Cheguei em casa um pouco cansada então fui tentar me deitar um pouco, o que não deu muito certo...
Comecei a andar pelo meu quarto de um lado para o outro tentando resolver os fatos que me perturbavam nesses tempos, decidi numerar.

–Primeiro, por que o namorado da minha mãe é tão babaca? Falei comigo mesma e continuando a andar mancando como sempre, o que me fez lembrar do tópico dois. -Por que não sinto quando bato essa perna... -Disse continuando a andar. -Três, por que o Brandon tava tão estranho no telefone na noite passada? Quatro, por que eu me apaixonei pelo meu primo... Ele é meu primo !! -Me assustei quando ouvi alguém bater na porta.

–Está tudo bem? -John não havia me visito desde a noite que acordei no hospital.

–Oi John, sim tudo perfeito. -Sorri e ele entrou no quarto.

–Sua mãe disse que você perguntou a ela do acidente. -Gelei na hora.

–Ah eu só queria saber umas coisas mas eu não lembro de nada mesmo, então nem quero saber ! -Menti.

–Que bom então, enfim, daqui a pouco sai o almoço, o que você vai querer? -John perguntou sorrindo .

–Nossa agora que eu quase tive um treco posso escolher o que comer mesmo já estando fazendo o almoço? -Disse meio rindo o que fez John cair na risada ali.

–Ah meu Deus você é impossível, eu vou comprar sorvete. -Levantei a mão como se pedisse permissão para dizer algo.

–Quero napolitano, agora vai servo ! -John saiu do meu quarto rindo.
Eu estava sozinha ali novamente, me levantei e fui até a janela e percebi que pela primeira vez desde que eu enxergava, a janela do quarto de Brandon estava fechada.

☽ ☾● ◯

Como eu era uma curiosa assumida, desci as escadas e sai de casa normalmente e sem dar explicações, nossa me sinto independente mesmo indo só até a calçada e batendo na porta do vizinho.

–Ah Alexia !! Que surpresa boa querida, entre entre. -A mãe de Brandon sempre gostou de mim, deve ter sido difícil ser odiada com seu filho por uma coisa que fora um acidente... Acidentes essa palavra está me cansando.

–Onde está o Brandon? -Perguntei ao me sentar na mesa da cozinha.

–Ah acho que ele pegou uma virose, não sei ele está trancado no quarto. -Assenti e me levantei com cuidado da cadeira.

–Posso ir lá ver ele? -Perguntei e ela sorriu.

–Sabe o caminho? -Fiz que sim com a cabeça mesmo não sabendo, eu iria descobrir.
Ao entrar na sala, percebi que havia uma escada em espiral no fim do corredor, subi ela pois a janela do quarto de Brandon era no segundo andar da casa.
Felizmente, todos os quartos da casa (que eram só três) estavam com a porta aberta, menos um, o dele.. Bati na porta ao me aproximar.

–Mãe eu estou com sono. -Brandon respondeu achando que eu era a mãe dele, comecei a rir.

–Posso entrar? -Perguntei ao abrir um pedaço da porta.

–Han? Você? -Eu esperava um "nossa Lexie que surpresa" ou sei lá um, "Oi Lexie", mas não um "Han você"...

–Sim, eu. -Respondi e entrei no quarto, eu nunca tinha visto Brandon encolhido numa cama. -Você está bem?

–Ah deve ser só uma gripe. -Assenti e me sentei ao lado dele na cama, colocando amão em sua testa.

–Nossa, você está com febre Brandon. -Disse a ele que não se importou muito com aquilo.

–É que ontem eu sai a noite sem blusa e com shorts. -Olhei para ele.

–Mas por que raios você fez isso? -Ele sorriu.

–Eu estava triste, a raiva tinha que sair de outro jeito. -Não entendi isso muito bem mas cheguei mais perto dele.

–Tirando o John ou a Rosie, ou até minha mãe, você é meu amigo mais próximo. -Dessa vez, Brandon me olhou.

–E o Noah? -Não era nisso que eu queria chegar...

–Não importa, posso te ajudar? Vamos num médico? Eu posso chamar o John. -Brandon negou tudo com a cabeça.

