ANA POVS

Minhas aulas começaram ontem, foi o maior tédio- como no esperado- a escola até que é grande, porém as pessoas são estranhas. Não é preconceito nem nada, mas sei lá tem umas meninas que usam umas roupas tão pequenas que parece que estavam no apocalipse zumbi e na correria rasgaram as roupas. Têm também uns meninos retardados. E tem os nerds que sentam lá na frente e não conversam com ninguém além de outros nerds.

Os professores também são uns chatos- sempre são- e hoje eu tive que acordar cedo de novo pra vir pra esse zoológico. Tipo, como assim zoológico Ana? Você não foi pra escola? Sim e aqui é um zoológico, só tem animais nessa porcaria.

Ninguém veio falar comigo, mas eu já esperava isso. Eu os chamo de estranhos, mas eu também sou estranha, não os culpo por não terem sentido vontade de falar com a novata esquisita.

Agora é aula de educação física pra quem faz educação física, pra mim é aula de como ser uma boa espectadora, sou uma ótima plateia.

LARISSA POVS

Hoje é meu dia de folga e a Juli e o Patrick vieram aqui pra a gente assistir um filme, tia Laura tava na casa de uma irmã dela, mas antes de sair fez um daqueles bolos deliciosos que ela faz.

– Hmm que cheirinho bom é esse?- Patrick disse ao entrar em casa sem nem mesmo me dar um simples oi

– Bolo da tia Laura- respondi

– Opa! Já to sentindo o gosto só de imaginar

– Então acho que você não vai querer nenhum pedaço, pois já ta o comendo com a mente, né?

– Nada a ver

– O filme já ta aí dentro?- Juli perguntou ao entrar em casa e se sentar no sofá sem ao menos nos cumprimentar. Que povo mal educado!

– Ta- respondi e me sentei no sofá seguida de Patrick que sentou ao meu outro lado me deixando no meio.

– Caramba Larissa, pega o bolo lá- Patrick disse pela sétima vez nos últimos três minutos.

– Veio, tu quer ter uma dor de barriga? Ta muito quente ainda, quando ela saiu deixou o bolo no forno e eu desliguei não tem quatro minutos ta na geladeira esfriando tem calma. – respondi de novo e o Patrick fez bico- e não adianta fazer bico- disse tentando parecer uma mãe quando manda o filho ir arrumar o quarto se não vai tirar a bola dele e os dois riram.

– Chata

– Ih vai começar... - Juli disse baixinho

– Como ousas me chamar de chata?

– Chata, chata, chata.

– Gente cala a boca, ta na melhor parte do filme- Juli disse.

– Chato é você

– Chaaata- disse alongando o “cha”

– Marrento

– Marrenta

– Marren... - não terminei de falar, pois ele me deu um beijo.

Eu estava de olhos fechados, mas poderia ter certeza de que a Juli estaria assoprando agora. Era normal isso acontecer, ele começa a me chamar de chata e coisas do gênero, eu protesto, continuamos discutindo e ele me beija- às vezes sou eu, mas na maioria das vezes é ele- Nunca passou de beijos e também nunca interferio na nossa amizade.

Quando voltamos a olhar pra TV a Juli já estava com o bolo no colo o devorando, só restava um quinto dele.

– Ah não Juli! Não acredito que você comeu o bolo todo- Patrick disse

– Não comi todo ainda tem esse pedaço aqui- Juli respondeu dando uma mordida em um que tinha em suas mãos- Não tenho culpa se vocês ficaram aí discutindo e se beijando

– Tua culpa, Larissa- Patrick disse.

– Minha culpa?- perguntei indignada- você me chama de chata e depois não admite que eu sou uma pessoa extremamente legal e a culpa é minha?

– É sim- disse mordendo um pedaço do bolo e me dando o ultimo- você é muito implicante

– Implicante? Eu? Você esta equivocado meu caro- disse tentando manter a postura pra não rir

Ele ia responder, mas seu celular tocou então ele deu um beijo em minha bochecha e atendeu.

Enquanto o Patrick falava no celular e a Juli assistia fui pra cozinha fazer chocolate. Peguei uma panela, coloquei leite condensado depois o chocolate e mexi. Coloquei em um só prato e levei três colheres.

O Patrick já tinha desligado o celular e estava assistindo o filme como se ainda valesse a pena depois de já ter perdido a metade dele.

Sentei no meio de novo para que todos tivéssemos acesso ao prato. Cutuquei a Juli e ela olhou pra mim com uma cara de “não me cutuca, sua vaca”, mas logo sorriu ao ver o chocolate, o Patrick já tinha visto então nem precisei chamar sua atenção.

– Cara, ta gostoso.

– Eu sei que sou demais

– Epa! Eu disse que ta gostoso e não que você é demais

– Mas quis dizer

– Quis nada

– Quis sim

– Não quis

Comi o chocolate que estava na colher dele que ele mantinha levantada e aí ele voltou a comer- Ta, você é mesmo demais- confessou

– Isso aí