The Haunted escrita por Heartblood


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ;)



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"Para os anjos é alegria dos céus; para os demônios,

sofrimento infernal. Para mim, é amor." -Eduardo Costa

Alice Heartblood

Quando tudo volta, -cheiros, barulhos, luzes, texturas- abro os olhos apenas um pouquinho. Eu ainda estava deitada com a cabeça no ombro de Harry. Alguém mexia no meu cabelo, e eu podia ouvir Melody e Harry conversando amigavelmente pela primeira vez desde que me lembro.

            -Ela não sabia muita coisa sobre você... -Melody falava de um jeito calmo - Eu não gostava muito de falar sobre essas coisas com ela antes. Eu não sei... achava ser muito cedo para ela saber sobre tudo.

            -Todo mundo acha. Mas ela reagiu bem, você sabe. Às vezes você tem que confiar mais nela, eu acho. -a voz dele estava baixa e a respiração calma, assim como os batimentos cardíacos.

            -Eu confio. Só... Não queria que ela pensasse muito nessas coisas naquela época. Era muito nova.

            -Quantos anos ela tinha?

            -Quando descobri sobre tudo ou quando a gente começou a namorar? Não sei mais sobre o que estamos falando.

            -Quando você descobriu de tudo. É disso que estamos falando, não? Dessa época em que ela te perguntava o que estava acontecendo.

            -Na verdade eu estava falando sobre eu e você no começo, mas tudo bem -eles riem juntos -Ela devia ter uns onze anos.

            -Ela deve ter perguntado mais do que quando acordou no hospital.

            -Às vezes eu tinha vontade de socar ela... Mas não fazia isso porque ela sempre me olhava com aquela carinha de cachorrinho perdido. -abro um pouco mais os olhos, vendo Melody sorrir e pegar um pedaço de pizza. -Acho que no fundo ela sempre soube que as histórias eram de verdade. E acho que ela soube quando eu... Quando Oliver fez isso comigo.

            Minha vontade naquele segundo foi de acordar e gritar um "claro que sabia! Não sou idiota". Obviamente não o fiz. Por motivos de querer ouvir mais e... O abraço de Harry estava confortável de mais para eu querer sair dali.

            Harry ri baixinho. Era ele que mexia no meu cabelo, enrolando as mechas nos dedos e depois desenrolando. As vezes ele parava de mexer em meu cabelo para arrumar a coberta ou mexer nos brincos que eu tinha, ou passar o dedo sobre minha pequena e odiada cicatriz da sobrancelha.

            -Oliver ama que todos saibam. Mesmo que a pessoa não o conheça.

            -Ele ama todos que se oferecem para ser uma cobaia. - ela olha para baixo, mexendo na coberta - Ele só pensa nisso e vive disso. Achar a cura... Uma vida em vão... Na verdade, muitas vidas em vão. Muitas pessoas já morreram nas mãos dele.

            -Isso tem que acabar. Eu só tenho que pensar em como.

            -Matando ele. -ela sussurra o olhando.

            -Eu sei. Porém quero que ele sofra. É nisso em que estou pensando - Sinto Harry suspirar.

            -Filmes de terror servem para isso, gente. Jogos Mortais é o melhor. -murmuro, abrindo totalmente os olhos. O clima estava ficando meio pesado ali, já que nenhum dos dois gosta de lembrar do antigo Oliver e comparar com o de agora. Entendo que deve ser péssimo para eles, então tenho que distraí-los.

            -Está acordada faz tempo? -Melody me olha, arqueando uma sobrancelha. Faço que sim com a cabeça e ela franze a testa, dando-me um tapinha no joelho.

            -Não era para ouvir? -franzo a testa. Ela nega com a cabeça e Harry ri, me olhando. O olhei também. -O.k... Não entendi a graça.

            Ele para de mexer em meu cabelo, colocando as mãos geladas em baixo da coberta. Sento com dificuldade, já que as costelas quebraram há pouco tempo. Notei os novos curativos, e que os mesmos que estavam em minha perna e meu braço haviam sido tirados.

            -Acho melhor você ficar parada, ou as faixas e os curativos vão ser inúteis. -ela fala e Harry coloca a mão em minhas costas. Parecia que ele fazia carinho em mim. O olho sorrindo de canto e ele retribui, suspirando em seguida.

