No dia seguinte, avistei Cartman na escola, tirando e colocando suas coisas no armário. Caminhei em sua direção. Ele logo se virou para mim com uma expressão de raiva, dando um suspiro.

– O que você quer agora? – perguntou meio rude.

– Nada de mais – respondi – É que eu gostaria de ser sua amiga – Cartman me ignorou, fechando o armário e indo em direção à sala de aula. Eu logo fui atrás dele.

Enquanto andávamos, os outros alunos ao nosso redor nos olhavam com uma expressão estranha, pois eu estava caminhando atrás de Cartman com um sorriso e ele seriamente. Ele deu um suspiro.

– Quer parar de me seguir? – perguntou, mas não respondi nada – Ei, você está me ouvindo? – continuei sem responder nada. Ele logo para e se vira para mim – Menina, eu disse para valer quando te disse para não se aproximar de mim.

– Eu sei – respondi – Mas, não consigo resistir – Cartman dá um grande suspiro e se vira de costas para mim novamente, andando um pouco rápido.

Eu continuava a seguir ele. Logo saiu correndo e corri atrás dele.

Enquanto corríamos, os outros alunos nos estranhavam ainda mais. Cartman já estava ficando furioso com aquilo.

– MENINA, EU DISSE PARA PARAR DE ME SEGUIR! – berrou, parando e se virando para a minha frente. Eu fiquei meio assustada. Ele logo deu um grunhido e se virou de costas para mim novamente, seguindo em frente para a sala de aula.

Deixei escapar um grande sorriso, enquanto olhava para ele andando para a sala de aula.

– Você ainda quer fazer amizade com ele? – perguntou alguém atrás de mim. Desfiz o sorriso e me virei para ele. Era Kyle com uma expressão séria e estava junto com Stan e um garoto de capuz laranja.

– Ah, oi, primo! – cumprimentei. Ele logo deu um suspiro.

– Enfim, vou te reapresentar um dos meus amigos – comentou Kyle – Este aqui é o Kenny – disse apontando para o garoto de capuz laranja que também me dava sensação de que eu já tinha o conhecido antes. Para falar a verdade, eu sentia que eu já conhecia quase todos os amigos de Kyle.

– Prazer, eu sou Natalie Broflovski, mas pode me chamar só de Nate – cumprimentei Kenny, inclinando a mão para ele. Ele logo inclinou a mão para mim, apertando a minha e se cumprimentando com a voz esfarrapada, pois o seu capuz cobria sua boca. Notei que ele também estava olhando para os meus seios com cara de pervertido, mas eu não queria falar nada.

– Enfim, está quase para começar a aula – comentou Kyle – Devemos ir logo – Kyle logo foi na frente de mim, Stan e Kenny, enquanto o seguíamos.

Eu quase não estava prestando atenção na aula, pois estava mais prestando atenção olhando para Cartman. O gordo logo vira a cabeça para mim com uma expressão séria e logo aceno para ele. Ele deu um grande grunhido e se virou para o professor novamente. Viro-me para Kyle que estava olhando a cena toda. Ele dá um suspiro e se vira para o professor. Logo me viro para Cartman novamente.

De repente, o professor se virou para mim com uma expressão duvidosa.

– Natalie, você está prestando atenção na aula? – Ao perguntar isso, me virei rapidamente para ele com uma expressão meio assustada e envergonhada. Todos se viram para mim, me deixando ainda mais envergonhada.

– Er...claro, professor... – respondi meio sem jeito. “Um pouco” pensei. O professor fez outra expressão duvidosa e se virou para a lousa novamente. Todos se viraram para ele, menos Cartman e Kyle que continuavam me encarando. Podia ouvir Cartman dando algumas risadas em um tom baixo para mim. Kyle logo se virou para ele com uma expressão de raiva e tirou uma folha de seu caderno, amassando-o para formar uma bola. Ele logo jogou o papel na cabeça de Cartman que continuava rindo de mim.

– Ai! – berrou alto Cartman, enquanto parava de rir e colocava a mão na parte da cabeça onde o papel foi acertado e se vira para Kyle com uma expressão de raiva. Todos se viram para ele, incluindo o professor, é claro.

– Algum problema, Cartman? – perguntou o professor.

– Nada não. Só o judeu de merda que acertou uma bola de papel em mim – comentou Cartman.

– Eu só queria que você parasse de rir da minha prima – afirmou Kyle.

– Pffffftttttt. Isso não é nada. Vocês ruivos e judeus são todos iguais – comentou Cartman em um tom ignorante. Kyle deixa escapar um grunhido e se levanta, batendo as mãos na mesa.

