que agora ela fosse me dar passagem, mas o que ela me deu foi uma bronca:

– Já é a segunda noite que você chega pela madrugada, mocinha. E olha só. Com uma capa de Sonserina. Já imagino o que estava fazendo por aí. - ela disse e fez sinal negativo com a cabeça.

Eu tive a sensação de corar até a raiz dos cabelos.

– Eu não estava fazendo nada de errado para a sua informação e poderia por favor me deixar passar? - eu pedi. Depois de andar tanto por aí fugindo do Filch eu já não estava mais molhada, mas o frio fazia com que eu tremesse.

– Senha. - ela ordenou.

– Ah, Merlin... Garra de Lobisomem. - ela disse e me deu passagem para o Salão Comunal.

– E pare com suas saídas a noite. Eu quero dormir! - ela disse, mas eu ignorei totalmente.

Eu corri passando direto pelo Salão Comunal e indo para o dormitório. Subi as escadas o mais silenciosamente possível e quando cheguei vi que todas as meninas já dormiam. Andei pé ante pé até minha cama e abri meu malão devagar. Peguei meu pijama e fui ao banheiro, fechando a porta ainda mais cautelosamente.

Eu encostei minhas costas na porta e deixei meu corpo deslizar até eu estar sentada no chão do banheiro. Eu fechei os olhos e deixei os pensamentos que estava afastando desde que sai do jardim me atormentarem e me esmagarem o quanto quisessem.

A culpa é absolutamente minha, afinal não se deve fazer uma pergunta se você não aguenta a resposta. E eu sabia que a resposta de Malfoy ia rodear meus pensamentos até me enlouquecer.

Não! Não! Não! É isso que ele quer,ele quer me deixar confusa e atormentada. Eu não posso deixar, não posso.

Comecei a me mexer. Tinha que trocar de roupa e ir dormir ou amanhã eu ia pegar no sono no meio de uma aula. Então me levantei e retirei a capa de meu corpo. Mas... O que eu faria com ela? É claro, eu tinha que devolver, mas não dá para simplesmente ir as masmorras ou a mesa da Sonserina. Sem preconceito, mas eles também não são muito amigáveis conosco.

Peguei minha varinha, que só pra constar me deu um trabalho danado para achar. Quando Malfoy me desarmou, ela saiu voando e eu não podia voltar para o castelo sem varinha, obviamente. Esse garoto me paga. Que droga! Olha meu estado! Encharcada, com uma grande probabilidade de pegar um resfriado e com uma capa da Sonserina.

Bom, uma boa ideia era... Bom não, na verdade era uma ótima ideia.

Peguei minha varinha e com um aceno dela toda a água esvaiu-se da capa. Com mais um aceno ela dobrou-se em um pequeno quadrado.

De manhã eu mandaria uma das corujas lá do corujal entregarem a Malfoy. Sim, seria bem mais fácil simplesmente entregar e agradecer como qualquer pessoa normal, mas não quero ter que conversar com Malfoy logo cedo.

Olhei mais uma vez a capa que agora repousava dobrada e seca em cima do mármore branco da pia. Pensei que tivesse ficado louca quando ele me estendeu essa capa porque percebeu que eu sentia frio... O que dá nele? As vezes parece outra pessoa...

Balancei a cabeça afastando esse pensamento. Esquece Hermione! Chega de qualquer coisa relacionada ao Malfoy por hoje! Por hoje e por um bom tempo, meu Merlin, se for possível.

Me despi e tomei um banho quente e rápido que aqueceu meu ossos me deixando mais relaxada.

Quando sai da banheira, me vesti e em seguida fiz o mesmo feitiço que havia feito na capa, em meu uniforme.

Saí do banheiro e coloquei meu uniforme e a capa em meu malão. De manhã cuidaria daquilo.

Me sentei em minha cama e fiquei parada por um instante com a cabeça apoiada nas mãos. Acho que por um momento eu cogitei se tinha sido mesmo uma boa escolha voltar a Hogwarts. Mas que droga eu estava pensando? Eu não desistiria do meu ano letivo por causa de alguém como o Malfoy que atrapalha minha vida, não é?