            -Eu vou ficar parada. -sopro uma mecha que estava na frente de meu olho. Começo a mexer no piercing que eu tinha no lábio. -Parece que eu acordo e vocês não tem mais assunto.

            -Eu vou para casa, o.k? Só esperei você acordar. Já está tarde e a caça aos demônios vai começar -ela ri baixinho -Não estou a fim de morrer hoje, então é melhor eu chegar lá antes das onze.

            -Eles... caçam a gente? -arqueio uma sobrancelha.

            -Mais do que você imagina. Mas eles nunca sabem quem é ou quem não é. -ela olha para alguma coisa em Harry, me olhando em seguida. -Ele ainda tem muita coisa para te explicar. Eu só não faço isso porquê ele é melhor do que eu em ajudar os outros, isso está claro.

            -O.k então... Continuo não entendendo nada.

            -Depois eu explico... -ele fala normalmente e sorri - Não precisa ficar curiosa.

            -Não consigo me conter. -rio baixinho o olhando. Melody revira os olhos.

            -Então fique curiosa. Tchau, anã. -ela aperta minhas bochechas. -Boa noite. Se precisar de mim, me liga e eu venho para cá. -ela me dá um beijo na testa.

            -Não sou tão baixinha assim. Boa noite, Mel. -reviro os olhos, sorrindo de canto.

            Ela sorri, levantado e pegando a bolsa dela. Acena para mim e sai. Depois disso, Harry levanta, trancando a porta e colocando um cadeado na tranca de cima. Ele fecha as cortinas e senta do meu lado, se cobrindo novamente. Pego meu celular que estava carregando e rio.

            -Trinta chamadas perdidas do Mattew. Essa bicha me ama. -quando falo, sorrio ao ver ele rindo e me olhando. Mostrei as mensagens do tipo "Onde você está, putinha? -M.A"  e isso o fez rir mais alto ainda, se debatendo um pouco. Rio ainda mais alto, colocando o celular de lado. Ele respira fundo, parando de rir. -Calma, não morre! Está tudo bem? -rio baixinho, o olhando.

            -Sim... -ele desafina, arregalando os olhos. Rio alto novamente, tapando a boca e fazendo-o morder o lábio.

            Sorrio de canto, o olhando nos olhos. Harry sorri também, colocando a mão ao lado da minha e eu olho rapidamente para a boca dele.

            -Eu tento não fazer isso... -ele sussurra. -Mas você deixa impossível.

            -Deixo? E como eu faço isso? -o olho nos olhos novamente.

            -Me olhando assim... -ele suspira. Rio baixinho.

            -Eu só estou te olhando.

            Ele nega com a cabeça, rindo baixinho. Faço que sim, sorrindo e ele se aproxima, colocando a mão na minha nuca fazendo-me arrepiar, já que a mão dele estava gelada. Me aproximo também. Nos olhávamos nos olhos, cada vez mais perto. Ele acaricia minha nuca, colando nossas testas e eu sorrio, fechando os olhos. Nossos narizes já se encostavam e sua respiração levemente falhada batia contra meu rosto frio. Cheguei ainda mais perto...

            Meu celular começa a tocar. Pelo toque animado já entendi ser um futuro morto. Mattew.

            Harry suspira, afastando-se um pouco. Tive vontade de gritar um "MATTEW ASHGOLD, EU TE ODEIO!", mas apenas sussurrei um xingamento, atendendo o celular em seguida.

            -Oi, Mattew.

            —Oi, Lice... Onde você está?

            -Na casa... de um amigo. Por quê? -olho para Harry pelo canto do olho, abraçando as pernas. Ele tinha falado há alguns dias atrás que depois que a dor passasse, assim que ele injetasse o “remédio” eu podia me mexer normalmente, e era o que tinha acontecido. Essa transformação vai ser rápida, espero.

            —Você estava doente... Como assim na casa de um amigo? Você tem amigos? Eu achava que eu era o único. —ele ri alto - Ele é bonito? E você já o viu pelado? —sua voz fica ainda mais fina - Se quiser, posso te ajudar em algumas coisas.

            -Mattew! Chega de gayzisses, o.k? Sai do hospital hoje. A casa dele era mais perto e ele foi me buscar. Então viemos para cá. -não era totalmente mentira. Nem tudo verdade.

