Rebeldes Sem Causa escrita por autorasantiis


Capítulo 18
Que nos volvamos a ver




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Jade West 

 

— Me dá logo essa merda – grito apressada, enquanto as outras três mantinha uma confusão no quarto, eu pego a presilha que me foi estendida pela Tori e prendo em seu cabelo fixando o coque soltinho que eu havia feito, afinal, nem só de cortes vivem uma rebelde – a Tori tá pronta, vem logo Roberta – grito para a loira que corre até mim e troca de lugar com a Tori.

Vale, Josy, Mia e Lupita adentram o quarto com pressa, a garota com a estrela na testa tinha uma maleta de maquiagem e as outras já estavam aparentemente prontas.

— Mar – Jazmin grita saindo do banheiro – meu salto não prende.

A castanha bufa irritada e se agacha para tentar ajeitar o sapato da amiga. Volto minha atenção para o cabelo da Messi enquanto aquela agitação só aumentava, vocês devem estar se perguntando, o que está acontecendo aqui, bem, é simples, estamos prestes a nos formar e como pode perceber, o caos está estabelecido.

O resto do ano correu bem rápido, sendo seguido de muitos trabalhos, provas e incrivelmente, sem mais confusões, porque ficamos satisfeitas o suficiente com a expulsão do Gastão. Tivemos a nossa peça de fim de ano, tendo as meninas interpretando o clássico da Bela e a Fera, depois Lago dos Cisnes em hip hop, o que eu adorei. Tivemos uma batalha de banda, mas o prêmio foi nada menos do que a escolha do nosso orador de turma, e sinto muito informar a vocês que esta, será eu. Houve quase um baixo assinado para que isso fosse revertido, mas eu prometi me comportar e prometi fazer um discurso digno, sem palavrões e sem dizer o quanto eu odeio seres humanos ou qualquer coisa que respire. Enfim...

Término de amarrar o rabo de cavalo da Messi e passo um pouco de laquê para que o penteado em cachos fique firme no lugar.

— Vem, sua vez – Roberta se levanta e eu me sento para que ela possa me ajudar com meu cabelo, onde eu optei por um coque apertado e firme.

Não demora muito para que todas nós estivéssemos prontas, e começarmos a nos encaminhar para o teatro, onde nossos familiares nos esperavam para assistir à cerimônia. O lugar estava todo decorado em cores vermelhas e brancas, as cadeiras dos formandos estavam ao fundo da bancada dos professores sobre o palco, e logo ao lado o publito, onde eu teria que fazer meu pequeno discurso.

— Boa noite familiares, amigos e membros do nosso corpo estudantil – fala o diretor Gandia – hoje neste dia especial para o Elite Way School, gostaria de lhes apresentar os nossos queridos formandos – ele aponta para a nossa direção e levantamos fazendo um coro bonito do hino do High School Musical – agora chamo Jade West, para o seu discurso como oradora de turma.

Me levanto segurando delicadamente a barra do meu vestido longo e caminho até ele que me dá um breve toque no ombro e vai se sentar no seu lugar.

Pigarreio um pouco nervosa e sorrio, me aproximando do microfone.

— Boa noite, pais, amigos, familiares, professores e diretor – inicio parando só para soltar um suspiro, onde já se viu, Jade West nervosa – bem, provavelmente muitos de vocês não me conhecem, porque no início desse ano, eu e mais seis amigos recebemos um convite irrecusável no colégio de artes que nós estudávamos, lá em Hollywood – dou outra pausa e olho para meus companheiros com alegria – pensamos muito sobre vir, porque uma mudança drástica sempre seria demais para qualquer um aguentar, outro país, outra língua, outros costumes, e poderiam não ser tão adotáveis assim, mas mesmo assim viemos, e no momento em que pisei aqui, pude ver toda a diversidade, não só do México, mas dos recém chegados da Argentina e do Brasil, pessoas que agregaram a rotina de um colégio com um projeto de reunir diversidades. Então tudo se acalmou para mim quando eu conheci uma Mexicana, uma Argentina e uma Brasileira, que se tornaram muito mais do que colegas de classe, ou colegas de quarto, se tornaram minhas amigas, me trouxeram uma coisa que nunca achei que teria, a sensação de lar, de estar em casa, mesmo que eu seja uma americana revoltada, fazendo intercâmbio em um país muito longe – ouvi muitos risos dos meus colegas e eu sorri para eles, me sentindo realmente feliz – hoje é um dia especial, o dia em que nos despedimos desse colégio e caminhamos finalmente para a estrada da vida, nos despedimos de adolescentes para nos tornarmos adultos. E é com esse sentimento especial que eu dou tchau a vocês, como uma forma de reconhecer que hoje estaremos aqui, mas amanhã, bem, não sabemos. Ainda assim, aos que vierem boa sorte, aos que ficam boa estadia e aos que se vão que nos volvemos a ver. Obrigada.

