Fighting Demons escrita por Ju Benning


Capítulo 10
Weak Point


Notas iniciais do capítulo

Depois de um recorde de demora eu dou as minhas caras aqui de volta. Espero que não tenham desisto, espero que ainda gostem da fic :D
Foram realmente tempos difíceis para esta que vos escrevas, maaaas, agora tudo é calmaria e estou de férias e com tempo de sobra! YEEEY
Gente, sem mais mimimi, aí vai um cap que eu caprichei para vocês, espero que tenha valido a pena pra vocês esperarem! Perdoem alguns possíveis errinhos porque assim que eu terminei corri pra postar, vou corrigir em breve!
Beijos pra vocês e boa leitura!
P.s.: Obrigada pelos comentários e acompanhamentos do cap anterior



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/507452/chapter/10

Nina guiava o Impala com certa facilidade, não que ela costumasse dirigir o carro quando estava com Dean, mas antes disso, quando estava com John e aquele carro pertencia a ele, o homem a deixava guiar.

– Particularmente, eu acho isso super romântico!-- Nina falava para irritar Dean que já a olhava furioso Na verdade, tem algo de erótico em você algemado aí no banco de trás.Ela o encerava através do retrovisor.

– Não há nada de sexy em eu me arrepender de não ter terminado de te estrangular... -- Ele respondeu entre os dentes.

– Meu amor, nós dois sabemos que não vamos matar um ao outro... -- Ela parou pra pensar por um momento e então seguiu -- Enlouquecer, muito provavelmente, mas matar -- Ela balançou a cabeça exageradamente -- isso nunca.

– Está apostando? -- Ele exibia os olhos negros.

– Ai, Dean, para com isso. Essa de ficar com olhos pretos não dá mais medo em ninguém, funcionou as primeiras vezes agora tá clichê, um pouco charmoso, talvez? Mas medo não dá. -- Ela riu da cara decepcionada dele -- Agora, é sério, tenta se acalmar um pouco, porque você não vai mais a lugar nenhum antes de estar livre dessa coisa de demônio que se instalou em você. Nós já estamos bem perto do Bunker. Sam, Castiel e Vivian estão lá; acabou. Você vai voltar a ser o que era e não adianta ficar esperneando, não adianta quais absurdos você invente pra falar, ninguém vai te ouvir...--

Ele se mantinha calado, como se não estivesse ouvindo uma palavra sequer.

– E tem mais! -- Ela elevou o tom da voz de brincadeira e ele a olhou pelo canto do olho -- Vai precisar de toda a força que eu sei que tem, nós dois sabemos o processo não será fácil, mas fique firme tá bem? -- Pelo retrovisor ela olhava fundo nos olho dele.

Ao fim da fala dela Dean começou a cantarolar alguma coisa e jogou a cabeça pra trás. Nina fixou seus olhos na estrada e acelerou o máximo que conseguiu queria chegar mais rápido, porque apesar da pose descontraída, se sentia como se houvesse uma arma engatilhada apontada para a sua cabeça. Não podia falhar. Após alguns minutos de um silêncio profundo e incômodo, Dean quebrou, surpreendentemente, o silêncio.

– Nina. ele parou por alguns segundos, -- mas já tinha a atenção da mulher. Dean parecia pensar em alguma coisa, mantinha seus olhos no tom habitual, e de uma hora pra outra voltou a falar -- Que história é essa de maldição em você? --

Nina riu por baixo da respiração, tirando os olhos dele por alguns segundos.

– E você se importa? --

– Eu sempre me importei com você. -- Ele respondeu azedo.

– Não é nada, só preciso evitar de morrer por uns anos... -- Ela explicou genericamente e voltou a encarar a estrada.

– Tudo bem. -- Ele mantinha o tom azedo -- Eu acho que sempre fui o idiota apaixonado que conta tudo... você não... fugiu, pisou, fez o que quis. Escondeu de mim que eu tenho uma filha, escondeu de mim que você tem uma porcaria de maldição. Você entende porque eu tenho vontade de te matar às vezes? --

Nina o olhou de cenho franzido.

– Não sabia que demônios tinham sentimentos... sempre achei que nós íamos ter essa conversa quando você estivesse curado. -- O jeito que ela falava era engraçado, surpreso.

– Primeiro, eu não vou ser curado. -- Ele praticamente cuspiu -- Segundo, que se vocês conseguirem trazer o velho Dean de volta -- Dean parecia enjoado com a possibilidade -- eu aposto que ele não vai dizer uma palavra a você além de "Eu te amo demais pra ter raiva de você, Nina. E não se preocupe com nada, vamos fazer qualquer coisa pra desfazer essa maldição." --

– Ah é? -- Ela sorriu por dentro.

– É claro que sim. -- Dean reclamou rabugento -- Mas saiba que agora, eu penso que você é uma puta russa mentirosa e manipuladora.

