O resto do dia se passou devagar. Era por volta das 21:00 quando todos nós fomos nos deitar. Entrei no meu quarto e como tinha dito deixei a porta aberta e logo me lembrei...

– Cara, a gente tinha que ir jantar fora não é? –disse Thomas.

– É, eu estava aqui pensando sobre isso agora a pouco... –falei. – NÃO! Nem que eu fale com meus pais, a gente ganhou, não é justo! Enfrentamos sol e chuva para nada?

– Olívia, haverá inúmeras oportunidades pra gente passar a noite em um restaurante, não se preocupe com isso. –ele me beijou na testa.

EU NÃO ACREDITO QUE ELE ME BEIJOU NA TESTA! Ele tá muito ousado pro meu gosto!! Até que eu senti umas borboletas no estomago cá entre nós. Terra para Olívia!! Devo me concentrar em ir para minha cama e ir dormir, porque eu ainda estou imóvel depois dessa ceninha fofa... Vou parar com essa besteira de achar isso fofinho, afinal, eu mesma disse que odeio o Thomas, não vou mudar minha opinião até que ele me prove o contrário.

Segunda-feira; 5:50 da manhã.

Acordei antes que o despertador apitasse, e para minha surpresa o Thomas também estava acordado e já estava vestido! Esse menino é parente do Flash, deve ter algum poder porque nem se eu acordar umas duas horas mais cedo eu fico pronta instantaneamente.

Meu pai sai às 7:30 e minha mãe às 10:00. Para o Lucas não ficar sozinho esse horário, os seus pais o colocaram na aula de teatro, ele sai às 9:00 . Enfim, o que eu quero dizer é que TODOS vão voltar às 17:50, e isso não é legal porque nesse meio tempo vou ficar sozinha com o Thomas. Não fico sozinha com ele, nem que eu me alisto para a aula de balé!

– Bom dia, Olívia! Como dormiu? –perguntou Thomas.

– Bom dia... Dormi bem, Thomas... Não te vi acordando.

– Eu acordei e me levantei bem devagar, não quis te acordar, parecia que estava tendo um sonho bom, até babando você estava.

Suspirei e avisei que ia tomar um banho.

Me arrumei, saímos de casa e fomos pegar o ônibus. Estava tudo bem até ai, a gente não conversou muito. Só conversamos quando minha boina caiu e ele a pegou para mim, e o mais engraçado foi quando ele disse que eu parecia uma policial com aquela boina.

– Fica mais bonitinha ainda com essa carinha fechada. –falou Thomas.

Quando eu o vi pela primeira vez e aquele gelo que ele me deu, não imaginaria que ele hoje estaria aqui do meu lado falando que eu pareço uma policial com essa boina.

– Vamos andar logo, não quero me atrasar logo no primeiro dia. –falei.

Andamos normalmente. Não conversamos muito, eu estava meio que evitando ele. Cara, um dia eu não gosto dele e no outro eu converso, não sou duas caras... Apesar que, do jeito que o Thomas é, uma bruxa vira uma princesa bem na hora. Ele é gentil, legal, bonito, carinhoso, engraçado... Ele é o pacote completo de homem dos sonhos. Todavia, eu vou continuar com minha ideia de que eu não gosto dele, o que é a pura verdade, apenas estou fazendo um papel de acolhedora do lar e de menina educada que vai apresentar a escola para um vizinho. Tudo vai ir bem. Thomas vai ir para a sua sala, eu para a minha, ele vai fazer novos amigos, quem sabe arrumar uma menina pra sair do meu pé também... Não, ele não vai arrumar ninguém, chato daquele jeito acho que sou a única pra aturar mesmo. Será que as meninas vão gostar dele? Ele é um bom aluno? E se ele esfregar as suas notas na minha cara? Calma Olívia, respira e relaxa, são apenas mais uns dias, 28 ou 27 dias, e se ele me humilhar com a suas notas eu ainda vou ter o resto do bimestre e o ano todo pra também poder esfregar minhas notas na cara dele, mas isso é um “se” né, não significa que vai acontecer, pode ser que ele seja humilde em relação as notas. Ok, parei de ter esses tipos de pensamentos.

