Sina escrita por Mari N


Capítulo 1
❖ Capítulo I – Out of control


Notas iniciais do capítulo

Não pensava que eu iria voltar à essa categoria,mas enfim... Aqui estou.
E vou deixar apenas uma notinha curiosa aqui: Essa "fic" foi escrita muito antes de "Sweet", não sabia se iria postar, mas no fim acabei resolvendo e aqui está.
Não é uma das melhores que já escrevi, mas também não é uma das piores, então... :')
Sei que a categoria não é popular, mas o que está feito está feito e eu preciso postar isso de qualquer maneira...

Sem me estender muito por aqui... Boa leitura e espero que gostem~
Nos vemos nas notas finais (?).

P.s.: A capa da fic, sim, é cosplay, apenas explicando para caso alguém não tenha reparado. Achei importante avisar, porque né... E sim, eu achei que tem tudo a ver com a fic :3
P.s.2: Revisei, mas, como sempre, pode haver erros e provavelmente haverá, portanto já me desculpo antecipadamente :')
P.s.3: Classifiquei como +16 apenas por prevenção.



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E de repente tudo havia ficado fora do controle.

Estúpido. Idiota. Escroto. Nojento.

Ele era tudo isso. E ele sabia disso. Não havia quem poderia o conhecer tão bem quanto ele próprio. E ele lamentava tanto ter perdido o controle de si mesmo. Ele gostaria de saber o que havia feito tanto de errado para merecer esse castigo. O pior castigo que um cara pode receber.

Quando ele se deu conta já havia perdido tudo. Toda a dignidade que ele achava que possuía havia desaparecido por completo.

Fraco. Era isso o que ele era.

O que no começo era um simples amor de irmão, agora havia se transformado em um amor diferente. Mais intenso. Nada inocente. Um amor mais perigoso.

E agora ele desejava que tudo pudesse ter sido diferente. Que ele pudesse ter nascido de outros pais. Em um outro lugar. Um lugar que não fosse ali. Ele desejava que tudo não o tivesse feito irmão dela.

A irmã mais velha havia desaparecido sem deixar pistas. Deixou apenas um doloroso fardo para trás. Um fardo que agora ele era o encarregado de carregar. E era pesado demais. Porque tudo nele andava pesado demais. Os olhos pesavam em cansaço. A mente pesava em preocupações. O coração pesava em dor. E a alma pesava em castigo, culpa.

Ele a queria proteger de tudo. Tudo o que fosse possível a ele. Tudo o que ele pudesse fazer.

E ele faria tudo por ela. Ele só fazia tudo o que fazia por ela. Ele brincava para poder escapar de algo mais poderoso. Ele bancava o idiota apenas para fugir dele mesmo e do mundo. Fugir de todo o resto.

E tudo o que ele realmente queria ele nunca poderia ter. Nunca seria permitido. Nunca seria aceitável. Nunca seria normal. Era pecado amar assim? Provavelmente era. E ele provavelmente já estava condenado. Pelo que fez, pelo que não fez e pelo que pensou. Ele a queria. Ele a queria só para ele. Nele.

Olhando bem no fundo daqueles olhos intensamente verdes e extremamente bonitos era possível enxergar uma dor profunda e sem cura. Era algo corrosivo e autodestrutivo. O problema era que ele já havia explodido e os restos ainda estavam ali. Há muito tempo espalhados. Há muito abandonados.

E quando a noite caía, ele só queria gritar, gritar até que seus pulmões ardessem. Apenas para tentar aliviar o peso do mundo que carregava nas costas. A própria vida e a responsabilidade. A vida, a responsabilidade e um amor que não devia existir.

Ele queria ser livre. Ele ainda queria poder sonhar. Dormir. Descansar. Viver.

O amor por ela estava ali, sempre pulsando dolorosamente em suas veias. E o lembrava que o sangue que corria nele também corria nela. E só. Ele empurrava aquele amor impuro para o fundo de seu ser e viveria mais um dia.

Iria à escola. Iria ao clube. Brincaria. Sorriria. Falaria besteiras. Faria idiotices. Olharia para ela. Sorriria para ela. Gritaria para ela internamente para que ela o salvasse. Ele pedia socorro com os olhos, para que ela o tirasse de dentro dele próprio. Para que ela o trouxesse para a superfície. E ele oraria, todos os dias, internamente, para que pudesse durar um pouco mais. Para que pudesse viver um pouco mais. Apenas para observar. Apenas para vê-la um pouco mais.

