My Only Hope escrita por SophieMiss98


Capítulo 4
Capítulo 4 - Laços


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta! Demorei mais do que disse, mas Domingo achei dar uma pequena pausa e ontem esqueci-me completamente porque comecei a ver uma nova série. Já agora, quem nunca viu THE 100 dê uma vista de olhos porque eu não tinha grande vontade de começar a ver e já estou viciada. Algum fã de Game of Thrones por aqui? Se sim; OH DEUSES, o último episódio foi É-P-I-C-O.
Seguindo em frente. Quanto à fic este é o penúltimo capítulo, o último deve sair amanhã mas isso depende se vou ter pc ou não.
Espero muito que gostem deste capítulo :)



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Laços

Acordo de manhã e reparo que não tive pesadelos esta noite, e sei que a causa disso foram aqueles meus últimos momentos com o Peeta. Levanto-me da minha cama com um início de manhã aparentemente frio, com um nevoeiro a cobrir a vegetação atrás de minha casa. Vou até a casa de banho e lavo a cara para lhe devolver alguma energia e depois tranço o meu cabelo como todos os dias. Visto uma roupa prática, puxo os lençóis da cama para baixo e abro as janelas do quarto para deixar o ar circular. Arrepio-me com a diferença brusca da temperatura e desço à espera que o Peeta chegue.

O que não demora muito. De facto, poucos minutos depois ele está a bater há minha porta. Ainda é cedo, mas os nossos hábitos de uma vida de caçadora e padeiro, fazem com que seja um pouco impossível ficarmos na cama durante muito tempo. Tenho quase a certeza que os cidadãos do Capitólio achariam isto uma coisa revolucionária.

Vou abrir a porta ao Peeta e vejo-o bem arranjado, com uma cara fresca de quem dormiu uma boa noite de sono. Ele traz na mão um cesto, que eu calculo trazer o pão de hoje.

– Pensei que pudéssemos ir tomar o pequeno-almoço à casa do Haymitch. – Sugere, com um olhar esperançoso.

Como sei que inevitavelmente vou ter que falar com o meu antigo mentor, não recuso essa ideia. – Está bem.

Enquanto percorremos o curto caminho para a casa do Haymitch, o Peeta revela que está a pensar em reconstruir a padaria.

– Mas isso é uma excelente ideia, Peeta! – Revelo-me realmente entusiasmada, porque sei que isso pode ajuda-lo a recuperar.

– Também pensei que sim. – Ele sorri. Acabamos de chegar a casa do Haymitch, subimos as escadas e o Peeta bate à porta. Como não obtemos resposta, decidimos entrar sem consentimento.

Sem ninguém para lhe limpar a casa, esta voltou para a confusão de antigamente. Encontramos o Haymitch no sofá, com uma garrafa vazia na mão. O Peeta aproxima-se dele e verifica se ele está sem a sua faca, quando vê que sim, abana-o pelo ombro.

–Ei, Haymitch! Acorda! – Após algumas tentativas falhadas, o Haymitch acaba por abrir os olhos, sonolentos e perdidos.

– Peeta?

– Sim. Vim trazer-te o pequeno-almoço. Vai tomar um banho. – O Peeta ajuda o Haymitch a levantar-se e depois este vai sozinho até ao andar de cima. – Vou preparar o pequeno-almoço, vens?

– Vou já. – Ele acena e afasta-se. A casa está envolvida num escuridão total, e o cheiro a álcool perdura no ar. Abro as cortinas e depois as janelas tal como fiz no meu quarto para que o ar circulasse. Recolho garrafas vazias e o lixo que está espalhado pela sala e meto tudo num saco que encontro na cozinha. Depois pego em todas as roupas manchadas e espalhadas pela casa e deixo-as mergulhar numa bacia com água quente e com algum sabão.

– Como é que será o Haymitch consegue viver num lugar assim durante tantos anos? – Pergunto ao Peeta. Ele acabou de dispor as coisas na mesa, depois de conseguir repor alguma arrumação na cozinha. A mesa está coberta por uma toalha que por incrível que pareça, está limpa. Na mesa estão os pãezinhos do Peeta, leite e café e só aspeto está a dar-me fome.

