Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 26
Rosa branca


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esse capítulo está um pouco maior que os outros :s
Boa leitura!



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Ainda não acreditava que aquilo estava na minha frente. Como ele pôde? Ah, eu odeio o Thomas.

– Uma rosa branca? – eu disse ainda com meus olhos brilhando.

Odeio o fato de Thomas adivinhar tudo, mas amo essas surpresas simples e inesperadas.

– Thomas... – peguei a rosa de sua mão e comecei a aprecia-la.

Uma rosa branca. Aquela era minha flor preferida.

– No caminho para a escola eu a encontrei no quintal de uma moça. Fiquei parado observando, queria que você estivesse perto mas você tinha ido na frente. Como não havia ninguém na casa e ela estava próxima a grade, peguei minha tesoura e a cortei – ele deu um sorriso. – Não sabia onde deixar ela e o motivo de ter pegado ela, mas algo me dizia para não jogar ela fora. Pedi um copo descartável na cantina e o enchi de água. Agora só faltava o lugar para colocar ela até o final das aulas, achei que a biblioteca fosse um lugar legal, porque é tranquilo e não haveria um risco de alguém maltratar ela.

– É a primeira vez que conheço um menino que gosta de flores, não sabia desse seu lado – olhei para ele e ele retornou o olhar. – Mas, por que me deu?

– Quando te vi triste hoje, quis ver sorrindo, logo pensei que minha rosa precisava de uma dona – ele tirou uma mecha de cabelo dos meus olhos, tirando minha atenção para a flor e olhando para ele. – Você não sabe o quanto feliz eu fiquei ao ouvir aquelas palavras vindo de você.

– Hm – virei o rosto. – Até eu me impressionei – dei um leve sorriso olhando para o céu. – Sabe, essa rosa marca um começo.

– Ela irá marcar o nosso começo – ele disse por final e me beijou.

Saímos de da escola e Thomas pegou na minha mão. A sensação mais estranha que eu senti. Que loucura. Na boa, eu estou tão envergonhada que poderia me camuflar de pimentão vermelho.

Pegamos o ônibus e quando chegamos na porta de casa, avisei ele.

– Lembre-se do que eu disse hoje cedo – falei procurando a chave.

– Tudo bem, você é quem manda.

Achei a chave e a coloquei na fechadura. Dava para escutar o Dandi latindo, provavelmente ele estava ansioso para pular em mim, mas só em mim, pois como ele tem ciúmes de Thomas, não importa com a presença dele. Treinei muito bem esse cachorro.

– Olá, Thomas – disse a megera da minha vizinha, a Diana.

Quando escuto a voz daquele ser, esqueço da minha educação e da minha tranquilidade.

– Olha, quem é vivo sempre aparece – arqueei as sobrancelhas. – Thomas, conhece ela?

– Já se esqueceu, querida? Lembra que ele estava aqui fora com um refrigerante na mão e ele me apresentou a você? – ela disse. Eu poderia abrir a porta e deixar o Dandi morder essa garota, mas tenho dó dela.

– Não sou lerda né. Nem sei o motivo de você está cumprimentando ele, nem conhece ele direito.

Thomas limpou a garganta.

– Nem vem com esse barulho porque eu não vou deixar de conversar com ela – eu disse dando um sorriso falso para Diana.

– É, Thomas, deixa. Eu adoro conversar com ela – ela deu um sorriso falso e me lançou um olhar.

Suspirei e contei até 10 mentalmente. Lembre-se Olívia, maltratar animais é crime, você pode ser presa se fazer isso com ela.

– Bom, eu tenho tantas coisas para fazer e acho que você também. – falei.

– Eu concordo. Até mais, Diana. – disse Thomas.

– Ah, que pena! – Diana se aproximou de Thomas e passou a mão nos cabelos dele.

– Mais um toque em algum fio, e quem apanha é o Thomas – falei com os olhos e o cenho fechado.

Essa é boa, a garota está dando em cima dele. Ela deve zelar pela vida dela. Rum, esse Thomas também...

– Vamos, Olívia – Thomas colocou a mão nas minhas costas me guiando até a porta. Pegou a chave da minha mão e destrancou a porta.

Me virei e dei uma piscadela para a Diana.