Agora ele era responsável por tudo dentro daquela família. Tudo era ele que fazia, tudo ele que resolvia. Era sempre o nome dele. Sempre ele, na frente de tudo. E era assim que ele a protegia. Porque ela não estava preparada para tudo aquilo. Porque ela não queria.

E então ele teria novos pesadelos. Cada vez piores. Sempre mais horríveis que os anteriores. E acordaria suando frio e gritando para as paredes. Apenas aquelas paredes ainda suportavam toda aquela dor. Apenas elas eram testemunhas de todo aquele desespero que parecia não ter fim. Apenas aquelas paredes veriam as lágrimas que cairiam daqueles belos olhos verdes, que agora já não eram mais tão belos assim.

Já era final de ano quando fora acordado em uma madrugada qualquer. Ele sabia que deveria ir. Ele sempre ia. Era sempre ele quem deveria ir lutar. Sempre ele quem deveria ir. E ele iria, como sempre, mais uma vez.

Mitsuki despertou lentamente sentindo um toque suave na bochecha. O que a assustou não fora a leveza do toque. Fora o sentimento que este a havia entregue. E junto com um beijo suave na face veio o toque quase imperceptível das lágrimas frias que chegaram ao seu rosto. Ela sabia quem era. Sempre soube. Ele sempre fazia isso. Sempre. Durante tanto tempo. Mas dessa vez havia sido diferente.

Na verdade tudo nele estava fora do normal. Até a voz parecia mais profunda. E distante. Tudo nele parecia fora do lugar. Ela resolvia sempre ignorar a presença dele. Ela o achava repugnante. Nojento. Mas havia um tempo que ela também havia se tornado nojenta, repugnante. Ela não deveria amar seu irmão. Não da forma como ela se descobrira amando. O que ela sentia por ele não era aceitável. Não era normal.

E ela o afastava cada vez mais. Sempre evitando seus olhares, sempre evitando as palavras. Sempre evitando a presença dele. Ela só não sabia que aquilo o machucava mais do que a ela. Muito mais. E se ela soubesse do futuro ela teria evitado as palavras cortantes e as expressões de ódio. Se ela apenas tivesse olhado nos olhos dele... Ela teria descoberto que ele estava quebrado, partido, destruído e abandonado. Por tudo que ele tinha, por quem ele mais amava.

Mas talvez ele merecesse tudo aquilo. Apenas talvez.

Quando ela sentiu o coração falhar uma batida, ela correu o máximo que podia. Correu sem se preocupar com a hora, com o clima, com as roupas. Apenas correu. Em direção àquela luz forte que via ao longe. Ela sabia que ele estava lá. Ela podia sentir.

E quando ela chegou àquele terreno quase deserto, só viu destruição. Só havia poeira no ar e crateras no chão. E havia o som de uma pedra Youmu caindo ao chão. Não havia apenas uma, mas várias. Tantas delas que ela perdeu a conta.

Ao olhar mais atentamente ela conseguiu vê-lo. Ainda estava de pé. E então ela suspirou de alívio. Mas não por muito tempo...

Instantes depois ela só conseguiu ver o corpo pender para trás, lentamente. Não estava distante dela. Andou um pouco mais rápido e o chamou. Sem resposta.

E então ela viu sangue. Muito sangue. E de repente o mundo parou. Ele olhou diretamente para ela. E sussurrou alguma coisa. Olhando atentamente para a boca dele ela entendeu. E entendeu muitos outros significados por trás daquela simples expressão.

– Sinto muito.

E então apenas o som do grito dela pode ser ouvido por toda a extensão daquele lugar. Gritou por ele. Gritou o nome dele.

– Hiroomi!

E naquele momento ela percebeu que devia ter olhado no fundo dos olhos dele muito antes, ou que talvez não tivesse olhado ao fundo daqueles olhos no final. Tão profundos. Tão verdes. Tão machucados. Desde quando os olhos dele haviam se tornado tão tristes?

E então ela gritou, mais uma vez. Em tristeza. Em pavor. Horror. Desespero. Como ela ficaria sem ele?

