Correndo contra o tempo, Noah tentou pegar alguma coisa em seu guarda-roupa, nunca achou que iria chorar tanto como estava naquele momento.
Já era quase sete da noite e a chuva não havia parado de cair em nenhum segundo sequer, o que deixava Noah mais desesperado a cada momento que passava, ligou para a recepção para estacionarem seu carro bem em frente a porta principal.

–Acorda? -Noah tentou mais uma vez chamar Lexie que não se movia, seu telefone começou a tocar. -Oi? -Perguntou ao atender e ouvir a voz de seu irmão mais velho.

–Calma, me fala que você já saiu do apartamento? -John disse, no fundo os barulhos entregavam que ele já estava no hospital.

–Eu vou descer agora, eu não sei como fazer isso John ela morreu? -Noah tentava achar um modo de pegar ela no colo enquanto falava no telefone , o que não deu muito certo.

–Calma Noah eu já disse para ter calma, tenta chegar aqui o mais rápido , eu e a tia An estamos já na recepção. -Noah imaginou a expressão de sua tia e ficou mais abalado, era como se fosse um pouco culpa dele por ter sumido e feito ela vim até aqui e ter isso bem em seu apartamento.. Se ela estivesse com John em casa isso poderia nem ter acontecido.

–Vou desligar. -Quando olhou para Lexie, tentou enxugar as lágrimas e a pegou no colo , saindo assim quase correndo em direção ao elevador, e depois pela recepção. Todos olhavam assustados para a cena e Noah não conseguia deixar de olhar para ela, estava como há horas atrás, ainda passando uma sensação boa e parecendo feliz...
Com ajuda de um garoto que estava ali olhando, Noah conseguiu abrir a porta e deixar Lexie deitada e imóvel, após disso jogando um cobertor encima de seu corpo que estava ficando estranhamente frio a cada segundo, a chuva não parava...

–Desculpa. -Noah disse ao passar a mão no rosto imóvel dela e em seguida fechando a porta atrás de si, indo para o banco da frente e saindo quase correndo pelas avenidas em direção ao hospital.

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–Tia vai ficar tudo bem. -John tentava acalmar Anne que estava sentada na recepção do hospital tão conhecido esperando sua filha entrar a qualquer momento sendo carregada ...

–É tudo culpa minha, se eu não tivesse estragado tudo com aquele almoço ela não teria fugido.. -Anne quase gritava ali de raiva e desespero.

–Daqui há uns minutos ela estará aqui. Vamos fazer ficar tudo bem ok? -Anne assentiu somente com a cabeça e tampou os olhos com as duas mãos tentando não mostrar a ninguém sua culpa .

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–Senhor mas qual entrada tem que usar? Por favor é caso de vida ou morte. -Noah quase gritava com o policial que estava dizendo minutos antes para todos os motoristas que aquela via , bem a que levava direto para o hospital, estava fechada por culpa das enchentes.

–Somente há um caminho, seguir pela avenida interestadual. -Ao ouvir esse nome, Noah gelou.

–A-ah ok. -Ele respondeu e saiu em direção a interestadual, não era hora de fracassar, a vida dela , da pequena Lexie estava em jogo.
As ruas passavam como vultos por entre seu carro, Noah não estava se importando com o tanto de multas iria levar por culpa de alta velocidade, ele só queria salvar a vida dela. E estava tudo indo bem até chegar no ponto alto da interestadual.

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O celular de John começou a tocar o que fez ele ficar num estado entre o pânico e alivio.

–Me diz que você já está no estacionamento, por favor ! -John nem perdeu tempo com cumprimentos.

–E-Eu não vou conseguir John... -Noah disse desesperadamente do outro lado da linha.

–Não vai conseguir o que meu Deus ? -John estava já perdendo a cabeça e paciência.

–Passar na interestadual... -John ficou assustado ao ouvir o nome dessa avenida que era tão conhecia e tão ruim para sua família.

