Os Seguidores De Anúbis 3. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 27
A vingança é algo quente.


Notas iniciais do capítulo

OI OI OI.
GENTE, A SUMIDA VOLTOU, NO CASO A SUMIDA SOU EU!
Cara, eu poderia dar mil explicações para vocês ( Fim da escola, formatura, Enem, etc etc) mas vou poupa-los desse blablabla e ir direto para o que interessa. Claro, que antes vou dar mais uma falada...
Enfim, primeiramente queria contar à vocês meu novo projeto. Estou revisando TODAS as temporadas de SDA. Faz algum anos desde que eu comecei a escreve-la ( cinco, para ser mais exata) e minha escrita era muito precária e os erros gramaticais e outras coisas estavam me incomodando muito! Então resolvi começar uma revisão, mas fiquem tranquilos, não vou de forma alguma mudar a história. O intuito da revisão é arrumar erros gramaticais e incoerências dá história. Mudei a capa dá primeira temporada também, quem quiser ir dar uma olhadinha fique a vontade e aproveite para reler a fic. Não sou nenhuma Beta profissional, mas estou tentando fazer o meu melhor, e consegui betar até o capítulo 6 dá primeira temporada.
Queria também agradecer a mdsadfg que recomendou a fanfic ontem! Obrigado LINDA, VC É DEMAIS!.
Fiquei tanto tempo fora que não me lembro o que se passou nesse período gente, então se você também recomendou e eu não agradeci POR FAVOR, me lembrem!
Um último aviso é que a fic está em sua reta final, então aproveitem para mandar seus reviews agora!
É só isso, pessoas, boa leitura e até mais ❤❤❤



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PDV HÓRUS.

Chequei meu celular pela milésima vez, suspirando pesadamente quando não vi nenhuma ligação de Kebechet. Eu já havia ligado para ela umas 30 vezes, e em nenhuma ela me respondeu.
Eu já começava a me sentir desesperado, com milhões de hipóteses enchendo minha cabeça. Natália não estava sobre proteção de Rá, estava livre para fazer o que quiser, até mesmo sair caçando Kebechet, e eu tenho certeza que a filha de Anúbis aceitaria qualquer proposta que fizesse possível a morte da Ramsés.
A sala do trono estava praticamente vazia. Apenas eu, Osíris, Rá, Kepri e Hapi estávamos ali, o que era muito esquisito considerando que a sala estava sempre movimentada.
Meu nervosismo não parecia estar sendo notado por ninguém, afinal, todos os deuses presentes no salão de reuniões estavam tão tensos que minha presença ali não parecia ter significância nenhuma.
Desde a expulsão de Natália do Duat as reuniões ficavam cada vez mais vazias. Nenhum deus tinha realmente acreditado que a garota não era a verdadeira salvadora do Duat, mas nenhum deles eram corajosos o suficiente para contradizer o deus do sol.
Eu realmente desejava que alguém trouxesse notícias de Natália. Não saber o que ela planejava, o que estava fazendo era muito angustiante. Eu não podia fazer nada, havia jurado a Kebechet que não me meteria nessa briga.
Sim, eu sei. Foi a frase mais egoísta que eu já falei em toda minha milenar vida e não me orgulho nada disso.
Natália e Kebechet eram como duas chamas em meu coração, me incendiando. Porém, a chama de Kebechet me abraçava, ardia em mim e a de Natália estava por um triz de se apagar…
— Sr. Rá...-Chamou Osíris, vacilante.
Meu pai tinha ensaiado muitas vezes sair de seu trono, onde estava inquieto, assim como eu.
Rá conversava amistosamente com Hapi, que parecia muito satisfeito com o clima mórbido da sala dos deuses.
O deus do sol se virou para meu pai, e pude ver uma pequena parte de sua calma se esvaindo.
— por que está me olhando com essa cara, Osíris?
— Sr. Rá, eu entendo que tenha se irritado com Natália, mas não é possível que não esteja sentindo esse clima... - Falou Osíris.
— O clima parece ótimo para mim, Osíris. - Comentou Hapi, olhando meu pai com desgosto.
Eu não acreditava que Rá não estava vendo o que estava acontecendo. Se o Maat se enfraqueceu ainda mais quando Amón morreu, tudo pareceu piorar quando Natália se foi.
Pequenas rachaduras se espalhavam pelo teto da sala dos deuses. Eram quase invisíveis, mas ainda sim estavam lá, como um sussurro de que a qualquer momento tudo poderia desabar em nossas cabeças.
— Não comece essa discussão novamente, Osíris. Natália escolheu o próprio destino. Cavou sua própria cova...
— Não pode ignorá-la desse jeito, sr. Rá! Sabe que ela é a escolhida. Tem uma parte sua dentro dela! Como ela poderia viver com isso se não fosse a verdadeira salvadora?
— Ele sabe de tudo isso, Osíris, nem tente. - Falou Kepri. - Isso não muda os fatos, muda?
Rá olhou mortalmente para Kepri, que sorriu para o deus, fingindo falsa inocência.
Eu encarei o deus escaravelho.
De todos os deuses Kepri era o que eu menos conhecia. Eu não conseguia entendê-lo... Foi ele quem praticamente expulsou Natália do duat, e agora parecia estar jogando isso na cara de Rá. Ele era confuso. Jogava nos dois times.
Rá crispou os olhos de repente, olhando furioso para a porta de entrada.
— Ele não fez isso... - Murmurou entre os dentes, na mesma hora que a porta do salão era escancarada.
Anúbis, Rakel e Khonsu adentraram o salão, ofegantes.
Rakel olhou por todos os lados, parecendo procurar algo, enquanto Anúbis dava um passo para frente, parecendo desesperado.
— Onde ela está?! - indagou, encarando Rá.
O deus do sol se inclinou.
— Onde quem está?!
— Você sabe! Onde Natália está?! - Questionou Anúbis, soando tão rude que tive medo de Rá fulmina-lo naquele momento.
Comecei a me levantar de meu trono, mas Khonsu foi mais rápido, tocando os ombros do Chacal, tentando acalmá-lo.
— Era eu quem deveria estar perguntando isso! - Rosnou Rá em resposta, olhando incrédulo para os três recém chegados. - Me desobedeceram, novamente! Anúbis, você...
— O que aconteceu?! - Questionou Osíris.
— A Natália sumiu! - Respondeu Rakel, soando aflita.
Todos se viraram para ela.
— O que? - Questionei.
— Natália... ela estava comigo. - Falou Anúbis, fazendo-me encará-lo.
Resisti ao impulso de perguntar o porquê deles não terem me contado isso, deixando-o continuar.
— Ela dormiu no castelo, mas não havia sinal dela quando amanheceu…
— Traiu as ordens de Rá, Anúbis? - Indagou Hapi, incrédulo.
Kepri riu.
— Não fique tão surpreso, Hapi. Estava demorando mesmo para isso acontecer...
— Calado Kepri!- Ordenou Rá. - Vocês... realmente... vocês não aprenderam nada?!
— Desculpe sr. Rá, mas não podíamos abandoná-la. Natália estava na rua, sozinha, não podíamos simplesmente ignorá-la!- Retrucou Khonsu.
Senti um gosto amargo invadir minha boca.
—Isso não importa! Estamos falando que ela sumiu e só pensa em suas ordens!-Protestou Anúbis. - Sabe que ela pode estar em perigo, precisamos fazer algo!
— Sabem que ela pode estar com problemas, por que continuam não querendo ver a verdade? Natália é a salvadora! Eu sei! - Exclamou Rakel.
Hapi soltou uma risada debochada.
— Só me faltava essa... outra mortal insolente.-Resmungou o deus do nilo.
— Ela pode estar com problemas, docinho, mas isso não muda que fui exilada.- Falou Kepri, despreocupado.
— Mas ela é ligada a Rá, pode rastreá-la não pode? - Indagou Anúbis.
O deus do sol o avaliou com o olhar.
— Não, eu não a sinto desde que ela se foi… - Respondeu. - Apenas senti resquícios de seu poder espiritual em você, quando chegou. Não tenho o que fazer e mesmo se tivesse eu não o faria.
— O senhor não entende... Ela estava na chuva e passando fome! Não podíamos deixá-la lá! - Argumentou Rakel.
— Quieta, mortal. Não ouse se dirigir a Rá dessa maneira!- Censurou Hapi.
Khonsu o encarou mortalmente.
— E você não ouse tratá-la dessa maneira. Rakel pode ser mortal mas é minha. Então não se dirija a ela assim!
— Oras, Khonsu, você...- Começou Hapi, mas Rakel o cortou.
— Parem! - Gritou. - Minha melhor amiga sumiu! Ninguém vai mesmo tomar providências?!
Como uma resposta a porta da sala se escancarou, batendo fortemente na parede, causando um estrondo.
Me virei ansioso para ela, vendo Nefertum entrar correndo, com um olhar assombrado.
— Temos problemas! - Falou, parando no meio de todos.
— Se for sobre o sumiço de Natália já sabemos. - Falei.
