E não é que ela dormiu. Nunca tinha visto minha mãe tão triste. Mas até agora eu não sei o que aconteceu, estou completamente confusa. Chego em casa e um monte de viaturas estão pardas na porta de minha casa. E quem não ficaria confuso? Resolvi checar se elas já tinham ido embora. Eu precisava esclarecer tudo com meu irmão. Deitei a cabeça da minha mãe em seu travesseiro e fui até a janela. As viaturas já não estavam mais lá. Resolvi descer e conversar com Martin.

Desci a escada devagar para não acordar minha mãe que tinha acabado de cair no sono. Fui até a cozinha onde Martin encontrava-se com a cabeça apoiada na bancada. Sentei-me a seu lado e abracei-o sem perguntar nada. Ele correspondeu o abraço e me deu um beijo na testa.

– O que aconteceu? – perguntei.

– Nada com o que se deva preocupar Arê. – respondeu me abraçando bem forte. Quase me sufocou. Martin é extremamente forte. Ele pratica jiu jitsu.

– Nada mesmo? E porque mamãe estava chorando e inconsolável deitada em seu quarto lá em cima? – perguntei com um tom de voz um pouco exaltada.

– Já disse Arê, não é nada. Você não precisa se envolver, é coisa de adulto. – disse, tentando-me acalmar. E só para esclarecer essa tentativa não resolveu nada. Deixou-me foi mais nervosa.

– Estou cansada disso! Eu não sei nada sobre minha própria vida! E agora me privam de saber sobre a vida das pessoas que eu amo! É serio isso? Você vai me deixar de fora? Só te digo uma coisa ela também é minha mãe eu tenho todo o direito de saber o que aconteceu com ela! Conte-me agora! – eu só não disse isso gritando, porque não queria acordar minha mãe.

– Arê, não. Não é assim que as coisas funcionam. Você é apenas uma adolescente, e daquelas bem estressadas. E como você acabou de dizer você já tem problemas demais. E não precisa acrescentar mais nenhum, em sua vida. Por que você faz isso? – acalmou-me fazendo carinho em minha cabeça

– E essa agora Martin? Custa você me dizer por que aqueles policiais estavam aqui? E eu no faço isto de proposito. É que eu me preocupo – disse tirando sua mão de minha cabeça.

– Não! Por que você quer saber? Não, não responda eu já sei, é mais um que você quer ajudar, mais um para sua lista não é? E. É mais um problema que você quer acrescentar a essa sua cabeça? Mas está tudo bem. Entendo. E por isso eu vou te dizer. Mas tem que prometer que você não vai se envolver nesta historia. Isso é problema de adulto. Esta bem Aredhel?

Ele nunca havia me chamado pelo meu nome só por “Arê”. Então devo concluir que ele esta falando serio comigo. Ele não me quer envolvida nesta historia mesmo, mas o que posso fazer eu atraio os problemas. Eu no preciso ir ate eles, pois eles simplesmente vêm até mim. Isso é incrível. Resolvi, então, concordar, mas por via das dúvidas resolvi cruzar os dedos também. Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer amanhã. Não é mesmo?

– Esta bem eu prometo que eu não vou me envolver. Assim está bom pra você? Prometi. Agora ande, conte-me tudo. Eu quero saber “tim-tim por tim-tim” dessa historia. – disse olhando fixamente para seu rosto com uma cara bem seria.

– Começou quando mamãe casou com meu pai. Ele não era o cara mais correto do mundo, mas o que mamãe podia fazer ela amava-o... – começou a me explicar

– Para de enrolar pule para o fim. – interrompi sua historia

– Vai ficar interrompendo ou vai me deixar contar? – ele disse estressado

– Está bem. Prossiga. – respondi.

– E então eles se casaram. Mas meu pai continuava cometendo os mesmos erros. Vivia no meio das drogas e das bebidas. Isso fazia mal a mamãe e a mim, mas ela não ligava continuava com ele. Até que uma “mulher extremamente incrível” entrou na vida de meu pai. E ele largou nossa mãe...

– Que safado! – disse surpresa. Martin fez uma cara para mim e eu entendi. – Esta bem eu paro de interromper agora continue estou curiosa para saber como esta historia acaba

– Continuando. E espero que sem interrupções. – disse – só que de acordo com a lei ele continuou casado com mamãe. E hoje chega a noticia, por parte dos policias que você viu quando chegou, de que o infeliz se envolveu numa briga na rua por causa das drogas e bebidas e acabou morrendo com uma pedrada na cabeça. Essa noticia foi uma bomba para mamãe e ela subiu correndo derramando rios de lagrimas. Foi triste. Eu não entendo como ela pode amar tanto aquele infeliz. Você entendeu Arê?

– Sim entendi. E Martin isso da mamãe é amor – expliquei a ele. Martin no gostava de seu pai ele guardava muitas magoas dava para ver em seu rosto e mais ele apanhava em suas costas há marcas de cinto e nas costas de minha mãe também é o pai de Martin era mesmo um infeliz. – Mas e os policiais?

– Amor. Não sei como ela consegue amar tanto aquele cara se ele a fazia tão triste – disse decepcionado – o infeliz já foi preso, mas esta é outra história. Com os policiais descobrimos que quando isto aconteceu o seus bens foram trancados e ele não podia mexer em nada. E agora que ele morreu esses bens vêm para nossa família. Por mim eu não aceitaria. Mas isso é com nossa mãe. – concluiu – porém ele teve mais um filho e a mãe dessa criança, aquela “mulher extremamente incrivel” sumiu no mundo e ele ficou com meu pai. E agora a criança deve vim morar em nossa casa e espero que a recepção seja boa e mutua. E aceitação tambem

– um filho, quer dizer mais um morador? – perguntei – E onde entra a parte de eu não poder me meter?

– Arê você tem a capacidade de estragar tudo por isso não comente nada da criança com a mamãe. Está claro?

– Mas porque eu não posso comentar? Questionei – mas sim esta claro como as gotas da chuva. – ri

– Porque a mamãe já esta bem nervosa vamos esperar ela se acalmar. Sua louca. Você sabe que eu te adoro não é. – Disse me abraçando

Ficamos abraçados por um minuto e depois subimos para fazer companhia a nossa mãe. Ela ainda não tinha acordado. Então deitamos com ela e acabamos dormindo. E eu como sempre acabei sonhando.