O que é mesmo o amor? Por que ele queima em mim? Não sei... Sei que eu sinto, que ele está bem aqui, mesmo eu tentando esconder, um dia ele aparece... E esse dia, é hoje. Ainda não entendo essa forma repentina, não imaginava algo do tipo. É isso, eu o amo. O amo que nem consigo olhar diretamente em seus olhos por mais de 3 segundos. Quando estou longe, quero estar perto e quando estou perto, sinto um calafrio que corre por toda minha espinha... Não aguento ver ele com outra, trocando sorrisos com outra que não seja eu ou alguma amiga minha, me sinto impotente, abandonada, não consigo descrever com palavras. Todos os dias tento tirar isso da minha mente, mas toda vez que olho para ele, converso com ele, dou risadas com ele, minha vontade some. Meu amor vai se alimentando com um simples olhar, uma simples palavra, um breve sorriso.

– O-Olívia...

– Thomas, eu não aguento mais ser forte e fingir que nada está acontecendo... – falei querendo voltar a chorar.

– M-Mas...

– Eu amo você! – eu disse enquanto uma lágrima solitária caia.

– Você está dizendo isso por falar – ele ficou sério e olhou para frente. – Está dizendo isso porque suas emoções estão à flor da pele, porque terminou com o Iago...

– EU NÃO GOSTO DO IAGO, THOMAS!!! – gritei com os olhos fechados, que mesmo fechados, desciam lágrimas. – Entende! A única pessoa que eu quero é você... Desde quando dançamos naquele restaurante, eu só penso em você, Thomas, somente em você!!! O que aconteceu entre eu e o Iago foi um erro meu, eu tampei o sol com a peneira, tentei esconder meus sentimentos com outra pessoa... Mas o que eu e aquele infeliz tivemos acabou hoje – limpei as lágrimas, eu estava vermelha. – Só quero que você corresponda...

Thomas deu um sorriso.

– Eu me exponho e você apenas dá um sorriso? – falei frustrada.

Ele me olhou e eu fiquei observando o seu semblante.

– Olívia – ele colocou sua mão sobre a minha. Meus olhos brilharam como duas pedras de diamante. – Você tem fez minha vida colorir com seu sorriso, o brilho que sai dos seus olhos na noite tranquila... Me trouxe alegria enquanto em mim só havia dor, me tirou o sono. É com você que quero molhar meus pés no mar, no verão... Ver as folhas caindo enquanto tomamos um chocolate quente, no outono... Te abraçar bem forte para ficarmos quentinhos, no inverno... E, trazer as mais belas flores para você na primavera. Não ligo passar todas as estações do ano com você – ele colocou sua outra mão no meu rosto e chegou seu rosto perto do meu, eu podia sentir sua respiração. – Eu te amo.

Thomas colocou seus lábios por cima dos meus.

– Thomas, eu... – falei me afastando um pouco.

Ele me olhou e deu um sorriso, fechei meus olhos e entrei naquele caminho iluminado. Ele encostou seus lábios novamente nos meus, os movimentava lentamente até eu entrar em sincronia. Quando dei por mim, já estávamos beijando como dois apaixonados. Aquela sensação de satisfação e de felicidade transbordavam sobre mim. Me sentia amada. Me sentia completa.

O beijo terminou quando me afastei; queria olhar seu rosto. Eu quis beija-lo novamente após ver aquele par de olhos claros olhando para os meus, num tom sereno.

– Então isso quer dizer que... – falei quebrando o silêncio.

– Quer dizer que, a partir de hoje, iremos encontrar nossos sonhos.

Eu assenti. Não conseguia dizer nada, estava delirando. Será Thomas mesmo? É ele mesmo que eu beijei? É tão estranho e gostosa essa sensação que não parasse real.

– Vamos contar para Lucas, sua mãe, seu pai e ao mundo que estamos juntos!

– Não estamos definitivamente juntos! Nosso caso ainda é provisório, eu posso mudar de ideia a qualquer momento e...

– “Eu amo você!” – ele disse falando minha frase e imitando minha voz.

– Ok! Me rendo! Você venceu! Não vou mudar de ideia, mas ainda não estamos legalmente juntos.

– Legalmente? – ele fez uma cara de interrogação.

– Sim. Precisamos passar por vários estágios antes...

– E quais são eles?

– Por enquanto vamos deixar oculto para nossa família esse nosso rolo.

– E depois?

– Hm... Que tal trazer o café na minha cama? Eu ficaria muito grata em ter um escravo.

– Se for assim, prefiro virar escravo da Maria Cecília – ele disse dando um sorriso.

– Você está maluco? Se você for atrás daquela manipuladora, golpista e sedutora barata, você perde 2 dentes.

Thomas chegou mais perto e me deu um beijo e voltou a me olhar.

– A única golpista e sedutora aqui, é você!

– Por que? Tenho cara de Maria é?!

– Porque você roubou meu coração – ele fechou os olhos e colocou uma mão no peito. Não aguentei e soltei uma gargalhada animal.

– Você é um idiota!!!!! – falei abraçando ele.

Nós levantamos e fomos dar uma volta pela escola. No final das contas, fomos parar na quadra. Thomas conversou com o professor e ele deu presença para nós. Entramos na quadra e fomos direto para a arquibancada. Avistei Rosa e Thalia e puxei Thomas para irmos até elas.

