Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 23
Laços


Notas iniciais do capítulo

Oeee! Tudo bem com vocês? Têm jogado muito? Eu sim Q
Primeiramente quero agradecer à minha insônia por estar aqui, escondida, escrevendo. Também, quero que ignorem qualquer bobagem que eu falar, porque como disse, estou com insônia.
Esse capítulo me rendeu CINCO versões, cada uma com mais de 1000 palavras e mais porcaria que a outra. Por isso a demora. Além do que, tia Nina estava escrevendo uma Fanfic nova sobre o Slenderman, postei aqui já (propaganda barata, sim).
Aqui será um esclarecimento entre os laços de Burniel(que nome) e o Jadezinho. Cheguei a escrever uma alternativa em que tudo era narrado pelo Burniel(como fiz com o Armin, a Melody), mas queria uma coisa diferente. E resultou nisso aí, narrado pela Elsiezinha(?)..
Boa leitura! ♥



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Algumas horas antes do encontro inesperado entre os rapazes, Burniel e eu demoramos para alcançar o presente de seu tal “bichano”.

Descobrimos algumas coisas em comum. E entre elas, algo completamente perturbador.

— Eu gosto de floricultura.. - respondi-lhe com um sorriso constrangido.

Caminhávamos lado a lado pelo shopping; o rapaz com as mãos dentro do moletom branco, e duas sacolas pequenas em torno de meus braços.

— Sério? - sorriu. - Então você deveria conhecer Jade, o antigo líder do Clube de Jardinagem.

Aquilo foi como um fósforo no pavio:

— Claro! - tentei transparecer calma. - Quer dizer, ele era um aluno bem portado, gentil.. Não tem como não me lembrar.

— E... Sabe me dizer o que houve a ele? O porquê dele ter mudado de colégio?

— Não, não. - balancei a cabeça. Por que tantas perguntas?

Seu rosto entristeceu.

— Por que? Conhecia-o de outro lugar? - meus dentes roçavam um ao outro, o nervosismo palpitava.

Inesperadamente, murmurou:

— Éramos como irmãos. - cravou seu rosto para frente, soltando um longo e pesado suspiro.

— C-como assim?

— “H.A.S”. - pronunciou Burniel, simplesmente. - Procure sobre eles.

***

Após completar os dias de recuperação, finalmente pude acessar a sala de informática e pesquisar sobre a sigla.

Descobri que cerca de anos atrás, uma dupla conhecida como H.A.S era temida por realizarem furtos em moradias da região. Eles não só saqueavam pertences, como também exterminavam famílias e raptavam crianças para uso escravo. A prisão dos criminosos só se deu há cinco anos.

O que mais chamou a atenção da polícia foi o fato de que os próprios malfeitores que se entregaram. A dupla de irmãos implorou para que fossem retirar seus pertences da clausura, pois, eles mesmos não tinham mais coragem de adentrar aquele local. No cativeiro, um quarto sem janela e alguns poucos mantimentos precários, foram encontradas as pequenas vítimas, cerca de quatro crianças, formando um lago de sangue.

Os bandidos diziam que uma das crianças aprisionadas passou a exercer contorções exageradas enquanto gritava descontroladamente. Aquilo foi o suficiente para que todos entrassem em pânico. Ao que parece, o descontrole da criança foi responsável por fazê-la retirar a vida dos demais, espancando-as com um pedaço de madeira. A mídia tratou aquilo como sobrenatural, e o caso foi arquivado.

No final, não compreendi a relação entre o crime passado e a fraternidade de Burniel e Jade.

***

Mais uma vez plantada em frente o dormitório treze. Imagino que se alguém notasse minhas constantes visitas, logo interpretariam bobagens a meu respeito e de Burniel. Fiquei na indecisão de bater ou não na porta, mas quando um raio de pressão foi lançado, não tardei em fazê-lo.

Burniel atendeu.

— O que significa aquilo? Por que pediu para que eu procurasse? - questionei freneticamente, sem saudações.

Demorou para entender. Claro, já fazia algumas semanas.

— Entra aí.. - prosseguiu desanimadoramente.

Ele sentou em sua cama, fiz o mesmo. Reinou um silêncio aflito por algum tempo, até que ele iniciasse sua longa explicação. Mostrou-se sincero e sério quanto à suas palavras. Eu poderia relatar com detalhes todo o nosso diálogo, mas prefiro transpor o essencial com meu próprio entendimento.

O caso é que, há alguns anos, a dupla conhecida como H.A.S capturou seis crianças: Burniel Tissou, Jade Klippel, e as quatro restantes, posteriormente assassinadas por este último. Burniel conheceu Jade no cativeiro, um garotinho de aparência afeminada, gostos exóticos e... “um sorriso encantador”, como descreveu Tissou. Ambos logo iniciaram uma grande amizade; tão forte, que poderia ser descrita como um amor de irmãos.

Obviamente a “calmaria” não durou tanto tempo; a dupla sofreu brutalmente na mão dos malfeitores, o que contribuiu para que o psicológico de Jade se desmanchasse. A partir daquele dia, Burniel prometeu a seu “irmãozinho” que ambos escapariam do lugar, não importava como. E tudo parecia ir de acordo com o plano.