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Tremendo enquanto segurava o volante, Noah tentava conseguir forças para atravessar a desgraçada avenida..

–Ah meu deus por que comigo? -Noah gritou e decidiu sair do carro. Na chuva, era como se ele voltasse a anos atrás, o começo da chuva no para brisa.. A luz. A única diferença era que hoje a avenida estava vazia, e há anos, um caminhão havia batido na frente do carro que ia um ano depois ser seu.. -Quero que se dane eu vou passa nisso. -Noah voltou para dentro do carro, olhou para trás e viu que Alexia não havia se mexido nem um centímetro o que deixou ele mais preocupado e com mais raiva, ligou o carro, e saiu em direção ao hospital numa velocidade nunca permitida em nenhum lugar do mundo até hoje.

–Ah graças a Deus. -Anne disse ao ver entrando na recepção seu sobrinho Noah carregando em seus braços sua filha ainda desacordada.

–D-Desculpa a demora. -Noah disse se aproximando enquanto John mostrava onde deixaríamos Alexia.

–Aqui Noah. -John apontou para um quarto e colocou ela deitada ali.

–Desculpa. -Noah disse para o corpo imóvel de Alexia agora numa maca de hospital.

–Parabéns irmão. -Noah olhou para John mas não sorriu como ele. -Você superou o medo.

–É t-tudo pela Le... -E tudo ficou escuro para ele .

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–John? -Perguntei ao acordar e ver ele ali ao meu lado, olhei para o teto e percebi a luz estranha, e quando escutei os aparelhos ligados percebi que estava no hospital.

–Oi dorminhoca. -Não entendi aquilo mas sorri.

–O que aconteceu? -Perguntei e ele puxou a cadeira para perto da maca.

–Você estava na casa do Noah, lembra se disso? -Quando John disse isso eu senti minha pele esquentar, a única coisa que eu me lembrava era do beijo, mas isto eu não iria dizer..

–Sim, e eu dormi. -Respondi e John ainda tentou sorrir.

–Você teve um probleminha simples e não acordava. -Quando John disse isso eu gelei.

–Como assim? Tipo um coma de novo? -John fez um gesto como se quisesse fazer aquilo uma coisa que acontece com todo mundo mas não acontece, só comigo...

–Não é isso, é tipo , ah não foi nada, já está tudo bem. -Eu não acreditava mas ok.

–Onde está o Noah? -Perguntei sem querer.

–Ah ele está no hospital.

–Por que não mandaram ele ir para casa já, está tudo bem.. -John riu.

–Mas ele não está na recepção, ele desmaiou. -Fiquei preocupada na hora em que ouvi aquilo.

–O que aconteceu com ele? -Tentei me sentar na cama, mas John não deixou.

–Ele teve que passar na avenida que nossos pais morreram, ele surtou mas já está tudo bem. - Fiquei com pena de Noah naquele momento...

–Onde ele está? -John começou a rir na hora.

–Nem pense nisso, você não vai sair do quarto. -Suspirei fazendo John rir um pouco comigo. -Fique um pouco descansando ok? Vou ver o noah. -Assenti e deixei meu primo sair pelo quarto me deixando ali sozinha e perdida em meus pensamentos.

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Noah estava ainda fitando o teto e pensando em como estaria Lexie naquele minuto, se já havia acordado ou não, se estaria bem ou não, Noah tinha vontade de sair correndo chamando por ela pelos corredores... Seu medo era ter perdido a pequena Lexie para sempre...

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Na recepção, uma loira perguntava para Anne:

–O que houve com o Noah ? -Anne não fazia a menor ideia de quem era aquela garota, pensava que era alguma amiga, mas se bem que Noah era muito tímido para isso... -Ah deixa para lá. -A loira se virou e foi até onde estava a recepcionista. -Por favor alguém pode me dizer como está o Noah?

–O que está acontecendo aqui? -John disse olhando a garota loira alí sendo histérica.

