Amor Por Contrato escrita por Sany


Capítulo 13
Capitulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá ...
Eu adoro entrar no nyah e ver os comentários de vocês aqui na fic e adorei ainda mais quando entrei e vi as duas recomendações lindas que recebi essa semana. Enthralling Books muito obrigada adorei a recomendação eu fico muito feliz em saber que você esta gostando da fic, adorei sua ideia de jogar as cinzas do contrato no meio do pacifico. Fe muito obrigada não só pela recomendação mas por acompanhar minhas fics, sempre comentando cobrando capítulos por mensagem. Então Enthralling Books e Fe esse capitulo é dedicado a vocês.



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A neve ainda cai do lado de fora da janela e o silencio ainda pairava pela casa, como nas ultimas semanas o único som que podia ser ouvido vinha do final do corredor do quarto dos meus pais, ou melhor do quarto da mamãe. Embora não soubesse o porque algumas pessoas tinham me explicado que o papai não voltaria que ele estava em outro lugar agora e que por mais que me amasse não podia mais me ver ou voltar para casa. As pessoas diziam que de agora em diante seriamos apenas eu e a mamãe que teríamos apenas uma a outra.

Mas ela não parecia me querer por perto, e desde que voltamos daquele lugar silencioso onde me disseram que tinha que me despedir do meu pai e onde a vi chorando descontroladamente ela não saia do quarto, havia perdido as contas de quantas vezes bati na porta após ouvi-la chorar e apenas recebi ordens para voltar para o meu quarto, havia sido assim por um bom tempo a mesma rotina, eu ficava sozinha vagando pela casa enquanto ouvia minha mãe chorando trancada no quarto então pouco antes de anoitecer nossa vizinha gentilmente vinha me trazer algo para comer e passava um tempo com minha mãe.

Naquela dia porém não foi o que aconteceu ainda era bem cedo quando ouvi a porta do quarto da minha mãe abrir e ela vir ao meu encontro os olhos vermelhos devido ao choro constante, ela estava magra e abatida, seus cabelos loiros não eram mais como antes, não conseguia me lembrar de ter visto ela nas ultimas semanas. Sem falar nada ela se sentou ao meu lado e olhou para a TV.

– Quer que eu desligue a TV? – embora gostasse de assistir meus desenhos, não queria incomoda-la, minha vizinha dizia que ela precisava de tempo e que eu precisava ser boazinha enquanto ela estava triste.

– Não, mas preciso que você arrume suas coisas favoritas em uma mochila e coloque uma roupa para sair.

– Vamos viajar? – sempre que papai pedia para arrumar minhas coisas íamos para alguma viagem.

– Só arrume suas coisas e fique pronta Katniss – embora estivesse curiosa de para onde iriamos fui até meu quarto e fiz o que ela pediu, voltei para sala um tempo depois já pronta e com minha mochila na mão, estranhei ela não estar pronta também, mas me sentei ao seu lado no sofá, a TV ainda estava ligada no mesmo canal que havia deixado embora não estivesse passando mais nenhum desenho, ouvi o barulho de um carro encostando em frente nossa casa alguns minutos depois – Preciso que você seja uma menina forte agora Katniss você consegue fazer isso?

– Acho que sim – não gostei daquelas palavras a ultima vez que as tinha ouvido de alguém papai nunca mais voltou.

– Ótimo – ela foi até a porta e abriu antes mesmo de baterem na porta, uma mulher com feições serias muito bem vestida entrou juntamente com um homem de terno.

– Sra. Everdeen tem certeza que é isso que quer? – a mulher perguntou para minha mãe assim que me viu sentada no sofá.

– Tenho eu não posso fazer isso, não sozinha não sem meu marido.

– Certo, preciso que assine esses papeis.

– Ei Katniss o que acha de me dar suas coisas para que eu coloque no carro – o homem falou comigo e embora ele tentasse sorrir senti medo olhei para minha mãe que apenas confirmou com a cabeça então entreguei minhas coisas aquele estranho.

– Katniss preciso que vá com essas pessoas agora – minha mãe falou ficando de frente para mim.

– E a senhora?

– Eu vou ficar aqui, preciso que você vá e faça o que lhe for dito, vá para onde eles disserem e obedeça as pessoas entende isso Katniss.

– Por que? Quando a senhora vai me buscar?- eu não queria ir com eles, queria ficar com ela.

– Não sei, quando eu me sentir melhor talvez – vi lagrimas em seus olhos enquanto ela me ajudou a colocar meu casaco e me conduziu até o carro parado em frente nossa casa, a mulher abriu a porta de trás para mim enquanto o homem entrava no banco do motorista – Eu amo você, queria não precisar fazer isso, mas não vou conseguir sozinha.

