Não Me Deixe Sozinho escrita por Gabriel Yared


Capítulo 5
Um Beijo


Notas iniciais do capítulo

Esse é o capítulo de comemoração de um mês da fic!
Obrigado por estarem acompanhando a história, e obrigado pelos comentários positivos sobre os capítulos, a colaboração de você está sendo muito importante para que eu continue a escrever a fic, mesmo com tantas ocupações que estou tendo - tenho de escrever um roteiro para curta-metragem, um artigo sobre um livro, estudar para uma prova - e fazendo da fic uma prioridade.
Bem, espero que gostem desse capítulo comemorativo, com quase o dobro do tamanho original e que está sendo postado dois dias antes do esperado para aplacar a curiosidade e ansiedade de vocês quanto aos fatos do capítulo anterior.

Taito.



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[...]

— Peraí, vai embora ainda não, tenho uma coisa pra te dizer — disse o Fábio ainda me segurando.

— Fala logo então! — explodi, irritado e com medo.

E então eu senti lábios pressionando os meus de forma feroz...

Quando ele parou, encostou os lábios no meu ouvido e sussurrou:

— Se você contar isso a alguém, eu te mato.

Ele largou meu braço e se afastou.

Fiquei parado, atônito.

— Leo, tudo bem? — era o Gabriel. — Leo, que cara é essa?

— Ah, oi Gabriel, eu tava distraído — tentei disfarçar. Não sei o que Gabriel poderia fazer se soubesse. E estou com medo do Fábio.

— Leo, o que foi? O que aconteceu?

— Nada, eu só tava pensando numas coisas aqui...

— Hum...

Por que Fábio fez isso? Logo ele que sempre me fez ficar mal, me zoou por causa da minha deficiência... o que deu nele?

Deixei Gabriel cuidando da mesa do DJ e voltei a me sentar em um sofá na sala.

Por que minha vida é tão complicada?

Giovana

Como é bom estar deitada sobre o peito de William, ouvindo o som reconfortante e ritmado do seu coração, sentindo seu aroma...

Essa foi a melhor experiência de toda minha vida...

— William? — pergunto.

— Oi? — responde ele, baixinho.

— Cê tá dormindo?

— Não... um pouco...

— Eu te amo muito, meu lindo.

— Eu te amo mais, princesa.

Ele então me beijou intensamente e eu correspondi da mesma forma feroz.

Leo

Depois da festa eu liguei para a Gi, a fim de saber se ela ia pra casa comigo e com o Gabriel, mas ela não atendeu.

Fiquei preocupado querendo saber o que ela havia feito... e eu detesto pensar que sei o que ela fez.

E ainda estou meio atordoado com o que Fábio fez comigo... nunca poderia esperar aquele beijo...

Estava tão perdido em meus devaneios que não percebi quando Gabriel parou a bicicleta.

— Leo? Chegamos — declarou Gabriel.

— Ah, sim... — respondo eu descendo da bicicleta.

— Leo, a chave — pede Gabriel.

Eu pego as chaves no meu bolso e entrego e estendo minha mão para que ele pegue; ele pega e ouço o portão sendo destrancado.

— Boa noite, Leo — diz ele.

— Boa noite, Biel.

Ele então me dá um selinho.

— Eu te amo! — sussurra ele.

— Eu te amo mais! — respondo, sorrindo.

Então entro em casa fazendo muito silêncio, não que meus pais não soubessem que eu saí, mas não quero acordá-los.

Chego ao meu quarto e só tiro a roupa até ficar só de cueca. Deito em minha cama. Estou exausto. Logo meus olhos se fecham e eu caio no mundo dos sonhos.

Fábio

Estou com dor de cabeça por ter bebido muito ontem. Hoje é domingo, por isso aproveitei e gastei o máximo de tempo que pude deitado na cama. Porém, acordei cedo e não consegui voltar a dormir. E com a consciência vêm os pensamentos.

Comecei a analisar a festa de ontem. Cheguei e fui logo começando a beber, depois não parei... e isso me levou a fazer o que eu não quis ter feito. É estranho como um simples beijo muda tanta coisa.

A verdade é que desde que eu conheci o Leo – uns dois ou três anos atrás, na escola – eu notei que ele era diferente. Não na aparência ou pela deficiência, mas pelo que ele causava em mim. Eu gostaria muito de estar perto dele, de ser amigo dele, mas esse sentimento é muito... nem sei como definir... acho que meu chamaria de “viadagem”... e acho que ele me mataria se soubesse que eu beijei o Leo ontem.