"E você é louca o suficiente pra achar que depois disso eu ainda sou capaz de colocar a cabeça no travesseiro toda noite sem sentir qualquer culpa."

Eu odeio o fato das palavras dele ficarem se repetindo em minha mente como se as tivesse gravado a apertasse o botão replay sucessivas vezes.

E quer saber? Eu realmente pensava isso. Sim, é verdade. Eu não achava que ele sentisse qualquer culpa, qualquer tormento. Que isso o tivesse afetado tanto quando a mim.

"Porque toda vez que eu olho para você eu sou obrigado a conviver com a ideia de que eu quase deixei alguém morrer por pura covardia."

Essa, admito, me afetou. Eu fiquei sem fala, sem reação com o que ele me disse. Só o que pude responder foi um "Eu não sabia...", mas havia muito mais que eu queria dizer, mas parece que tudo ficou preso em minha garganta.

Nesse momento ouvi um chamado baixo:

– Hermione?

Olhei para o lado assustada e vi Gina com aquela confusão de quem acorda de repente me olhando.

– Sim, Gina. - eu disse.

– Está tudo bem? - ela perguntou.

Eu respirei fundo e fiquei em silêncio por alguns segundos.

– Sim, Gina. Só acordei e fui até o banheiro. - menti - Já vou voltar a dormir. Boa noite. - disse e puxei as cortinas de minha cama me deitando. Ouvi ainda seu "Boa noite" seguido de um longo bocejo.

POV DRACO

De acordo com meu relógio, agora são duas e meia da manhã. Ainda to acordado pensando, admito, naquela garota irritante.

Essa insônia me deixa pilhado, porque depois de muito tempo deitado, sem dormir, a gente começa a pensar o que não deve.

A Granger ficou branca e parecia totalmente desconcertada, não conseguiu dizer mais do que um "Eu não sabia...".

Quer saber? Se eu tivesse sido esperto teria lançado um Incêndio naquele livro e teria sido divertido vê-la desesperada, mas... Ela é estranhamente interessante às vezes...

Foi estranho vê-la com aquela capa da Sonserina. Sei lá... Devia parecer totalmente errado, não devia? Mas não parecia.

Levei a mão direita até a cabeça e procurei tirar isso da mente. Tentei convencer a mim mesmo que o sono (que eu não tinha) estava fazendo com que eu não pensasse nada sensato.

Sentei-me na cama e estiquei meu braço até a gaveta ao lado de minha cama e dentro dela peguei um pedaço de pergaminho, um pena, um tinteiro e peguei minha varinha acima da mesinha.

Eu escreveria para minha mãe mesmo não tendo nada a dizer. Eu queria saber como ela estava. Ela ficou sozinha naquela casa com os empregados num estado quase depressivo com a situação do meu pai. Não entendo. Tudo de ruim que ele fez pra gente e ela ainda o ama desta maneira. Não entendo e acho que nunca vou entender.

Acendi uma pequena luz na ponta da varinha com um Lumuse comecei a escrever no pedaço de pergaminho:

" Mãe,

só estou escrevendo para que não fique preocupada. As coisas aqui estão suportáveis... Espero que esteja bem. Me mande notícias suas.

D. Malfoy "

Terminei e voltei a guardar tudo na gaveta. De manhã eu levaria a carta ao corujal e mandaria à minha mãe.

Apaguei a luz da varinha e voltei a me deitar. Esperei até que o sono finalmente me venceu.

POV HERMIONE

– Mione! - Gina me chamava aflita - Mione, acorda! Mione!

– Ah! - eu arfei assustada.

Abrir o olhos e vi a ruiva a minha frente. Minha respiração estava acelerada e percebi que eu estava suada.

Eu olhei para os lados e as meninas ainda estavam deitadas.

– O que aconteceu? - perguntei levando uma mão a cabeça.

– Você estava se revirando na cama e falando que alguém devia de afastar de você. Eu fiquei preocupada, achei melhor te acordar. - explicou Gina.