Chegando em casa eu peguei um potinho de vidro, enchi-o d’água e coloquei a rosa no meu quarto.

18:23 –

– Olívia, Thomas e Lucas, venham se servir! – gritou mamãe.

Fomos para a mesa, inclusive papai, ele odeia ter que deixar de ver seu futebol para ficar olhando nossa cara enquanto comemos. É papai, entendo essa vida.

– Thomas – começou meu pai. – Como tem ido na escola?

– De ônibus e com as pernas – falei.

– Olívia!!! – minha mãe gritou.

– Ué, falei alguma mentira? – eu disse enchendo a boca de carne.

– Além de intrometida, não tem modos! Não te criei assim, Olívia Constance! – minha mãe me chamou atenção. Dei de ombros.

– Você ainda não me respondeu, Thomas. – falou papai. Ai, que perseguição! Deixe o garoto em paz.

– Ah, Gustavo – finalmente Thomas não falou “seu Gustavo”. – Estamos ainda nas primeiras semanas, mas estou indo bem.

Fiquei mexendo a boca, imitando Thomas falar.

– E a senhora, dona Olívia? Já que ama ser a palhaça, me fale de você – meu pai falou. Ninguém entende meu modo de viver.

– Tenho 1.61 de altura, meus cabelos são cacheados e castanhos, vivo com meus pais e com meus vizinhos, tenho um cachorro chamado Dandi... Isso é o que você deve saber de mim por enquanto. Sobre a escola, tenho ido bem, obrigado. – respondi.

– Thomas, liguei para sua mãe – disse mamãe. – Ela disse que daqui umas 3 semanas voltam.

Thomas assentiu e voltamos a comer em silêncio.

– E aquela amiga de vocês? – Lucas quebrou o silêncio. Vamos voltar a cutucar a ferida.

– Quem? – perguntei mas já sabendo da resposta.

– Maria... Maria... Ah, eu esqueci o segundo nome dela. – ele respondeu.

Olhei para Thomas que fingia estar despreocupado, mas sei que na cabeça dele se passaram mil coisas.

– Responda seu irmão, moleque! – dei um tapa na testa do Thomas. O mesmo deu um peteleco no meu nariz. Isso dói.

– Deve estar na casa dela – ele respondeu.

– Aderindo minhas respostas? – falei.

– Talvez – ele voltou a comer.

– Quem é essa, crianças? – mamãe perguntou.

– Uma louca que o Thomas é afim – respondi.

– Isso aí, Thomas!! Gosto assim, garotos que não dormem em serviço – meu pai disse.

Thomas me olhou como se quisesse que eu tomasse uma posição quanto ao assunto. Só digo uma coisa: não digo nada! E mais: só digo isso.

– Gustavo, olha como fala! Você tem uma filha, aposto que falaria a mesma coisa para ela – mamãe tomou partido.

– Quem iria ficar com a Olívia? Ela reclama de tudo e é resmungona! Thomas é um verdadeiro guerreiro de estar convivendo com ela – meu pai disso. Vê se pode!

– Opa, opa, opa!! Pode parar por ai, PAI! – falei,

– Concordo – disse dona Marjorie cortando o bife. – Acho que Thomas e Olívia foram feitos um para o outro.

Engasguei ao engolir a alface. Minha mãe não tem senso? Falar essas coisas perto do meu pai é um perigo, e sei lá se fomos feitos um para o outro!!

– Vamos nos casar assim que meus pais voltarem, certo, Olívia? – Thomas me deu um beijo na bochecha.

– Meu caro, não vamos nos casar tão cedo – limpei minha bochecha com um guardanapo. – Está escutando esse educado cavalheiro, papai?

Meu pai lançou um olhar para Thomas. Que comece a luta!

– Irá passar por uma série de provas até casar com ela, Thomas. Mas se você realmente quer casar com ela, ficarei feliz! Vamos conversar muito sobre futebol e comer a terrível comida que a Olívia faz... – papai fez um positivo com o dedo e piscou. Querido, você está ficando louco? Apoiando essas palhaçadas.

– Como assim? Minha comida é boa, pergunte a qualquer um e – me lembrei sobre o casamento. – Não vou me casar com Thomas, minha gente!!!!