Khonsu virou-se para mim de cenho franzido. Eu conseguia ver em seus olhos as perguntas que ele estava se fazendo mentalmente: Por que Hórus está tão calmo? Por que ele não está fazendo um escândalo como geralmente fazia?!
Desviei os olhos dele, apenas voltando -me a Nefertum com um suspiro.
O deus dos perfumes se virou pra mim, arregalando os olhos.
— O que?! - Questionou.
— Natália estava comigo. Ela sumiu. - Falou Anúbis.
Nefertum negou com a cabeça.
— Ela também não... - Grunhiu, passando a mão desesperado pela cabeça.
— Também? - Repetiu Rá. - Nefertum, o que aconteceu?
— Meu senhor, Natália me pediu para ir até a casa da vida falar com as crianças do exército e...
— Como é?! - Cortou Rá. - Você também quebrou minhas regras?!
— Sr. Rá, o senhor não compreende! As crianças também sumiram. - Falou Nefertum com a voz trêmula. - Todos... Mel, Max, Piatã e os gêmeos!
— O que disse?! - Indaguei.
— Explique isso direito, Nefertum! - Ordenou Rá, soando preocupado pela primeira vez ao dia.
— Sim. Eu fui visitá-los na casa da vida e me disseram que eles saíram para treinar e não voltaram mais. Estão sumidos há dois dias!
Senti as batidas de meu coração aumentando.
Era óbvio que Kebechet tinha algo a ver com isso.
Liguei meu celular discretamente, voltando a chamar Kebechet. Dessa vez a ligação não se completou, e em seguida uma mensagem apareceu:
" Estou me vingando. Nos falamos mais tarde, você terá uma grande surpresa! "
Engoli em seco, olhando para todos ali. Estavam tão aflitos, em busca de respostas e eu as tinha. Mas não podia contar.
— Traidores, são todos traidores! Rá, não deve aborrecer-se com isso! O sumiço desses seis foi um presente de maat! - Exclamou Hapi.
— Como pode dizer isso, Hapi? - Indagou Osíris. - São só crianças!
— Eu estou com um mal pressentimento. - Murmurou Rakel, sendo abraçada por Khonsu.
Anúbis respirava fundo, com dificuldade, como se estivesse se controlando. Desde que voltamos ao Egito meu irmão fazia isso, esforçava-se para não sucumbir aos sentimentos.
— Temos que avisar os outros. Ísis, Nut, Geb... Temos que procura-los! - Falou Nefertum.
— Não vou participar disso. - Murmurou Rá, incerto.
— Sr. Rá, por favor!- Implorou Nefertum. - precisamos do senhor e... - O deus foi cortado por um som estridente. Ele tirou o celular do bolso.
— Quem é?! - Indagou Rakel, olhando ansiosa para Nefertum.
O deus atendeu o telefone enquanto uma nuvem de apreensão pairava em cima de todos.
— Alô? - Indagou o deus dos perfumes, colocando o celular no viva voz.
A resposta demorou alguns segundos.
— Olá, é o senhor... Nefertum? - indagou uma voz masculina, totalmente desconhecida.
— Sim... - Respondeu Nefertum vacilante.
Um suspiro soou do outro lado da linha.
— Bom... Eu falo em nome do instituto médico legal. Precisamos que o senhor venha reconhecer um corpo. - Murmurou o homem. - Seu número foi o único que conseguimos contatar na agenda da pessoa.
Nefertum gemeu, enquanto os olhos de todos se arregalavam.
Me aproximei do grupo, sentindo cada centímetro de meu corpo se contraindo.
— Quem? Quem... vocês acharam?! - Indagou Nefertum.
— Não achamos nenhuma identificação junto. Temos apenas a descrição de pessoa. -Houve uma pausa e um barulho de papéis. - Hm... Indivíduo do sexo feminino, cabelos loiros cortados curto e olhos verdes. Isso é familiar? - Questionou.
Senti uma ligeira náusea me atingindo. Não... aquilo não era possível.
— Não...- Gemeu Rakel, escondendo o rosto nos ombros de Khonsu.
— deuses… - Murmurei.
Então, essa era a surpresa de Keb...
— Sim, é... - Sussurrou Nefertum com a voz embargada.
Rá escorregou alguns centímetros por seu trono, ficando pálido quase instantaneamente.
— Certo. Então, peço que venha o mais rápido possível liberar o corpo. Eu sinto muito por sua perda.
— Como ela morreu?! - Quis saber Nefertum, as primeiras lágrimas rolando pelo rosto bem afeiçoado.
Osíris colocou as mãos nos ombros do deus, com pesar.
