Sinto meus olhos pesarem enquanto tento me manter por pelo menos mais alguns minutos acordada. Stefan acaricia delicadamente minha barriga, o movimento é tão calmo e delicado que mal consigo conter o suspiro.

É a nossa primeira noite na casa nova. As caixas com nossas coisas e alguns outros moveis ainda estão empacotadas no andar de baixo. Os garotos vão aparecer amanhã para nos ajudar a arrumar tudo, já que Stefan se recusa a me deixar carregar as caixas.

Em outras ocasiões sua superproteção teria me irritado bastante, mas honestamente? Me faz cair por ele ainda mais por ele.

Eu não sei para onde estamos indo com isso, mas quero tanto que dure e meu coração se aperta com a sensação de não poder tê-lo e meus braços.

Exatamente assim.

Com sua mão direita me acariciando, a sua esquerda agarrada a minha cintura, o rosto enterrado no meu cabelo, a respiração leve e compassada. Seu corpo quentinho me lembrando do quanto é bom ter uma família.

–Lena? – murmura.

Sorrio com meu apelido sendo pronunciado por ele.

–Oi.

Ele se vira na minha direção e nossos rostos ficam pertinho um do outro.

Mas ele não sorri.

–Eu posso conversar com você sobre algo?

Meu coração aperta. Tento me manter calma enquanto ele parece tão indeciso entre falar ou não.

–Claro.

Ele suspira, então encara sua mão direita, que acaricia minha barriga e ele sorri um pequeno sorriso tão lindo que morro aos poucos.

Eu acho que o amo tanto.

–Você chama por eles. – diz finalmente. Sua voz é baixa e controlada. – Seus pais. Você chama por eles enquanto dorme.

Um milênio de silencio.

Então ele levanta o olhar para mim e percebe que mordo o lábio inferior com força, tentando controlar as lagrimas idiotas que estão tentando escapar.

É claro. Eu já passava por situações como essa antes, enquanto morava com Care.

Os primeiros anos foram os mais difíceis, onde eu acordava gritando e chamando por eles. Implorando que voltassem. Que ficassem comigo só mais um pouquinho.

–Eu pensei que tivesse parado. – murmuro.

Minha voz soa rouca e isso faz com que ele se aproxime mais de mim, tentando de alguma forma absurdamente adorável me confortar.

–Eu sinto muito, eu não devia ter tocado no assunto. – diz. – Eu só queria saber se você tinha ideia. Eu não gosto de vê-la sofrer, amor.

Suspiro audivelmente e as malditas lagrimas vem á tona.

Viro-me para ele e puxo seu rosto na minha direção. Apertado seus lábios nos meus.

Sinto o gosto de sal das minhas lagrimas, mas o gosto da boca dele na minha é tão familiar e apreciativo que não me importo. A mão de Stefan encontra meu rosto e acaricia minha bochecha, tentando secar a minha dor.

Descubro sua língua encontrando a minha e solto a respiração entre nossos lábios, tentando aprofundar mais o beijo, mas Stefan se afasta um pouco, encostando sua testa na minha.

–Você pode falar comigo sobre isso, certo? Sou todo ouvidos. – ele sorri amigavelmente.

Concordo com a cabeça em sua direção, querendo tanto falar, mas não sabendo como.

–Eu quero, mas não sei como começar... Eu sinto a falta deles é claro, todo dia é como um maldito lembrete de que os perdi. – suspiro. – Mas quando estou com você, nos últimos meses, é quase como se fosse suportável viver. Como se eu pudesse finalmente respirar.

Ele me analisa completamente calado. É claro que tenho medo que a intensidade de meus sentimentos por ele o assustem, mas Stefan não parece nem de longe de alguma forma encurralado.

Então continuo.

–Eu acho que tenho perdido eles todos esses anos. Todos os dias. E tenho medo de perder você também. – murmuro.

Stefan suspira e afaga meu rosto com o seu.

Sua barba mal feita roçando minha pele e me trazendo calafrios tão, mas tão bons que reprimo um gemido.

Então ele sussurra contra meu ouvido:

–Você não vai me perder, Elena Salvatore. Você já é minha.

.

Stefan, Klaus e Mike conversam animadamente enquanto desempacotam as caixas na sala de estar. Observo sorrindo quando eles contam alguma coisa idiota um para o outro e riem.