– Você não esta sozinha mãe, temos uma a outra não é? – ela começou a chorar e me abraçou.

– É o melhor para você, acho que você não vai entender agora mais é o melhor para você.

– O que é melhor para mim? – perguntei embora ela não tenha respondido, ela me abraçou e me colocou dentro do carro.

– Adeus Katniss – ela disse antes de entrar em casa e o carro me levar para meu primeiro lar temporário, mais de vinte anos depois eu ainda não havia entendido.

Acordei assustada, havia sonhado com aquela lembrança mais uma vez, sentei na cama e senti lagrimas em meus olhos, eu nunca iria entendê-la por mais que tentasse nunca iria entender e perdoar o que ela tinha feito comigo, porque ela tinha me deixado afinal? Passei a mão levemente pela minha barriga de quase quatro meses, meus filhos eram meu mundo, havia amado Prim no momento que soube de sua existência assim como esse bebê, Nathan e Pietro entraram na minha vida nos últimos meses eu já não conseguia me imaginar sem eles amava aqueles dois como se fossem meus, mesmo não tendo qualquer laço sanguíneo com eles.

Eu havia procurado uma explicação por anos e no final ela tinha sido fraca e egoísta pensando apenas na sua própria dor afinal ela não tinha sido a única a perde-lo já que se ela tinha perdido o marido eu tinha perdido meu pai. Droga de inverno que sempre trazia aquelas lembranças noite após noite, mesmo depois de tanto tempo, involuntariamente senti as lagrimas caindo dos meus olhos e logo me vi chorando ao lembrar dos dias que se seguiram aquele de como era ser sozinha, lembrar dos abrigos e das famílias que me abandonaram também ainda era difícil.

– Katniss você esta bem? – Peeta perguntou acendendo a luz do abajur do seu criado mudo, a ultima coisa que queria era ter acordado ele naquele momento – Você esta sentindo alguma coisa o bebê esta bem? – a preocupação era nítida em sua voz.

– O bebê esta bem, não é nada – me forcei a falar, não queria assusta-lo.

– Como não é nada você esta chorando no meio da madrugada, fala comigo o que aconteceu?

– Foi só um sonho – disse baixinho, aquilo era ridículo eu era uma adulta chorando após um pesadelo que na verdade eram apenas lembranças do meu passado.

– Você sonhou com o que? – ele perguntou se aproximando um pouco mais, embora detestasse falar sobre isso, após aquela minha pequena crise ele precisava saber até porque provavelmente eu ainda teria muito mais sonhos assim durante o inverno.

– Com o dia que ela me deixou, o dia que minha mãe desistiu de mim – ele me abraçou e foi nesse momento que chorei mais um pouco, malditos hormônios, embora não gostasse desses sonhos já tinha me acostumado com eles e não chorava por isso a anos, embora algumas vezes acordasse assustada, ficamos assim por um tempo abraçados enquanto as lagrimas insistiam em cair eu odiava parecer frágil, mas naquele momento eu não queria solta-lo por nada.

– Quer falar sobre isso? – ele perguntou alguns minutos depois.

– Eu tinha cinco anos quando meu pai morreu – as lembranças eram estranhas as vezes, por mais que tentasse lembrar do meu pai sua fisionomia ou sua voz eu já não conseguia fazer isso tão nitidamente, sei que ele era um bom pai e que eu o amava demais o que fazia com que a falta de lembranças dele me incomodasse demais, porém eu nunca consegui esquecer os dias seguintes a sua morte, assim como por mais que tentasse não conseguia esquecer a lembrança daquele dia que mudou minha vida – Minha mãe ficou muito mau com a morte dele, lembro dela ficar trancada no quarto do choro constante e uma vizinha vindo todos os dias trazer comida então algumas semanas depois minha mãe chamou o juizado para me levar – o choro já tinha passado, mas eu ainda estava abraçada a ele, então resolvi contar para ele em detalhes aquele dia que nunca consegui esquecer e ele permaneceu em silencio escutando e me mantendo em seus braços – Eu esperei por anos o dia em que ela ia me buscar mas esse dia nunca chegou, outras famílias vieram, mas nunca deu certo e nunca fiquei mais do que seis meses com alguma delas, acho que era meu destino não sei – senti a mão dele em meus cabelos – Então acabei passando da idade de ser adotada por assim dizer e aceitei que ficaria no sistema até completar a maior idade.

– Deve ter sido difícil – ele falou alguns minutos depois.

