Minha Pequena Julia escrita por Tia Stephenie


Capítulo 2
Capítulo 2




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Júlia já tem 3 meses de idade, eu não me lembro da última vez que eu consegui dormir direito.

Apesar do meu poder de dormir rápido é algo muito exaustante.

Lysandre e eu não conseguimos mais ensaiar com frequência, então ele aproveitou o tempo livre para arranjar uma namoradinha. Brincadeira.

Eu não consegui tirar as fotos que tenho de Victória e eu juntos da parede, mesmo me machucando tanto quando eu as vejo.

Eu costumava a chamar de tábua, fazia várias brincadeirinhas com ela, eu sinto saudades de tudo isso. Saudades do tempo que eu ia para escola sabendo que ia ver minha garotinha sorrindo para mim a aula inteira. Saudades de poder bagunçar seu cabelo com vontade. Saudades de tudo.

Eu andei até o berço de Júlia, ela brincava e chutava o ar, ela sorriu para mim. É como se a dor sumisse ao ver Júlia, eu passei a mão em sua cabeça e ela riu mais um pouco e começou a brincar com o ar de novo.

A campainha tocou, abri a porta e Lysandre entrou frustado, Rosalya logo atrás dele.

— Olá para vocês também — Eu falei enquanto fechei a porta, ele bufou e se jogou no sofá.

— Garotas são problemáticas, cara!!!

— Eu não sou problemática! — Bufou Rosalya, balançando o seu cabelo prateado.

— Claro que é! Todas as garotas são! Ai, céus!!!

— O que aconteceu? — Perguntei, me sentando no meio dos dois.

— Você se lembra que Lysandre gostava da Iris? Então. Ela deu um fora nele.

Eu mordi minha língua para não rir.

— Iris? Sério?

ARRGHH!!! — Lysandre bufou, pegou a almofada do sofá e a socou, depois enterrou seu rosto nela.

Rosa passou sua mão no cabelo prateado de Lysandre e depois nas costas.

— Tudo bem meu Lys-fofo, se acalme! Isso tudo vai passar, vamos ao shopping amanhã, vamos paquerar algumas pessoas. Tudo bem?

Lysandre assentiu com a cabeça enterrada na almofada.

— Eu sinto muito, você quer alguma coisa? — perguntei, batendo devagar nas costas de Lysandre.

— Eu gostaria de beber até perder a consciência, mas ai eu teria coma alcoólico, quer saber? Esquece.

Rosalya sacudiu a cabeça de forma negativa, afagou os cabelos de Lysandre e se deitou em suas costas. Se eu não soubesse o que eles são, eu diria que formariam um belo casal.

— Eu acho que devemos jogar algum jogo super violento para você descontar sua raiva — Sugeri.

Ele assentiu com a cabeça ainda enterrada na almofada, eu acho que ele está chorando.

Liguei meu videogame e coloquei o jogo preferido de Lysandre, peguei dois controles e taquei um para Lysandre, ele pegou a manga de sua camisa e passou em seu rosto, pegou o controle e eu criei uma party no jogo.

Eu resolvi deixar Lysandre ganhar de mim, criei uma partida privada no jogo e escolhi a menor tela.

— Vamos bater um xis um?

Eu assenti com a cabeça.

Eu me escondi entre os carros enferrujados enquanto Lysandre passeava pelo mapa, ele me matou uma, duas, três vezes.

Eu andei o mapa inteiro, correndo e andando em círculos atrás de Lysandre, que sempre demorava um pouco para me matar. Ele comemorava cada vez que me matava, fazia uma dancinha e Rosalya batia palmas, mesmo sabendo que eu estava deixando ele ganhar.

Coisa de melhores amigos.

Ele ganhou o xis um, é doloroso, mas bom deixar seu amigo feliz, as vezes.

— Se sente melhor?

— S-sim — ele sussurrou.

Júlia começou a chorar, eu fui para o segundo andar e entrei no quarto. Ela estava chorando diferente, não como fome ou qualquer outra coisa. Era dor.

***

Júlia já está com seis meses, seus cabelos estão cada vez mais loiros e seus olhos mais cinzas.

Eu a coloquei em seu carrinho exageradamente rosa, coloquei seu ursinho ao seu lado e coloquei sua chupeta em sua boca pequenina e exagerada de cor.

Comecei a andar pelo parque, eu vi crianças correndo exageradamente suadas pelos playgrounds, seus pais brigavam com elas e logo se sentavam, cansados de falar sozinhos.

Júlia olhou profundamente para mim, seus olhos brilharam e ela sorriu, mostrando sua gengiva. Eu retribui o sorriso, fazendo com que ela sorrisse mais.

Me sentei em uma banco em baixo de uma árvore, peguei Júlia no colo e a coloquei sentada sobre minhas coxas.

Brinquei um pouco com seus braços, coloquei meu dedão sobre sua mão e ela as fechou, comecei a balançar seus braços e ela riu. Eu incrivelmente me lembrei de Victória, me lembrei do quanto eu amava sua risada, até mesmo sua risada desesperada por oxigênio, eu gostaria de poder fazer cócegas nela até ela ficar roxa, como eu fazia antes.

— Hm... Eu... Eu posso me sentar aqui? — Sussurrou uma voz feminina, ela soava como algo incrível e exageradamente bom de se ouvir.

Eu olhei para a pessoa, uma menina de mais ou menos dezoito anos, cabelos escuros, repicados a partir do queixo que iam até a cintura, olhos de um tom castanho avermelhado escuro.

— Claro.

Ela me observou por dois longos segundos enquanto se sentava, cruzou suas pernas e pegou seu celular. Continuei brincando com Júlia.

— Ela é realmente adorável! — Falou a garota, com sua voz graciosa.

— Ela realmente se parece com a mãe — Eu me encolhi um pouco ao falar a palavra mãe

— Gostaria de ver se ela é tão linda e fofa assim, aonde ela está?

— Meio que — Eu me encolhi um pouco mais — Ela não é mais tão humana quanto antes.

— Oh! — Ela suspirou, soou como sinos — Eu lamento muito.

— Eu também.

Júlia sorriu para a garota, que sorriu de volta.

— Hm... Seu nome? — Ela perguntou, estendendo a mão para mim.

— Castiel — Eu peguei sua mão e a balancei, como pessoas normais fazem.

— Melanie. — Ela sorriu.

— Essa é a Júlia! — Eu apontei para o meu tesouro que agora estava em seu carrinho, brincando com o urso de pelúcia castanho avermelhado, como os olhos da moça.

— Prazer, Júlia. Meu nome é Melanie, está tudo bem comigo sim, obrigada. — A garota fingiu se comunicar com Júlia, incrível, Júlia sorriu e balançou seus bracinhos e chutou o ar várias vezes.

Melanie sorriu de novo, um sorriso torto e sem jeito, dessa vez para mim.

Um sorriso fascinante.

Encantador.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado