Quarta-feira. Como sei disso? Cassie está gritando do andar de baixo para eu acordar, porque ela não queria se atrasar para chegar à loja.

Visto-me e desço para tomar café. Cassie olha a cada dois segundos para o relógio, o que deixa Jenn visivelmente irritada.

– Cassie! Senta essa bunda na cadeira e deixa a gente comer que o vestido não vai fugir!

– Mas e se comprarem o mais bonito antes de chegarmos lá? – ela fala preocupada.

– São oito da manhã. A loja só abre às nove. A não ser que a pessoa arrombe a loja para pegar o vestido, não há perigo algum – Jenn diz, colocando uma bolacha na boca.

Cassie continua ansiosa, andando de um lado para o outro, então decidimos que vamos terminar de comer no carro, para que ela pare com esse afobamento.

– Ashley, você não estuda? – pergunta Jenn, pouco tempo depois de sairmos da garagem.

– Me formei 2 meses atrás.

– Planeja fazer faculdade?

– Ainda não sei. Estava pensando em fazer engenharia, mas ainda não tenho certeza.

– Você foi aceita em alguma? – ela diz, parecendo realmente interessada.

– Princeton e Brown.

– Parabéns! Sei que deve ter sido muito difícil.

– Mais difícil do que Yale? Afinal, por que Will não aceitou? – pergunto.

– Alguém realmente sabe o que se passa na cabeça dele? – Cassie diz, virando-se para mim, e nós três rimos.

– Eu conheço ele a pouco tempo, acho errado rir dele – digo, mas, mesmo assim, continuo rindo.

– Não se preocupe, muitas pessoas riem dele sem ao menos o conhecerem, pelo simples fato dele ser um tonto – fala Jenn, revirando os olhos.

Chegamos à loja, e Cassie praticamente pula para fora do carro. Entramos e o que vejo me deixa embasbacada.

Há dezenas, centenas, milhares de vestidos de noiva. Não apenas de noiva, também de madrinha e daminha.

Cassie parece à beira de um ataque. Ela simplesmente não sabia para que lado ir. Finalmente uma moça de uns vinte e poucos anos vêm até nós.

– Bom dia, sou Jessica. Marcaram horário? – ela diz. Bem direta.

– Ah, sim. Liguei na segunda – responde Jenn.

– Muito bem. Me sigam – ela se vira indo até o outro lado da loja – que por sinal, é gigantesca – onde há uma mesa, pegando uma fita métrica na gaveta.

– Vamos tirar as medidas? – ela diz, chegando perto de Cassie. Ela levanta os braços, permitindo que Jessica passe a fita ao redor de sua cintura.

– Já tem uma ideia de como quer seu vestido? – pergunta Jessica, então Jenn me arrasta para outro lugar.

– Se ela vai escolher o vestido dela, acho melhor escolhermos o nosso – ela abre um sorriso enorme.

– Cassie te contou que me convidou para ser madrinha, não é? – digo levantando uma sobrancelha, mas, na verdade, estou achando o entusiasmo de Jenn hilariante.

– Sim! Aceita, vai. Será legal – ela diz fazendo biquinho.

– Jenn! Assim não vale! Fazer essa carinha não vai me convencer – digo, fingindo ser durona.

– Então… que tal isso? – ela vem até mim e começa a fazer cócegas na minha barriga.

– Não! Para! – grito igual uma doida dentro da loja, fazendo com que algumas pessoas me olhem torto. Hipócritas. Como se nunca tivessem gritado em um lugar cheio – Ok, eu aceito, mas só pra você parar com isso – digo, fazendo cara feia.

– Eba! – ela bate palmas de uma forma muito infantil, fazendo-me rir.

Pensando bem, é muito idiota eu ter aceitado se madrinha da Cassie apenas porque a irmã dela me fez cócegas, mas eu sempre fui muito “sensível” em relação a cócegas, era só alguém ameaçar que eu já ria descontroladamente e aceitava qualquer proposta.

Lembro-me que meu pai sempre brincava assim comigo, e quando ele foi embora, senti falta das coisas mais banais.

– Ashley? Você está bem? – pergunta Jenn preocupada, vendo minha expressão.

– Ahn? Ah, sim. Estou ótima – minto – Então, vamos ver os vestidos?