The Haunted escrita por Heartblood


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/510052/chapter/23

“Olhei o rosto dela e pensei, merda, eu a amo.”

— Bukowski.

Alice Heartblood

Coloco uma calça jeans skinny preta, uma blusa larga também preta escrito "Friendly Advisory Laught More" e uma jaqueta de couro cinza. Escovo o cabelo e passo lápis na sobrancelha e rímel, colocando meus coturnos e voltando a arrumar as coisas. Era mais ou menos duas horas da tarde.

            Depois de um tempo, terminamos de arrumar as coisas e Melody sorri, me olhando. Sorrio de canto também, suspirando e abrindo a porta do quarto. Pegamos minhas quatro mochilas e descemos. Não lembrava de ter tanta coisa, mesmo que a metade daquilo eram livros que eu não tinha levado ainda.

            -Acho melhor almoçar primeiro. -falo baixinho, colocando as mochilas no sofá e indo até a cozinha, seguida por Melody. Ali, May estava sentada olhando o nada. Tinha acabado de fazer daquelas lasanhas de microondas. Seu cabelo estava solto e desarrumado, e ela ficava bem mais bonita assim. Me aproximo da mesa, passando o dedo sobre minha cicatriz, como fazia quando estava nervosa. -Vai conseguir comer isso ai sozinha ou... Posso pegar um pouquinho?

            -Eu esquentei para vocês duas. -ela sorri fraquinho. Pude notar que seus olhos estavam cheios de lágrimas. -Eu... Vou subir. Se divirta lá. Se precisar, você tem a chave. -ela se levanta, arrumando o vestido.

            -Porque... Não fica aqui embaixo? Eu demoro para comer... Então não vou agora. -franzo a testa -Ahn... A menos que você esteja muito cansada.

            -Eu queria tomar banho e...

            -Senta ai. -Melody faz ela sentar e sorri, sentando também. -Vamos comer.

            Sorrio um pouquinho mais, pegando um pedaço de lasanha e colocando no meu prato. Melody é foda o bastante pra mandar na própria mãe. Amo isso.

            -Hm... Eu não sei começar assuntos... e não gosto de silêncio. -como um pedaço, a olhando.

            -Como foi a viagem? -Melody pega outro pedaço de lasanha -Se divertiu?

            -Foi legal. -May sorri, olhando para nós duas. -Não me diverti muito porque trabalhei o tempo todo, mas foi bom viajar, vocês sabem o que eu gosto. E vocês duas...? O que fizeram esse tempo todo?

            -Hm... praticamente nada. Fomos eu, ela e Harry viajar por causa dos exames que eu precisava fazer. Não foi muito divertido, mas foi legal -sorrio de canto -Tirando isso... Nada. Pelo menos, eu não fiz nada. Não sei Melody.

            -Ele... Era seu médio? E agora estão... Namorando? -ela suspira, olhando para Mel.

            -Mais ou menos isso... -me encolho um pouco na cadeira, comendo mais um pedaço. Ele era mais que um médico, mas a parte do "protetor" era melhor não falar.

            -Você gosta dele? -ela olha para a mesa. -Tipo... Realmente gosta?

            -Sim. Pra caramba. -sinto meu rosto esquentar e começo a brincar com a faca. Não lembro de já ter falado isso em voz alta, então acho que estava afirmando mais para mim mesma do que para ela. E depois disso, um peso foi tirando de meus ombros.

            -Então se é o que você quer... -ela sorri de canto. -Mas... Não faça nada que não queira. E tome cuidado... Muito cuidado.

            -Eu sei, mãe... -sorrio de canto. -Não vou fazer nada que não quero. Nunca faço, então acho que isso não vai mudar.

            Terminamos de comer em silêncio e colocamos os pratos na pia. Depois de subir e escovar os dentes, desço meio correndo e entro na cozinha quase caindo. Rio baixinho e arrumo a franja. Minha mãe me olha, sorrindo e eu sorrio ainda mais.

            -Acho que vou indo.

            -Okay. -minha mãe fala e levanta -Tchau, filha.

            -Tchau, mãe. -mordo o canto do lábio, a abraçando com força. Eu não lembro a última vez que a abracei, então não sabia qual seria a reação dela.

            -Se cuida... -ela sussurra, me abraçando também. Ela não era tão alta sem os saltos, então conseguia colocar minha cabeça apoiada em seu ombro.

            -Eu vou... Obrigada. -fecho os olhos com força, afastando as lágrimas. -Sério. Por tudo.