— Bom, o corpo foi encontrado na beira de um lago. Tudo aponta afogamento. - Respondeu o homem. - Olhe, não podemos mais te dizer mais nada. Por favor, venha liberar o corpo.
— Eu... eu vou. - Grunhiu Nefertum, desligando o celular.
Um silêncio instalou no lugar e tudo que podíamos ouvir era os soluços de Rakel.
Khonsu estava com os olhos fechados, apertando a namorada em um abraço. Anúbis estava parado, paralisado.
— Bem eu... - Começou Hapi.
— Não fale! - Gritou Anúbis, apontando ferozmente para o deus. - Não é ela. Tenho certeza que não é!
— As descrições... meu número de telefone... Como não poderia ser? - Indagou Nefertum.
— Só há um jeito de saber e não é ficar discutindo aqui. - Falou Osíris, olhando para Rá.
O deus tinha os olhos perdidos, franzidos, como se visse algo muito errado acontecendo.
— Vão agora, e me mandem notícias assim que virem o corpo. Eu preciso falar com Tot.- Murmurou o deus, sumindo em uma névoa dourada.
— Hórus, Anúbis e Nefertum, venham comigo. - Ordenou Kepri, abrindo um portal para o Brooklyn.
— Por que eu... - Comecei, mas achei que todos desconfiariam caso eu recusasse, então assenti.
Anúbis engoliu em seco, olhando-me e juntos fomos para dentro do portal.

PDV AUTORA.

Natália acordou com a cabeça doendo e a visão embaçada. Tentou se mexer, porém, percebeu que estava com os pulsos e os calcanhares presos em uma cadeira de metal.
— Droga...- Gemeu com dificuldade.
Sua língua parecia pesar 100 quilos, junto com o corpo, que estava dormente.
Ela não reconhecia o lugar onde estava. Ao todo, parecia um galpão de uma fábrica abandonada, com paredes feitas de metal e o chão empoeirado. Também tinha uma grande quantidade de caixas de madeira, cordas e barris de ferro espalhados pelo lugar, que apesar de pequeno, era assustador.
— Merda, alguém me solte! - Berrou, se balançando tanto que acabou caindo para trás com as pernas pra cima, sentindo as costas bater com força contra o encosto da cadeira.
Natália gemeu baixo, fechando os olhos por um momento.
— Parece que o efeito das drogas passaram, Kebechet. - Comentou uma nova voz, que fez cada pelo do corpo de Natália se arrepiar.
Ela nunca esqueceria aquela voz, independente de quanto tempo se passasse.
Alguém a segurou pelos tornozelos, forçando-a para baixo, voltando a levantar cadeira.
— Olá, querida. - sorriu Apófis.
— Sua cobra maldita... o que acha que está… - Natália foi cortada quando Set surgiu por trás dela, enfiando uma seringa em seu pescoço.
A Ramsés arfou, arregalando os olhos
— Desculpe, querida... São as regras do jogo de hoje. - Sussurrou o deus do mal no ouvido de Natália.
A garota tentou xingá-lo, tentou se debater, mas o líquido grosso da injeção entrava em seu corpo, parecendo levar consigo toda sua mobilidade.
Natália pensou que fosse desmaiar novamente, porém, isso não aconteceu.
Ela estava consciente, podia ver e ouvir tudo que acontecia ali, mas seu corpo não respondia a seus estímulos. Era como se tivesse ficado paralisada do pescoço pra baixo, nada mais a obedecia, nem mesmo conseguia falar direito sem sentir um enorme cansaço.
Natália olhou furiosa para Set e Apófis, que ainda pareciam espectros, porém, ela podia senti-los ali.
— Olhe só, parece que nossa baby bitch acordou! - Exclamou Kebechet, adentrando o galpão.
— Sua… vaca… - Cuspiu Natália a seguindo com o olhar, enquanto a deusa se aproximava, com um sorriso irônico nos lábios.
A Ramsés tentou tentou se mexer, mas absolutamente nada em seu corpo a obedeceu, e isso pareceu deixar os três deuses em sua frente ainda mais deliciados.
— Bem vinda ao meu show de horrores, Natália. - a deusa sorriu ainda mais. - Ou melhor, o seu show de horrores.
— Isso vai ser interessante. - Comentou Apófis, olhando entretido para Natália, que encarava Keb, sem sequer piscar.
— Quer saber por que está aqui, não quer? - Indagou Kebechet, mas não esperou uma resposta para continuar. - Achou que iria matar Amón e tudo ficaria por isso mesmo?! Oh, céus, você é tão burra! Voltou ao duat quando teve chance de fugir. Ficou no castelo do meu pai e voilá! Agora está aqui, comigo... Vai participar da minha doce vingança!