– A comida da Olívia é muito boa – Lucas me defendeu.

Depois desse bate-papo, fomos assistir TV, meu pai e Lucas foram para o quarto enquanto mamãe e Thomas ficaram na sala conversando sobre o futuro. Povo idiota.

Liguei para Thalia.

– Oi? – respondeu Thalia do outro lado da linha.

– Filha, já decidiu sua vida? Você casa ou compra uma bicicleta?

– Boa noite para você também... Não sei o que você está falando!

– Como não sabe?

– Vou repetir: não sei o que você está falando!

– É claro que é do Marcelo, filhona!!

– Não grita, Olívia!! – as vezes a Thalia finge de boba. – Chamei ele para ir amanhã conosco no shopping.

– E o que ele disse? – perguntei na expectativa.

– Que vai...

– AAEEEEEEH! – meu grito ecoou por toda a casa. Tampei minha boca com a mão.

– Eu disse para você não gritar, ser humano!!!

– Me deixa Thalia. Seus pais deixaram? E os pais de Rosa?

– Calma, respira! Meus pais deixaram, difícil mesmo foi meu irmão, eu insisti muito e ele deixou. A Rosa me avisou que seus pais não importaram... E você? Já conversou com sua mãe, seu pai, o Lucas, o Thomas? – ela enfatizou essa última parte.

– É mesmo... Me esqueci! Espera aí...

Coloquei o telefone na mesinha e fui na sala.

– Mamãe, eu posso sair amanhã?

– Onde você vai? E o Thomas e o Lucas? – tinha esquecido que eu e Thomas que ficamos com Lucas à tarde.

– Está tudo bem, Marjorie! Amanhã depois das aulas, haverá algumas palestras até a hora que vocês voltarem, eu ligo para meu escolar avisando que eu vou ir embora com o turno da tarde – é por isso que amo o Luquinha.

– Tem certeza, meu bem? – Lucas assentiu. – Ok, Thomas e Olívia vocês podem sair...

– Serio? Valeu mamãe!!!

Corri para o cômodo onde deixei o telefone.

– Thalia? – chamei ela.

– Que demora, estava quase desligando o telefone!

– Relaxa! Minha mãe deixou!!!!

– Jura?! Ótimo, vou avisar a Rosa.

– Então, depois da escola que nós vamos ou vamos chegar em casa e trocar de roupa?

– Depois da aula é melhor...

– Ok. Até amanhã, Marcelinha!!

– Haha – ela riu ironicamente. – Tchau, Olívia.

Escola; 9:31 –

As aulas demoraram a passar, fico até impressionada e feliz que já estamos no recreio. Marcelo fica só rodeando a Thalia, acho que está muito na cara que ele quer pegar ela no cantinho, observo tudo.

– É... Olívia, eu sinto muito pelo o que aconteceu entre você e o Iago – disse Marcelo. Desde quando ele se preocupa comigo?

– Não sinta. Um estranho não deve tomar minhas dores – falei friamente. Já vou falando, se esse Marcelo for igual ao Iago, ele vai ficar com um olho roxo.

– Nossa, Olívia!!! Doeu até em mim – Thalia ficou assutada.

– Rum – balbuciei.

– Vamos ignorar o acabou de acontecer e falar sobre o shopping – Thomas tentou passar por cima da situação. – O que vamos fazer lá?

– Não vou segurar vela para ninguém! – Rosa deu a palavra.

12:33 –

Assim que saímos da escola, pegamos o ônibus que ia direto para o shopping.

Logo quando entramos, Thomas pegou em minha mão.

– Eu não vou fugir, valeu?! – falei apertando a mão dele, o mesmo fez careta.

Marcelo e Thalia não decidiram suas vidas, a Rosa estava no meio deles.

Me soltei de Thomas e cheguei perto de Marcelo e sussurrei:

– Meu filho, que demora é essa??

– Calma, não posso já ir agarrando ela... Espere e verá.

Voltei para perto de Thomas que me olhou com cara feia.

– O que foi? Ele está afim da Thalia, não de mim, fique tranquilo!!!

Rosa parecia entediada com nossos assuntos. Mas até eu ficaria, minhas amigas com seus boys e eu sozinha. Em que lugar desse shopping tem muitos meninos? Já sei! O fliperama deve ter vários garotos que ela possa se interessar.