            Ela separa o abraço e sorri, com os olhos marejados. Melody estava nos olhando, encostada na bancada, sorrindo. Reviro os olhos e vou abraçá-la também. Eu já estava devendo muitas coisas para Melody. Entre ser a melhor irmã do mundo e fazer com que eu me acertasse com minha mãe.

            -Você vai me levar ou eu vou sozinha?

            -Eu te levo. -ela ri baixinho. -Tem muita mochila pra você levar sozinha. Desde quando você tem tanta coisa?

            -Pois é... -rio baixinho - Vamos então?

            Ela concorda com a cabeça e dá tchau para nossa mãe, pegando duas bolsas. Pego as outras duas e uma chave de casa, indo até a porta. Saímos de casa e começamos a andar em silêncio. O apartamento dele não ficava longe dali, se não me engano. Três quadras, acho.

            -Não achei que ela algum dia teria tanto bom humor. - falo de repente e Melody ri, negando com a cabeça. -É sério. Estou bem melhor. -rio e pouco depois chegamos na frente do prédio dele. O tempo que passei ali já era o suficiente para que eu me sentisse em casa. Toco o interfone, falando para ele descer e olho minha irmã, respirando fundo - Quer subir também?

            -Não. -ela sorri de canto. -Acho melhor eu voltar para casa.

            -Okay. -a abraço - Obrigada, Mel. Por tudo.

            -De nada, pirralha. -ela ri -Hein... Sabe aquelas suas calcinhas de renda? Coloquei elas mais por cima na bolsa. -ela me da um tapa na bunda - Se precisar, já está mais perto. E se precisar de uma coisa mais elaborada, tipo uma lingerie, podemos sair para comprar.

            -Melody!—rio alto, fincando com certeza bem vermelha e dando um tapinha nela. -Eu... Eu não... Nem lembrava que tinha isso...

            -Eu comprei para você. Não lembra?-ela ri - Quando você estava afim daquele cara na faculdade...

            -Que cara? -Harry aparece ali, cruzando os braços e me olhando fixamente. Merda, desde quando ele estava ali? Quanto da conversa ele ouviu?

            -Um cara aleatório ai... Acho que ele era gay. -rio, revirando os olhos e o olhando. -Oi...

            -Oi... -ele arqueia uma sobrancelha - Você vai subir, Mel? Eu fiz macarrão e comprei torta... -ele sorri de canto. Que eficiência... Eu amo torta.

            -Não. Eu quero voltar para casa e dormir. Quase não dormi noite passada. -ela ri baixinho. -Se divirtam. E Harry... -ela olha pra ele. -Cuida dela, okay? Tipo... Sempre.

            A olho preocupada, franzindo a testa. Tinha alguma coisa errada e isso era evidente. Tudo bem que ela realmente não tinha apenas dormido essa noite, mas... Não era só isso.

            -Claro - ele sorri, bagunçando o cabelo dela. -Ei... Só mais uma coisa. Se o Oliver voltar a ficar estranho, me avisa. Você lembra como ele fica possessivo em relação a você... E no que dava tudo aquilo. -ele sorri - Até porque... Eu tenho que cuidar de vocês duas.

            -Você leva mesmo esse trabalho de segurança de loirinhas muito a sério, Stormblood. -sorrio, o olhando. Essa frase nunca vai ser esquecida. Nunca mesmo.

            -Fazer o que... Meu trabalho é muito importante. Principalmente com as Heartblood. É o destino - ele passa um braço pelos meus ombros, numa espécie de abraço, me olhando em seguida. Ele sorri de um jeito... Diferente, de um jeito que deixava sua boca meio torta e fazendo a covinha esquerda aparecer muito.

            -Sim... -Melody sorri - Mas na verdade, vai muito além disso. Sei que você tem um fetiche pelas meninas dessa família. -ela ri alto, fazendo ele corar -Tchau para vocês dois. Não façam muito barulho. -ela ri alto e sai andando.

            Não sei quem ficou com a cara mais estranha depois dessa... Linda frase. Ambos arregalamos os olhos e ele ficou extremamente vermelho. Eu comecei a rir igual a uma retardada, sendo acompanhada por Harry pouco depois. Pegamos as bolsas e entramos no prédio.

            -Vou começar a ignorar o que ela fala.

            -Acho bem importante as coisas que ela fala. Deveríamos ouvir mais. -ele sussurra

            -Depende muito da coisa. -o olho, arqueando uma sobrancelha. -Tem coisas que vale a pena ignorar e nunca mais tocar no assunto.