Eu respirei tentando me controlar.

– Obrigada. - agradeci.

– Amiga, eu to ficando preocupada. Eu já falei com você. Converse com a Minerva, ela pode ter ajudar. Você não pode ficar assim, sem uma boa noite de sono porque não consegue dormir em paz. - aconselhou Gina.

– Eu vou pensar nisso, Gina. Obrigada de novo. É melhor eu tomar um banho. - eu disse rápido e me levantando. Eu dividi esse tormento dos pesadelos com Gina porque ela era minha melhor amiga, mas não me sentia à vontade para fazer isso com mais alguém.

Eu peguei meu uniforme no meu malão apressada e atrapalhadamente e entrei correndo no banheiro.

Meu Merlin, que pesadelo estranho.

Começou com aquela cena típica e horripilante na mansão Malfoy. Eu estava deitada no chão com os olhos fechados e meu braço parecia em chamas, a dor era horrível. Nessa parte eu sempre escutava a risada de Bellatriz, mas dessa vez não. Dessa vez eu senti um toque frio em meu pulso que pareceu aliviar a dor. Eu abri os olhos e olhei na direção de quem estava ali. Eu via tudo desfocadamemte, mas aos poucos a imagem foi ficando nítida e eu olhava para Draco Malfoy.

– Por que não fez nada? - perguntei à ele.

– Eu não podia.

Repetimos aquela conversa que tivemos no jardim. Ela parecia encaixar-se a essa situação também.

Ele pegou a varinha e apontou para meu braço. Eu não sabia se no intuito de melhorar ou piorar algo, então com força de não sei aonde eu gritei a plenos pulmões que ele se afastasse de mim.

Foi aí que Gina me acordou.

Agora eu tomava um bom banho tentando fazer com que toda aquela sensação ruim de mais uma noite mal dormida saísse de mim. Quando eu finalmente saí do banheiro as meninas já acordavam e Gina estava perto da porta. Quando eu sai ela me perguntou:

– Se sente melhor? - fiz que sim com a cabeça - Que bom, estava preocupada... Me espera pra gente ir tomar café?

– Ãhn... Eu tenho que descer... Mas é rapidinho, a gente se fala na mesa do café, okay?

– Onde vai? - ela perguntou.

– Ao corujal. - respondi.

– Pra quem vai escrever? - ela volta a perguntar.

– Er... Depois conversamos okay? Eu tenho que ir lá. - eu dei uma desculpa.

– Hum... Tá. Mas você vai me contar isso depois. - ela disse firmando tal compromisso e entrou no banheiro deixando uma Parvati chateada para trás.

Eu fui até meu malão e lá estava a capa. Eu faria o que havia pensado ontem, então peguei uma pena, um tinteiro e um pequeno pedaço de pergaminho. Escrevi nele uma única palavra e coloquei em cima da capa. Com um aceno rápido do varinha (que antes de fazer, verifiquei se nenhuma das meninas ali prestava atenção em mim) a veste de tons verde e prata estava embrulhada em um papel cinza e amarrada com uma linha branca. Era aquele típico embrulho mágico que quando recebe um toque da varinha do destinatário simplesmente some deixando o conteúdo. É bem prático. Escrevi em cima do papel o nome do destinatário. O remetente não precisava, ele saberia quem mandou.

Peguei o pequeno embrulho e sai em direção ao Salão Comunal. Pensei que como ainda estava bem cedo o Salão estaria vazio, mas estava enganada. Rony estava sentado confortavelmente em uma poltrona em frente a lareira. Como o vi antes dele me ver, escondi o embrulho que carregava atrás das costas e tracei um plano rápido (que diga-se de passagem tinha tudo para dar errado): Como não tinha como sair do salão sem ser vista por ele, eu daria um bom dia simples e sairia rapidamente. Foi o que fiz.

– Bom dia, Rony. - disse com um sorriso discreto ao passar por ele e me direcionei a porta.