–Eu estou bem assim. -Me deu até raiva ver ele falando assim.

–Já volto. -Decidi descer as escadas e pedir um chá, ou um remédio para a mãe de Brandon, eu não iria deixá-lo assim.

☽ ☾● ◯

–Para Zoe ! -Noah dizia rindo enquanto a loira tacava um bichinho de pelúcia nele.

–Eu nem imaginava que você tinha isso Noah ! -Zoe ria.

–Eu comprei pra dar pra... -Zoe ficou olhando com os olhos brilhando, infelizmente não era para ela.

–Está ancioso pra mudança? -Zoe perguntou se sentando enquanto fechava uma caixa ao lado de Noah.

–Acho que sim, me sinto estranho mas ok... -Mas Zoe ainda estava feliz, então Noah também tinha que estar.

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–Pronto, agora você vai ficar melhor. -Eu disse depois de dar o remédio para Brandon. -Se cobre.

–Por que isso? -Brandon perguntou , eu ri.

–Eu já disse que você é meu amigo. -Brandon não se importou, só se virou de lado mas eu fiquei ali do lado dele até ele pegar no sono.

–Obrigada por tudo . -A mãe de Brandon dizia ao me ver descer as escadas. -Como está a saúde?

–Ah está tudo bem comigo, obrigada. -Sorri e entreguei o copo para ela.

–O Brandon está feliz de voltar a falar contigo. -Eu sabia disso, mesmo hoje ele parecendo meio estranho.

–Ele disse que estava triste ontem e saiu sem roupa de frio, e minha mãe disse que ontem fora a noite mais gelada do mês..-A mãe dele olhou para baixo.

–Eu não sabia disso. -Me senti culpada por ter que contar estas coisas chatas para ela.

–Ah... Acho que é melhor eu ir. -Sorri e fui em direção a porta.

–Não quer ficar para o jantar? -Ela perguntou mas eu neguei.

–Não obrigada, meu primo vai fazer algo especial hoje. -Ela sorriu e disse um "ok". -Depois vou falar para o John vim aqui dar uma olhada no Brandon .

–Muito obrigada, você é um amor. -Fiquei meio vermelha mas continuei andando em direção ao meu quintal.

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Depois do almoço, fui subir até o meu quarto.

–O que é aquilo? -Disse sozinha quando vi uma caixa estranha no armário da sala, fui até lá e vi que só tinha umas pastas, mas uma tinha meu nome o que me fez pegar e sair correndo para o quarto.
Me sentei na cama e peguei uma folha, não qualquer folha, era um jornal antigo.

–Meu Deus... -Me senti estranha quando vi minha foto no jornal. -O que é isso...
Abri mais o envelope e vi mais de trinta folhas de raio-x, todas com meu nome.

–Não... -Por instinto passei a mão na perna, era igual ao raio-x, inclusive nas costas...
Peguei o celular ainda tremendo e liguei para Noah... Mas ele não atendeu...
Saí correndo de casa, deixando tudo para trás, eu precisava que ele me contasse o que aconteceu comigo...
Não tinha demorado muito para eu chegar no apartamento, não perdi nem tempo mais tentando ficar normal, eu estava correndo enquanto chorava. Cheguei na porta do apartamento o bati na porta.

–Le? O que houve? -Entrei no apartamento e vi a tal loira ali novamente.

–O que houve comigo Noah? Eu preciso saber o que houve ! -Disse quase gritando e a garota loira olhou para mim.

–Meu Deus você é louca ou doente mesmo? -Eu não acreditava no que estava ouvindo.

–Zoe ! -Noah disse mas eu não me importei.

–Eu não ligo pra ela, eu quero saber o que aconteceu comigo pra eu entrar em coma. -A loira riu.

–Você não é a única com problemas querida, sabia que eu também sou doente ! -Desviei o olhar de Noah e olhei para ela. -Eu não posso ter filhos, você pode ter mais problemas mas eu também tenho, eu preciso dele também sabia? Mas deixa para lá, fica ai. -Ela saiu andando em direção a porta.

–Zoe... -Noah tentou para-lá mas não teve sucesso e se voltou para mim. -O que houve?

