Os anos passaram, agora eu estava sozinha, completamente sozinha. Misty, May, e Paul já tinham tido a sua hora, Yasmin afastou-se por questões de trabalho e meus dois filhos tiveram de migrar para fora de Sinnoh para serem reconhecidos pelos seus talentos, eu estava só.

Como todos os dias, eu levantei-me e olhei o espaço vazio do meu lado.

– Bom-dia, Ash, dormiu bem? – Perguntei como todas as manhãs colocando o seu boné na cabeça.

Levantei-me da cama e fui tomar o café-da-manhã, mas acabei por não comer nada, pois não tinha fome, sai de casa em direção ao cemitério, para ir de encontro ao meu falecido marido. Andei muito a custo até ao quintal, onde ele havia sido enterrado, sentei-me do lado da lápide e li:

“Aqui descansa Ash Ketchum, um ser que foi feliz a dedicar a sua vida aos seus amigos, filhos e esposa, que jurou nunca esquecer.”

O que dizia era verdade ele sempre fora feliz ao fazer aquilo, olhei a sua foto e deixei uma lágrima escorrer, mas logo sequei-a, pois se ele estivesse ali, diria para sorrir e não chorar. Levei a mão ao boné que estava na minha cabeça, depois senti uma dor horrível no peito.

– AH! – Gritei de dor. – O que… o que é isto?

A dor ia aumentando cada vez mais, ficando impossível de respirar, olhei à minha volta e tudo parecia calmo e lento, como se o tempo estivesse a parar, ai percebi, eu iria morrer.

– Estou a caminho Ash… Vamos vernos outra vez… - Sorri ao dizer as minhas últimas palavras e caindo sobre a campa de meu marido.

……

Vi-me sozinha numa sala escura, olhei em volta, mas não vi nada.

– Ash? Misty? Pessoal? Onde vocês estão? – Perguntei, mas não obtive resposta.

Entrei em pânico, seria aquilo o “outro mundo”? Um local vazio onde estamos sozinhos? Eu não queria isso, tinha esperado demasiado tempo para ver Ash de novo, eu não podia… Não podia ficar ali! Do nada, apareceu uma luz, olhei para ela, pareceu-me uma possível saída, então comecei a caminhar apressadamente na sua direção, à medida que caminhava deixei de sentir as dores da velhice, deixei de tropeçar e comecei a correr, senti-me viva novamente.

– Estou a ir, Ash, estou quase a chegar… - Sorria enquanto caminhava para a luz que aumentava cada vez mais.

Um grande flash fez-se e…

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… acordei... Acordei no meu quarto na “Pokécity”, estava muito confusa, esfreguei os olhos, era mesmo a “minicidade”. Olhei para o lado, era a cama da Misty, estava tudo igual há anos atrás, teria sido tudo um sonho? Ouvi a porta a abrir-se, Misty entrou e olhou-me perplexa.

– DAWN! – Ela gritou vindo ao meu encontro. – Tinha muitas saudades suas…

– Saudades? – Ainda estava confusa, depois fez-se luz. – Isso quer dizer que eu…

– Sim, Dawn. Você morreu, veio ter connosco. – Misty leu minha mente. – Venha, todos têm saudades suas.

Sai do abraço, depois a encarei, tinha o corpo que tinha quando era adolescente.

– Misty, que corpo é esse? – Perguntei confusa.

– Hum? Oh! Já percebi. Você está igual. Olhe. – Indicou o espelho que tínhamos no quarto.

Era verdade, o meu cabelo era azul novamente, a minha cara era de uma jovem garota que acabara de entrar na adolescência e voltava a ter aquele corpinho não muito desenvolvido que tinha. Eu fiquei emocionada.

– Venha, Dawn. Os outros estão esperando você. – Ela disse levando-me para uma sala que eu bem conhecia… a suite Obsidiana.

……

– Oi, pessoal! Olhem quem voltou! – Misty anunciou ao entrar na sala.

– DAWN! – Gritaram todos em coro.

– Tivemos saudades suas. – Serena veio a abraçar-me.

– Também tive saudades vossas. – Respondi ao abraço.

– Então? Surpresa com este lugar? – Gary perguntou.

– Isto aqui é o paraíso. É mesmo o local onde eu queria ficar para sempre. – Declarei.

– Você está procurando uma pessoa em especial, não está? – Drew disse como se lesse meus pensamentos.

– Estou… Onde ele está? – Perguntei envergonhada, parece que até meus sentimentos voltaram a ser como antes.

– Ele costuma ir para o jardim da piscina a esta hora, gosta de lembrar o momento em que se conheceram. – May respondeu.

– Ok, eu vou ter com ele. – Disse saindo da sala corando muito.

……

Andei até ao local que me fora indicado, como me fora dito, ele estava lá, encarando o céu que começara a ficar estrelado. Ele não percebera que eu aparecera, então sentei-me discretamente do seu lado.

– Encarando o céu, hum? – Perguntei, ele não reconheceu a voz.

– É, estou tentando procurar uma pessoa. – Ele respondeu.

– Sério? Quem? – Perguntei curiosa.

– Minha mulher. Não sinto a sua presença. Eu acho que ela se esqueceu de mim… - Encarou o chão.

– Eu não acho. Já pensou se ela já morreu? – Perguntei olhando seus olhos.

Ele olhou para mim finalmente, a sua expressão de início era de confuso, mas logo depois esboçou um sorriso e abraçou-me sem hesitar.

– Bem-vinda a este mundo, Dawn. – Ele abraçou-me com mais afinco.

– Tive muitas saudades suas. – Levantei-me e virei costas, comovida, eu tivera começado a chorar e não queria que ele visse.

– Eu também tive saudades suas. – Abraçou-me de novo.

Os nossos corpos estavam extremamente perto, conseguia sentir seu coração a bater de novo, uma coisa que eu pensei que nunca mais ia sentir, o sangue rolou por todo o meu corpo, senti-me uma adolescente de novo, e realmente era, começara a aparecer uma sensação de excitação, não sentia isso desde que era jovem, era um sentimento demasiado forte para ser ignorado… Ele beijou-me intensamente, um beijo muito profundo, e agora sabia, íamos ser eternos amantes…

Esta é a história da minha vida, foi uma grande aventura, algo que eu nunca vou esquecer, algo que vou manter vivo na minha memória para sempre, junto das pessoas que eu mais amei na minha vida... Sim, a minha vida foi mesmo uma viagem sem igual, algo que eu sinto que aproveitei muito, mas podia ter aproveitado mais...

Então, lembrem-se...

... o que importa não é o destino...

... mas sim a jornada.