Natália a encarou com ódio, os olhos faiscando.
— Sabe que eu odeio seus joguinhos, Kebechet… me diga o que quer! - Rosnou a garota, sua voz soando fraca e baixa pelos efeitos que a injeção lhe causava.
— Tragam eles! -Ordenou Kebechet alto, fazendo eco pelo enorme galpão.
Ela sorriu, olhando provocativa para Natália, que seguiu seu olhar com receio.
Kebechet virou-se de costa para a garota, caminhando em direção aos espectros de Set e Apófis, que arrastavam algo na direção da deusa.
Quando viu o que era Natália quis gritar, invocar o poder de Rá e lutar, mas nada aconteceu, continuou parada, olhando desesperada para Piatã, Max e os gêmeos de seu exército, que se debatiam, tentando se soltar dos deuses.
Natália passou os olhos pelos quatro, não encontrando Mel em lugar nenhum, rezando para que a garota tivesse fugido e conseguido pedir ajuda.
— Oras seus… me soltem! - Gritou Arthur. — Onde está a Mel?!- Indagou Heitor, preso aos braços de Set.
— Eu vou acabar com vocês… vou matá-los!- Rosnou Mike, chutando debilmente o ar.
Apófis lançou um sorriso de escárnio a eles, soltando os garotos no chão.
Piatã foi o primeiro a perceber a presença de Natália ali, arregalando os olhos.
—Natália…!- Arfou, cerrando os punhos. Max seguiu seu olhar, olhando indignado para a sua superior presa vegetativa em uma cadeira.
Natália sentiu náuseas, quando sentiu o nervosismo se espalhar por todo seu corpo, sem conseguir sair.
Ela virou - se para Kebechet.
— O que é isso?! Solte-os, agora! - Ordenou, mas sua voz não soou alta o bastante para ter o efeito desejado.
Set sorriu.
— Malditos, o que fizeram com ela?!- Questionou Max aos berros.
Kebechet lhe lançou um olhar censurador.
— São tão barulhentos quanto achei que seriam… porém, fiquem calmos. - Ela sorriu para Natália. - Nossa salvadora do duat está bem. Só está paralisada por um tempo…
Kebechet cruzou os braços, olhando os garotos com humor.
— Sabe, queremos apresentar um show a ela e aos queridos deuses do duat e vocês, exército de Rá, serão nossos atores. Natália será a plateia que contará a todos sobre o espetáculo que acontecerá aqui. - Falou Apófis, enrolando um pedaço do cabelo de Piatã em seu dedo fino e pálido. O garoto repudiou, olhando o deus do caos com raiva.
Natalia trincou o maxilar, olhando Kebechet como se pudesse fulminá-la.
Podia sentir o poder de Rá correndo por suas veias, pulsando em seu corpo mas ela não conseguiu liberá-lo.
Kebechet parecia ler os pensamentos de Natália, voltando-se a garota.
Ela abaixou-se até que pudesse sussurrar o que quisesse ao pé do ouvido da Ramsés.
— Eu sei o que está pensando. “ me solte, Kebechet, lute comigo, deixe minhas crianças em paz!”, mas não. Hoje não. Os deuses não te destruiriam do cargo de “ escolhida do duat”? Pois bem, eu e você os faremos se arrepender. Por isso te deixei assim, impotente e inútil, como eles te denominaram.
Natália Grunhiu, apertando tanto os dentes que podia sentir gosto de sangue na boca.
— Mas fique tranquila, sua vadia… eu sei que você é a escolhida. Sei que tenho que lutar contra você em batalha para que eu consiga o poder que tanto quero, então relaxe. Não vou te machucar. Não hoje.
— O que está fazendo?! - Indagou Arthur. - Nos solte e lute como um deus digno! Somos o exército de Rá! Vamos acabar com vocês!
— Hoje não. Hoje faremos diferente.- Kebechet olhou para Set. - Leve os gêmeos.
— O que?! Não!- Exclamou Heitor, enquanto Set o puxava junto com o irmão para fora do galpão.
— O que vai fazer, Kebechet, deixe-os. - Implorou Natália, sabendo que a deusa podia ouvi-la, mas kebechet a ignorou.
— Aonde nós vamos?! Droga, Natália!- Gritou Arthur.
A garota o olhou com aflição, odiando- se por não poder ajudá-los.
— Solte eles! Solte agora!-Gritou Max.
— São só crianças, Keb. Não faça nada com eles!
