Apenas Colegas de Apê escrita por Dreamy Girl


Capítulo 61
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Notas iniciais do capítulo

OLAA!
Capítulo grande pra vocês ♥



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No domingo mesmo, umas nove da noite, eu e o Liam estávamos assistindo "O Diário da Princesa 2", sozinhos - os pais dele foram jantar fora e sua irmã, estava na casa de uma prima - quando a campainha tocou. Ele levantou para abrir a porta e eu continuei sentada.

— Oi, Dyl. - cumprimentou com um beijo na bochecha. Olhei pra trás e os vi carregando duas malas, minhas. Levantei para ajudá - los.

— Ué, cadê meu irmão? - perguntei, dando um abraço na Dylan.

— Ele foi comprar umas coisas que a mãe de vocês pediu, no mercado. Me deixou aqui pra te dar as coisas, já que segundo ele você está desesperada com seus livros e roupas longe de você.

— Estou mesmo!

— Vamos subir? Eu.. quero conversar contigo. - ela disse. Eu já sabia o que viria e queria mesmo conversar com ela.

— Claro. Pausa o filme? - pedi ao Liam. Ele concordou e nós subimos para o quarto de hóspedes.

— Você sabe sobre o que eu quero conversar, né? - perguntou.

— Sei sim. - respondi, sentando na cama.

— Como sua melhor amiga, tenho a responsabilidade de te falar a verdade sobre o que acho disso tudo. - sentou na outra ponta da cama. - Não vim aqui pra passar a mão na sua cabeça, nem pra jogar sete pedras na do Steve.. mas, lá no Apê eu tive um tempo pra conversar com ele, saber como ele está e tal.

— Falou com ele? Me conta! Como ele tá? O que ele disse? - perguntei de uma vez.

— Calma, eu vou te contar tudo. Não me interrompe, tá? - assenti - Primeiramente, eu vou te falar o que acho : os dois estão completamente errados. Nem preciso dizer que quando o Peter me contou, fiquei com vontade de te quebrar em mil pedaços por ter beijado o Taylor. Poxa, amiga! O que você tava pensando? Era óbvio que ele ia chegar! Pra quem lê livro e assiste filme até passar mal, você não tá sabendo de nada, hein. Como sempre acontece, a pessoa errada chega na hora errada. E mesmo se ele não chegasse, tava claro que isso não ia dar certo. Ou você ficaria guardando pra você que tinha ficado com outro cara, ou alguém conhecido veria e contaria pro Steve, ou você mesma contaria e ele ficaria muito bravo. Eu, seriamente, não enxergo nenhuma possibilidade de aquilo dar certo. Então, pensa bem e me fala : você quis beijar o Taylor?

— Ah, eu não sei. - hesitei - Talvez.. achei que não tivesse problema. - confessei.

— Viu! Claro que tem, tem todos os problemas do mundo! Mas, como você deve ter ficado meio nostálgica, de ver aquele gatinho na sua frente te implorando por um beijo, você quis beijá - lo e esqueceu do cara incrível que tinha do seu lado. - fiquei quieta. - E nem pense que eu fiquei consolando o Steve. Pelo contrário! Eu falei poucas e boas pra ele! Disse que ele tinha sido horrível, e que ele merecia que um raio caísse na cabeça dele no momento em que começou a te ofender. Que pra quem amava daquele jeito, ele tinha "desamado" muito rápido pro meu gosto. E ele me disse que ele não deixou de te amar, mas que ia fazer de tudo pra te esquecer. - aquela dorzinha no coração novamente... - Eu falei pra ele que eu tinha certeza que vocês iam se acertar um dia, e ele respondeu "Não tenho tanta certeza assim". Olha, Rach, eu não sei de mais nada,mas o brilho que ele tinha nos olhos sumiu, e a tristeza dele está tão clara quanto a sua. Eu te conheço bem, e ele também,e não adianta os dois mentirem pra mim. Vocês se amavam muito. Só de estarem juntos parecia que saíam faíscas dos olhos de vocês. O amor de vocês era lindo e muito grande, o tipo de amor que não acaba de um dia pro outro. Mas eu realmente acho que esse tempo vai ser bom pros dois. Talvez pela pressão de namorar e morar juntos vocês estavam meio sobrecarregados, sabe? Mas no momento, vocês precisam ficar sozinhos. Vai ser bom, de verdade. E se eu fosse você, eu curtiria muuuuuito a solteirice! - riu.

