“Hank: Não importa o que aconteça, quero que saiba de uma coisa: você não é louco.” (Grimm)

Ouvir o sinal bater indicando o início das aulas, chega a dar depressão. Se fosse uma aula de história ou filosofia, ainda ia, mas matemática?! E para completar o pacote, são duas aulas seguidas de matemática no primeiro horário de segunda-feira! Como sou uma pessoa prevenida, sentei na última carteira encostada na parede. Trouxe até um travesseiro, porém acho que o professor perceberia, caso eu usasse ele, então, contento-me em colocar o capuz e encostar-me à parede. O professor entra na sala e começa a corrigir os exercícios. Ótimo, ele não vai dar assunto e vai passar a aula tirando dúvidas, logo, não preciso prestar atenção.

Sim, eu tiro notas boas em matemática, coso você esteja se perguntando. Consigo entender o assunto rápido e quase não tenho dúvidas.

Depois de passar meia-hora rabiscando o caderno e prestando atenção às conversas alheias, resolvo dar um rolêzinho pela escola, quem sabe passar no banheiro para dar um oi para a tia da limpeza.

O lado bom de ser garota é podemos convencer o professor a nos deixar sair. Não, eu não estou falando em seduzir o professor.

Pego um absorvente na bolsa e vou até o professor.

“Professor posso ir ao banheiro?”

“Agora não, Bianca.”

“Professor, eu preciso ir ao banheiro!”

Ele vê o absorvente na minha mão e diz que eu posso ir.

Se você tivesse um banheiro como o da minha escola, tenho certeza que também sairia da aula para ficar lá. Ele tem ar condicionado e três pufes, sento em um deles até que uma coisa no espelho chama minha atenção. É um ponto vermelho brilhante e é impressão minha ou ele está crescendo?

De repente, o mundo começa a girar e sinto meu corpo sendo puxado, sinto meu estômago se contorcer e eu atravesso o espelho. Sim, eu atravesso o espelho! Se você está se perguntando como é estar em um espelho, bem, tudo que consigo ver são alguns pontos coloridos até que eu apagar.