            -Tipo as suas calcinhas que ela guardou? -ele segura a risada - Tudo bem.

            Sinto o rosto quase queimando e uma vontade enorme de me esconder. Mas eu não ia fazer isso, tenho que aprender a falar mais abertamente disso já que bem... Agora moro com ele. Então acabei soltando uma risada meio nervosa e revirando os olhos.

            -Calcinhas muito bonitas por sinal. Mas tem certeza que quer falar sobre isso, Sr. Jonathan?

            -Qual é o problema? É bom você usar calcinha! Quer dizer... É normal. -ele sorri e fica um pouco vermelho. -Mas sim, tenho certeza. -entramos no apartamento dele e ele solta as bolsas em cima do pequeno sofá. O cheiro dele estava pelo lugar todo, e isso fez com que meu sorriso aumentasse e a vergonha que eu estava sentindo diminuísse.

            -Eu sei que é normal... mas não Essas calcinhas. -acabo rindo alto, soltando as bolsas no chão e fechando a porta.

            -O que tem de errado? -ele senta na ponta do sofá, voltando a me olhar fixamente -Elas são fio dental, meio transparentes e cheias de renda, não são? -ele dá novamente aquele sorrisinho, e reconheço o que tinha ali de tão diferente. Malícia. Muita malícia.

            -Eu não faço ideia, porque faz tempo que não as vejo. -reviro os olhos, me encostando na parede. -Mas se sabe tanto, por que pergunta? -sorrio do mesmo modo pra ele, segurando o piercing entre os dentes.

            -Não sei... -ele ri- É engraçado ver você assim. Toda tímida e envergonhada. -ele pisca com um olho só, mordendo o canto do lábio. Estava óbvio que ele estava achando engraçado. Ele estava amando, na verdade. Seus olhos estavam mais escuros, esvaindo desejo. E vou me aproveitar disso, mesmo achando meio... errado. Não sei porquê, talvez seja o fato de o conhecer a tão pouco tempo.

            -Não deve ser tão legal assim -rio baixinho -Por que é tão engraçado? Você também esta vermelho, e eu não estou achando isso engraçado. -"Só muito lindo" termino mentalmente. 

            -Sei lá. -ele suspira, rindo mais baixo e arrumando o cabelo, me olhando pelo canto do olho, sorrindo em seguida.

            Sento do lado dele, brincando com o pingente do meu colar, o olhando pelo canto do olho também. Passo a mão sobre a cicatriz em minha sobrancelha rapidamente, estralando os dedos das mãos em seguida.

            -Acho que vou arrumar minhas coisas.

            -Okay... Você está com fome? Eu fiz comida. -ele me olha, sorrindo de canto.

            -Minha mãe fez lasanha lá em casa... Hm.. "fez" -sorrio de canto, fazendo as aspas -Mas eu quero torta, porque eu amo torta.

            -Então vai arrumar as suas coisas que eu deixo você comer torta. -ele sorri maliciosamente, fazendo meu coração acelerar. Eu sabia que ele tinha ouvido, pois seu sorriso apenas aumentou.

            -Sério mesmo?- arqueio uma sobrancelha, sorrindo de canto - Vai ser assim então?

            -Vai... Você vai ter que seguir as minhas regras. -ele se aproxima um pouco e me da um selinho- Vai lá, Heartblood...

            -Vou seguir porra nenhuma - mostro a língua pra ele, levantando e pego minhas bolsas, rindo baixinho e indo em direção ao meu quarto. Chegando lá, coloco tudo sobre a cama e prendo meu cabelo em um coque. Penduro a jaqueta nas costas da cadeira e abro a primeira bolsa.

            Abro os armários e começo a guardas as roupas, dobrando as mesmas de um jeito mais bonitinho pra que coubessem todas ali. Termino as duas primeiras bolsas, guardando as mesmas na parte de cima do armário. A próxima era menor, e tinha meus cadernos, maquiagem, roupa íntima e nécessaire. Guardo tudo nas gavetas e começo a guardar os livros que estavam na última bolsa. Devia ter passado mais ou menos uma hora e pouquinho, ou mais. Eu não sabia.

            Peguei meu celular e vi algumas mensagens de Mattew, que eu leria depois. Eram quatro horas já.