Ela simplesmente não sabia como. Só sabia que uma semana depois observava a figura inerte de seu irmão, sentado em uma cama. Ele simplesmente parecia não estar ali. E provavelmente não estava.

Dos três dias que havia acordado Hiroomi simplesmente não abrira a boa. Ele se recusava a falar e se recusava até mesmo a olhar para os lados. Ela não entendia o porquê, mas sentia. Sentia uma dor bater no peito e sentia ardência nos olhos. Seu interior gritava para que seu irmão voltasse a ser o que era antes, ao mesmo tempo em que ela simplesmente sabia que nada seria como era antes, nunca. E ela não poderia estar mais certa.

Nos dois dias que se seguiram àquele episódio tudo continuava o mesmo, o silêncio e a dor. E até mesmo a esperança, embora ela soubesse que a realidade era e seria sempre diferente. Teve ainda mais certeza disto no que se seguiu ao segundo dia.

No terceiro dia Hiroomi não acordara mais naquele hospital. Ele simplesmente sumira. Não deixara rastros. Mitsuki não conseguia mais sentir o cheiro de seu irmão. Nem o cheiro ficara, provavelmente apenas poderia sentir aquele cheiro único no quarto dele. Ao final daquele dia ela se trancara no quarto do irmão e ficara ali apenas na vã esperança de que ele voltasse a chamando de irmãzinha, tirando fotos, filmando, falando idiotices. Queria que ele a olhasse, nem que fosse apenas por mais uma vez, e que ela pudesse se desculpar, mesmo que apenas com o olhar, e talvez dizer a ele com aquele simples ato que ela o amava, queria ter a chance de se desculpar.

A vida corria como sempre fora, mas não havia os olhos verdes, não havia fotos, filmagens, não havia o cheiro, não havia Hiroomi. E então ao completar uma semana na ausência dele, Akihito fora até ela e lhe entregara um envelope, simples, amassado. Ele olhara no fundo dos olhos dela, como se se desculpasse e como se soubesse de tudo, e provavelmente sabia. Ela apenas assentiu e soltou um pesado e profundo suspiro. Então era isso. Ela sempre desconfiara que aquilo um dia fosse acontecer. E agora ela não conseguia parar de chorar, trancada em seu próprio quarto enquanto segurava nas mãos uma carta de seu irmão.

Ela se sentia livre e leve. Ao mesmo tempo em que sentia presa a si mesma. No fim ela sorriu entre lágrimas e apertou a carta junto ao peito. Ela havia perdido aquela foto há muitos anos atrás. Mas pelo visto, como sempre, ele guardara muito mais. E aquela foto guardava muito mais do que apenas a lembrança. Ela se permitiu respirar fundo mais uma vez, dobrar o papel da carta e guardá-la no envelope para depois trancá-la em uma caixa. Sorriu. Ela também sentia muito. Mas mais do que sentida ela estava agradecida. Hiroomi fizera muito mais por ela do que poderia imaginar por toda a vida. E o mesmo ela fizera por ele.

Porque o amor é assim, ele vem e vai. E quase nunca escolhe as pessoas certas para atingir. Prega peças e tudo fica por isso mesmo. Mas o amor marca. E a cicatriz deixada por aquele amor, neles, fora invisível aos olhos de muitos, mas mais intensa do que o olhar dos apaixonados que podem se amar livremente e sem ressalvas.

E os dias passariam. E não importa quantas horas, quantos dias ou quantos anos. O amor estaria ali, fincado para sempre. Aquela carta também ficaria presa àquela caixa por muitos, muitos e muitos anos. Até que quem sabe, um dia, alguém a achasse e desvendasse o que tanto tinha naquelas entrelinhas.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Amaram? Odiaram? Detestaram? Por favor, deixem-me saber as opiniões. E bem... Se você chegou até aqui, não custa nada deixar um review... Não é? :3

Enfim... O próximo capítulo é bem previsível porque eu meio que deixei isso bem claro no final desse capítulo: A carta do Hiroomi para a Mitsuki :') E então? Devo continuar e postar o próximo capítulo ou não? Tudo depende de vocês (;
E sinceramente, espero que vocês queiram porque eu estou louca para postar a carta, que foi a minha ideia inicial e a primeira coisa que eu escrevi.

Enfim... Espero que tenham gostado e espero que comentem :')
Nos vemos nos reviews (?).
Beijos e até o próximo (;



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