[Burniel - Flashback On]

— O cheiro da liberdade! Está sentindo, Jade?! - exclamei baixo, o suficiente para que meu irmão ouvisse. Abri um sorriso de orelha a orelha.

Após corrermos pelo capim alto do terreno abandonado, finalmente, estávamos prestes a escalar as grades de segurança. Passamos cerca de dois anos naquele retângulo de paredes riscadas e sem luz, asfixiados.

O sol iluminou os hematomas roxos em nossas peles pálidas e sem proteína.

— Temos que ir logo, Burniel. - preocupou-se Jade, dizendo aquilo com sua voz frágil e sem fôlego, olhando para todos os cantos.

— Certo.

Dei um impulso para a grade, encaixando sobre as frestas, uma mão e um pé de cada vez. Não foi um trabalho muito difícil, aliás, embora o corpo desacostumado, a adrenalina corria velozmente.

Ouvi passos apressados vindos de trás da casa e virei-me abruptamente para baixo, onde encontrei Jade, completamente paralisado.

Desde que fora violado, Jade passou a agir estranho. Dizia ver fantasmas, ouvia vozes e sussurrava enquanto dormia. Às vezes ficava imóvel, mas em outras ocasiões, tinha de ser segurado por mim para que não agredisse às outras crianças. Pouco a pouco, o garoto sorridente perdeu sua limpidez. E estava prestes a murchar-se por completo naquele momento.

Os bandidos corriam de longe, quase a nos alcançar.

— Jade! Vem logo, vamos! - o desespero foi encarnado em forma de lágrimas.

Ele não respondeu, sequer moveu um músculo. Já estávamos longe demais para que o puxasse, meu retorno seria fatal. Então apenas fitei-lhe uma última vez, antes de ultrapassar a grade, e correr para fora daquele inferno.

[Flashback Off]

— Jade provavelmente foi humilhado assim que os brutos o pegaram. - dizia Burniel. - Ele confiou em mim e eu o decepcionei. Sou um traidor, um imbecil, um inútil! - socava o punho fechado sobre a madeira lateral da cama, torcendo os olhos e despejando um oceano. - Foi por causa da minha falta de apoio que ele perdeu a cabeça e assassinou as crianças.

Quer ajudar alguém querido? [...] Fazer as coisas pelos outros é inútil! No final, eles sempre vão te tratar com indiferença!

— Vim para este colégio sabendo que poderia encontrá-lo. Mas... No final das contas... - soluçava. - Eu mal pude me desculpar. E sabe por quê? Porque ele está morto!

Burniel curvou-se, segurando a cabeça, com lágrimas escorrendo por seu rosto. Seu espírito parecia turbulento:

— E é estranho, porque parece que NINGUÉM nesse colégio sabe disso e nem sequer sente falta dele! Todos pensam que ele foi transferido, MAS NÃO! Ele está morto, e se todos esqueceram dele, é como se Jade nunca tivesse existido!

Saber como Tissou informou-se não era o essencial naquele momento, afinal, minha mente mal conseguia filtrar o que estava acontecendo. E pensar que era eu a responsável por parte daquela aflição irreversível, posso dizer que me senti mais uma vez o assassino de minha tia. Aquele pensamento, junto a milhares de outras coisas, tornou-se um choro silencioso.

Burniel ainda estava com a face abafada entre as mãos. Aproximei-me, um pouco desgrenhada, e acerquei meus braços em torno de sua cintura, descansando a testa sobre seu ombro quente.

— Me desculpe. - murmurei, estreitando-o ainda mais. E tive de completar. - Me desculpe pelo o que está passando. Deve ser horrível.

Nada completou, mas seus soluços acalmaram-se. Abraçou-me em seguida e inspirou profundamente; um sopro estremecido, aliviado. Desde que seu choro cessou, permanecemos naquele silêncio por um longo tempo.

Aquele rapaz misterioso e cheio de técnicas cênicas não existia mais - ele nunca existiu. O verdadeiro Burniel Tissou era melancólico, risonho... Confuso. Talvez nos compreendêssemos.

O que antes aparentava ser uma ameaça, servia como um conforto agora. E era isso que o diferenciava completamente de Jade Klippel.

[Peggy]

Jade deitou-se sobre sua nova cama, o tórax desnudo exibia as cicatrizes hipertróficas. Ele abriu um largo sorriso ao contemplar as fotografias em suas mãos, imagens desfocadas, registradas pelas câmeras de segurança do colégio e ampliadas. Como legítima herdeira do colégio, não foi difícil consegui-las.

— Reconhece ele? - perguntei.

— Mas é claro. Como poderia esquecer do meu “querido irmão”?


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Notas finais do capítulo

Na lembrança do Burniel, escrevi como se fosse uma visão recente de tudo aquilo, porque eu não consigo fazer no olhar de uma criança ;_;

Onde vocês acham que essa treta vai parar? hfud

Agora, partiu jogar Minish Cap ♥ (fãs de RPG coming here) Até breve!