            Eu estava quase tendo que subir na mesa para arrumar os livros na última prateleira. Meu cabelo já havia se soltado e estava na frente do meu rosto, mas eu não podia arrumá-lo, pelo fato de estar segurando o livro com uma mão e me apoiando na prateleira de baixo com a outra. Se eu soltasse uma dessas coisas, ou eu caia ou o livro caia na minha cara.

            -Harry, pode me dar uma ajudinha aqui? -falo alto o bastante para ele me ouvir da onde quer que estivesse e solto a mesa com cuidado, arrumando a franja de modo que a mesma não ficasse na frente dos meus olhos. Pouco depois ele aparece ali na porta, limpando a boca e sorrindo. -Não consigo alcançar a última prateleira -encolho um pouco os ombros, sorrindo.

            -O que você quer que eu coloque lá? -ele se aproxima, rindo baixinho. Os lábios dele estavam rachados, provavelmente pelo frio.

            -Só esses livros... -sorrio de canto, apontando para a pequena pilha de livros em cima da cama - Não é muita coisa... Depois disso já vou ter acabado de arrumar tudo. Finalmente.

            Ele pega os livros e fica nas pontas dos pés, colocando-os na prateleira. Ele era realmente bem alto. Pelo menos perto de mim. Bem, do meu lado todos são altos. Mas ele era bem alto mesmo.

            -Obrigada - rio baixinho, me jogando na cama e o olhando. Ele sorri mais ainda, me olhando fixamente. -O que foi? -sorrio, me espreguiçando.

            -Nada... -ele morde o canto do lábio- Não posso mais te olhar?

            -P.Pode -desvio o olhar, respirando fundo -Hm... O quê vai querer fazer agora?

            -Não sei. Você escolhe. -ele suspira e senta na mesa, ainda me olhando- O quê você quer fazer, mrs. Heartblood?

            -Comer torta. -sorrio, sentando na ponta da cama, mais perto dele, e cruzando as pernas -E... Sei lá, assistir alguma coisa, talvez?

            -Pode ser... -ele ri baixinho- Só quero trocar de roupa antes. Colocar alguma coisa mais confortável. Você devia fazer o mesmo. -ele pisca com um olho só. Ele ama fazer isso ou tem alguma coisa no olho. Porque sempre está piscando assim. São as únicas explicações.

            -Melhor. -rio e me levanto, coçando a nuca -Vai decidindo o que assistir.

            Ele sorri e sai do "meu" quarto, indo pro dele. Eu sabia que usaria aquele quarto mais para guardar minhas coisas e estudar. Dormiria no quarto dele, com certeza. Com ele, todos os dias.

            Mordo o canto do lábio e encosto a porta. Pego meu pijama e me troco. Coloco um short listrado que ia até mais ou menos metade da minha coxa e uma blusa larga branca, pegando as coisas para tirar a maquiagem. Depois que faço tudo isso, solto o cabelo e saio do quarto, indo para a sala.

            Harry estava sentado no sofá, com uma coberta sobre as pernas. Ele usava uma calça de moletom e uma blusa branca. A torta estava sobre a mesa, junto com um prato e uma garrafa de coca-cola. Sorrio e sento do lado dele, pegando um pedaço de torta e me cobrindo também. Começo a comer a torta em silêncio.

            -O que vamos assistir? -o olho depois de um tempo em silêncio

            -Um filme de comédia romântica. -ele ri- Foi o primeiro filme que eu achei.

            -Okay -rio baixinho, terminando a torta e pegando um pouco de refrigerante -Quer?- estendo o copo pra ele.

            -Não... -ele ri baixinho, sorrindo de canto em seguida. -Obrigada.

            Sorrio e tomo a coca-cola, colocando o copo sobre a mesa em seguida. Começamos a assistir o filme, num silêncio reconfortante. Eu deito a cabeça no ombro dele depois de um tempo, sentindo as pálpebras pesarem. Eu amava aquele filme, mas acho que arrumar todas as minhas coisas, a discussão com minha mãe mais cedo e tudo que Melody tinha me contado... Essas coisas estavam me deixando acabada. E eu ainda estava mal com tudo aquilo, toda aquela história de meu pai ser um demônio. Tentava não demonstrar o quanto estava abatida com isso na frente de Harry, mas agora que eu havia finalmente parado quieta, ficava um pouco mais difícil.

            -Está tudo bem, anjo? -ele sussurra e me faz o olhar, sorrindo de canto. Meu coração acelerou ao ouvi-lo me chamar daquele jeito. -Aconteceu alguma coisa?

