Apenas Colegas de Apê escrita por Dreamy Girl


Capítulo 63
Primeiro dia em Venice Beach


Notas iniciais do capítulo

QUINHENTOS OIS PRA VOCÊS LEITORAS MAIS LINDAS DO MUNDOOOOOOO
QUE EMOÇAO!
Cara, que sufoco! Consegui recuperar, graças ao meu bom Deus!
Obrigaaaaaaaaaaaada minhas vidas



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Os dias que se seguiram foram de pura correria.

Primeiro, fomos atrás da nossa chefe para conseguir a liberação, o que foi muito difícil. Deixar quatro funcionárias pegarem 5 dias de folga em pleno fim de ano, não era uma coisa muio legal, mas depois de uma semana inteira de muita insistência, ela deixou. Acho que mais por não aguentar mais eu e as meninas enchendo o saco o dia inteiro, do que por realmente concordar com isso. Mas o que importa é que ela deixou.

A Dylan se responsabilizou pela hospedagem, e encontrou um hotel incrível, mas, segundo as meninas, a gente nem vai dormir.

No dia 15 de novembro, às 6h da manhã, estávamos todas no maior pique, sem parar um segundo.

– Gente, vamos logo! Não quero chegar lá tarde, quero pegar o sol antes das dez, é mais saudável. - a Dylan reclamou.

– Acho que já podemos ir.. não é, Anna? - olhei pra ela, tentando fechar a mala.

– Espera. Só. Um. Pouquinho. - falou, pausadamente, fazendo força.

– Cruzes, menina, vai passar três meses ou três dias lá? - Lizz perguntou, sentando na mala pra ajudar.

– Sou prevenida. Nunca se sabe...

– Tá, agora eu já tô perdendo a paciência.. dá pra ser, ou tá difícil? - Gabi cruzou os braços e fez cara de brava.

– Eu acho que tá difícil.. - Dylan fez a mesma coisa.

– Pronto! - Anna gritou, comemorando.

E então, saímos de casa.

Uma meia hora de caminho depois, Lizz puxou um caderininho de sua mochila que não coube no porta-malas, e começou a falar.

– Meninas, a programação então, qual vai ser? - perguntou, pegando também uma caneta.

– Deixar rolar, e ver o que vai acontecer? - a Gabi disse, em tom de pergunta.

– Eu apoio. - disse, levantando a mão.

– Ah, não, gente. Esse negócio nunca dá certo. - Lizz reclamou.

– O que não dá certo é ter tudo programadinho. Tudo bem, a gente entende que você é meio sistemática.. mas a gente quer curtir, quer deixar acontecer. Essa coisa de listinha programática é meio... - Dyl disse.

– Sufocante. - Gabi completou. Concordei. Vi a cara de brava da Lizz, e falei:

– Okay, vamos fazer o seguinte: a gente programa até o almoço. Se der certo, a gente continua. A partir do momento que a gente não cumprir alguma coisa da lista, a gente para. - dei um olhar para as meninas, que entenderam.

– Tá bom. Então anota aí: fazer o check in. - Anna disse.

– Deixar as malas no hotel. - a própria Lizz disse.

– Colocar biquíni. - Dylan opinou.

– Ir pra praia. - foi a vez da Gabi.

– E ficar lá até a gente se misturar com a água. - falei.

Elas riram e Lizz mudou.

– Até dar fome.

– Tá, agora chega. Vamos ver se dá certo. - Dylan falou.

Colocamos o CD do Boyce Avenue e fomos só cantando baixinho as músicas, até chegarmos a Venice Beach, pouco mais de duas horas depois.

Quando o carro estava passando pela praia, e vi aquela água linda, areia branquinha, céu azul ... abri a janela e senti o ventinho batendo no meu rosto.

Há uns meses atrás, eu faria de tudo pra estar nesse lugar com ele. Com esse tempo maravilhoso, a praia seria um ótimo cenário para um beijo, e muitos abraços.