— Eu imagino. - ri, meio triste.

— Eu quero você bem.. promete que vai vai esquecer isso e ser feliz? - sentou mais perto e passou a mão no meu braço.

— Prometo que vou tentar.. eu não quero ficar presa a ele.. Se ele vai tentar me esquecer, eu vou também, mais ainda. Por mais difícil que seja. E eu vou curtir, vou sair, vou me divertir com as pessoas tudo que não me diverti com ele. É diferente? É, mas e daí, vou mostrar pro mundo que não preciso de homem pra ser feliz. Só o Peter, o Liam e o Luke, só. - falei rápido, enxugando as lágrimas espalhadas pelo meu rosto. - E quer saber? Vou começar hoje mesmo.

— Nossa! E vai pra onde? - sorriu.

— Não tenho a menor ideia. - falei e ela gargalhou. - Mas eu vou achar algum lugar.

— Hoje acho que não, já são mais de 10 horas. Fica em casa com o Liam, termina de assistir o filme e amanhã sua "Rachel fantástica" entra em ação. - Eu ri com o apelido e concordei. Levei minha melhor amiga até a porta e agradeci mentalmente por ela ter aparecido na minha vida. Nem todos os "obrigadas" do mundo poderiam agradecer a Deus pelos dois melhores amigos que eu tenho.

Sentei no sofá e voltamos a assistir o filme.

***

Acordei cedo na segunda. Dez da manhã eu já estava de pé, já que meio dia eu tenho que ir trabalhar.

Tomei café da manhã com a mãe do Liam, e era incrível o quanto eles me faziam me sentir em casa. Eu nem pensava em estar incomodando, já que eles pareciam realmente gostar da minha companhia.

Eu saí de casa 11:30, peguei um táxi e chegue no shopping quinze para o meio dia.

A All My Book's estava abrindo, as meninas já estavam sentadas pelas mesas, conversando. Resolvi ser simpática e fui falar com elas.

— Oi. - sorri.

— Oi! Sábado eu ia falar com você, mas você tem cara de ser bem fechada e só falar com quem quer, aí achei melhor ficar na minha e avisei as meninas também. - uma ruiva (natural) falou.

— Eu sou um pouco sim, mas eu adoro conhecer gente nova.

— Ah, que bom! Eu sou a Anna. Essa é a Elisabeth - apontou pra uma morena bonitinha - e essa é a Gabi.

— Me chama de Liss. - a morena falou.

— Eu sou a Rachel.

— Meninas, já vamos abrir. Fiquem em suas áreas, okay? - uma menina de uns 22 anos falou.

Todas concordamos e fomos para as nossas sessões. Eu escolhi a área de romance e séries, já que é o que eu mais leio. A Gabi ficou na de séries e eu sentei em uma cadeira, entre as minhas duas.

Quando eu não tenho nada pra fazer, eu adoro ficar fuçando nas minhas fotos, já que tiro bastante. Comecei a olhar e de repente, me deparei com a minha e do Steve em Cancún. Eu fiquei olhando e lembrando da viagem.

Da festa, do esforço dele pra achar a minha mãe.. foi tudo incrível. Essa palavra me fez lembrar da legenda da foto. Corri pro meu Instagram e desci até encontrar.

"You're all I ever need" era a minha legenda. Cliquei na marcação dele e corri pra achar a mesma foto, mas dessa vez pra ler a sua legenda.