            -Mas quem é ele? Eu não sabia que você tinha amigos... Ainda mais do sexo masculino... —ele faz uma pausa - É uma menina, não é? Você descobriu que tem atrações por mulheres e não quer me contar, né? Vocês estão namorando?

            -Não! Não é uma menina! -sinto o rosto esquentar e bato na minha testa - Nem estamos namorando.

            Harry me olha, rindo alto. Também estava um pouco vermelho. Rio baixinho, revirando os olhos depois de ele me olhar, sussurrando um “ele acha que você é lésbica?”, o que o fez rir mais ainda.

            -Tá... É um menino mesmo, mas por que você nunca falou dele para mim?

            -Porque você ia querer abusar dele. -rio alto vendo a cara de espanto de Harry.

            -Você acha que eu sou esse tipo de pessoa? ­—ele ri.

            -Tenho certeza que é. Mas agora que já sabe onde estou e que está tudo bem... Só ligou para isso?

            -Liguei porque eu fui ao hospital e me disseram que você não estava mais lá. ­—ele bufa -Mas se você está bem, então não faz mal. Quando vai pra casa?

            —Eu... ahn, não sei. Daqui um tempo.

            —O.k... Estão me chamando aqui. Depois falo com você. Tchau, loira. Melhoras.

            -Tchau, falsificado. -sorrio. Ele ri e desliga. Desligo também e deixo o celular de lado. -Às vezes não sei como ainda sou amiga dele.

            -Ele deve ser legal... Fora o lado dele que quer me beijar. -Harry ri, deitando com a cabeça no meu colo. Rio baixinho, mexendo no cabelo dele.

            -É... Ele é sim. Quando não enche o saco. Mas todo mundo tem um amigo meio animado de mais, certo? Bom, tenho um único amigo, e dei a sorte de ele ser sempre feliz. Que maravilha.

            Ele sorri, me olhando e eu retribuo, o olhando nos olhos.

            -Você quer ir dormir?

            -Não estou com muito sono, já que acordei há pouco tempo... você quer?

            -Não. Quer ver algum filme? -ele mexe na ponta do meu cabelo.

            -Pode ser. Quais filmes você tem ai?

            -Olha... Você vai ter que escolher. -ele levanta, abrindo o único armário que tinha na sala.

            -Meu Deus, é muito filme... -rio, levantando e parando ao lado dele, Sorrio, com certeza parecendo uma criança. -Instrumentos Mortais, Cidade dos Ossos?

            -Claro... -ele me olha, sorrindo - Boa escolha. O filme que mostram os caras que matam a gente como se eles fossem os mocinhos. Amo essa história, acho engraçado o jeito como eles nos imaginam.

            Rio baixinho, sentando no sofá com a caixa de pizza no colo. Ele coloca o filme enquanto eu me cobria. Harry vai até a cozinha e volta com uma garrafa de coca-cola e outra de cerveja. Ele senta do meu lado, me dando a coca, se cobrindo e pegando um pedaço de pizza. Sorrio e o filme começa.

                                                *           *           *

            O filme termina assim que a pizza e as bebidas acabam. Ele me olha sorrindo e eu retribuo.

            -E agora?

            -O que quer fazer? -ele ri - Deitar? Dormir?

            -Continuo sem sono. -rio e me espreguiço.       

            Ele ri baixinho e arruma meu cabelo, colocando a franja para trás da orelha. Faço careta, arrumando a franja na frente do olho esquerdo, escondendo assim minha cicatriz que ficava na sobrancelha, funda e estranha, ao lado de outro piercing.

            -O que foi? -ele franze a testa - Você acha que eu não vi?

            -Eu sei lá... -desvio o olhar - Mesmo assim.

            -Por que você esconde?

            -Porque não gosto da cicatriz. Por que não esconderia? É um negócio horrível...

            -Porque... Não é uma cicatriz feia como as outras. -ele sorri - Eu gosto... Mas você não deve ter arrumado ela de um jeito legal. Eu tenho algumas cicatrizes das quais eu não me orgulho.

            -Acho que nenhuma cicatriz é arrumada de jeitos legais...

            -Eu tenho algumas que sim... -ele ri - Normalmente mordidas.