O sofá já está posicionado no centro da sala, acompanhado de uma tv enorme e uma mesa de centro. Foi a primeira coisa que eles quiseram arrumar.

–Assim podemos ver o jogo. – Explica Mike quando pergunto o porquê.

Stefan encontra meu olhar e sorri feliz da vida quando o time faz algum ponto. Reprimo uma risada, me obrigado a apenas sorrir enquanto volto-me para a cozinha e o almoço.

Eu não aprecio cozinhar, mas com a ajuda dos garotos hoje eu imaginei que seria gentil em preparar algo. Ainda mais que a mesa da cozinha foi a segunda coisa que eles arrumaram.

–Então, quando vamos saber o sexo do nosso campeão? – ouço a voz de Klaus atrás de mim.

Ele está sentado no banquinho, os braços apoiados no balcão e sorri pra mim.

Sorrio de volta.

–O exame é amanhã. – digo.

–Você tem preferencia? Porque eu queria muito que fosse um garoto machão para levar aos jogos. Apesar de que adoraria ser o cara que quebra a cara dos moleques idiotas se for uma garota...

Solto uma gargalhada.

–Deus do céu, essa criança ainda nem nasceu e já é superprotegida.

Klaus ri.

–E eu estou sendo o tio legal, você não tem ideia do quanto Stefan pode ser coruja...

–Como sempre, imagino que estejam falando bem de mim por aqui, não é Mikaelson? – Stefan aparece atrás dele. Seu tom é divertido.

Klaus não se altera.

–Eu só estava falando com a sua esposa sobre uma garota ser muita dor de cabeça para um pai tão ciumento que imagino você ser. Imagina o quanto de garotos vão estar atrás dela...

A expressão de Stefan endurecesse.

–Como assim “garotos atrás dela”?

Klaus ri. Batendo no ombro do amigo, então se vira para mim com o mesmo sorriso contagiante.

–Eu mudei de ideia, eu quero ver como esse cara vai lidar com uma garotinha.

Abro um sorriso para ele e vejo Stefan estreitar os olhos para mim. Mike chama Klaus para ver algum lance importante na sala, deixando-nos a sós.

–Eu já disse que odeio a sua amizade com o meu melhor amigo? – pergunta.

Ele se aproxima de mim estrategicamente, enquanto me encurrala no balcão da pia. Suas mãos descem a minha cintura até a minha bunda e solto a respiração, reprimindo-o com o olhar.

–Não, você não odeia. – murmuro. – Eu diria que você ama que eu e Klaus sejamos amigos.

Um sorriso cresce em seu rosto, mas seus olhos são escuros em um desejo que nunca tinha visto ali.

Mordo o lábio inferior quando ele desce um beijo no meu pescoço, e sobe o maxilar suspirando contra a minha pele.

–Você é tão cheirosa. – diz. – Eu poderia passar a vida inteira com o rosto contra a sua pele.

É isso.

Meu coração é inútil.

Ele ri da minha expressão e acaricia meus lábios com os seus, mordendo-os.

Encosto minha testa na sua, tentando controlar os hormônios.

–Eu sinto muito Sr. Salvatore, mas sem amassos na cozinha com seus amigos ali do outro lado.

Ele faz uma careta meiga.

–Mas eu quero fazer amor com você. – diz sofregamente, me deixando apaixonada por ele.

Tão malditamente apaixonada.

Quando as mãos de Stefan encontram o caminho até a minha barriga por cima do meu vestido, ele a acaricia calmamente, enquanto um pequeno sorriso cresce em seu rosto.

Então quando olha para mim novamente e seus olhos estão brilhando tanto que eu tenho certeza que o amo.

Amo-o tanto que cada molécula do meu corpo é dele. Cada pequena parte minha é dele e só dele.

–Eu acho que gosto da ideia de ser um garoto. – diz finalmente. – E eu acho que podemos conversar sobre os nomes amanha, depois que descobrirmos.

Sorrio animadamente.

–Eu adoraria. E para a sua satisfação, eu quero muito uma menina.

Stefan ri.

–Eu estou feliz com qualquer um dos dois, contanto que seja nosso. – diz. E morde meu lábio inferior. – Vou ama-lo tanto quanto eu amo você.