— Mas que droga! Querem saber onde vocês vão?! - Indagou Set. - Vocês já ouviram a expressão “banho de sangue?” Pois bem, vão descobrir o sentido literal da coisa. -Revelou.
Os gêmeos arregalaram os olhos, tentando se soltar, mas sem sucesso. Max e Piatã tentaram avançar, tentaram se soltar, mas Apófis os empurravam cada vez que eles tentavam.
Set sorriu cruelmente uma última vez, antes de sumir com os garotos por uma porta grande de correr, fechando-a com um estrondo que fez o coração de Natália quase parar.
— Bem, e agora Kebechet? O que pretende fazer? - Questionou Apófis.
Kebechet olhou para Natália, que sentia tanta raiva e desespero que conseguiu enfiar as unhas nos braços da cadeira com dificuldade.
— Irei começar a fazer Natália Ramsés pagar por todo seu pecado. - Declarou Kebechet.
A deusa olhou no fundo dos olhos da Ramsés.- Nosso clímax está chegando. Sabe disso não sabe? Você e eu logo teremos um fim... E tudo começa agora.- Ela sorriu, tocando o rosto paralisado de Natália. - Irei fazê-la se arrepender de ter nascido. - Falou, antes de virar o rosto da garota com um tapa.
Natália sentiu a bochecha formigar, mas sabia que só sentiu aquilo por causa do medicamento que injetaram nela. O tapa tinha sido forte o bastante pra criar um hematoma.
Conseguiu voltar o rosto no lugar com dificuldade, olhando para Kebechet por cima dos olhos.
— Hm... é uma pena que não tenha sentido isso. - Lamentou- se Kebechet, virando-se logo em seguida. - Apófis, conte a história. - Ordenou, afastando-se um pouco.
O deus do caos sorriu, olhando Natália com divertimento.
— Quero que saiba, doce Natália, que só estou fazendo isso pois ainda sou controlado por Kebechet. Você sabe que não é do meu feitio ser melancólico, mas tenho certeza que será tão divertido para mim quanto para você.
O deus do caos suspirou, piscando os olhos esbranquiçados e assustadores.
— Me lembro do dia em que fez 16 anos... céus, você era uma criança adorável. Eu sonhava com o dia em que podia olhá-la nos olhos e mata-la, porém, isso não aconteceu, infelizmente. Sabe... eu sinto falta do gosto de seu sangue.- Revelou Apófis.
Natália semicerrou os olhos, apreensiva. Trocava sua atenção de Apófis para Kebechet a cada segundo, tentando adivinhar o que eles estavam tramando.
— Mas que droga você está falando?!-Indagou Max, chamando a atenção de todos.
Apófis sorriu.
—Ah! Você… Você pode me ajudar a contar minha história. - O deus do caos agarrou Max pelo pescoço, mesmo com os protestos do iniciado de Rá.
— Solte-o! - Ordenou Piatã, tentando queimar a corda que o prendia com suas habilidades, mas logo viu que elas estavam enfeitiçadas.
Apófis ignorou o segundo garoto, focando-se em Max, apertando tanto o pescoço dele que o garoto começava a sufocar.
— Não ouse machucá-lo, Apófis!
— Ele me lembra aquele outro menino seu amigo, Natália. Como era mesmo o nome dele? Hmm, Mike?-
Os olhos de Natália se arregalaram, fazendo Apófis rir.
— Sim, eu me lembro dele... Eu o matei.
— Pare...
— Você não lembra como foi, não é mesmo? Estava festejando seu aniversário com seus familiares enquanto seu amigo salvava aquela outra garota da morte. Ele foi corajoso… Pulou na frente dela quando eu estava pronto para enfiar minhas presas nela. - O deus do caos sorriu e uma gota de seu veneno escorreu pelo canto da boca. - Quer que eu te mostre como foi?
— Não…! - Gritou Natália o mais alto que conseguiu.
Apófis arqueou as sobrancelhas.
— Olhe só, o efeito do remédio está passando rápido.
— Eu vou acabar com vocês, juro que vou acabar com vocês!
O deus do caos riu.
— Desculpe, querida, não consegui ouvir. -Falou Apófis, antes de cravar os dentes com força no pescoço de Max.
O garoto gritou, e seu grito soou junto com os de Piatã, que mais que nunca lutava para se libertar.
Natália gemeu, desesperada, forçando seu corpo a obedecê-la mas ele não o fez.
Os olhos de Max reviraram e Apófis o largou.
O garoto caiu no chão, mole, e com uma ferida fumegante no pescoço.
