–Thomas, vamos parar pra descansar, eu estou cansada...

Ele não pensou duas vezes, sentou-se em uma pedra e ficou jogando pedrinhas no riacho.

–Ei, Olívia, pegue esse pedaço de bolo, sei que você não comeu direito no café da manhã e agora está perto do almoço. -falou Thomas retirando o pedaço de bolo da sua mochila e dando em minhas mãos.

Eu estava comendo e o Thomas olhando para as árvores. Ele parecia calmo, mas, ao mesmo tempo preocupado. Fico me perguntando o real motivo dele ter se mudado, e qual foi o imprevisto que seus pais tiveram pra sair as pressas. As vezes o Thomas parece tão triste, parece precisar de um abraço... Mas o que eu estou dizendo? A vida é dele, as emoções são DELE! Eu sou apenas um imprevisto, estou aqui por uma brincadeira desse destino... Esse destino... Não, sério, ele precisa de umas palmadas! Um dia eu estou bem e no outro a Eila se muda, deixando uma grande vazio no meu coração, e como se não bastasse, vem dois garotos ficar morando um tempo na minha casa, como se isso tudo fosse normal... Não sei o que pensar mais, daqui a pouco vou ganhar um panda de animal de estimação!!

–Já acabou? -disse Thomas interrompendo meus pensamentos.

–Você está vendo mais algum bolo aqui? -respondi.

–Achei que você era uma menina doce, cara...

–Sou doce SIM! Vamos parar com esse papinho das 11 horas e colocar o pé na terra. -falei.

Ele não disse nada, apenas levantou seguiu caminho.

–Me conte um pouco mais de você... -falou Thomas para minha surpresa.

–O que você quer saber? -eu disse.

–Ah... Suas amigas, sua vida em geral... -ele respondeu.

–Então... Tenho algumas amigas, mas as que eu mais convivo é a Thalia e a Rosa.

–Me fale mais sobre elas. -falou ele.

–Opa, pera lá, as duas namoram!!

–Ai Olívia, você é bobona mesmo... Não quero suas amigas, quero saber sobre você, sobre o seu mundo.

–Ah, sim... Bom, a Thalia não namora na verdade, mas está quase lá, o Leandro gosta dela e ela dele. Ela é uma menina super educada, preocupada, inteligente, mas é um pouco nervosinha... A Rosa namora o Breno. Inquieta, cabeça dura, sincera é alguns adjetivos da Rosa, mas ela é muito amiga. As duas são bastante bonitas... Bem, o resto você vai descobrir convivendo. -dei uma pausa, me cocei um pouco, um pouco não né, muito. -Acho que sobre mim você só vai saber também com o tempo, não sei como falar assim da minha vida...

Ele deu uma risadinha e falou:

–Olhe para cima.

Olhei e vi a cachoeira. Não chorei de alegria e nem fiquei com raiva de ter que pensar que vamos ter que andar aquilo tudo na volta. Apenas me deu uma sensação boa. Ouvir os pássaros, o som da água caindo, alguns grilos...

Pelo visto chegamos primeiro, não sei onde vamos jantar, meu pai só inventa isso quando tem visita, deixarei o Thomas escolher...

–Olívia, eu vou dar um mergulho... Tome cuidado com a onça!

–ONÇA??????

–Estou brincando! -falou Thomas dando um largo sorriso.

Lá está ele, mergulhando... Por que eu tenho que ficar vigiando as coisas dele? Ah, já sei... Porque ele é o "líder"...

–Que água gelada... -falou o mesquinho. -Por que não entra?

–Não, aqui está ótimo. -respondi.

–Então tá...

–Thomas... Eu estive aqui pensando em comprar uma cortina pra ser tipo uma divisória, ai você fica mais a vontade do seu lado e eu fico mais confortável do meu.

–Me perdoe se eu estiver te incomodando a noite...

Não é questão de incomodar, mas é meio estranhos dois desconhecidos ficarem no mesmo quarto. O que eu estou falando? A mamãe que inventou isso então ela que se vire.

–Não você não está... A partir de hoje vamos dormir com a porta aberta, tá?

–Tudo bem, o que for melhor pra você será melhor também para mim.

Fim do capítulo 5.