            -Não muito bem, para falar a verdade... -suspiro, sorrindo fraquinho. -Estou meio cansada e... Melody me contou sobre meu pai. Ainda não... Sei lá. Não consigo acreditar.

            -Ah... -ele suspira. -Imagino como deve ser ruim descobrir isso. Mas logo passa. -ele acaricia o canto da minha bochecha - Posso fazer alguma coisa para você se sentir melhor?

            -Acho que não. -sorrio de canto, me aproximando um pouco. -Infelizmente não. Bem... Ou talvez possa. -o olho nos olhos e ele sorri, como se perguntasse o que iria ter que fazer. -Podemos mudar de assunto e conversar. Eu... Não acho que esteja com paciência para assistir esse filme de novo, e gosto de conversar com você.

            -Claro, sobre o que quer falar? -os olhos dele parecem brilhar, e ele desliga a TV, chegando mais perto, apoiando o braço no encosto do sofá, atrás de minha cabeça. Sorrio, voltando a encostar a cabeça em seu ombro, fechando os olhos.

            -Não sei... Coisas aleatórias, sabe? -rio baixinho - Não sei sobre o que. Decide, por favor. Você é bom em começar assuntos.

            -Não sou, não. -ele ri baixinho e suspira em seguida. Seus batimentos cardíacos aceleram e sei que ele estava nervoso. Por que ele ficaria nervoso? Não é a primeira vez que ficamos sozinhos depois que o efeito de seu sangue passou.

            A lembrança daquele dia fez com que eu me arrepiasse. Um ato tão inocente como ele me dar seu sangue porque eu sentia fome, com um significado tão forte. Se eu fechasse os olhos, podia me lembrar do gosto de seu sangue; metálico e doce, de certa forma. A imagem de seu rosto, com os olhos fechados e a cabeça pendendo para trás, enquanto ele segurava o lábio inferior entre os dentes. O prazer era evidente em seu rosto. E seu soube naquele momento, naquele silêncio tão reconfortante, que queria ver aquela expressão de novo. Era isso o que eu queria desde aquele dia.

            Harry olhava para frente fixamente, provavelmente pensando em algum assunto. Respiro fundo, levantando um pouco a cabeça e beijando o ponto abaixo de sua orelha. Ele suspira, me olhando pelo canto do olho.

            -O...O que foi isso? -ele gagueja -Por que fez isso?

            -Eu... Sei lá. -desvio o olhar, sorrindo de canto. Devia ter feito isso antes. -Desculpa. Não faço mais se não quiser.

            -Não! -ele sorri de canto - Eu só não esperava por isso.

            -Eu sei que não. Por isso fiz. -dou de ombros, rindo baixinho. Mordo de leve o mesmo local abaixo de sua orelha, sorrindo de canto. Ele engole em seco, colocando a mão sobre meu joelho e mordendo o lábio. Beijo o canto de sua boca, me separando um pouco em seguida. Harry teria que fazer bem mais do que colocar a mão sobre meu joelho.

            Acabei rindo baixinho do meu próprio pensamento inapropriado.

            Harry sorri e se aproxima um pouco, ajeitando meu cabelo, o colocando todo para um lado e deixando meu pescoço a amostra. Com isso, ele se abaixa um pouco, beijando meu pescoço, fazendo com que eu fechasse os olhos, me arrepiando e suspirando. Coloco uma mão na nuca dele, mexendo na parte de baixo de seu cabelo, arranhando seu couro cabeludo fraquinho. Ao ver minha reação, ele morde meu pescoço com força, rindo baixinho. Puxo seu cabelo um pouco mais forte, sentindo meu coração acelerar e meus pensamentos se derreterem. Eu não conseguia raciocinar, pensar em algo que pudesse fazer. Ele estava me deixando em um estado extasiado com apenas poucos toques.

            -Sua mãe vai me matar. -ele sussurra e me puxa mais perto, colocando minhas pernas sobre as dele, voltando a beijar meu pescoço, fazendo eu reprimir um gemido baixinho -Mas eu não me importo...

            -Ela não vai te matar. Não precisa saber disso. -minha voz sai rouca e baixa.

            Sorrio de canto, arranhando fraquinho seu abdômen por baixo da regata. Ele olha em meus olhos, mordendo os lábios. Só de olhar nos olhos dele, podia notar o quanto aquilo dava prazer para ele. Sua pupila estava enorme, e sua íris estava escura. Mordo o lábio, prendendo o piercing entre os dentes, distribuindo beijos por seu pescoço e ombro, arranhando seu abdômen de novo, um pouco mais forte. Harry deixa um gemido baixinho escapar por seus lábios entreabertos e coloca as mãos na minha cintura, apertando um pouco a mesma.