"Baby, you're amazing" era a legenda dele. A nossa música.

Sem perceber, uma lágrima caiu. E depois dela, muitas outras. Então eu comecei a chorar pra valer, soluçando.

— Ei. O que foi? - a Gabi perguntou.

— Eu.. não é nada. - respondi. Ela olhou meu celular e perguntou novamente, baixinho :

— Ele morreu?

— Não! Credo! - não ainda... - A gente.. a gente só terminou.

— Ah. Sinto muito. Não fica assim, não. Ser solteira é bem melhor.

— Mas eu amo tanto ele. Ele é tudo pra mim, tudo.

— Por que terminaram?

— Porque eu... fiquei com outro cara , meu ex, pra ele nos deixar em paz. E ele viu, e não quis me ouvir.

— Nossa, que treta.

— Eu sei. Preciso muito curtir, esquecer ele.

— Eba! Hoje à noite minha melhor amiga vai dar uma baita festa pra comemorar o aniversário. As meninas vão.. bora? Altos gatinhos e tal.. melhor remédio, impossível! - riu. Talvez não fosse uma má ideia...

— Eu topo! - falei e ela deu um pulinho, chamou as meninas e elas também comemoraram.

Depois, a gente foi camelar. Vendi mais hoje do que sábado! Minha comissão vai ser boa, eu espero. Vendi uns 10 livros, e algumas pessoas só foram encher o saco mesmo.

No fim do dia, as meninas vieram falar comigo.

— Seguinte, oito horas a gente se encontra na porta do shopping! - a Liss falou.

— É. Vai bem gata pra aproveitar bastante! - foi a vez da Anna.

— A Nat é super popular, conhece vários gatinhos. Sua tristeza vai passar num instante! - Gabi se animou.

— Tá bom. - eu ri. - Até mais tarde, meninas.

— Tchau. - disseram e acenaram juntas.

Eu confesso que estou bem animada pra essa festa. Eu quero aproveitar MUITO! Não é o que todo mundo tá dizendo? Pra eu aproveitar? É isso que vou fazer.

Nessa loucura toda, ainda nem tive tempo de falar com a minha mãe. Não sei se o Peter falou com ela ontem, mas acho que não, porque ela nem me ligou. Resolvi pegar meu celular e ligar pra ela.

Após 5 toques, quando eu já estava desistindo, ela atendeu.

— Oi. - disse.

— Oi, mãe. Eu queria tanto conversar com você, ver a sua ... - me interrompeu.

— Sinto muito. - falou, com voz de quem está com pressa. - Estou bem ocupada.. te ligo mais tarde, pode ser?

— Tá bom.. - concordei sem concordar de verdade. - Até.

— Tchau. - e desligou.

Fiquei chateada com a "secura" dela. Eu sempre quis uma mãe pra conversar, compartilhar meus sentimentos, e nunca tive. Agora que tenho, ela é "ocupada demais" pra me dar atenção. É meio egoísta da minha parte, pois ela tem uma vida e não gira em torno de mim, mas poxa.. ela é minha mãe!

Tinha um táxi parado em frente ao shopping. Entrei nele e me surpreendi com quem estava lá dentro.

— Diego!?

— Ra.. Rachel? Você de novo!

— Nossa, Diego, eu não acredito! - falei e ele me deu um abraço. - Vê se dessa vez não some de novo.. - abaixei o tom, me lembrando o que o nosso último encontro tinha causado... um beijo, uma briga, e um outro beijo, o primeiro...

— Dessa vez eu não vou fazer nada pra estragar nossa amizade. Eu gosto mesmo da sua companhia.

— Eu também. Você está em uma parte muito importante da minha vida.. a minha infância. Aliás, eu preciso te contar uma coisa incrível.

— Fala, sabe que sou curioso.

— Lembra da minha mãe?

— Claro que lembro! Como esquecer?

— Ela tá viva.

— Rachel, isso é incrível! - sorriu.

