Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 12
Incidente


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ;3



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— Eu acho que o Thomas fica melhor de verde... – disse Thalia.

— Azul. – falou Rosa.

— Rosa, o verde cai bem nele, afinal, ele é loiro dos olhos claros. – Thalia fez uma cara de impaciência

— Olha, é azul e ponto. – Rosa fez círculos no ar com o dedo.

— GENTE!!!!! CHEGA DE FALAR DESSE MENINO, QUE COISA!!! JÁ ESTOU CANSADA DE OUVIR DELE. – gritei o mais alto que pude.

Era só o que me faltava, ter que ficar ouvindo elas falar do Thomas. Tá, eu admito que tive um pouco de culpa, já tem três dias que ele está em repouso... Ih, falei demais. Bom, já que eu abri a matraca, irei falar o que aconteceu no dia seguinte em que eu coloquei a cortina no nosso quarto (que na verdade é meu).

Terça; 9:31 da manhã.

Estava eu e Thomas no recreio. As meninas tomaram chá de sumiço e foram para outro canto da escola, e claro, eu não estava afim de procurar. Nós estávamos sentados e dava pra perceber que Thomas estava trocando mensagem com alguém, o que era muito suspeito. Eu achava suspeito pois sabia que nesses dois dias ele não havia feito muitas amizades, só andava comigo pro lado e pro outro, para cima e para baixo, como se não tivesse escolha. Então, a pessoa que ele esteva conversando, é alguém que ele encontrou enquanto eu não estava vendo. Eu queria dar uma de Sherlock Holmes e investigar cada passo suspeito daquele menino.

— Acha que o Iago já saiu da sala? – fiz uma pergunta sobre o assunto mais que gerou repercussão entre nós, e dependendo da reação dele, dava pra saber se a pessoa era importante ou apenas um colega.

— Não sei. – ele nem se virou e continuou a mexer naquela porcaria de celular. Uma coisa eu tinha certeza: era alguém importante.

Dei um suspiro e avisei que ia procurar as meninas, ele apenas assentiu.

Não demorei a achar aquelas maluquinhas.

— Cara, eu preciso da ajuda de vocês, é caso de... – olhei para cima para tentar achar uma palavra adequada. – Assassinato ou morte! Apesar que os dois são ligados a matar mas...

— Assassinato? Como assim? – Thalia fez um grande O com a boca.

— Te dou umas dicas depois. – falou Rosa sorrindo.

— Gente, prestem atenção, eu não vou matar ninguém e se eu quisesse chamaria a Rosa para fazer o serviço, mas não, isso não vai acontecer. Eu só preciso de uma luz...

— Compre uma lâmpada! – Rosa falou com aquela cara sarcástica.

— Ai que engraçadinha... –falei.

Expliquei pra elas o que eu tinha em mente.

— Velho, você convive com o menino há 4 dias e já está querendo espionar ele? Aceita que ele está em outra e vai ser feliz! – Rosa deveria fazer um programa de televisão, cujo nome seria “Como ser direta” estreando Rosa Silveira.

— Ele deve estar conversando com uma menina, eu acho que é isso.

— Pensando bem, a Thalia pode estar certa. Fiquei curiosa agora, esse Thomas é um garanhão. – Rosa fez uma cara pensativa.

— Mas será fácil você descobrir Olívia, vocês moram juntos, então não tem segredo.

Thalia estava realmente certa, eu podia arrancar isso dele com facilidade, bastava eu ser discreta e chegar no assunto. Falei com elas que ia procurar ele e que se eu soubesse de algo contaria. Dei meia volta e dei de cara com o Iago. Meu coração gelou, lembrei da mensagem que ele havia me mandado no dia anterior, isso fez minhas bochechas queimarem. Dei um sorrisinho mas ele logo me abraçou, estranhei a princípio, porém não resisti e aquele abraço ficou cada vez mais confortante. Ele olhou em meus olhos, chegou mais perto e...

— Olívia, onde você estava? Procurei por toda escola... – era Thomas, mais uma vez ele havia estragado um lindo momento que acontece uma vez em uma vida. Ele engoliu as palavras depois que eu olhei e ele percebeu quem estava me abraçando. Ficou parado lá até eu me soltar dos braços de Iago, só assim ele voltou a reagir.

— Não irei dizer nada sobre meu barato, Thomas Ferreira. – cruzei os braços, virei o rosto e emburrei a cara.

— Que seja, Olívia. Já disse o que eu acho e não estou afim de falar mais uma vez.

— Thomas, para de fazer minha cabeça rodar e some da minha frente!

— Por que você tem que ser tão difícil? Tá na cara que ele só quer brincar com você e... Quer saber? Pra mim chega. – ele olhou para o lado, estava com o semblante triste.

— Thomas... – fiz ele olhar em meus olhos e fui até ele. – Não vamos brigar... – ele olhou no fundo dos meus olhos e me deu um abraço. Era a primeira vez que ele me abraçava com carinho.