            Sorrio de canto, o beijando e colando nossos corpos em seguida. Ele morde meu lábio, puxando o piercing, fazendo com que eu acabe gemendo baixinho, erguendo a blusa dele, meio atrapalhada.

            -Deixa eu te mostrar como se faz... -ele sussurra, puxando e tirando meu shorts rapidamente.

            Sorrio de canto, ficando um pouco vermelha e voltando a beijar ele, sentando em seu colo. Harry coloca as mãos por baixo da minha blusa, brincando com o fecho do meu sutiã. Me separo um pouco, tirando a regata dele e abaixando um pouco sua calça.

            As coisas foram ficando cada vez... Melhores. E, obviamente, aconteceu. Foi bem melhor do que em qualquer relato que Mattew ou qualquer outra pessoa tenha feito. Acho que o fato de ter sido com Harry deixou tudo melhor, não sei por quê... Apenas deixou. Não sei explicar mais do que isso, estava perdida de mais no momento para pensar em uma explicação. E agora, depois de tudo aquilo, eu estava deitada com a cabeça no peito dele, ouvindo os batimentos de seu coração enquanto ele me abraçava e mexia em meu cabelo, esperando nossas respirações voltarem ao normal. Nossos olhos não estavam mais pretos como ficaram durante o ato. Mas se estavam, eu não me importava. A única coisa que eu queria pensar no momento era nele. Não apenas nele... Acho que em nós. Isso soou muito clichê, mas novamente... Eu não me importo. Ele faz isso comigo.

            -Eu... -ele começa, com a voz rouca, e ri em seguida. -Não sei o que dizer. -ele me faz o olhar - Você... Gostou?

            -Acho que se não tivesse gostado teria parado no meio, não acha?-rio baixinho. -Eu... Não sei responder direito e também não sei o que dizer. Apenas... Uau.

            -Então você gostou. -ele ri baixinho, depositando um beijo em minha testa -Está cansada?

            -Hm... Estou sim. -sorrio, fazendo careta em seguida. -Você... Não está?

            -Claro que estou. Quer dormir? -ele sorri também. Harry estava diferente. Ele parecia bem, relaxado... Feliz. Radiante, para ser sincera. Seus olhos tinham um brilho único, e eu sabia que aquele era o único brilho que eu queria ver na minha vida.

            -Não estou com sono, apenas cansada. E deve ser só sete horas ainda. -dou de ombros, olhando o nada.

            Depois de tudo o que passamos, eu sabia que Harry me conhecia melhor que eu mesma. Ele me conheceu em um dos piores momentos da minha vida, e acabou vendo meus defeitos antes de minhas qualidades. E se ainda estava comigo depois de tudo, era porque me amava. E eu também o amava, e muito. Tive certeza disso poucos minutos atrás, quando nossos olhos se encontraram, enquanto nossas testas estavam coladas e os corpos mexiam no mesmo ritmo. Ao olhar em seus olhos naquele momento, eu soube que tudo ficaria bem, que não tinha com o que eu me preocupar. Eu soube que poderia contar com ele todas as horas, e sei que ele sentiu isso também, assim que esboçou um pequeno sorriso. Eu não precisava de ninguém mais na minha vida, nenhum outro homem. Eu precisava dele. Meu sangue chama o dele, meu coração clama pelo dele. Eu amo Harry, e sei que ele me ama também.

            -O que quer fazer então? Ficar aqui, deitada comigo, sem fazer nada? -a voz calma dele me tira de meus pensamentos.

            -Isso é realmente tentador. -sorrio de canto, repassando o significado das mordidas em minha mente. -Eu... Estava pensando aqui...

            -O que? -ele sorri, se apoiando em um braço, de modo que ficasse um pouco mais alto que eu e que conseguisse me olhar nos olhos. -O que foi, baixinha?

            -Lembra quando você falou do significado das mordidas? E... Falou também que um dia, eu iria achar a pessoa certa e tal... -desvio o olhar, sentindo meu rosto esquentar um pouco. Espero que ele tenha entendido.

            -Você... Eu... -ele suspira - Você quer fazer isso agora? Tipo... Já? Eu... eu não sei se ou o cara certo para você, anjo...