— Eu sei... e ela tá morando nessa cidade. Eu a reencontrei ano passado, dá pra acreditar?

— Meu Deus! Como conseguiu isso?

— Na verdade, não fui eu, foi o Steve. - falei, com naturalidade. Sem sentir aquela dorzinha de antes.

— E como ele conseguiu?

— Não sei, até hoje.

— E vocês estão bem?

— Não estamos, na verdade.

— Ah. Entendi.

Só agora tinha percebido que ainda estávamos parados. O taxista (que eu supus que tinha dormido) perguntou se poderíamos ir.

— Podemos, sim, para o café mais próximo. - Diego disse, sorrindo pra mim.

Um chocolate quente agora seria ótimo. Com o fim do verão , os ventos frios começam a soprar mais cedo. Agora, quase seis horas, já está mais friozinho.

O motorista nos levou, dividimos o táxi (assim que eu gosto) e entramos no café.

Eu pedi um chocolate quente e um croissant de milho. Isso, ele fez questão de pagar. Sentamos em uma mesa no cantinho e ficamos esperando nossos pedidos chegarem.

— E como tá a vida? - ele perguntou.

— Indo.. - respondi, desanimada - e a sua?

— Esse desânimo tem motivo? - assenti minimamente - Fica assim, não, princesa. Sabe que eu ainda te considero pra caramba e não quero te ver triste, né?

— Obrigada. Mas eu tô bem. E você?

— Bem, também.

A moça chegou com o nosso pedido e nós começamos a comer.

Estava tudo uma delícia e quando olhei no relógio, vi que já deveria ir embora pra me arrumar para a festa.

— Diego, vou ter que ir.

— Ah, espera um pouquinho. - limpou a boca com um guardanapo e se levantou. - Vamos.

Me levantei em seguida e fomos para o lado de fora.

— Pega o meu número.. pra gente se encontrar de novo, e não se perder, de novo. - propus.

— Claro. - ele pegou o celular e eu falei o meu número pra ele anotar. - Pronto.

— Então tá. Tchau. - fui dar um beijo na bochecha dele, mas ele segurou o meu rosto com as duas mãos e me beijou.

Eu não impedi. Apesar de ele ter essa mania chata de só me beijar quando eu tô desprevenida, eu continuei.

Ele é um cara muito legal, eu gosto dele. Não como ele - provavelmente - gosta de mim, mas gosto.

Depois de uns dois minutos de beijo (Ué, tava bom) a gente se soltou.

— Foi muito bom te ver. - ele sussurrou. Me deu um selinho e cada um foi para o seu lado.

***

Eu estava muito indecisa sobre qual roupa usar nessa tal festa. Não queria ir muito menininha, mas não queria perder meu estilo. Decidi entrar no Google e procurar "look para festa à noite" e não achei nada. Eu estava a ponto de começar a chorar quando vi uma saia florida, com tons de rosa.w verde, e decidi combinar com uma t-shirt preta, lisa, soltinha. Experimentei e gostei, apesar de querer mais.

Coloquei, então, uns colares simples e sobrepostos, um scarpin preto e aí sim, senti o look completo, mas logo ele se incompletou, porque tirei o sapato e fui me maquiar. Passei pó e corretivo , pois eu estava com o nariz e as bochechas um pouco vermelhos de tanto chorar, blush pra tirar a palidez, sombras marrom e preta, esfumadas em degradê, rímel, lápis branco e um batom rosa, não muito escuro.

Olhei no relógio, sete e cinquenta e três. Eu estava BEM atrasada.

O Liam me olhou quando eu estava descendo a escada da casa dele e fez "fiu fiu" (ele falou mesmo, não foi um assobio). Eu gargalhei e dei uma voltinha, brincando.

— Onde vai, linda assim?

— Pra uma festa, com as meninas do trabalho.

— Ah tá. Vai, mesmo. Juízo.

— Pode deixar. - bati continência. - Mas não prometo nada..