Mas hoje, eu sei que estou com quem deveria estar.

Com ele, não seria nem de longe tão divertido como vai ser. Tenho certeza que tudo acontece para o bem.

Nada vai acontecer sem um motivo. Algumas coisas, doem, machucam, mas depois passam e vemos que serviu de aprendizado.

O término foi terrível. Doeu, machucou, como eu disse, mas sei que estou melhor do que era antes dele. Mais madura, mais solta, mais feliz.

Com ele, foi tudo perfeito.

Mas sem ele, está tudo real.

Não sei como é, não sei como vai ser.. mas sei que estou feliz.

Estamos vivendo de forma intensa, aproveitando cada segundo. Nada importa, só queremos aproveitar. Isso não significa beber, beijar na boca e dançar. O que queremos é aproveitar a companhia uma das outras. Rir, sorrir, abraçar.

E hoje, eu percebo que não troco isso por nada.

Uma amizade vale muito mais do que um amor.

E com a quantidade de amigos que tenho, eu não preciso de mais nada : o simples fato de estar com eles, já é motivo suficiente para colocar um sorriso no rosto e agradecer.

– A Ray gosta de refletir, aposto que agora se passaram mil coisas na cabeça dela. - Gabi falou, me despertando do transe. Sorri. Ela me conhece bem.

– Se eu falar que não pensei em nada, você acredita?

– Não. - todas responderam. Eu ri.

– Gente, pelo amor de Deus. Chegamos, eu não aguento mais dirigir. - Anna reclamou.

O hotel é incrível. Branco, grande. Tem uma piscina enorme na frente, cadeiras e guardas-sol.

Nós descemos, animadas, pegamos as malas e entramos pra fazer o check in. Depois disso, subimos rápido, deixamos nossas nalas de qualquer jeito e começamos a torar a roupa no meio do quarto, pra colocar o biquíni.

O que coloquei e azul marinho, com uns detalhes brancos, e com minha saída de praia de renda, branca, ficou lindo.

Em, sem brincandeira, cinco minutos estávamos todas na porta do quarto.

– E agora, oficialmente, começa a comemoração do aniversário da Ray! - Gabi anunciou e todas gritamos, comemorando, e saindo do quarto.

***

Nós ficamos o dia inteiro na praia. Nem todos os meus protestos de fome foram suficientes para tirar a gente de lá. Eu juro que tentei ignorar o fato de estar quase desmaiando de fome e aproveitar o dia lindo que estava fazendo, mas teve uma hora que simplesmente não deu.

Três da tarde eu fui, sozinha, até um restaurante a poucos metros da praia.

– Rachel. - ouvi uma voz, e quase comecei a chorar. Não é possível.

Fingi que não ouvi, mas ele pegou no meu braço e me virou. - Não se faz de tonta. Eu quero conversar com você.

– Não tenho nada pra falar com você, Taylor. Me deixa, por favor. - me soltei da sua mão.

– Acontece que eu não pedi pra falar com você, eu apenas te avisei que teríamos uma conversa civilizada depois de tanto tempo.

Suspirei e fiquei olhando pra cara dele.

– Você disse que não me procuraria mais. - falei, mais baixo do que o intencional, sem tirar os olhos dele.

– Eu não te procurei. O destino quis que a gente se encontrasse, de novo.

– O destino tá de brincadeira com a minha cara, porque desde que você apareceu na minha vida, só me trouxe problemas, mas mesmo assim não saiu dela.

– Vai ver ele tá querendo te mostrar alguma coisa.

– Tenho certeza de que não quero ver.

– Por favor, dá pra gente conversar?

– Não, eu não quero. Tchau. - falei, e saí.

Andei até chegar novamente ao lugar onde eu e as meninas tínhamos deixado nossas coisas e sentei, ainda meio atordoada e nervosa demais pra falar alguma coisa que fizesse sentido.

– Ué, você não ia comer? - a Lizz me perguntou, me fazendo lembrar. Tinha até esquecido a fome.