            -Eu sei que é. -o olho nos olhos, colocando uma mão no canto de sua bochecha. -Eu só não sei se eu sou a pessoa certa para você.

            -Cala a boca! -ele ri - Você é perfeita. É muita coisa para mim. -ele me dá um selinho, acariciando o canto do meu rosto, passando os dedos sobre minha cicatriz.       

            -Ah, tá. Sou muita coisa pra você mesmo. -falo irônica e rio, dando um tapa fraquinho em seu braço - Então... O que acha? Já que nós dois achamos que um é de mais para o outro, devemos ser perfeitos juntos. -o olho nos olhos, mordendo o canto do lábio, nervosa.   

            -Você quer mesmo isso? -ele lambe os lábios rapidamente, os umedecendo. -Onde?

            -Eu... não sei. -sorrio de canto, sentindo o coração disparar. -Ahn... O...onde é melhor?

            -A maioria das pessoas faz no pulso, pescoço ou ombro. -ele ri - Pode ser em qualquer lugar.

            -Acho que... Pescoço? -encolho um pouco os ombros, sorrindo ainda mais.

            Nos sentamos e Harry engole em seco e concorda com a cabeça, se aproximando um pouco. Coloco o cabelo todo para um lado, respirando fundo e ele se aproxima mais, de modo que pude sentir sua respiração em meu ombro. Me arrepio ao sentir o toque de seus lábios em meu pescoço. Harry distribui alguns beijos pelo local, colocando uma mão em minha nuca. Fecho os olhos, suspirando e esperando a dor, que por acaso não aconteceu.

            Eu podia ter certeza de que ele sorria, devido à proximidade da boca dele em meu pescoço. Sinto seus dentes perfurarem e rasgarem um pouco minha pele. Quando o sangue começa a sair, uma sensação maravilhosa, que eu tinha sentido pouco tempo atrás, volta a invadir meu corpo. Mordo o lábio e acabo gemendo baixinho. Logo meu pescoço começa a arder, e ele para, se separando um pouco e limpando o sangue que escorria e sujava seu rosto e seu pescoço. Seus olhos estavam brancos e os dentes estavam à amostra. Mordo o lábio, o beijando em seguida.

            -Doeu? -ele para o beijo -Ou só... Foi bom?

            -Foi bom. -rio baixinho. -Hm... Você vai querer no pescoço também ou... Quer dizer, eu te mordo no pescoço? -faço careta, coçando a nuca.

            -Sim. -ele sorri de canto, limpando o sangue que ainda estava em seus lábios. Ver Harry em sua forma demoníaca, ou pelo menos com os olhos brancos, era... Incrível. Ele ficava triplamente sexy desse jeito. -A não ser que você queira morder outro lugar, ai pode escolher.

            -Não, acho que não. -rio baixinho, ignorando a merda que eu tinha pensado e me aproximo um pouco, me ajoelhando e beijando seu pescoço na área onde eu morderia.

            Ele fecha os olhos, mordendo o lábio e eu sorrio mais ainda. Minha visão escurece, ficando muito melhor em seguida. Sinto apenas os caninos aparecendo e mordo o pescoço dele, perfurando a pele rapidamente. Fecho os olhos, sentindo o sangue começar a sair. O gosto doce e metálico invade minha boca e sinto seu sangue escorrendo pelos cantos de minha boca, queixo e pescoço. Havia alguma coisa diferente em seu sangue. Parecia melhor. Pude notar que seu sangue era meio dourado. Mas preferi não comentar.

            Ele se arrepia inteiro e pude ouvir o grunhido de prazer que escapou de seus lábios. Solto seu pescoço, sorrindo de canto e beijo rapidamente o lugar onde estava a marca, o olhando nos olhos em seguida. Ele sorri e limpa meu rosto. Seus olhos brilhavam mais do que nunca, e ele parecia diferente. Seria o efeito das mordidas? Eu sabia que estava sorrindo, mas eu estaria tão radiante como ele? Acho que sim.

            Coloco uma mão no canto de seu rosto e colo nossas testas, fechando os olhos por um tempo, apenas aproveitando o silêncio. A respiração quente dele batia em meu rosto frio e ele ainda limpava meu rosto. Sorrio de canto e abro os olhos.

            -Sabe uma coisa que eu acabei de notar? -sussurro, com a voz rouca.

            -O que? -ele ri de um jeito fofo - O que você percebeu?

            -Que nós ainda estamos pelados. -rio um pouquinho mais alto, o olhando fixamente nos olhos.