— Se divirta, curta muito!

— Isso eu prometo. - acenei e saí. Eu já tinha chamado um táxi, e ele estava me esperando na porta. Entrei, me desculpei pela demora (já que eu praticamente torturei a moça do telefone para que ela me garantisse que ele não se atrasaria. Quem se atrasou fui eu) e disse para ele me levar ao shopping (ah, e falei que se ele corresse o máximo que pudesse eu pagaria a mais. Ele correu. Tanto que, quando eu cheguei, briguei com ele porque bati a cabeça várias vezes no vidro. No fim, eu não paguei a mais).

As meninas estavam sentadas em um branquinho na pracinha que tem na entrada. A primeira coisa que fiz, foi olhar as roupas delas. A Anna estava de shorts branco de sarja, uma blusa pink e sandália preta; a Gabi de vestido preto e jaqueta de couro (sinceramente, não sei de onde surgiu esse frio todo, mas ela estava linda) ; e a Liss, de conjuntinho de cropped e saia, dourado e preto (maravilhoso!!!!!). Me senti confortável com a minha roupa.

— Tá linda! - Gabi falou, e todas as outras concordaram.

— Eu amei as roupas de vocês, a gente tem um estilo muito parecido! Usaria tudo sem nem piscar. - falei.

— Eu concordo. Vamos? Eu tô muito ansiosa pra essa festa! - a Anna falou.

— Vamos, gente, o Gabriel vai estar lá, ele tem que me ver antes da Julie chegar! - a Liss se apressou. Eu e as meninas rimos e a acompanhamos.

No táxi, era o meu amigo taxista.

— Você já está me perseguido, viu? - falei, sorrindo para ele.

— Talvez. - ao ouvir isso, estremeci. - E as novas amigas?

— Anna, Gabi e Liss, esse é o Patrick, o taxista mais legal do mundo.

— Oi. - elas o cumprimentaram.

— Já que ele é o melhor taxista do mundo, acho que a gente pode ouvir uma musiquinha melhor do que essas de fossa.. posso conectar o meu celular aí, pra gente ouvir músicas animadas e entrar no clima do festão que nos espera? - a Gabi perguntou ao Patrick, que deixou . Ela passou o celular e o cabo pra frente, onde eu estava e coloquei Blank Space pra tocar.

Todas nós começamos a cantar alto e juntas.

— But I got a blank space, baby. And I'll write you name! - fechei os olhos e cantei. Eu vou escrever o seu nome, Steve.

Chegamos na casa (casa? Aquilo parecia mais um castelo. É simplesmente enorme. Eu nunca vi uma casa tão grande quanto à da tal Natália) e as meninas não paravam de dizer o quanto o Patrick era legal.

Demos os nossos nomes, quer dizer, a Gabi deu, porque ela era a única convidada. O porteiro (a casa da menina tem porteiro, sim) foi chamar a anfitriã da festa, que nos deixou entrar numa boa. Depois disso, vi que ela deixou mais um monte de gente entrar, e eu só me perguntei o que esse cara estava fazendo lá. Qual a necessidade da presença dele ali?

As meninas foram buscar bebidas e eu eu fiquei olhando em volta.

Estava bem cheio. Incrível como só tinha gente bonita, como pode isso? Era um cara mais gato do que o outro, minha tristeza (tristeza? Que tristeza? O que é tristeza?) ia acabar num segundinho.

Elas chegaram com alguma coisa que eu não sabia o que era, mas me obrigaram a beber. Era bom, apesar de ser meio amargo no primeiro gole.

"Me disseram pra curtir. E é isso que farei." , pensei.

Começou a tocar Wake me up, Avicii e eu amo essa música. Deixei meu corpo levar pela batida da música e quando me dei conta, estava dançando com um monte de desconhecidos. Um em especial, era um deus grego. Alto, cabelo preto, pele branquinha e olhos bem verdes.

Senti uma mão me puxando por trás, era a Gabi.

— Rach! Esse gatinho não para de te olhar! - sussurrou no meu ouvido. - Aproveita, menina, você não deve nada a ninguém!

Ela estava certa.

Me empurrou de volta e me deu um olhar incentivador. Ele, que ainda não tinha parado de me olhar, deu uma piscadinha e fez um sinal com a cabeça, me chamando.

Eu fui atrás. Ele me deu a mão e me puxou para fora da mansão.

— Oi. - ele sorriu. Eu quase desmaiei.

— Oi. - sorri também. Me esforcei muito pra não ficar com cara de tonta, porque eu NUNCA na vida tinha visto alguém tão lindo. Nem o Steve...

— Tudo bem?

Eu pensei. Eu estava bem? Em uma casa com centenas de pessoas que eu não conheço, meio bêbada, dançando.. com uma vida que muita gente queria.

Eu, apesar de tudo, não queria isso. Não queria centenas de pessoas. Queria apenas uma.

Varri esse pensamento. Ele me humilhou na frente de todo mundo. Fez tudo errado, jogou no lixo nosso amor, nossa história. E, nesse momento, não deve estar com um pinguinho de peso na consciência. E nem eu estava.

Tudo o que fiz, foi pro nosso melhor, mas ele não viu isso. Preferiu ouvir a razão, e não o coração. E eu farei o mesmo : esquecerei que um dia isso existiu. E lutarei quanto tempo for preciso pra que esse amor que chega a doer se acabe.

— Estou onde tenho que estar, e da melhor maneira possível.

— Eu sou o Samuel. Mas,me chama de Sam. - se apresentou. O jeito que ele olhava no meu olho era intimidador e me fazia arrepiar. Eu estava enlouquecendo.

— Rachel. - falei. O olhar dele desviou dos meus olhos, para a minha boca. E ele me agarrou.

Jesus, o que foi aquilo? Nunca tinha dado um beijo daqueles. Ele tinha uma mãozinha boba, e uma pegada do caramba. Sério, eu estava a ponto de morrer ali mesmo.

Quando me dei conta, estava num lugar bem isolado e encostada na parede. Paramos por falta de ar.

— Você beija bem. - ele disse, me olhando.

— Você... meu Deus. - falei e ele riu.

— Vamos entrar? - pediu. E me deu um beijo mais calmo dessa vez.

— Por que? - perguntei. Eu não queria entrar. Eu queria ficar ali pra sempre beijando aquele ser de outro mundo.

— Porque senão eu vou acabar fazendo coisas que você não quer. - sorriu novamente. Quem disse pra ele que eu não queria?

Ele andou um pouco e depois voltou correndo.

— Meu número. - me entregou um cartão. - Me liga qualquer dia desses. - piscou e saiu, me deixando de boca aberta.

É, ele tem razão. Eu não queria.

Entrei na casa, ainda meio atordoada, e a Gabi me puxou.

— Rachel, você sumiu! - falou e me olhou. Fez uma cara maliciosa em seguida - Hum, e essa cara?

— Gabi do céu. O que é aquele cara?

— Gato. Isso que ele é.

— Não só isso. Eu nunca vi alguém beijar tão bem.

— Ui. E seu ex?

— Ex? Que ex? Eu esqueci, e não é a bebida.

— Isso sim é motivo pra comemorar! Vem cá. - me puxou de novo. Ela ainda vai arrancar o meu braço.

Pediu alguma coisa ao bar man (que ela deu uma paquerada bem descarada, por sinal) e me deu um dos copos. Pediu um brinde e eu vi tudo girar, só de colocar o primeiro gole na boca.

Não sei o que aconteceu, novamente, só sei que comecei a dançar de novo. A Liss e a Anna se juntaram à mim e Gabi e ficamos assim, dançando juntas por uma meia hora.

Olhei no relógio pendurado na parede e vi que ainda era quase meia noite.