—Não... Não... NÃO! - Natália pareceu desengasgar-se, não conseguindo tirar os olhos da cena. Sua ficha caiu aos poucos e ela enfim entendeu qual era o objetivo daquilo tudo. Ela havia tirado alguém de Kebechet, e ela iria fazer o mesmo com ela. — Querida, sua voz está perfeita! -Exclamou Apófis. - É uma pena Max não estar mais vivo para ver isso...
— Pare com isso, pare agora! - Ordenou Piatã. - Max!
— Ah, ainda tem mais um... será que eu...
— Não. - Cortou Kebechet. Ela olhou para Natália. - Eu faço isso.
Piatã não a olhou, continuou encarando o corpo de Max, desolado.
Natália nunca tinha o visto assim, o garoto sempre foi seu aprendiz mais sério e frio mas que agora chorava pela morte de seu amigo.
— Kebechet… - Começou Natália, com a voz fraca, porém, ela se calou com o olhar que a deusa à lançou.
— O que? Vai implorar agora? Vai implorar pela vida de seu pupilo quando você sequer considerou deixar Amón vivo?! Você o odiava antes mesmo de o conhecer, e tudo porque ele estava do meu lado. O lado "mal" segundo vocês... Eu não vejo assim.
— Lute comigo! Seja digna e lute! - Gritou Piatã, mas Kebechet não o deu ouvidos.
— Por favor, não faça isso! - pediu Natália, os olhos marejando ao assistir, mais uma vez, seus amigos morrendo por ela. Era uma dor insuportável.
— Irei mata-lo. Irei mata-lo da mesma forma que você matou Amón. Irei tirar todos que ama de você, Natália Ramsés... eu vou tirar sua vida! - Kebechet passou a mão pelo ar e um machado, idêntico ao que Natália tinha usado para matar Amón apareceu na mão da deusa.
Natália gritou, enquanto Kebechet se aproximava de Piatã.
O garoto engasgou com as próprias lágrimas, lutando em vão contra as cordas que o prendiam. Ele respirou fundo, lançando um olhar sério na direção de Natália.
— Não olhe. - Implorou. - Pelo amor dos deuses, não olhe!
— Piatã! - Gritou Natália.
Kebechet rosnou enquanto a Ramsés se forçava a desviar os olhos daquela cena, porém, ela não conseguiu e assim, ela viu a filha de Anúbis separar a cabeça de Piatã de seu corpo.
— Céus… - Suspirou Apófis.
Natália chorou, soluçando em meio a ânsias de vômito.
Ela não acreditava que tinha acontecido novamente. Quase todos seus amigos estavam mortos por causa dela. Mortais que lutaram ao lado dela e por ela mortos.
— Não....-Implorou baixo, sentindo o coração dilacerado mais uma vez.
A porta do galpão bateu novamente e Set entrou no lugar eufórico.
Estava quase todo coberto de sangue.
— O que? Eu perdi o show todo? - Indagou.
— Vão embora. -Ordenou Kebechet friamente a ele e Apófis, que obedeceram sem mais escolhas.
Só restaram ela e Natália no lugar, que agora estava morbidamente silencioso.
A deusa caminhou até Natália, forçando-a a olhá-la novamente.
— Vai se arrepender tanto… - prometeu Natália.
— Você vai. - Retrucou.- Mas fique tranquila, Ramsés... sua dor ainda está no começo. A próxima tacada arrancará toda sua esperança, pode apostar. Vai implorar pela sua morte. -Falou Kebechet.
— Não vai conseguir…
— Não? Então vamos apostar. - Falou Kebechet antes de tocar a garota Ramsés bem onde Set tinha dado a injeção.
Natália sentiu as pálpebras pesadas e a visão embaçando novamente. Piscou os olhos algumas vezes antes de não conseguir abri-los novamente.

PDV ANÚBIS.

Eu havia acordado bem, dentro possível, me sentia terrivelmente culpado, mas não podia negar que junto a culpa algo feliz acalentava meu coração depois do beijo de Natália.
Era tão errado… eu sabia que não tinha o direito de querê -la. Sabia que seu coração mortal não podia ser meu, mas mesmo assim o destino parecia não me dar escolhas, ainda que eu fosse um traidor em potencial do amor de minha vida.
Mas, mesmo pensando nisso, quando eu acordei havia algo no ar. Era algo ruim. E em poucos minutos depois eu sabia exatamente o que era: Natália não estava em nenhum lugar do castelo.
Eu não sabia como, ou quando, mas ela havia sumido sem sequer dar satisfações. Nem mesmo Rakel sabia onde a garota estava. Sua cama estava intacta, e não havia sinais de seu poder espiritual em lugar nenhum.