Nina riu um pouco quando finalmente chegaram ao Bunker. Sam e Vivian esperavam pelos dois na porta, a loira dava pulinhos involuntários observando o veículo se aproximar.

– Uau, com tantos adjetivos a minha auto estima está, ó! -- Ela bateu no teto do carro -- Nas alturas! -- Ao dizer isso Nina desceu do carro e sorriu pra os outros dois.

Ela e Vivian se abraçaram apertado, enquanto Sam se dirigiu ao carro para buscar o irmão.

– Onde está a Mary? -- Nina perguntou imediatamente.

– Dormiu... estava morta de cansada. Mas está tudo bem! -- Vivian assegurou -- Já de você eu não acho que possa dizer o mesmo... -- Ela falou prestando atenção no estado da amiga.

– Nada que um banho não resolva, eu acho... devo ter algumas roupas nas coisas de Dean por aqui. Só é uma pena o vestido... -- Ela suspirou dando de ombros e olhando o os trapos vermelhos que a cobriam.

– Vamos entrar? -- Sam falou arrastando as correntes do irmão que com certeza não tinha uma cara boa -- Acho que teremos uma longa noite pela frente. --

Xx

A festa em Vila Celeste ia bem tediosa como sempre era quando a Velha Guarda estava presente. Mas para Megan em especial estava desesperadora, a mulher procurava Elliot por cada canto daquela festa, até que o encontrou no meio de uma rodinha de meninas.

– Elliot! -- Ela chamou num tom um tanto exaltado. -- Vem aqui agora.--

As meninas ao redor dele se assustaram e saíram discretamente. Na verdade, além de Nina, os jovens ali tinham bastante medo de Megan também.

– O que foi que eu fiz? -- Ele parecia indignado.

– Onde diabos a sua irmã se enfiou?!-- Ela falava agitadamente.

– Deve estar em algum canto se derretendo para aquele Sam... -- Elliot parecia incomodado.

– Não, ela não está! -- Megan falava como se fosse culpa dele -- Nenhum dos dois está aqui, nem Castiel está aqui... Céus! --

– O que aconteceu de errado? -- Elliot abandonou sua postura casual, adotando a atitude de soldadinho.

– Nina saiu pra encontrar/matar Dean e pegar a Mary de volta. -- Megan começou.

– O que? Quando? -- O garoto se agitou.

– No começo dessa droga de festa e deixou o celular. -- A mulher tinha o maxilar trincado -- O problema é que Kyle descobriu, saiu daqui como uma fera e eu to rodando a tanto tempo atrás da sua irmã que eu nem sei se da mais tempo.--

– Liga pra a Vivian, ora! -- Elliot falou irritado -- E reze pra aquele barbudo imbecil não achar a Nina e o Dean antes que nós avisemos a eles.

– Eu não tenho o número da sua irmã... e não quero falar com o Bran, o cara é pai dele... E aliás, não sabia que você não gostava dele... --

– Ele me detesta! Porque gostaria dele? -- Elliot falou aquilo como se fosse absurdo, enquanto pegava o próprio celular e discava um número.

– Babaca. -- Megan murmurou, quando o garoto bateu de leve em seu braço e entregou o aparelho.

– Estou ligando para a minha irmã, fale com ela. -- Disse de maneira seca e entregou -- Já está chamando.

– Atende Vivian. -- Megan batia o pé.

Xx

Sam levou Dean para uma das salas internas, longe dos quartos e proibiu que Nina aparecesse lá tão cedo, pelo menos não antes de comer alguma coisa, tomar um banho quente e arrumar aqueles cortes. A ruiva não protestou tanto, estava precisando mesmo de tudo aquilo, sem falar que não estava largando seu caçador com qualquer um, era com seu irmão e o laço que eles dois tinham era um dos (se não o) mais forte e bonito que ela já havia visto. Se Dean não estivesse seguro com Sam Winchester, talvez não estivesse com mais ninguém.

Nina sentia os pingos de água ainda escorrerem pelo longo comprimento de seus fios ruivos quando terminou de vestir a roupa mais confortável que achou: um short folgado, uma camiseta regata branca com alguma estampa sem muito sentido preta e uma das camisas xadrez de flanela de Dean por cima.

– Nunca imaginaria dizer que tudo que eu precisava era uma xícara de café...-- Nina sussurrou ao colocar a xícara vazia na mesinha de cabeceira, sentada na ponta da cama onde Mary dormia para Vivian que estava em pé perto da porta.

– Eu preciso dizer que essa deve ser a menor coisa que estava precisando... -- A amiga sussurrou de volta.

Nina fez cócegas de leve nos pés da filha, até que a pequena abriu os olhos.

– Adivinha quem chegou, princesinha? -- Falou sorrindo quando a menina sentou-se na cama.

– Eu estou sonhando? -- Mary perguntou com voz de sono e coçando os olhos.

– Não, Mary, sua mãe voltou. -- Vivian respondeu sorrindo enquanto Nina deu um tchauzinho para a menina.