– Bom dia. Ei! Mione! Eu queria falar um coisa com você. - ele falou e se levantou rapidamente de sua poltrona.

Eu murmurei um "Que droga!" que tive muita sorte em ele não ouvir. Eu conversaria com Rony o quanto ele quisesse, mas tinha que ser agora?

Me posicionei à frente do embrulho e de frente para Rony para que ele não o visse.

– Sim, Rony. - eu disse. Sim, eu tentei ser o mais agradável possível, mas acho que isso não foi o suficiente.

– É que... Bom, eu... É que você parece andar meio distante... Queria saber se está tudo bem. - ele disse e pareceu corar um pouco.

– Está tudo certo, Rony. - menti fazendo um sinal afirmativo com a cabeça.

– Ah... Bom, eu queria que a gente conversasse sabe... Depois do que aconteceu, a gente não falou muito bem disso. Será que...? - ele parecia ter uma boa dificuldades com as palavras.

Oh Merlin, onde fui me meter?

– Tudo bem, Rony. Eu... Eu preciso fazer uma coisa. Quando voltarmos ao Salão Comunal conversamos okay? Me dê licença, por favor. - eu pedi e praticamente corri porta a fora. Oh céus, o que eu disse à ele?

Eu comecei a andar pelos corredores e descer (ou ao menos tentar) as escadas. Quando cheguei lá embaixo encontrei Luna. Na verdade foi um encontrão, nós duas estávamos meio desligadas e acabamos esbarrando uma no braço da outra.

– Ai! Ah! Oi, Mione! Desculpa. - ela pediu.

– Tudo bem, Luna. Não foi nada. - eu disse e ela deu um risinho. Luna rapidamente desviou o olhar de meu rosto para o que eu carregava nas mãos. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, vi em sua expressão que ela havia lido o destinatário.

– Aconteceu alguma coisa? - ela perguntou com um sorriso e eu senti meu rosto queimar.

– Ãhn... Só um problema, Luna. - respondi.

– Uhum. - ela assentiu com a cabeça - Se quiser conversar depois...

– Obrigada, Luna. - eu agradeci cortando-a.

– Tenha um bom dia. - ela desejou e foi embora. Acho que isso era o melhor em Luna, ela não te fazia falar, mas estava ali se você se sentisse à vontade para fazê-lo.

Eu continuei a caminhar até chegar ao corujal. Quando eu entrei algumas corujas começaram a piar alto, estranhando minha presença, mas logo se calaram. Os animais em sua maioria eram do colégio, mas também tinham muitos dos alunos. Uma, reconheci logo, era Lis, a nova coruja de Harry. Eu a conhecia porque eu mesma tinha dado-a à ele. Eu também tinha dado esse nome à ela que vi em algum canal de TV trouxa. Fui até ela e abri a gaiola. Ela piou feliz e voou até meu braço.

– Ei. Acho que o Harry deveria soltar você um pouco. - disse fazendo carinho em sua cabeça. - Já está cansada de ficar aqui não é garota? - disse e suspirei - É uma pena ele não ter se apegado a você. Ele adorava a Edwiges... Pensei que ele pudesse gostar um animalzinho novo, mas a gente não esquece as coisas assim... - ela piou triste, parecia me compreender - Quer me fazer um favor e aproveitar para voar um pouco? - perguntei ainda fazendo carinho em seu pelo marrom claro.

Bom eu esperava que ela tivesse uma boa reação, mas ela deu um pio estridente e bateu as asas nervosa.

– Ei. Calma garota. - eu falei, mas ela continuou piando e deu uma bicada no meu braço. Quando eu afastei meu braço sentindo a dor, ela saiu voando provavelmente para fora do corujal, eu não olhei para conferir, olhava meu braço que tinha agora um fino filete de sangue. Que coruja maluca!

Ouvi uma risadinha abafada. Virei-me para trás e, claro, tudo tinha mais sentido agora.

– O que você fez com ela? - perguntei a Malfoy que estava encostado à parede esquerda do corujal.

– Por que acha que eu fiz algo com ela? - ele se fez de vítima, mas aquele sorrisinho não o deixava mentir.