O sinal bateu e subimos as escadas conversando tranquilamente, como pessoas civilizadas. Parei para cumprimentar uma amiga que estava no final do corredor, Thomas foi em direção para sala e ficou na porta. Assim que eu voltei para ir para sala, vi duas meninas rindo, uma parecia uma pimenta de tão vermelha, dei de ombros. Chegando na porta da sala eu vi que ele não estava, e por coincidência a menina que estava com aquele fogo todo também não estava. Associei uma coisa à outra e logo minha ficha caiu. Eu não queria acreditar naquela possibilidade. Desci as escadas, tomei água, fui ao banheiro, molhei o rosto, joguei meu cabelo para trás e voltei com destino a minha sala. Retornei a subir aqueles malditos degraus e de cara eu vi Thomas conversando com aquela menina. Parei no mesmo instante, meus olhos se arregalaram e fechei meu punho. Passei por eles direto e entrei na sala. Não conversei com ele por um bom tempo, nem com Rosa e Thalia.

Eu enrolei um pouco pra ir embora, juntei minhas coisas com a maior má vontade, Rosa foi indo e Thalia me esperou. Thomas já tinha saído a muito tempo. Thalia me observava ao descer as escadas e logo perguntou:

— O que você tem?

Murmurei que eu tinha nada, é o que todos dizem quando não quer preocupar as pessoas ou não quer admitir algo. No meu caso era parecido, ou talvez não, não sei.

— Sei que você tem alguma coisa, não acredito quando você diz “nada”. Anda logo, me diz. – Thalia nunca se dar por vencida

Suspirei e voltei a dizer que estava tudo bem. Ela ficou calada esperando explicações. Chegamos ao portão e Thomas estava com a garota fogosa. Fingi que não vi, Thalia me cutucou e perguntou baixinho se eu não ia esperar ele, olhei para o lado eu falei:

— Que ele se dane. – voltei a seguir caminho.

Thalia balançou a cabeça em sinal de desagrado. Então, me apoiei na parede e disse que ia esperar ele. Ela sorriu, me deu um beijo no rosto, atravessou a rua e foi embora.

Olhei para o lado e lá estava os dois babacas: Thomas e a doidinha pimentão. Peguei meu celular, coloquei o fone e fui ouvir minhas músicas, valia mais a pena do que ficar olhando para aquela ceninha ridícula. Mas... logo esqueci da música quando vi a menina dando um beijo no rosto de Thomas e acenando. Fiquei pensando no quanto ele era um retardado por já estar com um caso amoroso na escola.

Ele veio na minha direção e eu o ignorei. No caminho até o ponto de ônibus, ele tentou conversar comigo.

— O que aconteceu? Acabou o bolinho naquela loja? – ele disse rindo.

— Quem era aquela menina?

— A Ceci? Bom... – ele ficou sem o que dizer.

— Mal a conhece e já dando apelidos. Fala o nome real dela!

— Maria Cecilia... – passou a mão em seu cabelo liso e loiro. – Você está com ciúmes?

— EU??? CLARO QUE NÃO! Não tem motivo para eu ter ciúmes de você! – falei com raiva.

— Eu sabia que você estava com ciúmes! – ele começou a rir. – Você só não quer admitir porque é orgulhosa.

Antes que ele pudesse falar qualquer outra besteira, eu o empurrei na parede, mas eu empurrei com muita força, o que fez ele bater a cabeça e cair.

— Thomas!!!! – coloquei as mãos sobre a boca. – Me desculpe. Fala comigo.

Ele tinha desmaiado. Era a primeira vez também que eu desmaiava alguém. Eu estava tão em pânico que comecei a chorar. Não sabia o que fazer, na hora eu liguei para meu pai e na ligação eu chorava de soluçar. Meu pai falou para eu tentar acorda-lo pois iria o mais rápido possível para onde eu estava.

Fiquei lá no chão tentando acordar o Thomas, gritei tanto o nome dele que ele acordou. Ajudei a levanta-lo e fomos para debaixo de uma marquise, estava começando a chover. Meu pai chegou e fomos para casa, ele cuidou do garoto se fosse seu filho, deu para perceber a preocupação em meus olhos. Papai era como se fosse o médico e eu a enfermeira. Estava me sentindo culpada que nem percebi que eu também estava doente, afinal, nós dois havíamos pegado chuva, e eu também fiquei na cama de repouso.

Mamãe chegou e cuidou de nós dois. Ele também havia pegado resfriado e estava com um roxo na testa por ter caído de cara com o chão.

Eu faltei 1 dia de aula e ele faltou três. As meninas queriam comprar uma lembrancinha, uma blusa, para ele ficar melhor logo, por isso estavam debatendo qual cor ficaria melhor nele. É, elas lembraram de mim, mas admito que eu sou a culpada de tudo isso. Se eu não tivesse ficado com ciúmes (sim, depois de três dias do acontecido, eu caí na real que era ciúmes), nada disso teria acontecido. A Maria fogosa me perguntou sobre Thomas e eu infelizmente tive que conversar com ela. Se ela conversa com ele por mensagem, por que ela não pergunta pra ele? Eu lá tenho cara de informante? Fala sério.

Hoje é sexta e tenho certeza que ele faltou com a desculpa de estar com dor de cabeça, só pra emendar com final de semana. Quanta pilantragem.

Fim do capítulo 12.


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