– Com ele bêbado a maior parte de tempo, isso nem deve ser uma preocupação. – O Peeta responde, encolhendo os ombros. Ouvimos o Haymitch aproximar-se, depois de um longo banho de vinte minutos. Ele aparece com a barba cortada e com um cheiro mais agradável. Além de estar com uma roupa limpa, ele deu-se ao trabalho de dar um jeito no cabelo desgovernado. É incrível como um banho pode dar-lhe uma aparência mais nova.

O Haymitch vê-me pela primeira vez, levanta o sobrolho com ar de dúvida e depois numa voz ainda rouca diz. – Bom dia.

– Bom dia. – Respondo. Eu e o Peeta trocamos olhares. Ele gesticula “fala” com os lábios e eu olho novamente para o Haymitch – O Peeta fez-me ver que eu estava errada. Por isso vim cá hoje pedir-te desculpa.

Ele avalia-me o rosto. Tendo cuidado para perceber se eu estou de facto a dizer a verdade. Depois da conversa com o Peeta sei, que apesar de ele ter escondido um enorme segredo, o fez porque achou que seria o melhor. Não foi sempre isso que ele fez comigo na primeira arena? Mandando-me produtos dos patrocinadores? E mesmo no distrito 13 houve várias situações em que ele esteve a meu lado.

Depois de uns segundos de silêncio, o Haymitch acena e senta-se. – Desculpas aceites. E como sei que também estive errado, é a minha hora te pedir desculpas, Katniss.

Eu e o Peeta sentamo-nos na mesa, ele há minha frente e ambos ficamos ao lado do Haymitch que se sentou num dos dois cantos da mesa. – Estás desculpado, Haymitch.

O Peeta sorri, feliz por finalmente termos feito as pazes. Apesar de eu saber que vai ser um longo caminho para reconstituir a minha confiança com o Haymitch, também sorrio, especialmente porque desta vez sei que não estou sozinha.

– Estou a pensar em reconstituir a padaria. – Diz o Peeta.

O Haymitch levanta os olhos e abre um sorriso cansado, mas verdadeiro. – Espero que consigas. Depois de tudo, precisamos de alguma estabilidade.

– Tu podias arranjar algum passatempo. – Falo. Ambos me olham, atentos. – Não ganhas nada em ficar fechado aqui o dia inteiro, sobretudo dentro desta casa. – Dou uma golada no leite, no qual juntei algum café. Apesar de não ser grande adepta da bebida, a mistura do amargo com doce é bastante agradável. – Depois de a neta dela estar novamente saudável, vou ver se a Greasy Sae pode passar cá e limpar a casa.

Depois de algum tempo, o Haymitch anuncia algo que deixa o Peeta bastante contente – A tua amiga Delly está de volta. Pensei que ias gostar de saber.

– A sério? Quando é que ela voltou? – O seu entusiasmo quando a Delly provocam em mim uma sério de sentimentos contraditórios. Tento eliminá-los porque neste momento, os ciúmes são algo que dispenso perfeitamente. Só que, apesar do beijo de ontem, ainda tenho algumas dúvidas sobre o facto de o Peeta continuar apaixonado por mim como ele uma vez disse ser. E não terei eu razões para isso?

– Á alguns dias penso eu. Estava a passar na praça quando a vi.

– Tenho que fazer-lhe uma visita. Sabes se regressou mais alguém com ela?

– Eu vi-a com um rapaz com a mesma idade que vocês, mas penso que ele é do 13, nunca vi a cara dele por aqui. – A Delly tem um namorado? Depois de tudo pelo que ela passou, desde a perda dos pais, a ter que lidar com tudo sozinha, sinto-me feliz por ela ter encontrar alguém. Rio para mim própria quando penso que ainda á uns minutos atrás estava com ciúmes.

– Agora ela não pode continuar a dizer que nunca ia encontrar alguém. – Comenta o Peeta a rir-se.