– Hello people! – disse Rosa treinando seu inglês nada fluente.

– Onde os dois mocinhos estavam?

– Beijan... – tampei a boca de Thomas com a mão antes que ele terminasse a palavra.

– Não ouçam ele! Ele bateu a cabeça quando criança!

As meninas se entreolharam e voltaram a olhar para nós.

– O-O que foi? – indaguei.

– Essa história está muito mal contada. Na verdade, vocês nem contaram ela para nós! – disse Thalia.

– Aconteceu umas coisas comigo... –falei.

– Diz logo! – Rosa falou.

– Iago estava comigo por causa de uma aposta.

As meninas estavam de queixo caído.

– Você só pode estar brincando! – disse Thalia.

– Cara – Rosa ficou nervosa. – Vou pegar meu estilete ali na sala e riscar a cara daquele menino!

– E o que você fez? – perguntou Thalia.

– Dei um tapa na cara daquele babaca, não quero saber dele tão cedo!

Ficamos ali conversando sobre o acontecido e quando o sinal bateu, voltamos para a sala.

Mal consegui prestar atenção na aula de Química. Aquele beijo não saia da minha cabeça. Thomas jogou um papelzinho na minha mesa, nele estava escrito:

“Me espere dentro da biblioteca assim que todos saírem!”

Eu respondi:

“O que vai fazer na biblioteca? A bibliotecária nem vai estar lá... Mas tudo bem, Thomas Chato da Silva Ferreira. Coitada da sua mãe, você é um poço de confusão!!!”

Joguei o papelzinho na mesa dele. Ele olhou e me mandou novamente.

“E você é um poço de desconfiança, Olívia Boba da Silva Constance.”

Eu não mereço. Voltei a responder aquela porcaria.

“Não coloca ‘da Silva’ porque não sou da sua laia, querido!”

Dei um tapa fraco na cabeça dele e joguei o papel. Ele me mandou aquele maldito papel de novo.

“Vou encarar isso como um sim... Mas, não se esqueça!”

Devolvi o bendito papel e fui prestar atenção na aula.

Quando bateu o sinal, Rosa havia arrumado suas coisas e Thalia a mesma coisa, fiquei olhando para as duas com cara de paisagem, afinal, eu não ia acompanha-las até o portão.

– Olívia – começou Rosa.

– Sim? – falei.

– Que tal ir ao shopping um dia desses? Sei lá, apenas para distrair... Já que você e o Iago não estão mais ficando, Thalia teve que recusar o convite do Marcelo.

– Entendi – eu disse.

– O que você acha?

– Bom, se a Thalia não nos enrolar, se meus pais deixarem, se o Lucas não ligar, se o Thomas também não importar – dei uma pausa para colocar meus pensamentos em ordem. Ele não tem que importar. – Enfim, se o tudo conspirar ao meu favor, iremos!

Elas deram um sorriso e me puxaram.

– Gente – eu disse me soltando. – Eu vou ficar mais um tempo por aqui.

– Por que? – Rosa semicerrou os olhos.

– É que – Eu ainda não tinha planejado uma desculpa. – Tenho que...

– Você tem que... – falou Thalia.

– Pegar uma declaração!!!

Elas se entreolharam e Thalia soltou um suspiro.

– Sei não... Isso está um pouco estranho! – ela disse.

– Um pouco? Caramba, isso está mais do que estranho! Mulher, se quer ficar a sós com Thomas, é só falar! Acha que eu e a Thalia não percebemos a troca de bilhetinho e que ele saiu na frente?! – disse Rosa. Essa menina não mede as palavras.

– Tudo bem! Vocês venceram! – eu disse entregando o ouro de cara. – Gosto do Thomas, nós ficamos, ele gosta de mim, sou correspondida, final feliz!!!

Falei tudo muito rápido. Agora elas sabem o que está passando entre nós.

– EU SABIA!!! – disse Thalia gritando, ainda bem que só havia nós três na sala.

– Hmm, sua assanhada! Mal saiu de um e foi para outro – Rosa disse dando um sorriso de canto.

– Vem Rosa – Thalia puxou Rosa pelo braço. – Não vamos atrapalhar os pombinhos.

Essas meninas são uma piada, tenho que conviver com cada besteira das duas, depois a louca sou eu!

Entrei na biblioteca e notei que não havia ninguém lá. Fui para fora onde dava uma vista para o jardim da escola, afinal, estamos no segundo (e último) andar. Imaginei tudo, desde o começo até esse exato momento. Parecia meio clichê, a mocinha apaixonar pelo seu vizinho. Não vou mentir, é clichê. Desde quando fiquei tão sentimental? A única pessoa que eu me apaixonara foi Iago.

Percebi um movimento. Era ele. Ele chegou atrás de mim enquanto eu olhava para baixo.

– Pensei que não viria – ele falou ainda atrás de mim.

– Não iria, mas algo me fez ir até aqui.

Senti sua respiração perto do meu pescoço. Thomas estava tão perto que me dava arrepios. Me virei e fiquei diante dele.

– O que você quer? – perguntei.

– Feche os olhos.

– Thomas, não gosto de brincadeiras!

– Apenas faça o que eu digo.

Fechei os olhos e dei um suspiro.

– Pode abrir – disse ele depois de uns segundos.

– T-Thomas, eu não sei o que dizer...

Aquilo deixava meus olhos brilhando.

Fim do capítulo 25.