– Por que é a sua cara fazer algo assim. - eu disse mostrando à ele a mão machucada.

Sua expressão mudou e ele estranhamente se aproximou de mim e pegou meu braço.

– Ela machucou sua mão...?

– É claro. Ela ficou assustada. - eu disse subindo meu tom.

– Não foi minha intensão. - ele disse e parecia confuso entre dizer aquilo ou não.

Sim, isso foi estranho. Bem estranho para falar a verdade, mas eu tentei ignorar.

– Não importa. Ah e toma. - disse entregando a ele o pacote de embrulho cinza. - Ia mandar Lis entregar a você, mas já que você a assustou fazendo-a ir para sabe-se lá onde e está aí, poupa meu trabalho.

– O que é...

Não respondi, nem fiquei até que a pergunta fosse completada. Sai do corujal às pressas.

POV DRACO

Qual é? Eu não vou pedir desculpas. Foi instinto, velhos hábitos que são bem complicados de abandonar. Deixar a Granger nervosa é divertido, fazer o que? Mas não era mesmo minha intensão machucar ela. Eu não sabia que quando aquela coruja pirada visse umas luzinhas coloridas fosse fazer aquele escarcéu. Foi só isso que eu fiz, umas inocentes luzes coloridas.

Tá, o que aconteceu foi o seguinte. Como eu planejei de madrugada, quando eu sai do dormitório fui direto ao corujal levar a carta que eu havia escrito para que fosse levada a minha mãe. Quando eu cheguei lá, ela estava conversando com aquela coruja (como se isso fosse muito normal). Ela estava distraída e sozinha e parecia que nós tínhamos treze anos de novo e eu podia fazê-la ficar chateada e rir um bocado. Okay, foi bem infantil mesmo. Dana-se, a cara dela foi hilária. Mas ela saiu com a mão machucada... Tomara que não tenha sido um corte profundo. Ei! Onde eu to com a cabeça? Desde quando eu dou importância a ela?

Dei atenção ao que ela acabara de me entregar. Era algo embrulhado em papel cinza e com uma linha branca. Deu pra identificar o feitiço de cara, então sabia que com um toque de varinha o embrulho seria desfeito. Foi o que fiz e o papel logo de desfez.

Minha capa deslizou por meus braços. De certo modo eu já sabia que era aquilo afinal ela era certinha demais para não devolver.

Vi nesse momento que um papel caiu no chão. Se não se desfez com o embrulho estava junto da capa. Peguei-o. Só tinha uma palavra escrita com uma letra bem feita. “Obrigada”.

POV HERMIONE

Eu fui ao banheiro rapidamente. Lavei o corte com água fria e corrente e em seguida fiz um feitiço. Em um minuto não havia sequer cicatriz. Saí de lá e fui tomar café da manhã com os alunos da Grifinória. Gina me recebeu com interrogações:

– Pensei que só fosse ao corujal! Por que demorou tanto? Eu queria falar com você!

– Eu fui. É que eu meio que me cortei e tive que ir até o banheiro lavar o machucado, mas Merlin o que pode ser tão importante? – perguntei.

– Ah... – ela pareceu meio constrangida – Desculpe, amiga. Você se machucou?

– Não foi nada sério, é que uma coruja ficou assustada e me bicou. Só que ela é meio forte...

– Ah. – respondeu Gina somente e eu me sentei ao seu lado.

De frente para mim estava Harry e ao seu lado, Rony.

– Harry. – chamei.

– Sim, Mione. – ele disse com um sorriso amistoso.

– Er... Eu... Sem querer soltei sua coruja e... Eu não para onde ela foi. – eu disse com um tom culpado.

Ele riu e respondeu:

– Tudo bem, depois ela volta.

– Harry! Eu te dei a coruja para que você voltasse a ter outro animal. Era pra você gostar dela! – reclamei bufando.

– Eu gosto dela. – ele se defendeu.

– Nossa, dá pra notar. Ela estava chateada de tanto ficar presa.

