Nós passamos literalmente o dia inteiro na loja, pois chegamos em casa quase às 19:00.

Chego em casa extremamente exausta, então subo para tomar um banho. Quando desço, Cassie já está com o jantar na mesa, quer dizer, uma pizza na mesa.

– Pedi portuguesa. Ainda é sua favorita? – pergunta meu pai. Limito-me a apenas balançar a cabeça positivamente.

Comemos em silêncio, e de vez em quando olho “discretamente” para Will.

– O que vai fazer amanhã? – pergunta-me Will.

– Ficar em casa com as suas irmãs. Como sempre.

– Quer ir comigo até o meu trabalho? – dou uma leve engasgada com a pizza quando ele diz isso.

– Ir com você? Mas por quê? – acabo soando mais rude do que pretendia.

– Pra não ficar entocada aqui dentro para sempre – ele responde como se fosse obvio.

– Pode ser bom Ashley. Vá conhecer a cidade – diz Cassie.

– Tudo bem então – digo sorrindo. Eu é que não vou negar um tempo sozinha com Will.

***

Acordo cedo, pois Will sai para trabalhar às 7:30. Quem é o idiota que quer aprender música tão cedo? Troco de roupa e desço para comer.

– Good morning, sunshine – diz Will quando adentro a cozinha.

– Bom dia – digo com a voz ainda embargada pelo sono, o que faz ele rir.

– Waffles? – pergunta.

– Sim, por favor.

Nesse momento, meu pai entra na cozinha.

– Bom dia – ele fala.

– Dia – responde Will, mas eu apenas dou um muxoxo.

Como rápido para não precisar ficar muito tempo junto com meu pai.

– Vamos? – pergunto para Will.

– Por que a pressa? – ele pergunta, tomando vagarosamente um gole do café.

– É que eu mal posso esperar para conhecer seus alunos – digo, pegando a caneca de sua mão e colocando na pia, e em seguida puxo-o pelo braço até a porta.

– Falou, Phil – Will consegue dizer antes que eu quase o derrube pelos degraus da varanda.

Depois de alguns minutos dentro do carro, Will finalmente quebra o silêncio.

– Por que você é tão má com seu pai? – pergunta.

– Eu não sou má – me defendo – Apenas faço o que ele fez comigo durante anos.

– Ash, isso não é justificativa. Você deveria dar uma chance a ele – diz me olhando. Meu Deus, esses olhos azuis… Foco, Ashley!

– Mas…

– Mas nada. Você já parou para pensar que ele deve ter tido os motivos dele? Você não conhece a versão dele da história. Deveria perguntá-lo.

Fecho a cara e não falo com ele até chegarmos.

O local é um prédio baixo de tijolos, mas muito convidativo. Will pega seu violão e entramos.

– E aí, Will? – um garoto com mais ou menos a minha idade anda até nós – Quem é essa? Sua namorada?

– James! Não, é filha do meu cunhado – ele ri da pergunta de James.

– Prazer, gatinha. Sou James – ele vêm até mim, pega minha mão e a beija, como um cavalheiro da idade média.

– Prazer, sou Ashley – respondo rindo.

– Ok, deixa ela em paz agora, James – Will me puxa pelo braço para longe de James, mas posso ver o divertimento em seu olhar.

– Ciúmes, Collins? – diz James.

– De você? Vai sonhando.

Entramos em uma sala e Will deixa seu violão em cima de uma cadeira.

– É aqui que você passa todos os seus dias entediantes? – pergunto, girando para observar melhor a sala.

– Mais entediantes que os seus comprando vestidos para casamento? – ele chega mais perto, arqueando uma sobrancelha.

– Touché!

Ando pelo pequeno espaço da sala e pergunto:

– Mas então, você dá aula pro Gasparzinho?

– Não – ele ri – mas meus alunos só chegam a partir 9:00.

– Então por que diabos você me fez acordar tão cedo!? – falo indignada.

– Hum… - ele põe a mão no queixo, como se estivesse pensando – Gosto de ver os outros sofrerem.

– Seu… - não termino a frase e vou até ele e começo a dar-lhe tapas, mas ele começa a rir. Rir não, gargalhar.

– P-para – diz ele, quase se engasgando de tanto rir – Ashley! – ele diz isso e segura meus pulsos.

Fico estática. E então, ele começa a aproximar seu rosto do meu e…