– Retire o que disse, gordo filho da puta! – berrou Kyle para Cartman. O professor logo manda os dois pararem de brigar. Eles logo voltam para a aula com uma expressão de raiva e Kyle se senta novamente na carteira.

O resto da aula continuou em silêncio.

Na hora do recreio, me aproximei de Cartman mais uma vez que estava sentado de baixo de uma árvore. Ele me olhou com uma expressão de raiva de novo. Por que ele está sempre assim mesmo? Ah, sim! Pelo o fato de eu ser ruiva e prima do Kyle.

– O que você quer, queridinha? – perguntou Cartman em um tom rude – Quantas vezes vou ter que te dizer para não se aproximar de mim?

– Eu sei que você não me quer por perto – comentei – Mas, você nunca tentou me conhecer direito.

– E nem quero, obrigado! – respondeu em um tom rude novamente.

– Só porque eu sou ruiva e prima do Kyle? – perguntei. Ele se fixou para mim – Eu sei que você e o Kyle não se dão bem, mas por que você não tenta pelo menos me conhecer direito?

– Porque como você é prima do Kyle e só por causa disso, deve ser judia. E eu odeio pessoas ruivas.

– E eu devo ser judia só porque minha família toda é? – perguntei. Cartman logo me encara com uma expressão duvidosa – Para sua informação, eu sou ateia e não sei qual é o seu problema com pessoas ruivas e judias.

– Obviamente, porque são dois dos grupos mais odiados do mundo.

– E só por isso, você vai odiar eles? – perguntei e ele logo se cala – Eu sei o quanto tem gente que odeia pessoas judias e ruivas, mas isso não explica o fato de todo o mundo também odiar – Cartman logo faz uma expressão curiosa.

– Mesmo assim, você não vai querer ficar comigo – comentou em um tom calmo e se encolhendo no chão com uma expressão meio triste – Eu sou uma pessoa má e todo mundo me odeia.

– Eu sei como se sente – disse calmamente me sentando ao seu lado – Acredite ou não, eu também já passei por isso – Cartman logo se virou para mim – Eu também já fui uma pessoa má, assim como você e era sempre a mais diferente da turma. Mas, todo mundo é assim, por mais que a pessoa se considere rude assim como você, ela também tem sentimentos positivos – ficamos um tempinho sem poder falar nada e Cartman continuava me encarando com uma expressão curiosa e encantada.

– Então, você acha que eu também tenho sentimentos positivos? – perguntou.

– Sim – respondi virando a cabeça para ele, deixando escapar um sorriso – Além do mais, você já se apaixonou por algumas pessoas, né? E mesmo odiando o Kyle, vocês também já tiveram uma relação amigável.

– O quê!? Como você sabe disso!? – perguntou espantado.

– O meu outro primo me contou – comentei.

– Ike?

–É – Cartman não falou nada, apenas continuou me encarando com espanto. Logo, ele pensou um pouco e voltou para mim.

– Ta bem, podemos ser amigos – concordou. Logo fiquei feliz.

De repente, o sinal tocou anunciando que o recreio acabou.

– Então, beleza, Cartman – disse eu me levantando – Até mais tarde.

– Até – respondeu em um tom calmo e se levantando.

Depois de alguns segundos, nos afastamos e eu fui direto para o meu primo que estava com seus amigos, Stan, Kenny e Wendy, e mais alguns outros.

– Aí está você, Nate! – disse Kyle – Vou te apresentar mais alguns outros amigos. Estes são Token, Nichole, Butters, Bebe, Rebecca, Clyde, Craig, Jimmy, Timmy e Tweek – continuou apontando para cada um deles. Confesso que não conhecia ou não me lembrava de nenhum deles, mas lembro que existia literalmente um quinto garoto que acompanhava Kyle e seus outros três principais amigos e se eu não me engano, era loiro. Acho que era o Butters ou o Tweek.

– Er...e falando em amigos, primo – disse eu – Agora há pouco, eu comecei à fazer amizade com o Cartman – todos me olharam chocados ao ouvir isso.

– Nate, a gente não já conversou sobre isso? – perguntou Kyle com um pouco de raiva.

– Sim, mas ele foi meio gentil comigo – respondi e ele logo deu um suspiro.

– Pois bem – disse Kyle – Depois não vá reclamar quando ele começar a te encher o saco – Logo todos saíram menos Stan que tinha parado ao meu lado.

– Não ligue muito para isso – comentou Stan. Logo me virei para ele.

– Eu sei – disse eu.

– Além de todo mundo odiar o Cartman e o seu primo ser rival dele – continuou – Acho que você tem seus motivos para ser amiga dele – concordei e ele logo saiu do meu lado, e foi em frente para a sala de aula com eu indo atrás.