Fomos de escada rolante até o segundo e piso e lá estava o lugarzinho dos meninos gatos... Ai se Thomas não estivesse aqui... Ok, estou atribuindo o fogo da Maria, vou parar com isso porque está ridículo.

– Por acaso vocês têm dinheiro para esse tipo de lugar? – Rosa perguntou. Querida, não vamos jogar, vamos encontrar um cara para você.

– Thalia, vamos comigo comprar um sorvete? – Thalia assentiu. – Beleza. Gente, encontramos vocês na praça de alimentação daqui uns 15 minutos.

– Nossa, olhem aquele brinquedo!! – Rosa correu como uma criancinha de 3 anos ao ver o papai Noel.

– Hey!! Espere, Rosa!! – falei.

Era aqueles brinquedos de simulação de carro. A garota já chegou pulando no negócio ,esqueceu que tinha que comprar fichas, esqueceu dos amigos, esqueceu que já tinha 16 anos (fizera 16 em fevereiro) e esqueceu que era uma dama.

– Thomas – olhei para ele. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas. – Tenho que buscar Rosa, ela é tão... – Thomas me interrompeu com um beijo. Agora eu que esqueci da Rosa, esqueci que estava em público.

Quando Thomas terminou de me beijar, fiquei vermelha e olhei para o lado no mesmo instante. Depois que voltei ao normal, fiquei observando Rosa ser feliz, até que...

– Oh, garota – disse um menino para Rosa. – Esse brinquedo não é para mocinhas. Saia daí e deixa que eu te mostro.

Eita! Esse menino tem seguro de vida?

– Está me desafiando? – ela respondeu.

– Na verdade não mas se você encarou como um desafio...

– DESAFIO ACEITO! – eu via o fogo saindo dos olhos daquela menina.

Ele se sentou ao lado dela e emprestou uma ficha para ela.

Eu e Thomas ficamos observando aquela competição sem fins lucrativos.

– Acho que Rosa encontrou seu par... Está feliz? – disse Thomas.

– Não sei se posso considerar esse moleque um par para ela.

Ele sorriu. Quando Thomas sorri, eu nem presto atenção no que está acontecendo ao meu redor.

Encostei minha cabeça no ombro de Thomas e ele colocou sua mão na minha cintura. Dava para ouvir os gritos daqueles dois.

– Quem é a menininha agora, heim?! – Rosa apontou o dedo para a tela mostrando eu tinha ganhado.

– Posso saber o nome da menininha?

– Hm... Pode, mas se você usar meu nome para fazer macumba, eu mando os caras descer até sua casa, queridinho!

– Haha, tudo bem, chefe da máfia. Diga seu nome.

– Rosa – ela sorriu. – E qual é o nome do perdedor?

– Rafael – ele retribuiu o sorriso. - A ganhadora gostaria de jogar outros jogos comigo?

– Só se você pagar me pagar um lanche e me emprestar as fichas.

– Nossa... Exigente você... – você nem imagina o quanto.

– Acostume-se.

Thomas me olhou e começou a rir.

– Parece que ela arranjou alguém muito rápido – Thomas falou.

Comecei a rir.

– ROSA – gritei, ela se virou e falou um “oi?”. – Daqui 15 minutos – na verdade seria menos de 10 minutos, mas vou dar um desconto. – É para você ir para a praça de alimentação, ok? – ela assentiu.

Sabia que ela encontraria alguém no fliperama. Esse Rafael deve ser rico, e se for, a Rosa irá amar, ter dinheiro é algo que ela ama.

Eu e Thomas seguimos para a praça de alimentação. Quando olhei para o lado, havia dois seres humanos desentupindo a pia. Dou um doce para quem adivinhar quem eram. Sim, a Thalia e o Marcelo. Dei umas risadas.

– Esse povo... Nem é o dia dos Namorados, mas todo mundo está tento um rolo. Até o papel higiênico tem um rolo – cruzei os braços.

Thomas apertou minha bochecha dizendo que eu era muito incomodada. Logo depois ele viu minha cara de birra e me deu um beijo na testa.

Por um mundo com mais beijos na testa!!!

Fim do capítulo 26.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!!



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