Continuamos a tomar o pequeno-almoço e depois vou com o Peeta até à praça. Ele avalia os estragos da padaria e num papel anota tudo aquilo que vai precisar. Surpreendo-me de como ele conseguiu ser tão imparcial ao ver a padaria dos pais destruída. Depois pergunta-me o que quero fazer e decido fazer uma visita á Greasy Sae para dar as melhoras à sua neta e depois perguntamos pela Delly a algumas pessoas e vamos ter com ela. Quando ela vê o Peeta abraça-o e mostra-se feliz por ele estar a recuperar. Depois abraça-me a mim e diz-me que estou bonita. Agradeço retribuindo ao elogio e depois por trás dela aparece um rapaz da mesma altura do Peeta, mas mais magro. Cabelo escuro assim como os olhos e uma pele clara igual à da Delly.

– Peeta, Katniss, este é o Jory.

– Olá, sou o Peeta. – O Peeta estende-lhe a mão e o rapaz cumprimenta-o.

– É com um enorme gosto que vos conheço aos dois.

Passamos o resto da manhã com eles, ouvindo a história de como eles se conheceram e rindo com o embaraço de Delly. É uma boa manhã em que pela primeira vez, esqueço os acontecimentos dos últimos meses. À insistência dos dois acabamos por almoçar lá e depois, por mais incrível que possa parecer, despeço-me dos dois com um abraço.

– Voltem quando quiserem, é sempre bom estar com os amigos. – Diz a Delly e depois vamos embora.

Novamente na praça, sou eu que pergunto ao Peeta o que ele quer fazer. – Podia-mos ir até á floresta. Sei que não tens caçado. Gostava de ter ver novamente de volta aos velhos hábitos.

Pondero a ideia e após alguma reflexão decido aceitar. – Está bem, mas contigo vai ser um pouco difícil caçar.

O Peeta ri-se e depois eu junto-me a ele. – Eu fico apenas a observar.

Quando chegámos à floresta, retiro um dos arcos e monto algumas armadilhas. Mantenho-me a uns cem metros de onde costumava estar a rede, porque ainda não me sinto suficientemente à vontade para me a aventurar no interior da floresta. O Peeta cumpre a sua promessa e fica encostado numa árvore a observar-me. Depois de encontrar um esquilo e o conseguir matar, olho para trás e vejo o Peeta a sorrir, um sorriso feliz e lindo, que me faz sorrir timidamente. Desta vez que sou eu que desvio o olhar, tímida e é quando vejo o dente de leão. É um tanto irónico depois de tudo que envolve esta flor com a minha vida e a minha relação com o Peeta.

Após caçar mais dois esquilos e um coelho, pouso a caça toda ao lado da árvore onde está o Peeta. Ele está agora sentado e eu junto-me a ele. Enquanto estive a caçar esqueci-me de tudo, mas agora lembro-me dos dias em que ficava a caçar com o meu pai e mais tarde com o Gale. Apesar de ele ficar apenas a observar, o Peeta é uma ótima companhia. A presença dele conforta-me, mesmo sabendo que eu sou completamente capaz de me defender sozinha.

– Tens falado com o Gale? – O Peeta lança a pergunta e apanha-me de surpresa.

– Não.

Sinto o olhar do Peeta em mim, mas sinceramente sinto que não há nada mais a acrescentar. – Sentes a falta dele?

A pergunta do Peeta faz-me pensar. É claro que sinto falta do meu melhor amigo, mas depois de tudo o que se passou entre nós, penso que o melhor foi ele ter ido para o distrito 2. Sei que a nossa relação nunca mais seria a mesma. Todos os momentos que vivemos até ao final da revolução tiveram um efeito drástico no que era uma relação excelente entre dois companheiros. Eu e o Gale crescemos juntos, quando se focava na caça funcionávamos como um só e apesar de termos aspetos da nossa vida muito semelhantes sei que depois de tudo o que vivemos, a nossa relação iria basear-se no conflito porque não conseguiríamos enxergar mais nada do que os defeitos um do outro. O Gale será sempre importante para mim e espero um dia mais tarde poder ter o meu amigo de volta. Quem sabe a próxima vez que nos virmos já não estaremos ambos em situações melhores na nossa vida e possamos cumprimentarmos como velhos amigos e irmãos. Porque acima de tudo, e de todos os altos e baixos da nossa relação e mesmo de eu mesmo ter questionado os meus sentimentos por ele, sei agora, sem sombra de dúvidas, que o Gale é para mim um irmão e consigo por fim perceber o porquê de ele ter ido embora. Ele não tinha nada que o agarrasse aqui.