–O que aconteceu comigo Noah ! Eu vi uma folha de jornal e tinha uma foto minha e um ônibus... -Noah ficou paralisado e eu ví uma lágrima correr em seu rosto.

–É minha culpa sabe.. Tudo foi minha culpa, eu devia ter mandado você ficar na janela, eu devia mas eu não consegui, eu fiz você perder anos da sua vida, sabe como dói isso? Eu não devia estar vivo eu acho, eu sou tão culpado, eu não devia.. -Eu não entendia nada mas abracei ele.

–Me conta? -Perguntei a ele que tentava não chorar.

–Eu não consigo. -Me senti mal por ter chegado e mandado ele dizer uma coisa que fazia tão mal para ele quanto para mim.

–Eu achei radiografias, sabia que eu tenho uma perna com um ferro ? -Tentei mudar um pouco o assunto. -Me sinto um cyborg.

–Não vou rir disso. -Suspirei perdendo as esperanças de fazer ele não se sentir mais mal.

–Eu vou embora. Desculpa. -Tentei me virar e sair mas ele me segurou.

–Era agosto, você ainda ia pra escola mesmo sem ver nada, sua mãe achava que isso ia te fazer bem sabe.. Eles confiavam em mim, mas isso não foi bom em nada. -Noah parava de falar as vezes para soluçar, ele apertava muito a minha mão entre a dele. -E ia ter uma excursão, você pediu tanto para a sua mãe que ela deixou, ela te deixou nas minhas mãos, eu ia cuidar bem de você e ia dar tudo certo. Eu tentei fazer você ficar na janela mas você insistiu que não ia ver nada então eu que iria ficar na janela... Ai aquela maldita ponte...

–Calma Noah. -Comecei a ficar com pena e sentir um aperto por não lembrar de nada...

–O motorista foi desviar da ponte, a ponte estava sendo construída, ela era toda de ferro e .. Ah meu Deus Lexie caiu uma viga encima do ônibus ! -Noah estava ficando muito agitado.

–Não, eu não quero mais saber, deixa pra lá por favor. -Tentei abraçá-lo novamente mas ele me afastou.

–A gente tava na frente do ônibus, e a viga separou o ônibus em dois e a parte da frente bateu, quando eu olhei pro lado você estava já desacordada e sua cabeça estava sangrando muito. -Noah abaixou a cabeça e a escondeu entre as mãos. -Foi tão ruim ver tudo, Lexie o banco quebrou e foi tão horrível ver... Tiveram que tirar o ferro que grudou nas suas costas.. -Decidi fazer Noah parar de falar porque ouvir tudo isso estava também me fazendo mal.

–Eu te amo. -Eu disse enquanto abraçava ele, dessa vez com sucesso.

–O que? -Noah ainda chorava um pouco mas estava mais calmo.

–Obrigada por me contar. -Só consegui dizer isso.

–Desculpa. -Olhei para ele e tentei limpar seu rosto.

–Ei, você não teve culpa, você me fez ver. -Tentei sorrir e ele sorriu de volta.

–Quer me ajudar na mudança? -Noah perguntou ainda com um braço envolta de mim.

–Por que você vai se mudar? -Eu entendi o olhar dele e sorri. -Ok, você não pode contar !

–Fica aqui comigo. -Sorri e assenti me deitando ao lado dele, dessa vez eu não ia pegar no sono....
Mas peguei.

☽ ☾● ◯

O telefone tocou um tempo depois e eu atendi vendo que Noah ainda estava dormindo na cama.

–Sim? -Respondi.

–O caminhão da mudança chegou. -Fiquei meio tensa ao ver que tinha atrapalhado tudo o que Noah tinha que ter feito hoje.

–Posso adiar para amanhã? -Perguntei e a recepcionista disse que sim, desliguei e voltei para a cama.

–Ahn? -Noah disse se mexendo um pouco.

–Obrigada por não me colocar na janela. -Eu disse perto dele, mesmo sabendo que ele não escutava nada. Eu era sim, grata por isso, se fosse ele na minha cadeira, eu nunca poderia saber o que é o amor.