–Quero saber como que está o Noah ! -Ela disse sendo grossa.

–E quem é você? -John disse sendo grosso como ela.

–Isso não te interessa, eu vou achar ele aqui. -Ela saiu empurrando as pessoas e começou a correr e gritar o nome dele, até olhar sem querer em uma janela e ver o que ela tanto esperava.

–Achei você. -Ela disse ao entrar no quarto branco.

–Oi Zoe. -Noah disse ao ver a loira ali.

–O que te aconteceu? -Sua voz tinha ficado mais normal .

–Estresse eu acho. -noah respondeu rindo mas então olhou para a porta e viu ali um vulto. -O que está na porta?

–han? E eu sei lá. -Zoe respondeu mas então Noah olhou melhor e percebeu quem era.

–Le... -Noah tentou se levantar mas não conseguiu pelo fato de ter aparelhos ligados em seus braços.

–É melhor eu ir não é mesmo? -Noah não escutava mais nada, e nem lembrava que a garota estava ali.

–Eu morri? Eu estou vendo uma pessoa morta ou eu morri? -Noah dizia mas Zoe somente ria dele.

–Cala a boca, eu vou chamar ela pera. -Zoe se levantou da cadeira onde ela estava e abriu a porta. -Bu quase morta, da um jeito de parar de surtar e carregar o Noah junto.

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–Han? -Perguntei para a garota que saía do quarto dele.

–Deixa pra lá, você é muito lenta como pode. -Sem entender nada, ouvi Noah rindo ao ouvir tudo de sua cama.

–Oi ? -perguntei ao entrar e me aproximar da cama e Noah sorriu.

–Oi , como você está? -Noah perguntou me olhando.

–Como é que você está ! -Eu disse o provocando e nós rimos.

–Mas o que você está fazendo aqui mocinha? -Noah disse para mim e eu me sentei na sua maca, ele se afastou mais um pouco e eu me deitei.

–Lá estava chato. -Respondi e ele me abraçou.

–Pensei que eu tinha te perdido. -Noah disse e eu olhei para ele.

–Fica quieto que eu não morri ainda. -Dessa vez ele não riu.

–Não fala essas coisas. -Noah era sensível em aceitar a verdade eu sabia que ele achava que eu iria sobreviver a todas essas coisas, mas eu não tenho a mesma certeza.

–Ok - Respondi tentando não estragar o momento.

–Você faz isso com todos os pacientes? -Olhei para Noah sem entender e ele começou a rir sozinho.

–O que? -Ele não parava de rir, e a sua risada era contagiante demais !

–Você vem na cama de todos os seus pacientes? -Olhei para Noah e ele começou a se desculpar.

–A gente não deu sorte eu acho. -Eu disse bem baixinho enquanto abraçava o emaranhado de fios e cabos e ele.

–Por que você acha? -Eu não ia dizer "por que eu sou apaixonada pelo meu primo ué", então deixei o silêncio fazer o trabalho de esquecer todo aquele assunto.

–Noah? -Eu o chamei minutos depois ao ver que ele estava já com os olhos fechados, os que ele abriu no momento que me ouviu chamar.

–Oi Le. -Ele olhou para mim com seus olhos cor de mel que eu tanto amava.

–E-eu.. ahn.. acho que gosto de você ... -Noah passou a mão de leve no meu cabelo.

–Você acha? -Ele disse e eu sorri, eu devia estar um pimentão nossa...

–É... -Ele estava rindo de mim ou do que eu disse segundos antes? Ah Deus por que eu disse...

–Eu tenho certeza. -Quando ouvi aquilo me soltei de seu abraço e me sentei olhando para ele com aquela minha cara de "WTF"

–O que você disse? -Perguntei ainda com aquela cara o que o fez rir.

–Tenho certeza que você gosta de mim. -Peguei o travesseiro que estava atrás de mim e bati nele.

–Isto não se diz á uma dama ! -Ele deu uma gargalhada.