Fui olhar em qual sala eu fui parar, e como o Thomas estava ao meu lado, tive que ver a sala dele também... Olhamos nos papéis que estavam pregados na parede, perto da secretaria.

– Achou o seu Olívia? –perguntou Thomas.

–Deixa eu ver... Ah, aqui! Estou no 1ºC.

– Eu também estou...

– QUE????? - eu olhei de novo e estava mesmo lá. Thomas Ferreira.

– Q-quando que você viu? Você do meu lado o tempo todo.

– Eu vi que você estava olhando e passei o olho aleatoriamente por algumas salas, e a primeira sala que eu vi meu nome estava lá...

Não acredito... Conviver com ele na mesma casa já é ruim e imagina na mesma classe? O que eu fiz para merecer isso? Meu Deus... Eu nem consegui esconder minha decepção, mesmo quando ele voltar para a casa dele, eu vou o ver por 5 horas. Vou aguentar...

Com tanta decepção, nem pude perceber que as meninas estavam chegando.

– OLÍVIA! –disse Thalia me abraçando me deixando ser ar.

– Oi, Olívia. –falou Rosa apenas acenando.

– Quanto tempo gente... Mas e ai, já viram que classe vocês são?

– Eu e a Rosa somos do 1ºC e pelo que eu vi você também é né?! Não ficamos separadas!!!! –falou Thalia pegando minha mão e abrindo um gigante sorriso.

Thomas apenas observava tudo, foi quando eu me toquei.

– Ah, Rosa e Thalia, esse é o Thomas meu...

– Namorado? –falou Rosa me interrompendo.

– Estão namorando a quanto tempo? –perguntou Thalia sem deixar que eu terminasse a frase.

– Não suas doidas, ele é o Thomas, meu amigo e que também está na nossa classe.

– Oi meninas, prazer conhecer vocês. –falou Thomas.

– Thomas... Me lembra aquele desenho lá do trenzinho, é... “ Thomas e seus Amigos”. –falou Rosa.

– Não liga viu Thomas... Essas DUAS não são bem normais, caíram do berço quando eram bebês.

Thomas ficou rindo das bobeiras das meninas até entrarmos na sala.

– Ah, Thalia, não me fala que você não via Thomas e seus Amigos!! Fez parte da infância de todos nós aqui. E olha, o Thomas também é bochechudo. –disse Rosa apertando a bochecha do Thomas e me fazendo ficar um pouquinho estranha, como se eu quisesse cortar o dedo dela

– Então ROSA, não acha melhor você mostrar pra Thalia sua conversa com o Breno? Eu também quero ver mas vou tomar uma água e já volto. Você vai ficar ai Thomas? –falei um pouco intolerante.

– Vou ver meu lugar do mapeamento da sala, vai lá enquanto isso, me dê sua bolsa para eu já colocar no seu lugar. –disse ele.

Eu dei minha bolsa e fui tomar água. No bebedouro eu vi quem eu sempre ficava admirando sem que ninguém percebesse... O Iago... Aquele belo sorriso, aqueles olhos... Me lembro como se fosse ontem nós dois sentando juntos em duplas, ele sentava atrás de mim no 8º ano. Naquela época eu não desconfiava que estava gostando dele, mas no ano seguinte eu entendi a falta que ele estava me fazendo, eu realmente gostava dele. Essa pequena paixão acabou quando ele começou a namorar uma menina chamada Fernanda, que pelo visto foi reprovada e pelo que a Rosa me disse, eles terminaram. Será que ele me reconheceria? Será que...

– Olívia... Quanto tempo não conversamos mais, continua tão linda como há dois anos.

EU NÃO ACREDITO QUE O IAGO ME CHAMOU DE LINDA!!!! Vou ter uma convulsão.

Fim do capítulo 7.