– Não foi ela que te machucou, foi? – Harry perguntou.

– Bom, isso não tem importância. – desconversei – Poxa, dá alguma atenção a ela. – pedi.

– Okay, Mione. – ele suspirou derrotado – Farei isso se ela voltar.

– Harry! Assim parece que você não quer que ela volte!

– Ai, Mione...

(----)

– Que aulas você tem hoje? – Gina perguntou quando voltamos ao dormitório para pegar nosso material e depois ir para a aula.

– Deixa eu ver... – eu disse pegando meu horário – Aritimancia, Trato das Criaturas Mágicas, Feitiços, Transfiguração, Adivinhação e no final o Clube de Duelos.

– Legal eles terem deixado o clube de duelos, não acha?

– Eu acho que depois de tudo o que aconteceu, não vamos aprender nada de novo no Clube de Duelos. - eu respondi.

– Ai, Mione, deixa de ser chata vai. As aulas do Clube de Duelos sempre foram super legais. - ela argumentou.

– Uhum, na primeira do segundo ano descobrimos que o Harry era ofidioglota e todos pensaram que ele fosse o herdeiro de Sonserina. Que legal! - ironizei, mas vi ela se encolher com a menção do nome de Harry. Sinceramente, eu estava decidida a não me meter, mas eu não suporto mais esse comportamentos dos dois. - Desculpe... - pedi - Gi, não é da minha conta, mas aconteceu algo com você e Harry, não é? - eu perguntei e ela pareceu ficar ainda mais nervosa - Sabe que pode confiar em mim, não sabe?

Ela assentiu com a cabeça.

– Quer conversar? - perguntei.

– Agora não, Mione. - ela respondeu sem olhar diretamente em meu olhos.

– Okay. - respondi com um suspiro - mas se quiser depois, estou aqui.

– Eu sei. Obrigada. - ela agradeceu.

Pegamos nossas mochila e saímos do dormitório. Gina foi na minha frente e me esperou no Salão Comunal, pois eu voltei para pegar o livro de Aritimancia que eu havia deixado no malão. Quando encontrei com ela novamente começamos a andar em direção as escadas ela parecia ter esquecido nova breve conversa sobre Harry e logo puxou outro assunto:

– E você heim, Mione? Onde estava ontem à noite?

– O - o que? - gaguejei. Ela me pegou de surpresa.

– Ah, eu vi você se esgueirando ontem de noite pelo dormitório. Tava com uniforme ainda. Tava fazendo o que? - ela voltou a perguntar, semicerrando os olhos.

– Você não devia estar dormindo não? - perguntou ruborizada.

– Você também devia e estava andando por aí, mocinha. - ela respondeu de pronto.

Ai, Merlin...

– Vai, Mione, fala logo. Eu vi você entrando toda silenciosa e depois foi no banheiro e trocou de roupa. Quando eu falei com você, acho que pensou que tinha me acordado e disse que estava com sono - ela fez uma careta ao dizer esse "estava com sono" - aí eu decidi fingir que estava com sono também e deixar para perguntar hoje. - ela disse e meu queixo caiu.

– Fingiu muito bem - eu disse e ela riu - Eu tava no lago - em parte não era mentira - tava, sei lá... Admirando a vista e lendo um pouco. - conclui.

– Aquela hora? - ela perguntou obviamente desconfiada de que eu omitia algo.

– Uhum. É iluminado lá. - eu disse.

– Sei... Okay então. - ela falou por fim, mas eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela não estava convencida.

Quando ela chegou ao seu corredor (pois agora por causa daquela história de algumas matérias com dois professores só ficávamos juntas em algumas aulas) despediu-se de mim:

– Até depois. Bom dia com milhares de aulas para você. - ela disse brincalhona.

– Até podia ser um bom dia se eu não tivesse duas aulas com Sonserina. - eu comentei.

– Nossa, duas? Coitada de você. - ela disse.

– Não lamenta tanto, Gi. Uma delas é o Clube de Duelos e essa aula você faz comigo. - lembrei-lhe.

– Ah, que droga! - ela resmungou e eu cai na risada.

– Boa aula, Gi. Até o Clube de Duelos! - me despedi.

– Até lá. - Gina respondeu.

(----)

A aula de Aritimancia parecia se arrastar. Não estou reclamando, de maneira alguma, mas porque em algumas aulas um minuto parece cinco?

A de Tratos das Criaturas Mágicas foi mais interativa, como sempre. Minha aula era com Harry e Rony e nós três conhecermos os Sólenos. Animais mágicos domésticos. São pequenininhos e peludos e lembram ratos. Só que seu pelo é de uma amarelo-alaranjado extremamente reluzente, daí o nome Sólenos que faz referência a luz do Sol. São bem meigos, só é difícil olhar para eles por muito tempo sem que sua visão fique ofuscada. E eles também são rápidos e gostam de fazer seu donos de bobos quando brincam de pegar. Por parecerem com ratos, Rony pareceu não gostar muito deles. Acho que o faziam lembrar de Perebas/Rabicho.

A aula de Feitiços foi pratica, o que pareceu animar um pouco os alunos.

Na de Transfiguração conhecemos nossa nova professora já que Minerva agora era a diretora. Era a Sra. Hale. Uma mulher com aparentemente uns trinta e cinco anos, com cabelos castanho claro e olhos azuis. Ela era rígida, mas tentou ser o mais simpática possível conosco.

Quando saímos da aula de Transfiguração, Parvati foi junto comigo para onde seria nossa aula de Adivinhação. Ela disse que leu os capítulos do livro que a professora mandou e queria sentar-se comigo para poder vasculhar mais o meu futuro. Admito que fiquei receosa.

Quando chegamos na sala a professora já estava lá e nossa mesas estavam dispostas em U.

– Entrem, entrem depressa. Formem duplas crianças. - ela mandou.

Bom eu e Parvati nos sentamos na mesa que estava na extremidade direita do U e esperamos até que todos os alunos tanto da Grifinória quando da Sonserina estivessem acomodados. Eu olhei para o lado e na outra extremidade do U estavam Theodore Nott e... Draco Malfoy. Quando este me viu eu desviei o olhar. A última coisa que eu queria era que ele me flagrasse olhando para ele, coisa que eu nem sei porque estava fazendo.

– Bem, alunos, espero que todos tenham lido as páginas que eu pedi ontem, porque hoje vocês verão o futuro de seus parceiros nas cartas sem a ajuda do livro. - ela disse e algumas pessoa resmungaram coisas do tipo "Eu não acredito que ela tava falando sério." e "Até parece que eu ia ler dez capítulos daquilo.".

Parvati ficou ansiosa e começou a mexer no baralho que estava acima de sua mesa (todas as mesas tinham um). Ela parecia aquelas cartomantes convictas de que sabem exatamente o que estão fazendo.

– Esperem, esperem. Antes de começarem faremos algumas mudanças. - a professora Trelawney disse e Parvati logo voltou a devolver o baralho a mesa. - Olhem para a mesa ao lado da de vocês. - ela disse e nós obedecemos.

Meu olhar encontrou os olhos cinza-tempestade de Draco. Tentei não desviar o olhar e obedecer o que a professora pediu. Pode ser impressão minha mas ele parecia me olhar... Curioso. Não sei se é exatamente isso, é difícil decifrá-lo.

– Ótimo. - disse a professora e eu finalmente meu senti liberta do olhar dele - Agora troquem de parceiros.

O que!?

E eu mal pude mover um dedo e Parvati já estava de pé. Ela olhava pra... Nott? Nossa, acho que eu perdi algo nessa história. O garoto ao lado de Draco disse algo ao loiro que o fez resmungar insatisfeito, revirar os olhos e por fim levantar-se e caminhar em minha direção, sentando-se ao meu lado.

Okay, entendi. Eu não posso ter tranquilidade não é? Sabe, no dia que eu tiver paz eu acho que eu vou até estranhar o sossego.

Ele de cara, não falou nada, mas parecia tão insatisfeito quanto eu.