–Qual o problema? Eu sei que você deve sonhar comigo todas as noites e depois ficar suspirando pelos corredores... -Bati mais uma vez nele com o travesseiro fazendo ele parar.

–Covarde, não quero mais falar contigo.-Me levantei da cama e sai em direção a porta.

–Ah não me deixe aqui. -Ele fez uma cara de cachorrinho pidão que era impossível dizer não.

–Era pra ter sido uma cena legal, você estragou não quero mais. -Ele tentava não rir e eu também, então ele conseguiu dar um impulso e se sentar na cama.

–Ok , vamos refazer. Senta aqui. -Eu fui e me sentei em seu lado.

–Eu acho que gosto de você. -Tentei não rir muito disso e ele pegou na minha mão.

–Agora o que você quer que eu faça? -Fiz uma cara de pensativa e respondi finalmente:

–SEI LÁ, MEU DEUS EU PENSEI QUE VOCÊ ERA MAIS SENSÍVEL ! -Ele não disse nada somente olhou para mim. -Desculpa.

–Foi engraçado. -Fiquei calada também e assim o tempo passou...

–Vou pro meu quarto. -Fui me levantando e bati a perna da cicatriz. -Uau.

–O que houve? -Noah perguntou se levantando na hora e segurando no meu braço.

–Eu não senti quase nada. -Noah desviou o olhar.

–Já está na hora de você saber as causas disso tudo né? -O jeito que Noah dizia aquilo me assustava.

–Você sabe? -Perguntei e ele segurou na minha mão.

–Eu sou a causa...

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Era bem tarde quando meu telefone celular começou a tocar, tentei me esticar para pegar ele até que consegui minha proeza.

–Alô? -eu disse ao atender o telefone.

–ALEXIA ONDE VOCÊ ESTÁ? -Brandon disse do outro lado da linha.

–Oi, desculpa é complicado.

–Tenho tempo, fiquei sabendo que você passou mal.

–Teve informações erradas queridinho, eu quase tive um outro coma.

–Como isso meu Deus?

–Eu peguei no sono na casa do Noah ai não acordei e..

–COMO ASSIM CASA DO NOAH?

–Ah desculpa ter mentido eu tinha que ir lá resolver um problema e Brandon socorro eu tenho um problema maior, um não, vários.

–Qual os principais?

–Um, eu estou apaixonada pelo meu primo, dois eu beijei meu primo, três, eu contei para ele que gosto dele, quatro, tem uma vaca loira estranha que vive no pé dele, eu entrei no apartamento dele e ela estava lá, eu entrei no quarto dele ela estava lá, essa menina é uma praga na minha vida tipo , saí de perto do meu Noah !

–Você percebeu o que disse? -Brandon ria do outro lado da linha.

–Han?

–Você disse "SAÍ DE PERTO DO MEU NOAH" -Brandon ria muito.

–Não fica rindo. -Me senti com vergonha mas ri para disfarçar.

–Tenho que rir para não chorar, enfim, vai dormir Lexie, boa noite. -Aquela frase não saiu da minha mente...

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–Tenho que rir para não chorar, jura cara? -Brandon dizia para ele mesmo em seu quarto. -Tenho que rir para não chorar... -Brandon colocou o telefone em sua mesa de cabeceira e começou a chorar aos poucos. -Tenho que rir...

Já havia amanhecido e iríamos para casa, digo iríamos a parte eu e minha mãe, eu não sabia onde Noah estava, se havia já tido alta ou não.. Isso não me preocupava a ponto de surtar mas eu não me sentia a vontade mais com a distância entre nós.

–Mãe? O que aconteceu comigo para eu ter o coma? -Perguntei já dentro do carro ao lado dela.

–Ah querida... -Ela tentava mudar de assunto, mas eu queria saber as respostas.

–Mãe me fala o que houve por favor? -Decidi usar agora frases mais duras com ela, não sou mais uma criança.

–Acidente de ônibus....