Bem, o que eu sinto por Leo eu achei melhor esconder, repreender, e isso me fez ter um certo tipo de raiva dele, algo que eu não consigo explicar, e depois que o agrido com palavras, me amaldiçoo por tê-lo causado sofrimento.

Como eu queria que minha vida fosse mais fácil! Por que não posso simplesmente me apaixonar por uma menina bonita e esquecê-lo de vez? Ou simplesmente parar de me importar com o sofrimento dele? Nenhuma das duas alternativas parece viável.

E tem mais, já percebi que Leo e Gabriel têm alguma espécie de relacionamento que vai bem mais do que a simples amizade, dá para ver na forma que se tratam e conversam. E tenho certeza de que se Leo fosse escolher, me eliminaria só pelo fato de ter zoado ele por todos esses anos.

E agora vem o sentimento de culpa novamente.

Busco amenizar meu sofrimento e ódio por mim mesmo pensando em Leo... em como acho que seus olhos – por mais que nada enxerguem – são belos, em como é fofo quando ele sorri com o canto esquerdo da boca... e como tenho vontade de acariciar seus cabelos!

Me levanto e tiro o short de dormir e vou direto para o banheiro. Abro o chuveiro e espero que a água esquente. Entro debaixo do chuveiro e deixo que a água alivie meus problemas.

Me ensabôo e passo xampu.

Ainda debaixo da água penso em Leo... e penso em como ele é belo... minha mão vai descendo por minha barriga, desce mais um pouco... penso em como isso é errado, não posso gostar de rapazes... isso não é certo... mas cedo ao meu desejo e começo a ter pensamentos mais sexuais por Leo... minha mão chega a meu pênis, que já estava meio ereto... e então penso no beijo que dei em Leo...

Leo

Acordei e fiquei deitado em minha cama, imaginando tudo que havia acontecido ontem. Me lembrei que ainda não recebi notícias de Gi, então procuro meu celular.

Saio da cama e tateio pelo chão procurando o local onde joguei minhas roupas. Acho minha calça e procuro o celular nos bolsos.

Vou para a lista de contatos, onde cada um dos nomes é anunciado pelo celular até que encontro “Gi”. Ligo para ela.

— Alô? — diz ela sonolenta ao atender.

— Oi, Gi. É o Leo — digo.

— Ah, Leo... tá muito cedo... eu tava dormindo...

— Desculpa te acordar, mas estava preocupado com você. Onde você foi ontem?

— Ah, Leo, eu já disse. Fui pra casa do William...

— E o que vocês fizeram por lá? — indago, realmente irritado.

— Ah, Leo, depois eu te falo... vou aí na sua casa mais tarde, tá?

— Tá, tô te esperando. Que horas cê vem?

— Depois do almoço, tá?

— Tá — ela então desliga. Volto para minha cama.

Depois de tomar um banho, vou pra sala, onde espero ansiosamente que almoço fique pronto. Me reúno com meus pais à mesa.

— Leo, tudo bem com você, filho? — pergunta papai.

— Claro, pai — respondi, sorrindo.

— Não sei, não. Você está com uma expressão preocupada.

— Não é nada, pai — só quero saber o que Gi fez com o William. Ah, e o Fábio me beijou. — Não se preocupe.

Depois disso ele não me perguntou mais nada.

Depois do almoço eu fui para meu quarto e esperei deitado em minha cama pela chegada de Gi.

Depois de alguns minutos, a campainha toca, ouço minha mãe conversando com Giovana até que elas entram em meu quarto e aporta se abre.

— Leo, a Gi chegou — anuncia mamãe.

— Oi, Gi! — digo eu.

Sinto ela se sentando na beirada da minha cama e então ela me abraça. Eu retribuo e ela se deita junto comigo. Ouço minha mãe fechar a porta.

— Tudo bem, Leo? — questiona Gi.

— Sim, e com você?

— Tudo.

— Então, comece a se explicar. O que foi fazer na casa do William tão tarde?

— Hum... ah, Leo, você não nasceu ontem... cê sabe muito bem o que a gente foi fazer ontem...

— Gi vocês... — gritei eu muito nervoso; depois baixei meu tom de voz para um sussurro — vocês... transaram?

— É.... sim, nós transamos.

Eu fiquei parado, com a boca aberta, nervoso, paralisado... sem reação.

