Dezembro- 1941

Faltava apenas 2 dias para o natal e 7 dias para Cato embarcar rumo a guerra. Não via Peeta há 3 dias, pois papai não me deixava nem chegar perto do portão. E agora dois capangas robustos tomavam conta do jardim da casa e isso com certeza afastou Peeta da minha sacada.

Com ajuda de Finnick, descobrimos espiando pela porta, através da comunicação em rádio do papai, que o comandante Dwigt já tinha partido em missão e apenas Haymitch Abernathy estava em São Gabriel para o natal com a família, mas logo também partiria. Então não podíamos desperdiçar a chance de uma conversa.  Abernathy, segundo os papeis que roubei da saleta, mora no lado mais alto e mais distante de São Gabriel. Finnick e eu tivemos de atravessar a cidade de trem. Como demoraríamos muito, demos a desculpa que visitaríamos nossa tia Roseta, que morava alguns quarteirões do Sr. Haymitch, para felicitações de natal.

—Katniss, o que vamos dizer a esse homem? Olá feliz natal, não leve o irmão do meu namorado para guerra, por favor?

Eu afago meus braços, procurando calor, nevava e a temperatura com certeza é negativa. Pensei numa resposta a Finnick, mas não me veio alguma.

—Acho que sim.

Sorri amarelo. Ele ri.

— Katinip. Generais tem protocolos e leis a seguir. Ele não pode simplesmente tirar Cato da lista de servidores e colocar outro por que uma menina que ele nem conhece, quer!

— E o que faremos Finnick?

— Eu não sei, mas já estamos chegando, temos que pensar de pressa!

Descemos na parada seguinte do trem, minhas botas escorregavam na neve e Finnick tentava segurar nós dois, até o oponente portão de ferro da casa de seu Abernathy. Alguns militares armados resguardavam o portão.

— Como vamos entrar Finn?

Puxei levemente seu braço, preocupada com a quantidade de homens no portão.

—Deixa comigo!

Ele me puxou e seguimos nossa caminhada escorregadia. Os militares, nos encararam assim que paramos em frente a eles. Senti minha perna falhar quando vi a enorme espingarda que um dos homens fardados segurava. Finnick arrumou sua postura e sorriu para os guardas gentilmente.

—Boa tarde, senhores! Me chamo Finnick Smith, sou filho do general George. Vim a pedido dele para uma conversa com senhor Abernathy.

Pisquei algumas vezes, desejando ter a segurança em falar como de Finnick. Com seus 1,90m e 17 anos, meu irmão tem um poder de persuasão incrível.

— O senhor tem identificação? Marcou reunião?

 Um dos guardas perguntou olhando fixamente para Finnick. Segurei firme a mão de  meu irmão, mas ele se quer se abalou.

—Nossa, muitas perguntas...Vamos ver, tenho identificação! Não marquei uma reunião, o quer é terrível de minha parte. Mas diga, por favor, que é urgente!

Finnick estendeu sua carteira de identificação e o guarda sumiu através do portão com ela. Meu olhos se encontraram com os dele, minha barriga se revirava e tinha enjoos. Finnick me deu um sorriso reconfortante e desprendeu seu olhar do meu suplicante.

— Podem entrar!

O guarda lá dentro gritou, nos chamando com as mãos. Permiti soltar uma lufada de alívio. Seguimos portão a dentro para enorme mansão amarela a nossa frente, seguidos por dois guardas exageradamente armados. Pensei em como Cato se sentira quando descobriu que iria para um campo cheio de homens armados, já que eu com apenas dois, me sinto aterrorizada.