– Isso, queridos. - disse a professora - Quero que tenham esse contato com quem vocês não tem o costume de trabalhar. Será bem interessante pra vocês.

– Não sei como. - resmunguei.

– Não é tão divertido pra mim ser sua dupla também, Granger. - ele reclamou.

– Ótimo. - eu disse e ele fez uma careta.

– Podem começar. - a professora falou e ficou na frente da sala nos observando. Seu olhar sempre sobre nós era um tanto desconfortável.

POV DRACO

Eu acho que não preciso dizer o quanto acho essa aula idiota, não é? E essa professora ainda deve estar tirando uma com a minha cara me fazendo assistir a aula com a Granger.

Ela pegou o baralho e embaralhou-o rapidamente. Depois o dispôs em três fileiras.

Ela fez um sinal de três com as mãos e eu virei três cartas.

Pra falar sério? Talvez eu tenha lido um quatro capítulos daquele livro. Tá, talvez um dois, três, sei lá. O fato é que eu não entendi lá muitos bem desse assunto chato e desnecessário. Mas ela se moveu na cadeira, parecendo desconfortável. Sua sobrancelhas se uniram e seu rosto ficou naquela expressão de "Granger raciocinando".

– Outra. - ela falou e eu obedeci.

Ela continuou calada e isso já estava me irritando.

– O que é? Vai dizer que logo você não sabe o que significa? - eu disse e ela me olhou indignada.

– Há-há, muito engraçado. - ela respondeu sarcástica - Óbvio que eu sei. É só que... Bom deixa pra lá. - ela disse juntando o baralho e entregando-o a mim. E o peguei e o embaralhei.

– Não vai me dizer o que era? - perguntei enquanto dispunha cartas.

– Quero ver algo antes. - ela respondeu e obedeceu quando e disse "três".

Sua expressão mudou para a surpresa quando ela tirou as mesma três cartas que eu, e, admito, a minha também.

– Que droga! Não embaralhou isso direito? - ela reclamou.

– O que é? Faz melhor então!

Mesmo assim ela fez com que eu repetisse todo aquele processo de embaralhar, dispor cartar e etc.

Só pra ela tirar as mesmas três cartas novamente.

– Que droga! Essas cartas estão enfeitiçadas! - ela disse nervosa.

– Algum problema, queridos? - perguntou a professora que simplesmente surgiu ao nosso lado sabe-se lá de onde.

– Professora - começou a Granger - As cartas estão enfeitiçadas.

– Não, querida, não estão. - ela respondeu.

– Mas sempre saem iguais... - ela disse confusa.

– Quando os dois tiram?

– Sim.

– Ah, querida. - ela começou com aquele sorriso estranho - Saber interpretar esses tipos de sinais fazem parte da matéria.

– Sinais? - eu questionei.

– Se o futuro é tão parecido deve ter alguma relação. - ela disse simplesmente.

– Professora, não há qualquer possibilidade...

– Querida, você verá. Não há mais nada que possa lhe fazer ver, se não o tempo, pelo que vejo, não é... - ela disse e saiu em direção a mesa de Nott que era todo sorrisos com aquela Patil.

– Que mulher louca... - a Granger resmungou.

– Ora, ora, a Sabe-Tudo falando mal de professor, que feio heim! - eu disse rindo.

– Não enche.

– Ui que medo.

– Devia mesmo.

– Ah é, e você tem coragem de fazer alguma coisa?

– Se eu fosse você não duvidaria.

– Então, eu pago pra ver, Granger.

– Fez uma péssima escolha, Malfoy. - ela disse por fim.


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Notas finais do capítulo

Curtiram? Espero que sim *--*
O que será que a Mione quis dizer com isso heim? Deixaremos no ar até o próximo capítulo... ~o~
É isso aí, galera, percam três minutinhos da vida de vocês me deixando um review (Eu quero saber o que vocês estão achando, vamos lá, pessoas!). E obrigada a pessoas que já comentam. *3*

Beijos e até o próximo capítulo!