— Leo, não fica assim, isso não vai mudar as coisas em relação à nossa amizade, vai?

— Não Gi, claro que não vai — eu respondo. — É só que... eu não consigo acreditar totalmente que você... nossa... eu não consigo acreditar que você não é mais virgem...

— Ai Leo, você só está frustrado por que não transou antes de mim!

Eu ri, ri muito, caí na gargalhada.

— Besta! — disse eu. E ela riu junto comigo.

Passamos alguns minutos conversando sobre várias coisas, os detalhes sobre a noite de Gi e William, sobre a festa.

— Gi, preciso te contar uma coisa...

— Conta, Leo!

— É complicado, eu não sei como dizer sem parecer estranho... mas...

Penso se realmente devo dizer. Sim, eu devo. Gi é minha amiga.

— O Fábio... me beijou na festa...

Silêncio...

— Sério...? — perguntou ela bem baixinho.

— Sim...

— E o que ele disse?

— Que se eu contasse pra alguém ele me mataria.

— Nossa... isso explica muita coisa...

— Como assim?

— Bem, Leo, ele meio que te hostiliza você do nada, desde que vocês começaram a estudar juntos. Você já fez alguma coisa contra ele, pra ser motivo de ele te odiar?

— Não, nunca, sempre fiquei na minha. Ele que começou a zoar comigo de repente. Acho que ele me odeia só pelo fato de eu ser cego.

— Não, Leo. Na verdade, ele está apaixonado por você — eu sorrio. Impossível! — Eu tô falando sério! Olha, se põe no lugar dele, sempre ficou com meninas, daí de repente ele te conhece e sente coisas diferentes por você. É estranho pra ele, ele começa a se odiar por não entender o que sente e desconta em você toda a raiva que está sentindo.

— Será?

— Eu aposto que sim! — disse ela, com muita determinação.

Eu fico em silêncio. Então me vem uma ideia a qual não me permiti pensar antes.

— Gi...

— Oi, Leo.

— E se eu tiver gostado do beijo do Fábio?

Silêncio.

— Ai Leo, aí eu não sei... mas, tipo assim, você deixou de gostar do Gabriel?

— Não, que isso! Eu amo o Gabriel. Esquece essa história de eu ter gostado do beijo do Fábio. E não comenta com o Gabriel e nem com ninguém, por favor!

— Claro que eu não vou contar para ninguém!

— Valeu, Gi.

Depois disso, conversamos sobre mais algumas coisas.

— Ei, Gi...

— Que foi, Leo? Ai, não sei se aguento mais alguma notícia bombástica hoje!

— Não é nada, besta! Só quero saber que dia é hoje.

— Ah, sim. Hoje são 21 de julho, por quê?

— Dia 26 é aniversário de casamento dos meus pais.

— Hum... Legal, Leo. Já pensou no presente que vai dar para eles?

— Não... me ajuda a escolher?

— Claro.

Ficamos debatendo sobre a melhor opção de presente. O celular da Gi toca e ela diz que a mãe dela quer que ela volte para casa. Eu a acompanho até o portão e me despeço dela.

Mamãe me chama para o jantar e me sento à mesa junto a ela e ao papai.

— Mãe, pai, o aniversário de vocês tá chegando, né? — eu falo.

— Sim, Leo, que bom que você lembrou — diz mamãe.

— E o que vocês vão fazer? — pergunto.

— Bem, Leo, não sei ainda — responde o papai.

— Que tal o senhor levar a mamãe para jantar em um restaurante chique e vocês passarem a noite fora de casa, passeando, namorando... — sugiro

— Ah, seria ótimo — disse papai, em tom sonhador.

— Ah, Leo, mas só nós dois? E você ficar sozinho aqui em casa? Claro que não — objetou mamãe.

— Ah, mãe, eu não sou mais nenhum bebê, já posso me cuidar sozinho...

— Não e não. Sozinho você não fica.

— Ah, Laura, deixa o menino ficar, que mal pode acontecer? — diz papai.

— Ah! Muitas coisas, um acidente, podem assaltar a casa...

— Isso não vai acontecer, mãe! Poxa, eu só queria que vocês parassem de se preocupar comigo pelo menos por uma noite e ficassem felizes juntos, se divertindo! Mas não! — eu começo a gritar, realmente irritado. — Você vive se preocupando comigo! Parece que desde que eu nasci você não tem mais vida. E nunca me deixa fazer nada, até parece que eu sou um bebê...