– Perdi a fome. Certas coisas tiram meu apetite. - falei. Ela meio que deu de ombros e não questionou o motivo da minha revolta repentina.

Resolvi ir pro mar, e encontrei Gabi e Dyl em uma parte onde a gente ainda dava pé.

– Não sabem quem eu encontrei. - falei, depois de um rápido mergulho.

– Steve. - falam juntas, sem muita reação.

– Não, o Taylor. Ele veio cheio de papinhos de que o destino tinha nos colocado no mesmo caminho novamente porque ele queria nos mostrar alguma coisa e tal..

– Que fofinho. - a Dylan falou.

– Que nojinho. - a Gabi retrucou. Concordei com ela. É incrível o quanto somos parecidas.

– E você? - Dyl pergunta.

– Ignorei.. menino chato.

– Aposto que foi chata com o coitado..- foi a vez de Gabi.

– Ah, gente, pelo amor, né? Desde quando o Taylor tem alguma coisa de coitado?

– Desde nunca.. mas eu acho que você deveria ouvir..

– Ai, vocês estão iguaizinhas a ele! - reclamei.

– Tipo? - Dylan ergueu a sobrancelha.

– Insistentes e chatas! Quando resolverem me entender, a gente conversa. - falei, e saí nadando.

Fui pra areia, peguei o celular e comecei a jogar Temple Run (joguinho viciante do capeta), quando recebi uma mensagem.

PELO AMOR DE DEUS, ME ENCONTRA NO QUIOSQUE DE ÁGUA DE COCO! (Italico)

Era o Taylor. Não respondi e voltei a jogar.

Segundos depois, meu celular vibra de novo.

Se vier, eu te deixo em paz. Quero conversar numa boa com você. E te entregar um presente. (Italico)

"Já me disse isso uma vez, e olha só! Me espera aí, garoto insuportável."

Respondi.

Ok, eu não deveria ir... mas presente, é presente! Eu amo presentes! Acho uma coisa tão.. legal. Tipo, a pessoa gastou o seu tempo e lembrou de você. E eu aceito de qualquer um, até do Taylor.

Coloquei a saída de praia, peguei minha bolsa de praia e saí da praia (eu amo praia, foi proposital a aparição dela quatro vezes na mesma frase).

Prendi meu cabelo, mesmo sabendo o quanto faz mal prender cabelo molhado, e avistei aquela cabeça castanha acenando pra mim. Fingi um sorriso, e ele sabe, e sentei na mesa da frente.

– Fala, peste.

– Como sempre, um amor de pessoa. - sorriu.

– Tá legal.. vou ser simpática hoje.

– Ufa! Achei que não lembrava mais como era isso.

– Eu lembro sim.. é que.. você só me traz más lembranças.

– Vamos tentar mudar isso? - colocou um embrulho retangular, fino, em cima da mesinha de madeira. - Não quero namorar com você e nem vou te pedir em casamento. Só quero tentar consertar o tanto de merda que fiz com você. Abre. - empurrou mais o embrulho pra mim.

Eu hesitei, mas peguei. Abri, e dentro dele tinha um DVD. Na capa, Jamie Sullivan e Landon Carter. Um amor para recordar.

Suspirei. Eu tenho esse DVD.

– Calma. Vira e lê. - pediu.

Fiz. Estava escrito que nesse DVD continham erros de gravação, making of, entrevistas exclusivas com os atores principais e uma entrevista com o Nicholas Sparks.

Eu abri um sorriso. Era incrível.

– Obrigada. Eu adorei.

– Que bom que ainda conheço os seus gostos. Sei que seu aniversário é esse mês.. ia te procurar em San Diego pra te entregar, nem sei porque trouxe na mala. Acho que foi intuição. Que dia é mesmo?

– Amanhã.

– Olha que sorte a minha! - ele riu. - Acertei no presente e quase no dia. Parabéns. Você merece toda a felicidade do mundo. - levantou e me estendeu a mão pra levantar também. Me abraçou forte. - Me perdoa.. eu sempre fui um idiota.