            -Qual é o problema? -ele ri alto, ficando um pouco vermelho. -Agora eu já te vi sem roupa... E você já me viu sem roupa. Podemos andar pelados pela casa -ele pisca com um olho só. Rio alto e o beijo. -Então... Está melhor?

            -Pra caralho. -dou um selinho nele, deitando a cabeça em seu peito. Ele respira fundo e se encosta no sofá, nos cobrindo. Fico olhando para a única luz presente ali, que era um ponto iluminado pela lua, perto de nós. Estava frio, e eu pude nos imaginar assim na frente de uma árvore de natal, bebendo chocolate quente. Então percebi finalmente em que época do ano estávamos. Foi como se a noção dos dias tivesse voltado apenas agora. -Meu Deus... É começo de dezembro já.

            -É? -ele me olha, franzindo a testa e arregalando um pouco os olhos em seguida -É! É quase natal e eu nem percebi... Sendo assim, o que você acha de irmos atrás de uma árvore amanhã? -ele sorri de canto.

            Meus olhos deveriam estar brilhando. Eu amo o Natal.

            -Eu amei essa ideia! Ai podemos começar a enfeitar amanhã mesmo, e sei lá... Comprar presentes e...

            -Hey, calma -ele ri, me olhando nos olhos. -Se eu soubesse que você ama tanto assim o natal, teria dado a ideia bem antes. -ele acaricia o canto da minha bochecha -Então... Fechado. Vamos amanha comprar o que precisarmos. Podemos almoçar fora também. -ele beija minha testa e eu sorrio mais ainda, concordando -Melhor dormirmos um pouco. Amanhã resolvemos o resto.

            Sorrio e nos levantamos. Harry me enrola na coberta e me pega no colo. Começo a rir, pedindo para que ele me coloque no chão, mas ele apenas ria mais. Vamos para o quarto dele e ele me deita na cama, me beijando em seguida. Sorrio e o empurro em direção ao armário.

            -Antes que você fique sei lá, gripado por estar pelado no frio... Coloca uma roupa ai. -rio baixinho e ele mostra a língua, pegando uma cueca, uma calça de moletom e uma blusa de manga comprida preta. Sorrio e levanto, fazendo menção de ir ao meu quarto.

            -Onde vai, anjo? -ele fala. Pelo jeito com que pronunciou as palavras, soube que estava sorrindo.

            -Me trocar ué. -rio baixinho - Ou pelo menos pegar uma calcinha.

            -Que tal fazermos um acordo? -sinto suas mãos abraçando minha cintura por trás e seus lábios quentes em minha nuca - Você coloca uma daquelas calcinhas que a Melody falou... E eu deixo você dormir com o meu suéter.

            -Se você me soltar, consigo ir pegar uma daquelas calcinhas. -rio baixinho, fechando os olhos ao sentir suas mãos descerem para meus quadris.

            Ele me solta e eu vou para meu quarto, abrindo uma gaveta e procurando uma das tais calcinhas, que eu nem lembrava como eram. Achei uma preta toda rendada e coloquei. Peguei também um sutiã preto bem confortável, colocando o mesmo e voltando para o quarto. Assim que entro no mesmo, Harry me analisa de cima a baixo. Sinto meu rosto esquentar e ele levanta.

            -Uau... É... melhor do que eu imaginei... -ele sorri de canto, ficando meio vermelho. Rio baixinho, pegando o suéter cinza que ele tinha em mãos e o vestindo. Era bem quentinho, e tinha o cheiro dele. -Cada vez melhor.

            Reviro os olhos e ele sorri, me abraçando. O abraço também, fechando os olhos e encostando a cabeça em seu peito. Ele beija o topo de minha cabeça e separa o abraço. Nos deitamos e ele nos cobre, me puxando para outro abraço. Novamente, aconchego minha cabeça em seu peito e ele começa a mexer em meu cabelo, fazendo cafuné. Eu estava quase dormindo quando sinto sua respiração próxima ao meu ouvido, e ouço sua voz rouca e baixa, como da primeira vez que a ouvi. Mas dessa vez, a frase não foi "mantenha os olhos fechados".

            -Boa noite, anjo... Eu te amo.

            Meu coração dispara e eu sorrio, beijando seu ombro.

            -Eu também te amo... -sussurro de volta e ele beija minha testa. Durmo pouco tempo depois, sonhando com nós dois na frente de uma lareira, apenas aproveitando a véspera de natal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!