— Leo, não fala assim com sua mãe... — fala papai de modo autoritário.

— Não, agora ela vai me ouvir! — eu grito bem alto. — Eu não sou mais um bebê! Eu já sei como me cuidar, não preciso de vocês o tempo todo! E eu só queria que uma vez, uma vez num ano, vocês saíssem para se divertir sem mim, mas não. A mamãe não concorda, pensando que eu vou morrer ao dar meu primeiro passo sozinho.

Um silêncio se abate sobre nós três. Então eu começo a soluçar e a lagrimar. Choro forte, soltando urros.

— Mãe... me desculpa... Eu não deveria... ter.... falado assim... com a senhora — digo entre soluços. — Me.... desculpa... por ter feito isso...

Mamãe se levanta e passa afetuosamente a mão pelas minhas costas.

— Tudo bem, Leozinho... Tudo bem... — diz ela me tranquilizando.

— Não, mãe, não tá tudo bem... — respondo, muito arrependido. — Me desculpa, me desculpa!

— Calma, Leo, claro que eu te desculpo... Eu te amo!

— Mãe, eu também te amo!

Papai pega minha mão e a conduz até um copo d’água. Eu bebo e me acalmo.

— Olha, Leo... — começa mamãe. — Acho que eu vou sim para esse jantar com o seu pai. Eu vou passar a noite fora com ele, vamos nos divertir... podemos voltar só no final do dia seguinte, o que acha?

— Eu... — começo, mas sou interrompido por uma série de soluços. — eu só quero que vocês fiquem felizes.

— Então, está certo. Mas a sua avó vai ficar com você, tudo bem? — pergunta mamãe.

— Mãe, na verdade, eu queria aproveitar e chamar o Gabriel e a Gi pra dormirem aqui, pra gente fazer uma festa do pijama...

— Olha, Laura, eu não vejo problema nisso. Ele vai fazer 18 anos em menos de um ano. Acho que ele vai ter responsabilidade para ficar aqui com alguns amigos.

— Olha, Carlos, eu não sei, não...

— Vamos lá, se eles fizerem algo de errado, nunca mais deixamos Leo ficar em casa sozinho.

— Certo... Mas sua avó vai vir aqui de manhã.

— Ok, mãe. Obrigado. Só quero que aproveitem seu aniversário de casamento.

— Vamos aproveitar, meu bebê — diz ela.

Depois do jantar, fui para a cama feliz.

No dia seguinte, segunda-feira, fomos liberados mais cedo da escola, pois esse era o último dia de aula para quem já havia passado no bimestre, então só ficaram os que teriam de fazer recuperação.

Voltando para casa, disse ao Gabriel e a Giovana que eles poderiam dormir em casa dia 25. Eles disseram que poderiam.

Os dias então, passaram bem depressa e logo chegou o aniversário de casamento dos meus pais. Entreguei meu presente a eles no café da manhã – uma reserva de hotel na praia, com um ótimo restaurante, com direito a uma suíte, que paguei usando meu dinheiro guardado, junto com a vovó. As seis da tarde chegaram Gi e Gabriel.

— Oi, tia Laura, tio Carlos — disse Gi. — Feliz aniversário de casamento!

— Ah, obrigada, Gi — diz mamãe.

— Oi — diz Biel. — Felicidades.

— Obrigado, Gabriel — responde papai.

Depois eles se vão. Gabriel, Gi e eu nos dirigimos para o meu quarto, onde uma cama, retirada do quarto de hóspedes, e um colchão extras foram colocados.

Gi colocou música para tocar nas caixas de som. E a primeira foi justamente “There’s too much love”.

— Ai, será que vocês podem dançar essa música juntos? — sugere ela.

Gabriel chega perto de mim, segura uma de minhas mãos e põe a outra em seu ombro, após isso põe ela em minha cintura.

Ficamos ali, dando voltas ao redor de nós mesmos, felizes. Ele então me abraça bem forte, e então me beija, com muita ferocidade. Eu respondo o beijo da mesma forma. Ficamos abraçados por um tempo, até que a música para, ouço a porta do meu quarto abrindo, Gabriel me afasta e ouço a porta batendo com força.

— Que foi isso? — pergunto, nervoso.

— Gabriel... — começa Gi.

— Era o seu pai... — conclui Gabriel.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, obrigado por terem lido.
Se gostaram, comente, recomende, favorite, acompanhe.
Se não gostaram, digam o que pode ser melhorado.

Com amor,
Taito Yagakamo.