– Eu sei. Mas, já passou, relaxa.

– Eu preciso ir embora.. tenho que estar em casa antes das onze.. são quase três horas de viagem.

– Ah, ok. Tchau.. até qualquer dia, já que a gente sempre se encontra por acaso. - ele riu e me deu um beijo na bochecha. Em seguida, foi embora.

Menos um inimigo no mundo.

***

Estávamos todas cansadas demais pra sair. Eu, Gabi e Dyl, fingimos que nada tinha acontecido e agimos normalmente.

– Rachel, acho que a comemoração do seu aniversário vai ser num quarto de hotel. - Anna falou, deitando na cama.

– De jeito nenhum! - Gabi gritou.

– Se você não quiser ir, fica, mas a gente vai super comemorar! - Dylan ajudou.

– Hm.. gente. - Lizz começou. - Eu também tô muito cansada e prefiro ficar em casa..

– Caraca, vocês são moles, hein? Nem parece que já foram pra festas, voltaram de madrugada e no outro dia foram trabalhar. - falei, sentando na minha cama.

– Desculpinha, Ray. - Dylan veio para o meu lado.

– Aposto que a gente vai se divertir pra caramba, enquanto elas estão aqui, descansando. - Gabi falou.

Olha, confesso que eu estava doida pra ficar com elas e descansar também, mas se eu fizesse isso, minhas melhores amigas simplesmente, me matariam, ou pelo menos me obrigariam a fazer qualquer coisa.

Nós 5 tomamos banho, colocamos uma roupa e descemos para o restaurante do hotel para jantar (eu nem lembrava direito do gosto da comida). Peguei arroz, bife à milanesa, salada de alface, repolho e tomate e suco de maracujá.

Foi muito bom comer, eu estava mesmo com muita fome.

***

Perguntei às meninas o que elas pretediam fazer, e elas não sabiam.

Foi quando dei a ideia.

– Eu já sei! A gente tá cansada, e eu realmente queria passar o aniversário com todas vocês. Sei um jeito da gente se divertir juntas, de pijama e ainda ganhar o bônus de se conhecer melhor, descobrir coisinhas..

– Tá me dizendo que quer comemorar seu aniversário com um jogo da garrafa? - Gabi perguntou. Eu assenti.

– Ah, acho que pode ser legal. - Dylan disse. Todas concordaram e fiquei feliz de poder ficar quietinha, de pantufa e sentada na cama.

– Então vamos logo, porque agora fiquei ansiosa. - a Gabi levantou rápido e pegou os pijamas.

Peguei o telefone que caía direto na recepção e pedi pra levarem duas taças de champanhe até o quarto.

Colocamos pijama, pegamos uma garrafinha pet de água e nos posicionamos no chão.

Ouvimos bater na porta. Levantei pra atender.

Quando abri a porta, tinha alguém com um buquê enorme de rosas vermelhas, junto com as garrafas que pedi.

– Mandaram entregar pra Rachel Simpson. - o cara falou. - E aqui está o champanhe.

– Obrigada, sou eu. - falei.

Ele me entregou e eu logo fechei a porta e comecei a procurar por um cartão.

"Gatinha, seu dia chegou. Ainda não virou o dia, mas eu precisava enviar logo pra você, e nem sei que horas são agora que você está lendo. Parabéns! Esses meses na sua companhia foram incríveis. Obrigado! Gosto demais de você, amiga (colorida) pra todas as horas. Curte aí, enquanto eu organizo dua festa. Beijo!"

– Awn, vocês são lindos. - Anna falou. - Mas esse "amiga pra todas as horas" quebrou o clima.

– Mas eu amiga dele. - olhei pra ela.

– Mas, como ele mesmo lembrou, amiga colorida. - Dylan sentou no chão novamente.

