Durante a maior parte do culto , eu fiquei olhando em volta e lembrando da minha mãe sentada por esses bancos , conversando no final do culto e , até mesmo , brigando comigo por não parar de falar um segundo . Imaginei ela sentada do meu lado agora , dizendo que estava orgulhosa de mim por estar aqui e me dizendo como eu realmente parecia com ela quando era jovem . Quando me dei conta , já estava ao lado de fora da igreja , numa rodinha os meninos .

– Venha mais vezes , moça ! Tem ideia de como você faz falta? O quarteto não é o mesmo sem você ! - Lucas falou .

– Claro que não , sem mim é um trio ! - brinquei e eles riram - Estou brincando , venho mais sim .

– Prometa !

– Eu prometo . Agora , acho melhor ir .. Steve deve estar morrendo de fome . - Merda ! Chamei de Steve de novo ! E , ainda disse como se fosse esposa dele e tivesse obrigação e fazer comida . Ai , meu Deus !

– Tá namorando ? - Diego perguntou

– Não ! Ele é só meu colega de Apê .

– Sei ..

– É sério ! Eu tenho que ir ! Tchau , meninos . - acenei e Diego segurou meu braço . - Ei .

– Não vai dar um abraço ?

– Ai , dramático ! - ri .

– Acho que o correto seria "carente e aproveitador de amigas de infância que cresceram e ficaram gatas" - Marcus falou . Eu ri e dei um abraço em cada um .

***

– Tchau , Pet !

– Juízo . Amo você .

– Vocês dois são os irmãos mais fofos que já vi ! Bom , tchau Peter . - Dylan falou .

– Onde vai? - ele perguntou .

– Vou pra minha casa .

– Não , fica, eu te levo .

– Tá bom . - ela sorriu . Os dois tinham se gostado . O olho dela até brilhava .

– Vou deixar os pombinhos a sós . Tchau ! - desci , os deixando sozinho,sem nem dar a chance deles protestarem.

Entrei no elevador e apertei o número 12 .

Até chegar lá em cima, fiquei pensando na manhã de hoje . Quando ele me segurou , eu me senti tão .. protegida ! Quando olhei nos olhos dele , era como se não houvesse nada ao nosso redor . Fiquei perdida naqueles olhos azuis por uns 3 segundos , mas pareceram uma eternidade . Eu sempre me sinto meio .. completa .. quando estou com ele. Um frio na barriga, uma turbulência no estômago . Mas , mesmo assim , me sinto realmente bem .

A porta do elevador abriu .

– Waters ? Cadê você ? - gritei enquanto abria a porta do Apê . Nada . Nem sinal dele .

Subi as escadas e abri a porta do quarto dele . Ele estava sentado na cama com os olhos inchados e vermelhos . O rosto estava molhado e a cama bagunçada .

– Andou chorando?

– Uhun . -murmurou .

– O que aconteceu? -perguntei com uma voz suave . Nem parecia eu.

– Meu tio .. ele .. ele sofreu um acidente .. o avião que ele estava caiu ..- começou a chorar e meus olhos encheram de lágrimas ao vê-lo desse jeito .

– Tudo bem , não precisa continuar .. eu sinto muito . - comecei a chorar também e ele já estava soluçando . Sentei na sua frente e o abracei . Ele agarrou a minha cintura com tanta força , que fez parecer que aquele abraço era tudo o que ele precisava . As mãos estavam em volta do seu pescoço e uma delas , passava os dedos delicadamente pela sua nuca . Ok , parei de falar terceira pessoa . Mas , aquilo estava tão bom.. minha blusa já estava encharcada quando ele me soltou . Olhou fundo nos meus olhos e enxugou as próprias lágrimas , cortando os olhares . Voltou a me encarar e , aquilo já estava ficando constrangedor . Abaixei a cabeça . Ele levantou com o polegar e começou aproximar os rostos . Nossas bocas encostaram , mas antes daquilo virar um beeeeijo de verdade , eu interrompi .

– Qual é ? Você sabe que rola algo diferente entre a gente .

– Diferente tipo?

– Sei lá .. uma química .

– Waters , não se aproveite do seu momento frágil para me beijar .

– Mas não rola ?

– Uma química ? É, pode ser . -sorri e saí do quarto .