The Haunted escrita por Heartblood


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ;)



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“Eu não conseguia ouvir mais nada no mundo além de você. E, naquele momento, estava tão frio e tão silencioso… E eu te amava tanto.”

— O Teorema Katherine.

Alice Heartblood

Acordei com meu celular vibrando na mesinha de cabeceira. Ouço Harry murmurar alguma coisa, cobrindo o rosto e me sento na cama, esfregando os olhos e os abrindo lentamente. Bocejo, pegando o celular e atendendo a ligação sem nem olhar quem era. Não precisava, eu já imaginava. Ontem tinham 330 mensagens de Mattew, ou seja... Só poderia ser ele, perguntando onde eu estava.

            -Alo...? -falo baixinho, com a voz rouca. Me levanto, cobrindo Harry melhor. Pude ver ele esboçando um sorriso, fazendo-me sorrir com a cena. Vou até a janela, me apoiando na parede e olhando pela mesma.

            —Alice Victoria Goldscar Heartblood! ­—a voz furiosa de Mattew fala alto do outro lado. Torço o nariz assim que ouço o sobrenome de meu pai. -Onde você está? Mandei milhões de mensagens, te liguei ontem e nada. Fui na sua casa hoje e adivinha... Você não estava lá!

            -Mattew, quantas vezes vou ter que falar para não falar o sobrenome do meu pai? Sabe que eu odeio isso. -reviro os olhos - Eu... Não estou mais morando com minha mãe e Melody. Esqueci de te falar... Me mudei ontem para...

            -Para onde?— ele me interrompe, parecendo menos irritado.

            -Para a casa do Harry. -falo um pouco mais baixo. Pude ver, pelo canto do olho, ele sentando na cama e arrumando o cabelo de modo que este não caísse sobre o rosto. -Nós... Estamos juntos.

            -O QUÊ? COMO ASSIM? E VOCÊ NÃO ME CONTOU NADA!?- afasto o celular da orelha enquanto ele gritava.

            -Cala a boca... -rio baixinho - Estamos namorando. Hm... Amanhã na faculdade eu te conto.

            -Mas eu...

            —Eu juro que te conto. Posso voltar a dormir agora? Ou sei lá, ir comer alguma coisa?

            -Hm... Okay. Aproveita ai com o mr. Gostosão. Amanhã vamos ter que colocar todas as conversas em dia! Até a aula, putinha. Tchau.— ele parecia sorrir.

            -Okay... -rio baixinho. -Até amanhã, bicha. Tchau. -respiro fundo e desligo o celular, o colocando sobre a cabeceira novamente e me jogando na cama. Harry ri e eu o olho. -Bom dia, Jonathan.

            -Bom dia, Victoria... -ele sorri, se espreguiçando. -Que horas são?

            -Mais ou menos onze da manhã. -sorrio de canto. -Ainda da tempo de almoçarmos fora e depois comprarmos as coisas. E adivinha? Está nevando de novo.

            -Acho que nunca dormi tanto na minha vida. -ele ri baixinho -Então... O que acha de nos arrumarmos e irmos? Antes que a neve piore.

            -Acho uma ótima ideia. -sorrio e sento na cama, prendendo meu cabelo em um coque. -Vou tomar banho de noite só... Muita preguiça e frio agora. Já sabe... Mais ou menos onde vamos?

            -Almoçar sim... Tem um restaurante italiano muito bom aqui perto, e é barato. -ele sorri. -Também vou tomar banho de noite. Hm... Onde podemos comprar a árvore e essas coisas? Isso eu não faço ideia de onde tem pra vender. -ele coça a nuca, levantando e abrindo o armário.

            -Eu sei uns lugares... -sorrio e levanto, o abraçando por trás e beijando suas costas -Vou me trocar... Me chama quando estiver pronto.

            Ele concorda com a cabeça, sorrindo de canto e eu vou para meu antigo quarto. Encosto a porta, indo até o armário. Pego uma regata preta e a coloco por baixo de um moletom bem grosso, uma jeans preta justa e os coturnos. Me troco, indo para o banheiro, lavando o rosto e escovando os dentes. Volto para o quarto a tempo de ver Harry indo em direção ao banheiro. Trocamos sorrisos e eu pego um casaco quentinho e comprido, azul escuro. Abro uma gaveta, pegando um cachecol branco e uma touca cinza. Depois que me arrumo, passo um pouco de maquiagem e saio do quarto, encontrando Harry encostado na parede, mexendo no celular.