Vejo os familiares se levantar e aplaudirem, logo toda a minha turma também fica de pé e aplaude, algumas das meninas limpando suas lágrimas e eu sorrio satisfeita voltando ao meu lugar.  Logo nossos nomes começam a ser chamados e um a um, vamos receber nosso diploma.

— Jade West – o diretor chama e eu caminho até ele com um sorriso nos lábios – você conseguiu, achei que ia precisar te aguentar um pouco mais.

— Eu não seria tão rebelde assim – dou de ombros recebendo uma negação de cabeça por parte dele, logo pego o canudo onde provavelmente estava meu diploma e sorrio para a foto com ele ao meu lado.

Finalmente, agora eu já posso dar adeus a esse colégio. Assim que terminamos aquele momento, vamos falar com nossos familiares e depois decidimos ter o nosso momento, onde não incluía um espaço com globo e música alta, só uma fogueira no meio do jardim, um violão e um bom lugar para nos acomodar. Todos os formandos estavam ali, sem exceções.

— Nem acredito que finalmente terminamos – Beck fala e sorri para mim.

— O que acham de fazermos o nosso momento de despedida? – Alice sugere um pouco emotiva enquanto tinha Pedro a abraçando por trás.

— É uma boa ideia – Vale assente.

— Eu começo – Mar se apressa se ajeitando no meio das pernas de Thiago – não que eu tenha muito a dizer, mas eu gostaria de agradecer por terem me acompanhado nesse último ano, criamos um laço tão forte que parece que os conheço uma vida inteira – ela seca as lágrimas que começavam a cair – sabe, nada nunca foi fácil para nenhum de nós que viemos da Mandalay, maioria de nós adotados, ou deixados por  nossos pais, vivíamos em uma casa com nossos cuidadores, duas pessoas tão maravilhosas que transformaram nossas vidas e nos trouxeram até aqui. Daqui eu levarei as melhores lembranças, as extraordinárias bagunças, e tudo que aprendi e conquistei com vocês, e como uma boa rebelde, todas as vezes em que escapamos da detenção.

Rimos.

— Nós também agradecemos muito – Pardo fala olhando para seus mexicanos e logo depois para cada um de nós – ter uma diversidade de nações e costumes aqui foi muito mais do que uma experiência cultural, foi uma oportunidade de criarmos laços, de estabelecermos novas alianças e aproveitar tudo de bom que o processo de construção nos oferece – ela sorri feliz – obrigada pela amizade de vocês.

— É certo dizer que aprendemos muito uns com os outros – Messi fala em seguida – estamos felizes de ter aceitado o intercâmbio.

— Nós também – Cat fala sorridente.

Rama começou a tocar o violão e de repente aquela música começou a soar sobre meus ouvidos, a melodia boa que eu ouvia a Mar cantarolar de manhã cedo, de repente me traz muito mais do que lembranças, me traz sentimentos, esses que com certeza é de aquecer o coração, e mesmo que pareça que eu não o tenha, eu o tenho, e sinto intensamente. Aqui nesse momento, é um daqueles momentos em que olhamos para trás e podemos ver cada uma das coisas que aprontamos, cada uma das coisas que experimentos e que marcamos durante o nosso percurso. Então assim como eu me lembrarei desses momentos para o resto da minha vida, espero que você também possa lembrar e rir das vezes em que as rebeldes estiveram à solta, tocando o terror, fazendo do Elite Way, a maior zona. E mais uma vez, que nos volvamos a ver, hasta la vista mis amores. Tchau.


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