– Colorida? Essa amizade deles, é a parada gay inteira, querida. - Gabi falou, nos fazendo rir.

– Shippo. - Lizz disse.

– Todas nós shippamos! - Gabi me abraçou.

– Vamos jogar logo! - disse, me soltando do abraço.

– Quem começa? - Lizz perguntou.

– A Rach. E quem responder, gira a garrafa. - Gabi explicou.

– Vale repetir pergunta? - foi a vez da Anna perguntar.

– Vale, assim como desafio. Se a pessoa não responder a pergunta, vai ser desafiada e não tem a opção "não cumprir". Ou cumpre, ou cumpre. - Dylan disse. Ai, caramba, eu tô ferrada.

– Perguntas, digamos... indiscretas.. também valem. - é, eu tô bem ferrada mesmo. - Começa logo! - me deu a garrafa.

Girei.

Ela apontou pra Dylan.

– Do que você sente mais falta? - perguntei, com a intenção de ouvir "Do Peter", mas o que ela disse foi:

– Da Jess. Era tão bom tê-la aqui.. - passou a mão na barriga. - E ela me lembra tanta coisa...

– Tipo a noite que ela foi feita? - perguntei novamente.

– Pra isso, você vai ter que me tirar de novo. - ela riu. Revirei os olhos e ela pegou a garrafa. Parou na Lizz. - Como foi sua primeira vez? - pergunta. Sabia...

– Na verdade, eu ainda não tive. - respondeu, nos deixando de boca aberta.

– Oi? - Gabi perguntou.

– É.. eu valorizo muito isso. Não quero que seja com qualquer um.. quero que seja especial.

– Você tá certinha. Eu me arrependo tanto da minha. - Ann suspirou. Acho que fizemos cara de curiosidade, porque ela disse: - Essa pergunta acho que todo mundo podia responder.

– Eu também acho. - a Dylan falou. - Eu começo.

– Essa tem um fogo pra falar bosta que eu nunca vi. - falei, Gabi riu.

– Eu namorava o Peter. A gente já tava junto há algumas semanas, quando eu decidi deixar ele avançar. Foi na casa dele, de noite. Ele me beijou e quando o negócio começou a esquentar, ele se separou, eu só beijei de novo, como um sim. Foi super de boa. Meu Deus, ele tem uma rapidez que nunca vi! E o jeito que ele..

– Tá. Chega. Eu, realmente, não preciso saber como meu irmão é na cama. - fiz sinal pra ela parar e todas riram.

– Bibizinha, sua vez. - Dyl disse.

– Eu tinha 15 anos. - Gabi começou. - Eu e ele namorávamos desde os 13, e sempre foi normal, sabe, sem nenhum avanço. Aí, teve um dia que a gete tava assisitindo filme, e o casal principal teve sua primeira vez. A gente começou a falar sobre isso, na maior liberdade, naturalidade.. ficamos bem à vontade, e acho que sentimos juntos que aquela era a hora. Foi lindo. Ele foi super carinhoso comigo durante e no dia seguinte me deu uma aliança. Só nos separamos com 17 anos, quando terminamos a escola e ele foi fazer faculdade em Brighton. Se não fosse por isso, acho que estaríamos juntos até hoje.

– Que fofo. - falei. Achei bonito, mesmo. Imaginei que eu seria a próxima... - Próxima pergunta. Quem vai girar?

– Você não vai escapar, não. Comece..- Anna pediu.

– Ai, Deus..

– Vai logo.

– Tá. Foi no ano passado. Eu e o Steve estávamos namorando há uma semana, mais ou menos. - comecei, pouco à vontade.

– Que pressa! - Gabi riu.

– A gente estava muito apaixonado... nós fomos pra festa na casa do meu pai e ele me disse que a noite tava só começando. E foi mesmo. A gente namorou a noite inteira. Foi muito tranquilo e bom, tive certeza que deveria ser com ele desde o primeiro segundo. Foi lindo.. ele foi super cuidadoso, o tempo todo perguntava se eu tava bem, dizia que me amava e me dava beijos super carinhosos pelo corpo.