            Ele usava uma blusa de lã preta por baixo de um casaco comprido também preto. O jeans escuro de sempre e o coturno desgastado estavam ali também, assim como um cachecol vermelho escuro, cor de sangue. Sorrio e ele me olha sorrindo também. Harry me entrega meu celular e guarda o seu no bolso, junto com a carteira e as chaves do carro, possivelmente.

            -Vamos? Estou morrendo de fome. -ele fala, arrumando o cabelo e eu concordo. Vamos até a porta e eu fecho a mesma atrás de mim, guardando a chave no bolso da calça enquanto ele chamava o elevador. Entramos no mesmo e ele aperta o botão da garagem. Sorrio e ele segura minha mão, sorrindo de canto. Chegamos na garagem e vamos até um carro preto. Provavelmente o dele. Ele abre a porta pra mim e eu arqueio uma sobrancelha. Ele sorri, me olhando nos olhos. -E depois falam que o cavalheirismo morreu.

            -Cala a boca. -rio baixinho, entrando e ele fecha a porta, dando a volta no carro e entrando no lado do motorista.

            Passamos o dia inteiro fora. O restaurante era realmente muito bom, acho que nunca comi tanto na minha vida. Depois do almoço, começamos a procurar algumas lojas para comprarmos as coisas para a árvore e etc. Acabamos comprando uma pouco mais alta que Harry, vários enfeites e dois suéteres. Porque passar a noite de natal sem suéter é um crime enorme... Pelo menos para mim, e ele pareceu gostar da ideia. Depois de comprarmos tudo, já era final de tarde. Deixamos as coisas no carro e decidimos andar um pouco. O dia tinha sido tão... humano. Parecia que nos conhecíamos desde sempre, parecia que éramos humanos. Talvez esse fosse o efeito do sangue. Quando eu estava com ele, mais nada no mundo existia.

            A menos é claro, a voz irritante de uma menina que estuda comigo logo atrás de nós na fila do churros (porque churros é vida. Quando eu vi o carrinho, eu e Harry corremos igual duas crianças pra comprar).

            -Alice? Alice Heartblood? -aquela voz irritantemente fina fala atrás de mim. Harry me olha confuso, por saber que não eram nenhuma das três garotas que ele já conhecia. Seguro sua mão, revirando os olhos e me virando.

            Georgia Rose estava ali, com seu sorriso mais falso estampado no rosto. Seu cabelo castanho ondulado estava preso em um coque, e seus olhos azuis me analisavam com um tipo de nojo. Vestia roupas justas e extravagantes como sempre, juntamente com o casaco manchado de tinta por mim. Respiro fundo, forçando um sorrisinho.

            -Oi Georgia... Quanto tempo.

            Harry parece entender o que estava acontecendo ali, possivelmente pelo ódio facilmente perceptível em meu rosto. Graças a mim, Georgia tinha virado uma das melhores estudantes da sala. Ela geralmente pegava minhas pesquisas, usando-as e apresentando essas como suas. Ela me olhava sempre com um olhar de superioridade, porque eu nunca fazia nada devido suas ameaças frequentes. Contar que meu pai era problemático ou que minha irmã era... Bem, não lembro. Mas ela tinha inventado várias "verdades" sobre toda minha família. Garanto que o boato de que eu estava grávida há algum tempo atrás tinha sido obra dela.

            -Pois é... você sumiu por quase cinco meses! Fiquei preocupada.

            -Claro que ficou... -aperto um pouco a mão de Harry e ele me puxa mais para perto dele. -Sofri um... acidente bem feio, e tive que ir fazer alguns exames. Mas amanhã já vou voltar, pode ficar tranquila.