            Reviro os olhos, rindo. Que vício por mordidas, puta merda. E ele tinha mais de uma, o que quer dizer que outras pessoas já morderam ele... Quem foi? Eram meninas? Espero que não.

            -Tirando essas.

            -Como você arranjou essa? -ele tira a franja do meu olho, passando o polegar na cicatriz.

            -Quando eu era pequena... tinha aquelas meninas idiotas na escola, que sempre se achavam melhores. E eu briguei com uma delas. Só que no final, ela era bem maior que eu, e tinha várias amigas que pareciam homens. Eu apanhei um monte, e elas quase abriram minha cabeça me jogando na parede. Dai a Melody as espancou e elas nunca mais me incomodaram. Resumindo é isso. Hoje em dia elas estudam na mesma faculdade que eu, estão magras e lindas. E eu... Sou eu.

            -A Melody o quê?—ele ri alto. -Por que elas bateram em você? Que idiotas... Elas faziam bullying com você?

            -Elas me xingavam de tudo possível, lembravam que minha mãe era meio louca e que me batia, e riam da minha cara... Porque eu era muito pequena e muito magra, e meus olhos eram grandes. Era pior do que eu sou hoje, com o dobro de sardas. Dai eu me irritei. E... Melody as espancou. Por quê?

            -Vocês duas sempre se metem em confusões então? -ele ri - É muito a cara de vocês.

            -Nos irritamos fácil... -rio baixinho.

            -Ela sempre arrumava brigas quando morava com... -ele suspira, me olhando fixamente - O pai de vocês. E eu sempre a ajudava a ficar viva.

            -Eu nunca o vi... Foi embora antes de eu nascer e a levou junto. Quer dizer, é isso que minha mãe fala. Mas pelo que parece, eles eram separados, mas minha mãe foi trouxa e voltou pra ele quando ele quis. Ai ela engravidou de mim e ele a mandou embora. Melody ficou com ele e ela me teve aqui em Londres... Nunca conheci ele. -olho para baixo.

            -Mas como vocês duas se falavam? Ela me contava coisas sobre você.

            -Telefone -suspiro -Às vezes ela vinha passar uns dias e... Animava tudo.

            -Eu não sabia dessa parte da história. -ele encosta a cabeça no sofá - Ela esconde muita coisa de mim. Mas você é diferente.

            -Não tenho o porquê de esconder. E, posso mentir bem, mas não sei esconder por tanto tempo quanto ela. É um de meus maiores defeitos. Acho. Eu acabo falando sem pensar, ai sempre sai umas verdades que eu não queria ter falado. Uma das razões de eu ter um amigo. Não me arrependo não.

            Ele ri, bocejando em seguida. Sorrio.

            -Dormir?

            -Você não está com sono...

            -Um pouquinho. Mas você deve estar exausto.

            -Eu vou arrumar a cama para você. Espera um pouco, o.k?

            -Hm... O.k.- sorrio de canto.

            Ele levanta, pegando minha bolsa e indo para um dos quartos. Fiquei olhando as mensagens do Mattew. Coisas do tipo "Vou sair com ele! Yay! -M.A" ou, "Me responde, vadia! -M.A" e até "Muito ocupada com seu enfermeiro delícia para me responder? -M.A".

            Escuto alguns barulhos e depois de um tempo Harry aparece na sala com o cabelo todo bagunçado. Sorrio, mordendo o canto do lábio.

            -Pronto... -ele estava ofegante - Quase morri, mas arrumei.

            -Eu percebi que você quase morreu. -rio e me levanto - Obrigada.

            -Não está sentindo dor? -ele segura de leve meu pulso - Se você sentir alguma coisa durante a madrugada, grita...

            -Espero que nada quebre enquanto eu durmo. -faço careta. Ele sorri e me puxa para o primeiro quarto à esquerda, de frente para o banheiro.

            -Você vai ficar aqui, o.k? Pode guardar as roupas se quiser.

            -Si... Nossa! -sorrio, olhando o quarto.

            Ele não era muito grande, era quadrado e tinha uma janela que ocupava uma parede inteira, as cortinas eram brancas. Havia uma cama no canto do quarto, algumas prateleiras vazias logo acima de uma escrivaninha que ficava ao lado da cama. Na outra parede estava o armário, que era de tamanho médio. As paredes eram cheias de desenhos. Da metade das paredes até o teto era pintado de preto, e da metade até o chão eram cobertas de desenhos de rosas vermelhas e brancas, com espinhos e algo que parecia sangue. Como a tatuagem dele. E pareciam ser feitas a mão.