– Que lindo. - Anna suspirou.

– E no dia seguinte, perguntou se eu tinha gostado. Á noite, a gente foi obrigado a repetir. - elas riram.

– Depois dessas histórias lindas, dá até vergonha contar a minha. - Anna falou.

– Conta! Quero saber o que foi tão horrível. - Gabi pediu.

– Na verdade, eu meio que não estava muito de acordo com isso.. eu gostava do cara, mas ainda não me sentia preparada pra isso. Eu tinha 14 anos, apenas. Foi horrível! Ele disse que queria e que seria assim, ou ele terminaria comigo. E eu disse que não, que eu não queria ficar sem ele, e ele, no momento em que fechei a boca, me agarrou. Deixei rolar. Ele não teve o mínimo cuidado e não estava nem aí pra dor que eu estava sentindo. No dia seguinte, fingiu que nem me conhecia, e peercebi que ele só queria me ostentar pros amigos e dizer quando me visse "Olha, fiz sexo com essa menininha que era virgem antes de mim". Fiquei completamente arrasada e chorei pra caramba.. depois disso, pra acontecer uma segunda vez, demorou anos. Só nos meus 18, e agi como se fosse a primeira vez. Aí sim, foi lindo.

– Que horror, Anninha. - falei. - E ele era mais velho, pelo jeito, né?

– Sim, ele tinha 17. Minha mãe quis denunciar, mas não tem o menor fundamento, já que ele era menor e tal..

– Tá, chega de tristeza. Faltam cinco minutos. Vamos abrir o champanhe e a Ray vai fazer o discurso! - Dyl bateu palminhas e foi pegar a garrafa.

Pra abrir, não foi fácil. Ficamos dois dos cinco minutos tentando, até finalmente conseguirmos e servirmos nas taças. Suspirei e comecei.

– Há um ano atrás, estava tudo muito diferente, mas sinceramente, não quero falar de passado. Hoje está muito melhor. E eu quero falar do significado que isso tem pra mim.. essa amizade. Foi bem de repente, mas eu já sabia que seria inevitável, porque convivendo horas por dia com vocês três.. não tinha como não virar amizade. Vou falar um pouco de cada uma, e dane-se se passar de meia-noite.

"Dyl.. você é simplesmente incrível. Toda espivitada e patricinha, espontânea e encantadora. Os opostos se atraem,né? Quando eu poderia imaginar minha melhor amiga uma patricinha, daquelas que quase moram dentro do shopping? Mas você sempre, desde o começo, esteve do meu lado, me dando os melhores conselhos, me fazendo rir, me apoiando. Nem sei como te agradecer, mas você é muito especial pra mim.

"Gabizinha, minha delícia. Você é doida. Louca. Retardada. E tudo mais. Mas, sabe, eu me identifico pra caramba com você. Mesmos gostos, mesmos pensamentos, mesmo tudo. A gente tem uma conexão muito forte. Me ajudou muito a superar e, 'Homem é bom demais pra ficar solto pelo mundo. Por isso temos que aproveitar vários' . Acredite, nunca vou esquecer isso. Obrigada por tudo!

"Anna, menina que mergulhou o cabelo na água de salsicha! Você é toda meiga, delicada.. isso não tem nada a ver comigo. Mas, somos iguais na paixão por ficar em casa, assistindo filmes.. e quantos já não assistimos juntas, né? Quantos livros já não trocamos? Obrigada por ser tão feminina e me passar um pouquinho disso, e também por me emprestar seus DVD's e livros. Aliás, já quero outro.

"Lizzinha! Você e sua confusão tão parecida com a minha. Você é a 'na linha' do grupo, sempre nos fazendo enxergar um lado positivo nas coisas ruins, e um negativo no que parece perfeito. Já me impediu de fazer muita burrada, e por isso vou ser eternamente grata! Minha psicóloga, que sempre me fala aquilo que eu preciso ouvir. Obrigada!