            Ela fica em silêncio por um tempo, analisando a situação. Parecia querer medir a distância entre Harry e eu, olhava nossas mãos com os dedos entrelaçados e o jeito que ele tentava me confortar. E eu estava amando isso, porque depois de roubar minhas ideias, trabalhos, piadas, meu estilo... Harry é uma das poucas coisas que ela não pode tirar de mim. E disso eu tenho certeza.

            -Ótimo! Ah... Quem é esse? -ela o olha rapidamente e eu sorrio. Um sentimento de vitória se espalha por minha mente. Ela estava irritada, e eu sabia disso. Pelo jeito, Georgia também percebeu que Harry era só meu, e que de mim ela não tiraria.

            -Ah, ele? -meu sorriso apenas aumenta. Pelo canto de olho pude ver Harry sorrir de canto, revirando os olhos. -Harry Stormblood... Meu namorado.

            -Hm... Namorado? -ela força um sorriso, cerrando os punhos. Me aproximo de Harry.

            -É... Hm, temos que ir. Até amanhã, Georgie. -pego nossos churros e arrasto Harry para longe dali. -Foi ótimo te reencontrar...

            Depois de alguns minutos de silêncio, Harry me olha esperando uma explicação. Respiro fundo, jogando os guardanapos em um lixo e sentando em uma mureta que ficava bem de frente para o Big Ben que estava um pouco a nossa frente. Ele senta do meu lado, com os olhos verdes brilhando de ansiedade.

            -Ela é da minha sala. Bem... resumindo, é uma puta. Georgia geralmente copia meus rascunhos e essas coisas. Ama "roubar" as coisas de mim. Não gosto dela.

            -Não fui com a cara dela. -ele fazia círculos nas costas da minha mão com o dedão. Sorrio de canto, encostando a cabeça em seu ombro. Tinha começado a nevar mais, e as pessoas começavam a ir para suas casas.

            Respiro fundo e beijo o ponto logo abaixo de sua orelha. Depois que vi como ele gostava disso, nunca iria parar.      

            Ele sorri, me olhando e me dando um selinho, se levantando em seguida. Me levanto também, limpando a neve dos ombros e começamos a ir em direção ao carro.

*           *           *

            Chegamos em casa e largamos as sacolas no chão. Ele coloca a caixa da árvore ao lado da porta, sentando no chão em seguida. Sento do lado dele, encostando a cabeça em seu ombro e fechando os olhos. Ele me abraça, depositando um beijo no topo da minha cabeça.

            -O que acha de arrumarmos só amanhã? Está tarde já, e temos que acordar cedo. -ele sussurra e eu concordo com a cabeça. Nos levantamos e pedimos uma pizza (nós praticamente só comemos pizza, porque é a melhor coisa do mundo). Harry vai tomar banho antes que eu, enquanto eu guardava algumas coisas e colocava a caixa da árvore no canto onde a mesma ficaria. Ele volta pra sala com o mesmo pijama que usava na noite passada e eu vou tomar banho.

            A água extremamente quente fez todos os músculos do meu corpo relaxarem enquanto eu pensava sobre assuntos aleatórios e coisas que Melody me contou. Ela disse que Harry sempre teve esse dom de ajudar e salvar as pessoas. Uma vez, pelo que eu entendi, ele praticamente reviveu o gato da irmã. Às vezes acho que Harry não é normal. No bom sentido, claro. Quer dizer, ele sempre conseguia manter a paciência, seu sangue era de um tom mais dourado, gostava de cuidar dos outros... Não, ele não é um demônio normal. Anthony me disse que Harry era um caso curioso, e era muito raro ver alguém como ele, e que talvez ele não fosse um demônio do tipo "normal" e que estava investigando isso. O que é muito estranho.

            Termino o banho, me secando e colocando o suéter do Harry em cima da lingerie parecida com a que tinha posto ontem... Eram mais confortáveis do que eu imaginei. Volto pra sala e vejo Harry fechando e trancando a porta, equilibrando a caixa da pizza na mão. Sorrio e ele me vê, sorrindo também. Sentamos no sofá, assistindo um episódio aleatório de The Big Bang Theory e comendo a pizza. Depois de um bom tempo, escovamos os dentes e eu vou arrumar as coisa. Assim que deitamos, pegamos num sono.


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