– Foi – a espera por uma família não é fácil, a mudança constante de casa nunca ter ninguém, as duvidas as perguntas sem resposta, a esperança dela voltar para me buscar de ver meu quarto mais uma vez de tudo ser como antes, com o tempo essa esperança foi se perdendo e eu acabei apenas desejando uma família alguém que me tirasse do sistema de vez e de ter alguém para cuidar de mim, mas cada casal que me escolhia me levava de volta cada um com uma desculpa, a tão esperada gravidez, a chegada de um bebê no sistema, um trabalho em outro distrito, alguns não tinham se dado ao trabalho de se explicar e assim como nunca entendi minha mãe não entendi aqueles casais, a adoção de uma criança é algo serio se dispor a entrar na fila de adoção não é como ir as compras, crianças não são mercadorias que se não ficarem bem na casa podem ser trocadas ou devolvidas, não se escolhe um filho como se fosse um par de sapatos, a adoção deveria ser para sempre conseguir a guarda de uma criança mesmo que provisoriamente deveria ser algo feito quando se tem certeza, quando se esta disposto a amar incondicionalmente no entanto não fui a única criança com histórico de idas e vindas no sistema.

– Quando você conversou com Pietro a algumas semanas você realmente entendia aquelas perguntas não é – confirmei com a cabeça, eu já havia dito que vivi no sistema quando nos conhecemos, mas não havia me aprofundado no assunto, Cato era o único que conhecia minha historia inteira – Eu sinto muito por ela ter deixado você – ficamos em silencio por um momento – Você chegou a vê-la de novo?

– Não, eu a procurei assim que completei dezoito anos, mas nunca achei. Ela não deixou muitas pistas, achei a casa onde morei fui até lá e ironicamente a vizinha estava lá, ela disse que minha mãe havia se mudado alguns anos depois que meu pai morreu e nunca mais deu noticias, segundo ela minha mãe vivia em constantes crises de depressão e no fim vendeu a casa e foi embora, eu procurei um pouco mais depois disso, então eu vi que nada do que ela me dissesse mudaria o que ela fez, e quando Cato desistiu de procurar a família dele e disse que nós já éramos uma família eu desisti também embora as perguntas estivessem lá ainda, mas depois a Prim nasceu e eu vi que mesmo ela se explicando eu não entenderia, porque nada me faria ficar longe da minha filha.

– Você conheceu o seu ex-marido no sistema? Você me disse que o conheceu quando eram jovens.

– Sim tínhamos treze anos, nenhuma família e pouquíssima chance de adoção naquela idade, ele me defendeu de alguns meninos assim que cheguei em um dos abrigos e não nos separamos mais ele cuidava de mim e eu dele, quando ficamos mais velhos se tornar um casal foi inevitável já éramos uma “família” um para o outro e no final acabamos casando – Cato tinha sido meu porto seguro a única pessoa que ficou ao meu lado tempo suficiente para criar algum tipo de laço, foram mais de dez anos cuidando um do outro entre altos e baixos, eu o amava e confiava tão cegamente nele que teria confiado minha vida a ele sem pensar duas vezes e no final ele me decepcionou, ele não pensava em ter filhos assim como eu e mesmo que não tenha sido um modelo de pai eu sabia que ele amava Prim do jeito dele, havíamos jurado no dia que minha pequena nasceu que ela não passaria pelo que tínhamos passado e uma parte de mim acredita que as dividas de jogos surgiram em uma tentativa frustrada de conseguir um futuro melhor para nossa família, talvez pensar assim fosse besteira e eu estivesse errada, mas é melhor do que acreditar que o menino que foi a única família que tive por tanto tempo se tornou um homem tão mesquinho e egoísta embora não mude o que ele fez ou as mentiras que contou – Obrigada por me ouvir e desculpa se te assustei o inverno costuma me trazer essas recordações e não sei ao certo o porque fiquei assim.

– Não tem problema, eu estou aqui sempre que precisar.

– Acho melhor voltarmos a dormir, esta tarde – ele concordou com a cabeça e desligou o abajur, me surpreendi quando ao deitar ele me puxou para seus braços, embora eu soubesse que o melhor era voltar para meu lado da cama, apenas o abracei mais forte me encaixando perfeitamente em seu corpo, meu corpo relaxou no mesmo instante, por algum motivo me senti segura como se nada pudesse me atingir ali.

– Você não está mais sozinha, somos uma família – ele disse baixinho e beijou o topo da minha cabeça - Boa noite Katniss.

– Boa noite Peeta – fechei meus olhos e deixei o sono chegar e de algum modo eu sabia que ali nos braços dele nenhum pesadelo iria aparecer durante a noite.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que eles estão andando devagar com esse relacionamento, mas já deram alguns passos. O passado da Katniss foi bem difícil e esse capitulo foi mais pra explicar o porque ela tem toda essa fragilidade quando o assunto é confiança e família , e também o porque ela se prende tanto nesse contrato. O próximo capitulo vai ser bem família estou pensando em trazer o Gale pra reunir todos os Mellark. Espero que vocês tenham gostado do capitulo, comentem o que acharam. Até o próximo beijos