            -Nunca mais vou sair desse quarto. -rio baixinho.

            -Você vai precisar sair... -ele ri - Para ir ao banheiro, para comer e para ir para a faculdade.

            -Você me entendeu. -sorrio - E não me lembre de faculdade... Acho que vou ter MONTES de trabalhos acumulados para compensar as semanas que faltei e o conteúdo que perdi.

            -Eu te ajudo, pode deixar. -ele sorri de canto - Vai... Entra no quarto. Sinta como se ele fosse seu agora.

            Me jogo na cama e o olho sorrindo, ignorando a dor leve nas costelas. Era... Incrível. A cada momento Harry me surpreendia mais.

            -O.k... Já vai dormir?

            -Vou tomar banho antes - ele ri.

            -Está bem... Vai lá. -rio também -Boa noite.

            -Eu venho te dar boa noite... -ele morde o lábio rapidamente - Já volto.

            Ele apaga a luz, saindo do quarto e acende a luz do banheiro, que era na frente do meu quarto. Depois de um tempinho, ele encosta a porta e escuto o barulho do chuveiro ligado. Sorrio, olhando para a porta por um tempo. Depois, levanto e começo a tirar as coisas da mala, arrumando o quarto. A luz que entrava pela janela era suficiente, então não liguei nada.

            Depois de não sei quanto tempo, o chuveiro é desligado e eu escuto Harry cantarolando alguma coisa. Mordo o lábio e paro de colocar os livros nas prateleiras, prestando mais atenção e tentando adivinhar a música. Ele apaga a luz do banheiro e abre a porta, saindo dali. Infelizmente, tudo estava apagado, então não consegui ver nada além da silhueta dele. Faço biquinho e continuo a arrumar os livros.

            -Já está arrumando as coisas? -escuto ele falar logo atrás de mim. -Vai morar comigo agora, então? -ele ri. Me arrepio, segurando-me para não olhar para trás. Sorrio de canto.

            Ele estava muito perto e possivelmente só de toalha. Isso junto com o sangue dele e minha mente... Não daria certo. Não que eu estivesse reclamando. Claro que não.

            -Fazia tempo que eu não tinha visitas... Então imagina quanto tempo faz que não moro com alguém? A Melody acha que é mais seguro você ficar aqui.

            Rio. "Tenho minhas dúvidas sobre isso e sobre minha sanidade, que já não é muita. Então se você tirar essa maravilha de corpo de perto, minha mente agradece. A menos que queira que eu te pegue. Ai fica você fica bem onde está".

            -Talvez seja. Lá está vazio e Oliver sabe onde moramos, então...

            Ele se aproxima um pouco, me colocando um pouco contra a escrivaninha. Estava tão perto que eu podia sentir sua respiração em minha nuca e o tecido da toalha sendo apertado contra minhas costas. Puta que me pariu de quatro... Desculpa mãe.

            -Boa noite, Alice... -Harry coloca as mãos em minha cintura.

            Minha voz falha e eu mordo o lábio, fechando os olhos. Essa porra de gente ta me enlouquecendo tão fácil que vou...

            -Boa noite, Stormblood...

            -Dorme bem... -ele me faz virar para ele. -Qualquer coisa, me chama.

            -Boa noite... -o olho nos olhos. Ele me dá um beijo na testa, passando as mãos nos meus braços. Mordo o lábio, fechando os olhos e me segurando para não olhar para seu corpo úmido.

            Ele se afasta e só então percebo que eu estava prendendo a respiração. Mais cedo quase nos beijamos de novo, ele deitou em meu colo e agora isso. O corpo meio molhado dele prensado contra o meu, os lábios perto de minha orelha... Merda de efeitos colaterais de sangue. Merda de médico gostoso.

            Harry fecha a porta do quarto dele e respiro fundo, sentando na ponta da cama. O que acabou de acontecer aqui?

            Coloco meu pijama (uma camisola enorme, na qual caberiam três Alice’s com um desenho de um smile de bandana no meio) e me jogo embaixo das cobertas. Estava ainda mais frio. Fiquei contornando os desenhos das rosas até pegar num sono.


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