Não Me Deixe Sozinho escrita por Gabriel Yared
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem desse capítulo, pois ele foi o mais marcante e difícil de escrever para mim.
Divirtam-se!
Antes de dormir fiquei pensando bastante sobre o que havia acontecido entre a Gi e o William. Nunca pude imaginar que ele fosse capaz de magoá-la tanto.
Eu fiquei parado na minha cama, ouvindo música clássica.
Minha mãe entrou no meu quarto e sentou na beira da minha cama.
— Leo, por que a Giovana estava chorando?
— Não posso te dizer, mãe — eu não sei, ou melhor, tenho certeza de que não devo contar o que aconteceu.
— Hum... filho, você sabe as coisas sobre namoro, não, é? — por que essa pergunta agora?
— Um pouco, mãe. Por quê?
— Bem, Leo, você já tem dezessete anos... Já tem mais que idade pra namorar.
— Hum...
— Você está interessado em alguma menina da sua escola?
— Não.
— E na Giovana?
— Também não.
— Hum... Certo, Leo... Você já se apaixonou ou namorou alguma garota?
— Não, mãe...
Qual o motivo de todas essas perguntas? Será que alguém contou pra ela sobre Gabriel e mim?
— Certo, Leo. Já vou dormir, meu filho.
— Boa noite, mamãe.
Ela me beijou na bochecha e eu também a beijei.
Ela se levantou da minha cama.
— Mãe?
— Oi.
— Tem uma... pessoa... alguém que eu gosto...
Mamãe se sentou em minha cama novamente.
— Eu posso saber quem é?
— Hum... melhor não... não posso contar...
— Ah, tudo bem. E como ela é?
— Ah, é uma pessoa bem legal, sempre me alegra e me entende e está sempre comigo.
— Parece a Giovana — comentou mamãe.
— Mas não é dela que eu tô falando.
— Tudo bem — silêncio por uns cinco minutos. — Leo, onde vocês se encontram?
— Ah, mãe, na escola, na rua...
— Leo... posso te fazer uma pergunta, meu bem?
— Ham... pode...
— Leo, você... você é virgem?
Ai que vergonha! Minhas bochechas ficaram quentes! Nossa o que minha mãe quer?
— Ham... oi? Claro, né, mãe!
— Hum... Ah, Leo, que bom... Mas... você já pensa nessas coisas?
— Mãe, eu prefiro não conversar sobre isso.
— Leo, isso é importante... olha filho, eu acho que você já tem idade pra fazer algumas coisas, como namorar, mas também acho que você deve tomar muito cuidado com as pessoas. E também tem que cuidar de você... se você for... ai, como é difícil falar sobre isso...
— Imagina pra mim, né, mãe?
— Olha filho, só quero dizer que... que se for... fazer sexo... com alguém, que você se previna... me entendeu?
— Sim, mãe! Eu entendi!
— Olha filho, esse negócio de DSTs é muito sério.
— Ai, mãe! Eu sei!
— Então, Leo, me prometa que vai se prevenir.
— Mãe, eu vou me prevenir.
— Ah, ok. Vou confiar em você.
Finalmente ela vai confiar em mim – mas não estou realmente feliz em ter conversado isso com a minha mãe... ela é minha mãe! Isso é constrangedor! – então ela me beijou na testa e saiu do quarto.
Ouvi a voz do Gabriel me chamando. Fui em direção a voz dele.
— Gabriel? — chamei.
— Aqui! — ele respondeu. Fui naquela direção, mas não encontrei nada.
— Gabriel? — chamei de novo. Eu comecei a ficar com medo.
— Leo, eu tenho que te dizer umas coisas... — a voz dele veio de detrás de mim. Me virei.
— Me abraça, Biel! Estou com frio! — agora eu estava prestes a chorar.
— Não posso. Não posso continuar com isso.
— Como... como assim, Gabriel?
— Eu não te amo de verdade, Leo. Eu não quero mais ficar com você.
Meu coração começou a doer...
— Não, Gabriel...
— Leo, eu não posso continuar com você sendo que não quero. Eu vou voltar para a minha cidade.
— Não Gabriel! Não me deixe sozinho! Gabriel, por favor... — eu comecei a chorar... por que ele está fazendo isso comigo?
— Adeus, Leo.
