Ficamos alguns minutos na livraria, mas não gostamos de nada, então seguimos para a loja de música. É uma daquelas lotadas de músicas clássicas e discos de vinil, meu tipo favorito.

– E então Isa, e aquela paixão sua pelo Raphael? Ele vai estar na festa hoje- disse Anna entre risos e sorriso.

–Acho que vou abandonar essa loucura. Não preciso dele, apenas dos livros- falei olhando os antigos álbuns.

– Mas isso não é real. Você não pode viver no mundo da imaginação pelo resto de sua vida- comenta Maia com um tom de irritação.

–Não vejo o porque não. Posso fazer o que quiser com minha vida.

Cansei de ficar com elas criticando meu modo de viver. Fui até os discos mais antigos para ver se algo me interessava. Olhava para todos aquelas relíquias históricas e meus olhos brilhavam. Queria muito aquele disco no superior da platileira, mas mesmo nas minhas pontas dos pés eu não conseguia. Estava começando a me irritar.

Foi quando uma mão se estendeu com facilidade e pegou o disco e entregou-me. Conhecia aqueles olhos azuis e cabelos loiros, queria falar algo, porém nada sai de minha boca. A voz fugiu do meu corpo e só a timidez permaneceu.

–Isa, você não mudou quase nada- Sebastian abre um sorriso alegre.

Talvez ele lembrasse de mim. Meus cabelos cacheados e cor de mel eram os mesmos e meus olhos castanho claro também permaneciam iguais. Ainda era uma das mais baixinhas da turma e ele provavelmente era um dos mais altos.

–Sebastian, quanto tempo- contribui o sorriso.

–Que saudades suas.

– Nem me fala.

–Mas então, ainda esta morando no mesmo lugar?

–Não. E suponho que você também.

Dois garotos chegaram por trás dele rindo. A vergonha gritava por dentro de meu corpo. Queria cavar um buraco e sair dali. Já era o suficiente falar com Sebastian, mas seu amigos também, é demais para um dia.

– Quem é essa Sebastian?- o garoto da esquerda me olhava de cima para baixo, com um sorriso de lado no lábio- Até que é...

–Essa é Isa, uma antiga amiga- interrompe Sebastian sem tirar os olhos de mim.

Todos sabiam o que ele ia dizer, mas deixamos quieto. Olhei para o relógio e já eram cinco da tarde, eu tinha que ir se quisesse me arrumar para a festa.

–Sebastian, eu tenho que ir. Minhas amigas estão me esperando...

–Aonde tem de ir com tanta pressa?

–Em uma festa, no clube.

–Nós também vamos- fala o outro garoto.

–Então talvez nos encontramos lá- conclui Sebastian.

–Talvez.