The Eight escrita por Novak


Capítulo 1
A Carta


Notas iniciais do capítulo

Devia escrever alguma coisa interessante aqui, mas, estou sem ideia. Bom, só pra avisar, essa fanfic foi escrita antes de A Elite, ou seja, não sei o que aconteceu a partir desse livro, então a história vai ser composta a partir desse ponto. Nada de spoilers!
Boa Leitura!



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É bem difícil caminhar por entre o lixo.

Mas não havia o que reclamar muito. Aquilo é a fonte de sustento para mim e minha família.

Chuto algumas latas de lixo para longe e coloco a cesta que carrego comigo no chão. Separo os itens que havia conseguido durante a caminhada: duas latas de feijão provavelmente intactas, um monte de sucata amassada, mas reutilizável, e uma caixa de ferramentas com apenas um martelo enferrujado. Só.

Solto dois assobios longos, dois curtos, um curto, um longo e um curto.

Não, não é código Morse. Na verdade, é só um código que eu e meus irmãos inventamos para nos comunicarmos melhor no meio do lixão. No caso, minha mensagem foi: ‘’Achei duas latas de comida, sucata para Pedro e outra coisa útil. Encontramos-nos na entrada. ’’ Sim, era uma mensagem relativamente grande para apenas alguns assobios. Nosso código é complexo para que ninguém saiba o que temos. É comum acontecer assaltos por essas bandas.

Levanto com as costas doloridas e rapidamente coloca minha mão livre sobre ela para fazer uma pequena massagem. O sol ofuscava a minha visão, mas, ao olhar ao redor, percebo um pano com uma cor escura. O pego com cuidado já que posso cobrir a cesta com ele.

Pensamento errado.

A cor escura não era a cor original do pano.

Quando finalmente sinto o odor desagradável de ferro confirmo minhas suspeitas. Aquilo é sangue seco. Em um piscar de olhos eu solto o pano. Na verdade, quase solto um grito, mas já estou acostumada. Já aceitei o simples fato de que quando as pessoas de outras castas descartam suas coisas nojentas, sempre vem parar aqui.

E eu passo a manhã toda andando por entre elas.

Respiro fundo e sigo em direção à entrada do lixão.

Caminhava com o rosto baixo, evitando o contato de luz solar em meu rosto e tentando amenizar o calor escaldante. Retirando os respingos contínuos de suor no chão, hoje parecia um dia normal. Agora só precisava saber o que Megan, Peter e Finn conseguiram coletar, assim poderia pensar no que preparar para minha mãe no almoço. Com sorte, talvez eu consiga fazer pelo menos mais que um prato de comida hoje, e assim, eu finalmente coma junto com minha família e, não irei precisar ver meu pai passando fome.

O estado de saúde da minha mãe era crítico.

Não sei ao certo qual doença ela sofre, afinal, não temos médicos pela a casta oito. O único hospital que tínhamos foi aberto há 20 anos, devido à nova Escolhida, a rainha America, no entanto, foi fechado meses depois de inaugurado, pois uma enorme quantidade de oitos apareceram, estressando os médicos com o trabalho, fazendo com que saíssem as pressas da casta. Até hoje, nunca apareceu mais nenhum clínico. Então, todos os oito, inclusive minha família, nos viramos para tentar nos curar. Mesmo assim, ainda guardo esperanças que a rainha irá ouvir falar de nossa situação e tentará resolver – o que eu acho um pouco improvável –. Mas eu realmente ainda tenho medo que tudo desse errado, que no final minha mãe morresse e assim, eu sendo a filha mais velha, teria que virar a ‘’mãe’’ de meus irmãos pequenos. E eu nunca, nunca conseguiria substituir minha mãe.

O tempo todo eu tento manter pensamentos positivos, mas como eu posso mantê-la se a sorte nunca está ao meu favor? Na verdade, a sorte nunca esteve a favor dos meus pais. Foram eles que cometeram erros no passado e agora vivemos nessa casta. Eu juro que tento não pensar nisso. Que se eles tivessem sido mais conscientes, nós estaríamos todos felizes na casta três (pois mamãe já foi da Elite), que eu não precisaria vê minha mãe morrer lentamente e nem ver meu pai e irmãos passando fome.

– Destiny! – a voz de minha irmã me tira dos pensamentos. Logo percebo que fixava meu olhar em um rato morto. – Veja o que encontrei!

Sua voz parecia alegre, talvez tenha conseguido mais coisas do que eu. Pelo menos é o que eu espero. Eu tinha pena de uma criança de 7 anos ter que trabalhar no lixão. Mas ela ignorava e continuava sorriso, aquilo me fazia sentir um pouco melhor.

– O que você achou, querida? – agacho-me e abro um sorriso amarelo.

– Você não vai acreditar! Olhe! – ela estende sua cesta trançada com muito orgulho e um enorme sorriso no rosto.

Percebo que a cesta está pesada e fico ainda mais animada. Quando finalmente olho o que há dentro, não aguento e abraço fortemente minha irmã. Com uma sacola plástica cheia de suprimentos, papel alumínio e temperos, não tinha como eu não abraça-la. Tinha também uma carta com um objeto brilhante a fechando, mas ignorei.

– Como você achou todo essa comida... E esses temperos e, meu Deus, esse papel alumínio? – digo quase engasgando com a emoção. Finalmente poderia retirar, ao menos um dia, a preocupação de colocar comida na mesa, e com aquele alumínio, poderia guardar o que restar da comida por mais algum tempo. – Eu realmente ainda não acredito nisso.

– Achei um pouco mais distante de onde eu procuro todos os dias, e quando eu vi que estava fechado, achei que não estava contaminado – disse ela, sorrindo. - Mas você não percebeu a carta, não é?

– Sim, eu percebi. Mas eu acho que ler as conversar dos outros não é educado.

– Não é isso. Olhe-a com mais atenção.

Desço meu olhar novamente para a carta e a toco. Um papel macio. Quando pego gentilmente a carta e a cheiro, sinto o leve aroma de rosas inconfundível. Viro-a com cuidado e vejo o símbolo de Illéa. Juntando tudo aquilo, já dava para saber um pouco o que era.

– Você achou uma carta da realeza?

– Não! Mas é melhor do que isso! – ela suprimiu um enorme sorriso, com certeza deve ser algo bom, ou não.

Com aquela emoção toda que ela guardava, meu coração pulsou mais rápido. Sinceramente, meu maior medo não é de minha mãe morrer, mas sim das palavras. Sim, palavras. Tão simples, mas também tão ferozes. São elas a separação entre a alegria e o sofrimento. Uma palavra pode mudar o rumo da vida de qualquer pessoa.

– É uma carta da Seleção! – Megan completou.


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Notas finais do capítulo

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