Senti uma mão na minha cintura, me puxando com força. Era o Sam. Ele nem esperou nada, me beijou de novo e num piscar de olhos, eu estava em um quarto e ele estava sem camisa.

Ele deu uma chupada no meu pescoço, eu dei um gemidinho e ele voltou a me beijar. Eu arranhei as costas dele e depois não sei o que aconteceu.

***

Acordei com uma música tocando alto. Olhei novamente no relógio, três e quarenta e sete da manhã.

Eu me olhei no espelho do banheiro. Minha saia não está no meu corpo, só a blusa. Minha sombra está toda borrada e tive vontade de chorar por causa da perda da minha produção toda. Procurei minha saia pelo quarto e encontrei jogada pelo chão.

— Desculpa, tá? - levei um susto ao ouvir.

— Pelo que?

— Por eu ter te forçado.

— Forçar? A gente... - perguntei.

— Não. Eu percebi que você não estava sã, e parei. Aí você se revoltou, e começou a chorar, falar de um tal de Steve, e não sei o que. E, do nada, dormiu. De tanto chorar. Levantou uma vez, vomitou e dormiu de novo.

— Nossa. Acho que quem tem que se desculpar sou sou eu, né?

— Também.

— Agora eu não tô bêbada e a gente pode conversar direitinho.

— Tá bom.

— Como você tá? - perguntei, vestindo a saia.

— Bem. E você?

— Não. Eu não sou assim, tá? Eu sou tímida, quieta e não saio beijando qualquer um por aí e implorando por sexo.

— Sei que não. Eu vi as fotos do seu celular e você não tem cara disso.

— Viu as fotos do meu celular? - sentei na cama .

— É, está sem senha. Eu ia ligar pra alguém vir te buscar aqui.

— Ligou? - ele estava, provavelmente, irritado por tantas perguntas, mas alguém precisava me iluminar.

— Você falou tanto desse tal de Steve que eu liguei pra ele. - Eu quase o enforquei.

— Ligou pra ele? - gritei, quase tão alto quanto a música.

— É, eu disse quase assim : "Eu sou o Sam, estou com a Rachel em uma festa e ela está vomitando de tanto que bebeu. Não tem ninguém aqui no quarto e eu não vou achar achar amigas dela lá embaixo, será que daria pra você vim aqui buscar ela?". E ele respondeu "Por que eu iria?", com uma voz bem brava, e em seguida, ouvi alguma coisa quebrando. Depois, a ligação caiu. Achei esse cara bem doido.

— Ai, Samuel! Eu mal te conheço e já quero te matar! Ele é meu ex, porque me pegou beijando outro cara - e não pergunte por que - e se já me odiava, me odeia muito mais após essa ligação.

— Me desculpa. Eu quis ajudar!

— Atrapalhou. Eu já sei estragar tudo sozinha, não preciso de ajuda.

— Vamos embora? Eu te levo pra casa.

— Eu não vou a lugar nenhum.

— Vai, sim. Vamos. - pegou no meu braço e me levou até lá embaixo. As meninas me olharam com cara de "já vai?" e eu apenas ignorei a presença delas. Minha cara feia era maior do que tudo.

Ele me levou até um carrão (ah, ótimo, além de ser gato, legal, se preocupar comigo e beijar bem, ele é rico) e perguntou onde eu morava. Falei o endereço da casa do Liam, com má vontade, e ele parou o carro no meio do caminho.

— Você é doido? Pede o endereço, eu falo e você não me leva até lá?

— Alguém vai te atender nessa casa? Pelo que entendi, ela não é sua.

Ele estava certo. Eu vou matar esse cara, eu juro. Ele é perfeito.

— Você vai pra minha casa. Eu moro sozinho, tenho uma cama confortável e um sofá mais ainda. A cama é toda sua.

— E por que me fez ter o trabalho de gastar saliva falando o endereço?

— Para de reclamar, só um pouco. -pediu.