E depois eu me joguei no chão. Fiquei lá berrando e soluçando.
Meu pai me sacudiu para me acordar. Eu ainda tava chorando muito. Demorou pra eu entender que fora só um sonho... ainda bem que foi só um sonho...
— Filho, o que aconteceu? — perguntou papai.
— Está tudo bem, Leo? — perguntou mamãe, muito preocupada.
— Eu... eu... ti-tive um pesadelo...
Voltei a soluçar freneticamente, me recordando do desespero que senti no sonho.
— Calma, filho, calma. Já passou — papai tenta me tranquilizar.
— Meu bebê, vai ficar tudo bem — diz mamãe.
Consegui me acalmar. Deitei-me. Meus pais foram embora.
Mas não consegui dormir. Eu me levantei quando o despertador do celular tocou e fui me arrumar pra escola. Hoje é sexta-feira e amanhã vai ter a festa na casa da Karina.
No pátio da escola nos juntamos Gabriel, Giovana e eu.
— Oi, Leo! — cumprimentou Gi.
— Oi, Gi — respondi.
— Oi, Leo — diz Gabriel.
— Oi, Gabriel — digo eu.
Houve um minuto de silêncio.
— Leo, tá tudo bem com você? — Gi quebra o silêncio.
— Aham... tudo bem sim...
A campa de entrada toca e Giovana me dá a mão e me guia através dos corredores em direção à nossa sala.
— Oi, Leonarda! — diz Fábio assim que eu entro na sala.
— Cala a boca, moleque! — responde Gi.
— Ai, tá irritadinha, Gi? Vai tomar um chazinho!
— Não mexe com ela — essa era a voz do William.
— Ui, tá estressadinha também? — provocou Fábio.
— Ah, Fábio, tá tão chato assim porque deve tá querendo dar o c... — William é interrompido por uma irritada professora que entra gritando:
— Posso saber o que é isso, senhores?
Todos ficam calados. Eu estou completamente perdido... por que as coisas ruins acontecem todas de uma vez?
— Então? — pressiona a professora, querendo uma explicação.
— Foi o Fábio que chegou provocando o Leo, professora — acho que essa é a voz da Karina.
— É verdade, profe — apoia Gi.
Silêncio.
— Mas porque o William estava falando aquelas coisas feias? — perguntou a professora.
— Ele só quis me defender do Fábio, que tava me chateando também.
Silêncio.
— William e Fábio, os dois pra diretoria. Já — disse por fim a professora.
Os dois reclamaram, mas foram.
Depois a aula começou.
— Ok, Leo, o que tá havendo com você? — perguntou Gi no intervalo.
— Ham? Como assim? Eu tô normal.
— Não, não tá, não — disse Gabriel.
Eu fiquei em silêncio. Baixei a cabeça.
— Tive um pesadelo.
Daí eu desabafei. Contei tudo.
— Leo, não se preocupa. Eu nunca vou deixar você — Gabriel me tranquilizou. Depois disse em um tom mais baixo: — Leo, eu te amo muito.
Então ele me deu um selinho rápido... e isso me acalmou.
Eu passei a tarde sozinho em casa. Mas isso não importa, porque eu fiquei ouvindo músicas clássicas e fazendo meus deveres e mantive a cabeça ocupada .
Dormi initerruptamente até as nove da manhã, até que a minha mãe me acorda avisando que vai ao mercado.
— Quer ir com a gente, Leo? — pergunta ela.
— Tá. Vamos.
Depois do mercado eu sentei no sofá com o meu pai que estava assistindo à TV.
— Pai, eu posso te fazer uma pergunta? — indago de súbito.
— Claro, filhão.
— Existe algum tipo de amor que seja... errado?
— Claro que não, Leo. O amor é sempre o amor, não importa como ele seja. Não importa se ele não é como a sociedade espera. O amor é a melhor coisa do mundo. Ele nunca vai ser errado.
— Hum...
— Você ama seus amigos, Leo?
— Sim...
— Se atiraria na frente de um carro para salvá-los?
— Claro, pai.
— Então, Leo, você é uma pessoa incrível. Você é capaz de amar, e quem é capaz de amar é muito bom.
— Pai, eu te amo!
— Eu também te amo, Leo!
Ele me abraça forte e eu retribuo.
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Obrigado por lerem,
Taito Yagakamo.