Uma Noite no éden escrita por Armamudi
- Isso mesmo Lucien – Christian ajeitou os óculos novamente no rosto afim de ganhar um pequeno tempo para organizar sua explicação.- Sabe-se que, as pirâmides tinham a função de encerrar os corpos dos grandes faraós e também para celebrar rituais pós-mortis em nome deles. Mas o que mais intriga a arqueólogos e historiadores é: - Porquê não há sinais de fumaça dentro delas? Sim porque elas eram visitadas particularmente à noite por sacerdotes e guardas, e para isso seria necessário o uso de iluminação, e pesquisas comprovam que não há resíduos de fluídos de óleo animal ou vegetal produzido por fumaça.
- Sei, disse Lucien tentando compreender o que Christian tentava explicar. Tudo o que ele dizia era novo para ele. Até então conhecia o que todos sabiam. Que os egípcios foram um povo que estava à frente do seu tempo. Mas não tão a frente assim.
O transportador balançava ante a tempestade forte que os rodeavam, e a navegação era feita exclusivamente pelo satélite e por sonar, que indicava se havia algum grande obstáculo no caminho. Abdu fazia preces a Alá silenciosamente, pedindo proteção por todos, e ouvia Christian dizer seus teoremas científicos para o amigo.
- É também dada a eles a alcunha de ser especialistas em usar a técnica de iluminação por espelhos, por causa da fácil iluminação solar que o deserto oferecia. Com isso, de dia, as pirâmides eram iluminadas pelos espelhos.- Ele se segurou à poltrona fortemente devido ao um baque que o veiculo tomara. Se recuperou do choque e voltou a conversar com Lucien.
- Bom Lucien na verdade...
De repente, o monitor do transportador começou a emitir um sinal sonoro. Christian e Lucien, seguido por Abdu, voltaram suas atenções para a tela. Sabiam o que significava.
- Senhores, a tempestade acabou! Disse eufórico o motorista. – Do jeito que ela veio, foi embora.
O céu estava limpo, e as estrelas iluminavam o descampado deserto, com suas pardas luzes. Dava para ver bem ao longe, e logo em frente, divisaram uma grande duna de areia. Olharam no monitor e, pelas coordenadas dadas pelo “chefe”, o local aonde deveriam ir se encontrava depois do montante de areia.
- Estamos quase lá senhor Christian, disse Abdu.
- Excelente Abdu. Vamos até o topo da duna, e de lá poderemos avistar o que local que me foi passado.
Lucien, até então calado, fechou os olhos na tentativa de vislumbrar algo que pudesse ajudá-lo a compreender o que seu amigo lhe dissera até agora sobre as pirâmides, tecnologia dos egípcios, e o mais importante, sobre como eles construíram tais monumentos somente com mão-de-obra humana. Era impossível.
Chegando ao topo da duna, o transportador, seguido por mais dois veículos menores, parou. Christian desceu, e logo atrás veio Lucien e Abdu. O motorista resolveu que era mais prudente ficar dentro do transportador. Conhecia histórias terríveis de espíritos do deserto que tinham o hábito de perseguir viajantes, contadas por seu pai que fora um beduíno. Lucien olhava estático o que via à sua frente; uma grande área, em forma de funil, cobria o terreno. Era imenso, não dava para precisar o tamanho.
- O que é isso Christian? E sua pergunta saiu tão temerosa, que Lucien teve que conter sua voz, que tremia violentamente.
Christian se virou para ele, e vendo preocupação no amigo, tentou apaziguá-lo.
- Acalme-se Lucien. O que irá acontecer a partir de agora eu não sei, disse sinceramente. – Mas eu creio que vai mudar muita coisa para nós, humanos.
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Uma chuva caía torrencial por toda Paris. Aliás, fazia três dias que chovia sem parar em toda cidade. Os cidadãos já estavam fartos de tanta água, e a previsão do tempo anunciava mais dois dias de intensa chuva. As ruas estavam abarrotadas de guarda-chuvas de todas as cores, principalmente pelos pretos, e uma multidão de pessoas andavam apressadas. Os parisienses, em sua maioria, detestavam chuva.
A passos largos, Henry caminhava em direção ao moderno prédio de Ciências Tecnológicas da Universidade de Paris com seu guarda-chuva preto. Estava preocupado em terminar o projeto dos andróides, e ainda tinha que entregar um trabalho de Biotecnologia para o professor Louis, o qual lhe dera três dias a mais, pois sabia o quão atarefado era seu aluno prodígio. A frente do prédio toda em vidro, mostrando o interior do grande saguão principal da construção. Dentro, móveis especialmente projetados para o ambiente, decoravam o hall, como um painel feito pelo pintor do momento Augusto Brech, da Alemanha. Chamado de “ A fonte do Éden”, revelava um caminho repleto de grandes árvores, e no fim deste, uma fonte com dois leões deitados frente a frente. Em pé ao fundo, dois guardiões, possivelmente duas entidades, seguravam lenços azuis e prata, com expressões serenas. Isso não importava agora. Passou pela recepção e o velho porteiro Geràrd, sentado em seu balcão de informações, dera o seu caloroso Bom dia. Ao entrar no elevador, uma voz feminina soou: - Bom dia, em que posso ser útil?
- Bom dia. Subsolo 3 por favor, e Henry já foi puxando de seu pescoço uma fina corrente dourada.
- Para acesso a esse andar, é preciso uma autorização especial. Por favor, insira um cartão tipo-grafado válido no local indicado. Uma luz vermelha começou a piscar no painel do elevador. Henry inseriu o cartão que estava preso em sua corrente no local, e a luz trocou do vermelho para o verde pulsante.
- Cartão de acesso válido, sibilou a voz eletrônica. – Por favor, insira a mão direita no painel abaixo, e posicione seu olho direito no visor óptico à frente para leitura Biológica.
Ele obedeceu as instruções da voz, que em seguida sentenciou: - Leitura biométrica realizada com sucesso. Seja bem-vindo senhor Henry Lancouse.
O elevador começou sua decida silenciosa para o subterrâneo do edifício. Em questão de segundos, ele chegou ao seu destino, abrindo as portas de aço polido para um grande corredor branco, de piso impecavelmente limpo e negro. Várias portas compunham o corredor, identificadas com mostradores digitais, Sala de Prospecção, Sala de Membros Robótica, Laboratório de Nanotecnologia. Ao fim do corredor do lado esquerdo, via-se uma porta dupla com os dizeres:
Projeto Adão e Eva – Acesso Restrito
Henry novamente levou sua mão e olho direitos ao painel que se encontrava ao lado da porta. Seu acesso foi garantido, e a porta destrancou, revelando um lance de escadas que levava mais para baixo. Não havia ninguém à vista. Mais dez metros de corredor separava as escadas de uma porta, e ele podia ver que esta estava semi-aberta. Sabia que ali dentro encontraria quem procurava.
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