Agora eu sabia o que era... me recusava a acreditar mais ainda sim sabia que aquilo era uma possibilidade. Natália poderia estar morta.
Nefertum foi o primeiro a saltar do portal, saindo direto em um beco vazio do brooklyn.
Fui o próximo, sentindo minhas mãos tremendo. Hórus e Kepri vieram logo atrás.
— Onde... Onde estamos? - perguntou o deus do perfumes, parecendo deslocado.
Eu não o culpava por estar tão abalado, eu também estava a um passo de ter um colapso.
— Em um beco... - Falou Kepri óbvio. - Venham comigo.
Nós atravessamos algumas ruas, chegando a uma avenida movimentada.
Nefertum andava rápido, quase ultrapassando o deus escaravelho, enquanto eu e Hórus nos mantínhamos atrás.
Hórus não havia falado nada até agora, o que eu achei estranho. O deus da guerra não parecia nervoso, e sim ansioso e um pouco preocupado, mas não preocupado o suficiente para aquele momento.
Eu não podia julgar seus sentimentos, afinal era claramente perceptível seu afastamento de Natália, e não só dela, de todos nós... mas mesmo assim... algo estava errado.
Olhei para Hórus, mas não tive tempo de falar nada. Kepri parou na frente de um grande prédio, se dirigindo a porta do lugar.
— É aqui... - Sussurrou Nefertum, olhando para o prédio como se visse um assassino em sua frente.
Hórus se mexeu, inquieto.
— Vamos entrar. - Murmurou.
Adentramos o prédio, parando na entrada.
O lugar estava quase vazio, a não ser por uma recepcionista que estava ao telefone, atrás de um balcão de atendimento. Kepri e Nefertum foram até ela.
Rosnei baixo, passando as mãos pelo meu rosto.
— Você acha que... - Começou Hórus, sem ao menos olhar para mim.
Neguei com a cabeça.
— Não... Não é ela. - Falei com convicção, mas não deixei de sentir meu coração se partir.
Hórus enfim se virou para mim, olhando-me confuso.
— Então, quem?! - Indagou.
— Eu não sei, mas não é ela. Não pode ser ela. - Respondi.
— Anúbis, Hórus!- Chamou Nefertum.
Respirei fundo, indo até o deus dos perfumes, que estava junto a Kepri e um mortal, que vestia um jaleco branco.
O homem nos examinou com o olhar, colocando óculos redondos no rosto.
— Bem... venham por aqui. - Falou, nos levando até uma sala.
Assim que entrei no lugar senti um frio na espinha.
As paredes eram escuras, cobertas por grandes gavetas de alumínio, e não precisava ser um deus da morte para saber que tinha corpos lá dentro. Também havia macas de metal frio, mas só uma estava ocupada.
— Céus... - Grunhiu Nefertum, empalidecendo alguns tons.
O corpo na maca estava totalmente coberto por um lençol branco. O homem que nos acompanhou fez sinal para rodearmos o corpo e nós o fizemos. Apenas Hórus permaneceu afastado, mas ainda sim conseguia ver tudo.
— Peço que sejam fortes e me digam se a conhecem ou não. - Instruiu o homem, antes de retirar o lençol do corpo para vermos seu rosto.
Meu coração quase saiu pela boca e tive que me esforçar para não cair.
— Deuses... - Grunhiu Hórus, olhando incrédulo para o corpo de Mel, uma das seguidoras de Rá.
— Mel?! Não... - Gemeu Nefertum, olhando desolado para o corpo da menina.
— Então, vocês a conhecem. - Presumiu o homem, antes de voltar a cobrir o corpo.
— Sim. Conhecemos. - Falou Kepri, desgostoso.
— Um de vocês, por favor, me siga. - Instruiu, antes de sair da sala.
Kepri nos encarou.
— Eu vou. Irei avisar Rá que não é a garota sol. - Falou o deus, não parecendo nem um pouco tocado com a morte da Melissa.
O deus saiu da sala, deixando eu, Nefertum e Hórus sozinho.
— Céus... ela era apenas uma criança! - Protestou Nefertum, tocando o corpo de Mel.
Neguei com a cabeça, não sabendo se eu podia ficar ou não feliz por não ser a Ramsés
— Não é a Natália...- Falou Hórus, ainda incrédulo.
— Deuses, eu preciso encontrá-la! - Grunhiu Nefertum, enquanto eu rezava em silêncio para encontrar Natália com vida.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam?
Fiquei com medo do capítulo ter ficado pesado demais, mas por favor, me digam o que acharam nos comentários!
Beijos gatinhos, e até a próxima!



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