Eu sou chata. Eu sou muito chata.

***

Eu nem dormi. Fiquei repassando a noite de hoje, tentando lembrar de cada detalhe. Mas, acho que tudo que eu precisava saber, o Sam já me contou. Não lembro de detalhes, mas sei de tudo que preciso saber. Eu acho...

Oito da manhã eu desci pra sala.

— Acorda. - balancei os ombros dele. Ele virou pro lado e roncou. Achei o seu defeito! Mas eu não ligo, coloco fones de ouvido e dormimos numa boa. - Sam. Sam, acorda. - deu um tapa na cabeça dele. Ele coçou a cabeça e não acordou. - Samuel! - gritei. Ele abriu os olhos no susto.

— Você é doida, menina? - coçou o olho. - Que horas são?

— Oito.

— Da manhã?

— Não, da tarde. - ironizei. - Me leva pra casa do meu amigo?

— Oito da manhã? A gente dormiu, tipo... 4 horas.

— Você, dormiu. Eu não dormi nada. Preciso ir embora. Mais tarde tenho que trabalhar.

Ele suspirou e levantou.

— Vamos.

***

Bati na porta. O pai do Liam abriu.

— Bom dia, tio. - cumprimentei. Eu estava com um pouco de vergonha pela situação de chegar de manhã na casa do meu melhor amigo, toda bagunçada, depois de passar a noite fora por causa de uma festa. Ele ficou me olhando.

— Bom dia. Entra.

— Desculpa, tá? Por eu ter chegado aqui essa hora. É que... a festa acabou tarde, aí eu passei a noite na casa de uma amiga do serviço.

— Tudo bem. Quer comer alguma coisa?

— Não, eu só quero um banho.

— Pode subir, o Liam já está acordado acordado e preocupado com você.

— Obrigada. - sorri.

Fui subindo as escadas, agradecendo mentalmente pelos pais dele serem tão legais e cheguei no quarto do Liam. Dei duas batidinhas e abri devagar.

— Liam?

— Rachel! Eu estava preocupado com você! - levantou .

— Desculpa. Eu tô bem, juro. A festa acabou tarde e passei a noite na casa de uma menina do trabalho. - contei, a mesma mentira, pela segunda vez, em dez minutos.

— Menina do trabalho? - droga, por que ele tem que me conhecer tão bem?

— An... - enrolei. - Não.

— Pra que mentir?

— Pra você não ficar bravo? - falei, em tom de pergunta.

— Não tenho motivos pra isso. - falou, já bravo.

— Viu! - eu ri e levantei para alcançá - lo. Segurei o rosto dele com as duas mãos para que ele me olhasse. - Ei. Eu não fiz nada, juro. Eu até ia vim pra cá, mas o Sam disse que era melhor eu vir de manhã. Aí, ele me ofereceu a cama dele e dormiu no sofá.

— Sério? Simpatizei com esse cara. - a expressão dele de repente mudou.

— Eu preciso tomar banho, necessito. - dei um beijo na bochecha dele e fui pro quarto te hóspedes.

Só então percebi que minha cabeça estava doendo. E não era uma dorzinha, era tipo, bombardeio no meu cérebro. Resolvi lavar o cabelo, pra ver se dava uma amenizada.

Na sabia se era por não ter dormido, pela bebida ou pela música ensurdecedora que ecoou por mais de cinco horas seguidas nos meus ouvidos, só sei que precisava de alguma coisa que tirasse aquilo de mim.

Só de pensar em ir pro trabalho e ter que explicar tudo para as meninas, sobre meu sumiço e o que rolou lá no quarto (que nem eu sei direito o que foi), minha preguiça aumentou. Tudo o que eu mais queria agora era uma cama.

No mesmo horário de sempre, saí de casa, com a cabeça estourando e me preparando para o dia que viria.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim!
Já tá no grupo? Ebaaa! Não tá? Deixa seu número aí ;)
Beijin :*



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