Together escrita por Bianca


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Como eu fiquei um bom tempo sem escrever, resolvi postar dois capítulos no mesmo dia. Esse não é muito grande mas espero que vocês gostem. Beijos!



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Só depois das portas do ônibus terem fechado que eu me dei conta no que havia me metido. Nunca pensei que a Natália pudesse ser tão (chata) insistente. Depois do Mateus dizer que só iria para o Acampamento se eu fosse também, ela resolveu me seguir para todos os lugares. Eu estava me sentimento completamente sufocada quando concordei em ir. Ela gritou e pulou, coisa tipica dela, e depois parou de me seguir, o que eu achei um grande alívio. Meus pais gostaram da ideia do acampamento, falaram que assim poderiam namorar no final de semana. Sexta-feira depois de chegar do colégio comecei a arrumar as minhas coisas. Levaria só o básico, algumas camisetas, shorts e meu pijama. Perto das 19hrs me despedi dos meus pais e fui caminhando até o colégio. O ônibus já estava lá, assim como alguns dos meus colegas. Mateus chegou alguns minutos depois carregando a sua mochila e a da Natália, desviei o olhar e sentei no meio fio. Nós dois ainda não tivemos oportunidade de conversar. Toda vez que ele tentava se explicar, a Natália aparecia e ele mudava de assunto. A diretora anunciou o inicio da viagem e todos nós entramos no ônibus. Mateus e Natália sentaram juntos e eu me sentei sozinha no banco do lado.
— Você não está animada? - ela perguntou — Eu estou tão animada.
Dei os ombros e me virei em direção a janela, tudo que eu não precisava era ver os dois se beijando a viagem inteira. Coloquei os fones no ouvido e senti meus olhos começaram a pesar.

*****
Acordei com uma mão acariciando os meus cabelos. Me virei e mesmo na escuridão do ônibus, eu sabia exatamente quem era. Aquele perfume eu reconheceria até embaixo d'água.
— Pedro...
— Eu não queria te acordar. - ele sussurrou
— Bom, acordei. - falei me espreguiçando. Ele se ajeitou no banco e me entregou um embrulho prateado.
— Eu encontrei na internet por um preço legal e resolvi comprar pra você.
Abri e encontrei um livro do Dom Casmurro de capa dura. Senti meus olhos encherem de lágrimas.
— Eu não acredito!
Pedro riu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Eu sabia que você ia gostar. Sempre soube dessa sua fascinação pela Capitu e o Bentinho.
— Eu nem sei o que dizer... - falei
— Um obrigado basta.
Abracei ele com força e beijei seu rosto.
— Muito obrigado! Você sabe que aqui na cidade não se encontra esse tipo de livro, e meus pais odeiam comprar livro pela internet. A nossa professora de português me emprestou o dela algumas vezes, mas eu sempre quis ter o meu próprio Dom Casmurro.
Ele sorriu.
— Abra, eu escrevi uma dedicatória pra você.
Abri o livro delicadamente. Na primeira página estava escrito:

“Agora, por que é que nenhuma destas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada.”
Eternamente, Pedro

Fiquei encarando aquelas palavras por vários segundos. Eu não sabia o que dizer. Pedro parecendo ler os meus pensamentos apenas me abraçou.
— Obrigado! - falei novamente
— Faço tudo pra ver o seu sorriso.
Apoiei minha cabeça no seu ombro e observei a estrada pela janela. O único ponto de luz lá fora era a lua, que estava cheia e linda.
— Eu sei uma música que combinaria perfeitamente com esse momento. - Pedro disse
Me virei e encarei seus olhos.
— Qual?
"À noite, quando as estrelas iluminam o meu quarto me sento sozinho conversando com a lua. Tento chegar até você, na esperança de que você esteja no outro lado conversando comigo também, ou eu sou um tolo que fica sentado sozinho conversando com a lua..."
Ele sorriu e acariciou a minha bochecha.
— Bruno Mars. - falei, e ele concordou com a cabeça — Eu amo essa música.
— Eu sei. Você colocou ela naquele cd que me emprestou.
— Eu sempre me esqueço desse cd. - falei rindo
— Já eu não me esqueço nunca.
Pedro me olhou com tanta intensidade que senti um arrepio percorrer meu corpo. Eu amava o Mateus, eu sabia isso do fundo do meu coração, mas eu não podia negar que o Pedro ainda mexia comigo. Me ajeitei no banco e olhei para o outro lado do ônibus, onde grandes olhos cinzas me observavam. Mateus apontou para o fim do corredor, onde ficava o banheiro e depois fez o número um com o dedo. Olhei as horas no meu celular e depois de um minuto fui até o banheiro.

*****
Eu não me lembrava como banheiro de ônibus era fedido. Só tive tempo de lavar meu rosto quando o Mateus entrou. Sua camisa preta só realça ainda mais seus olhos, e eu tive que desviar o olhar para não me derreter.
— O que você está fazendo? - ele perguntou
— Não entendi.
— É claro que você entendeu. - ele passou a mão pelos cabelos e me olhou nos olhos — Você e o Pedro... que merda era aquela?
— Eu quem deveria perguntar que merda era aquela entre você e a Natália, não acha?
Ele negou com a cabeça.
— A Natália não me embebeu e ia me comer dentro da porra de um carro. Você é burra, Lívia?
— Fala direito comigo! - gritei
Ouvi uma falação fora do banheiro. Certamente todo mundo estava ouvindo a nossa discussão.
— Você me enganou. — sussurrei — Você disse que nós ficaríamos juntos.
Ele abriu a boca para dizer alguma coisa e fechou logo em seguida. Deu alguns passos naquele pequeno banheiro e se virou pra mim.
— As coisas não aconteceram como eu planejei. Eu sinto muito. Se eu puder...
Coloquei minha mão sobre a sua boca, o interrompendo.
— Sem mais planos ou promessas Mateus.
Abri a porta do banheiro e voltei para o meu lugar.

*****
Passei o resto da viagem com os fones de ouvido. Pedro continuou sentado ao meu lado, mas logo adormeceu. Depois de algumas horas, finalmente, chegamos até o acampamento. Colocamos nossas mochilas nas costas e andamos por quinze minutos dentro da floresta, até encontrar nossos chalés. Dividiríamos o acampamento com mais duas escolas.
— Será que aqui tem menino bonito? - Natália sussurrou no meu ouvido.
Arqueei minhas sobrancelhas e ela abriu um sorriso de lado.
— Não pra mim, é claro. Eu já tenho o garoto mais bonito.
Desviei o olhar dela e encontrei os olhos do Mateus. Ficamos nos olhando por alguns segundos até a diretora gritar:
— Meninas para o lado oeste, meninos para o lado leste. Cada chalé terá três pessoas, seus nomes estão colados na porta. - ela sussurrou — Cuidado com os sapos, cobras e ursos. E nada de invadir o chalé do sexo aposto!
Natália se despediu do Mateus e nós fomos na direção oeste.
— Ainda bem que não temos que dormir em barracas ou coisa parecida.
Concordei com a cabeça.
Andamos por mais alguns minutos até encontrar um chalé com o nosso nome na porta. Abrimos a porta e entramos. Sentada na cama estava uma garota com olhos verdes intensos e cabelos castanhos.
— Oi - ela disse sorrindo — Eu me chamo Sabrine!


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