Victória narrando:

Estou no hospital, não to entendendo nada. Vi o Raphael me olhando da janela da sala onde estava, e ele me olhava preocupado.

Estava tão fraca, mal conseguia mexer as mãos... Ele entrou na sala.

– Victória... preciso ligar pra seus pais.

– Pega o meu celular e liga para o meu pai...

– Aquelas eram suas amigas?

– Sim... por que?

– Como elas deixaram você beber tanto?

– A Catarina mandou eu parar, mas eu não queria saber.

– Victória...

– Estou com dor de cabeça, fraca, não preciso de lição de moral agora. Tenho pai pra isso.

Ele me olhou espantado e decepcionado por eu ter sido grossa. Não me importei. Fechei os olhos e peguei no sono.

[...]

Acordei com a enfermeira me chamando...

– Olha... você está grávida de 2 semanas e não pode ficar bebendo essa quantidade. Isso prejudica o bebê. Tivemos que tirar toda a bebida alcóolica do seu organismo antes que afetasse o bebê.

"Af, me acordar pra falar isso?" - pensei. Procurei o Raphael e ele ainda estava lá... o meu pai também. Eles estavam conversando...

Meu pai entrou na sala primeiro, pegou a minha mão e começou a falar.

– Por que você faz isso, em? Por que?

Não respondi.

– Tento te dar tudo o que posso... não sou o pais mais rico do mundo, nem o melhor pai, e o pior é que eu tenho que fazer o papel de dois. Pai e mãe. Não me decepcione assim - vi uma lágrima cair do olho dele - e eu me esforço pra você não precisar fazer coisas erradas, mas não dá. Você poderia ter morrido ou qualquer coisa se não fosse por esse garoto. Você me entende? Acha que eu conseguiria lidar com mais uma perda? Acha que eu iria conseguir viver se algo de ruim acontecesse com você?

"PUTA MERDA, PAI." - pensei.

– Perdoa-me...

Ele apertava a minha mão, e ficou um tempo comigo conversando, até que o Raphael entrou na sala de novo.

– O que foi?

– Por que está sendo tão grossa?

– Por que você está tentando sempre cuidar de mim, eu tenho 22 anos, sei me virar sozinha.

Ele não respondeu, me olhou decepcionado.

– Me desculpe, só estou com raiva de muita coisa... obrigada, se não fosse por você algo pior iria acontecer.

Raphael Narrando:

"Eu preciso conhecer você" - pensei.

Victória narrando:

[...]

Fui pra casa e dormir o dia todo, só acordei no sábado, e na verdade só acordei com a ligação do Raphael.

xxx Início da Ligação xxx

– Victória? Tá acordada? Está tudo bem?

– Oi... - disse com voz sonoleta - agora eu estou... sim... acho que estou com mais forças que ontem. Que horas são?

– 2 horas da tarde. Quer que eu vá aí ficar com você pra você não ficar sozinha?

– Nossa! Não pense que eu durmo tanto assim. A gente não marcou de sair juntos?

– Mas você precisa exatamente disso... de descanso, menina.

Eu ri.

– Vamos a um lugar calmo então... um parque.

– Tudo bem.

– Te pego aí as 4 horas, tá bom?

– Tudo bem, beijos.

xxx Fim da Ligação xxx

Fiquei na cama ainda por um tempo, mas logo levantei e tomei banho demorado. Fiz minhas higienes, deixei o cabelo solto e coloquei uma touquinha, vesti um vestido rodadinho floral branco, e uma sapatilha. Me perfumei, fiz uma make básica.

Desci e ele nem demorou pra chegar. Tocou a campainha e eu abri. Ele estava lindo. Camisa de manga comprida quadriculada meio aberta, calça e all star. Sorri.

– Oi, Victória - deu um beijo na minha testa - Vamos?

– Olá, Rapha - sorri sem graça - Vamos.

Entramos no carro e fomos o caminho todo em silêncio, até que começou a tocar "Do I Wanna Know?" de Arctic Monkeys e começamos a cantar na mesma hora. Rimos juntos.

– Não acredito que você gosta dessa música! - ele disse.

– Não acredito que você gosta dessa música! - eu disse.

[...]

Chegamos no parque, e ele abriu a porta pra mim, segurou na minha mão e nos sentamos na grama.

– Deixa eu conhecer você? Preciso te desvendar, garota.

– Preciso descobrir de onde vem tanta bondade de você.

– Quem começa a falar? - ele perguntou sorrindo.

– Você.