"Cada uma de vocês, tem um pedacinho de mim.. e acho que isso que nos une. Tá sendo incrível. E esses seis meses que estamos nessa, juntas, estão sendo os melhores. Quinteto fantástico até a eternidade!"

Levantei minha taça e brindamos.

Em seguida, elas me abraçaram e cantaram parabéns pra mim. Eu chorei (atlânticos) com o que elas falaram, e foi inevitável pensar se o Steve se lembrava do dia de hoje.. hoje faríamos UM ANO E DOIS MESES de namoro. Caraca.

Depois de uma meia hora, de abrir os presentes (Dyl: cropped regatinha, rosa e saia skater preta; Gabi: vestidinho de malha de manguinhas, com estampa de animal print; Anna: duas capinhas pro celular e o livro "Como eu era antes de você"; Lizz: blu-ray de "Querido John") e bebermos o champanhe, voltamos a jogar.

A garrafa da Gabi parou em mim. Lá vem bosta.

– Você e o Sam já passaram a noite juntos (no sentido obscuro da coisa)?

– Não vou responder essa. - falei.

Sim, já passamos. Uma vez, só. Foi ótimo, mas não vou entrar em detalhes.

– Ihh, tá devendo. - revirou os olhos.

– Pelo contrário, se já aconteceu, é problema nosso, e se não, problema nosso também.

– Desafio! - Dylan gritou. Tinha esquecido desse detalhe.

– Vamos escolher! - Gabi se empolgou.

Elas quatro, então, fizeram uma rodinha e começaram a cochichar. Okay, isso está parecendo cena de filme de patricinha. Ignorei e fiquei impaciente, esperando a decisão delas.

– Prontinho. - se viraram, rindo, minutos depois.

– E aí? - eu perguntei.

– Você vai ter que sair na rua, de pijama, chorando.. e escolher um cara bem gato pra ficar. Dá um discursinho de tristeza, faz o que quiser. A gente sabe que você vai se dar bem. - Dylan explicou. Achei que seria pior.. na verdade, vai ser bem engraçado.

– Tá. - dei de ombros.

Elas foram colocar uma outra roupa, pra não dar na cara que era uma armação, e depois descemos.

As quatro foram pra um lado, enquanto eu fui pra outro. Fiquei andando e me preparando pra começar a chorar, quando a Anna me mandou uma mensagem, falando:

Na frente da sorveteria Ice, tem um homem de bermuda azul, sem camisa. G-A-T-O. Prepara o psicológico pra começar a chorar e GO!

Comecei a pensar na coisa mais triste da minha vida, na pior suposição possível, e comecei a andar em direção à sorveteria. Quando avistei o cara (e vi que ele era mesmo gato), já estava quase soluçando.

Cheguei perto dele e o abracei, chorando muito.

– O que foi? - ele perguntou.

– Eu.. eu quero! Eu peço mas, ninguém me ouve, e me diz que não, que eu não posso. Mas eu preciso! - gritei. Isso não está fazendo o menor sentido. Eu estava a ponto de começar a rir, mas isso eu não posso mesmo. - Me ajuda. - pedi, olhando pra ele.

– O que você quer? - perguntou meio impaciente.

E então eu o agarrei. Ele retribuiu, e depois, dei uma mordida MUITO forte nele. Ele se soltou na mesma hora, e perguntou qual era o meu problema.

– Era isso. Obrigada. - falei,sem chorar.- Ganhei! - gritei e saí correndo.

E então, pudemos ter a nossa crise de riso. Ficamos rindo por uns cinco minutos, sem parar, no meio da rua. E quando conseguimos nos recuperar, vimos que já eram quase três da manhã.

Isso que esse é só o primeiro dia da viagem.


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Notas finais do capítulo

Curtiram? Vão querer continuaçao da viagem ou querem que eu pule pra festa da Ray? Comentem aí!
5eij00 :*