– Não vou negar, sinto um pouco. Mas acho que é melhor assim. Depois de tudo o que aconteceu, a minha relação com o Gale ficou tremida e penso que vai haver sempre algo nele que o liga á morte da Prim, mesmo sabendo que a culpa não foi sua. E houve acontecimentos que deixaram a nossa relação estranha. Quem sabe um dia não podermos voltar a falar-nos? Só quero que ele seja feliz, assim como todos á minha volta. A guerra deixou a marcas irreversíveis em todos.– Olho para o Peeta, e espero que ele perceba as minha palavras. Ele também estava lá quando aqueles paraquedas rebentaram, pois também ficou com queimaduras terríveis como as minhas.

– Lamento imenso, Katniss.

– Eu também, Peeta. Nenhum de nós merecia isto. – Olhamo-nos os dois, e no final, ficamos abraçados, um a reconfortar o outro. O Peeta perdeu toda a família, a mim só me restou a minha mãe. Começo a chorar, mas apesar do que possa parecer, não é por causa da Prim. Depois de tudo, eu e o Peeta também perdemos pessoas que ambos amávamos. Como o Finnick.

Embrulho-me mais nos braços do Peeta. Sentindo a saudade tomar poder sobre meu corpo. O Finnick foi sem dúvida um companheiro leal e eu vou estar-lhe eternamente grata. Ele foi meu amigo, meu companheiro e meu confidente. Durante todo o processo de revolução foi a pessoa que melhor me entendeu.

–Tenho tantas saudades dele, Peeta. Nunca pensei que me fosse custar tanto perder o Finnick. Eu sei que nunca o mostrei, mas eu adorava-o. Amava-o com se fosse um irmão. Foi ele que te salvou, foi com ele que eu sofri quando tu e a Annie estavam no Capitólio. Tu nem imaginas como eu fiquei feliz por vê-lo finalmente junto da Annie, e depois de tudo o que ele passou, ele também se foi. Ele não merecia, Peeta! Ele era um guerreiro e guerreiros merecem ser recompensados por tudo aquilo que fizeram! Ele não merecia, ele não merecia…

O Peeta embala-me, sussurrando-me palavras acolhedoras ao ouvido. – Eu sei como te sentes, Katniss. Eu também o amava, além de aliado, foi um excelente amigo e um companheiro mais que leal. Não havia ninguém igual a ele nem nunca haverá. Sei como te custa saber que ele não está cá. Mas acredita, Katniss, ele vive, em nós. Nas nossas recordações, no nosso coração. Assim como a Prim, a minha família, o teu pai, o Cinna, a Rue…é duro perder alguém que amamos, e eu sei que vai ser uma dor que vai durar para sempre. Mas em vez de chorar, sorri, relembra todos os bons momentos e verás, que eles ainda vivem dentro de nós.

Ficamos assim durante mais uma hora. Tento guardar as palavras do Peeta para nunca mais me esquecer delas. Tudo o que ele disse faz a mais completa razão. Posso sempre encontrar aqueles que amo junto de mim, no meu coração.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez, peço desculpa por não ter atualizado mais cedo :S
Que acharem deste capítulo? Por favor deixem a vossa opinião. Este capítulo foi tal vez uma das coisas mais difíceis que eu escrevi e que mais me emocionaram. Cheguei mesmo a chorar ao escrever sobre o Finnick, coisa que nunca aconteceu nos livros (é estranho, né? o mesmo aconteceuu com a Prim).
O próximo será o útlimo.
Até breve!



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