Mary andou em cima da cama e se jogou no colo da mãe que a abraçou com muita força.

– Eu tive medo que você não voltasse dessa vez... -- Ela falou no ouvido da mãe.

– Hey, eu prometi a você que eu sempre voltaria, não foi? -- A mulher respondeu enrolando a mão pelos cabelos loiros da menina, que balançou sua cabeça positivamente.

– E o meu pai? -- Ela perguntou.

– Seu pai está... -- Nina pensou em como explicar --... doente... tio Sam está cuidando dele agora. -- A menina descolou a cabeça do ombro da mãe e a olhou assustada -- Não é nada demais, meu bem. Eu prometo. --

Mary continuava a encarando, quando o celular de Vivian tocou e ela deixou o quarto para atender.

– Mamãe, eu estou com sono. -- Queixou-se a menina.

– Pode voltar a dormir, meu amor. -- Nina disse calmamente.

A menina obedeceu e se aconchegou de volta nos travesseiros.

– Quando eu acordar, eu vou ter uma família normal? --

Nina riu e não fazia a mínima ideia da resposta, então improvisou já em pé perto da porta.

– Boa noite, Mary. --

– Winchester. -- Completou a menina.

– O que? -- Nina perguntou confusa.

– Mary Winchester. Meu nome. -- Ela respondeu já voltando a pegar no sono.

– Claro que sim. -- A ruiva riu saindo do quarto e fechando a porta atrás de si.

Irina se encostou atrás da porta com um sorriso no rosto, às vezes não conseguia fazer outra coisa além disso em relação a sua filha. Mas seu sorriso virou uma exclamação de susto, quando Vivian sem aviso a pegou pelos ombros bruscamente.

– NÓS ESTAMOS FERRADOS! -- Ela berrou enquanto sacudia a amiga.

Por reflexo Nina empurrou Vivian para longe e respirou fundo, apoiando-se em seus joelhos devido ao susto.

– O que diabos foi isso? -- Falou enquanto se recuperava.

– Uma palavra pra você: Kyle. -- Vivian parecia em verdadeiro pânico.

Xx

– Onde elas estão? -- Elliot perguntou quando Megan encerrou a ligação.

– Eu não perguntei, acho melhor que a gente nem saiba disso, Elliot. -- Megan falou batendo com a mão no ombro do garoto. -- Acho que elas conseguem resolver, vai ficar tudo bem -- O tom de Megan denunciava que ela acreditava em muita coisa menos naquilo.

– Eu acho... -- Elliot estava prestes a falar qualquer coisa que se perdeu assim que ele viu alguma coisa às costas de Megan. -- Não acho que isso seja boa coisa.-- O garoto falou virando Megan para que ela visse o que ele via.

Bem no meio do salão havia um microfone e um grupo da Velha Guarda visivelmente agitado se aproximou do aparelho, como se fosse fazer um pronunciamento.

– Céus. -- Reclamou Megan batendo a mão espalmada na própria testa.

Uma mulher se aproximou do microfone.

– Angélica não... -- Resmungou Elliot.

– Shiiu, precisamos ouvir o que ela vai dizer com atenção. -- Retrucou a grávida.

Boa-noite á todos! -- A senhora de cabelos longos e grisalhos presos numa trança e expressão séria -- É com muito pesar que interrompo esta festa maravilhosa -- Angélica fez uma pausa na fala, como se esperasse alguma lamentação que não ocorreu, tornando o momento constrangedor. -- Mas temos uma urgência -- Ela retomou sua fala -- Mesmo que não abertamente sabemos que nossa querida e melhor caçadora de Vila Celeste, Irina. É envolvida com um rapaz de fora, um Winchester. --

– Não sabia que a vida pessoal dela era de interesse público. -- Um jovem rapaz de seus vinte e poucos anos falou de maneira audaciosa.

–Problemas com a minha fala, rapaz? -- Angélica falou diretamente para ele.

– Nenhum, desde que vá direto ao ponto. -- Insistiu o rapaz, dando um meio sorriso sem graça.

– Muito bem, meu jovem. -- A mulher falou de mandíbula trincada -- O fato é que Dean Winchester é um demônio e descumprindo ordens diretas de Kyle, ela foi ao encontro do monstro que é também pai da filha dela. Sendo assim, Irina é procurada pela Velha Guarda e é a partir de agora dever de cada um de vocês encontra-la, prendê-la e trazer até qualquer um de nós. -- Ela olhava gradativamente nos olhos de cada um dos presentes -- O mesmo vale para Dean e quem mais se mostrar favorável a ajuda-la. Tudo bem, meu jovem? -- Angélica terminou sua fala olhando para o rapaz que a havia interrompido.

O rapaz bateu uma continência debochada.

– Esse cara é demais. -- Elliot escondia o riso -- Quando eu me tornar um oficial supervisionado quero ser igual a ele! --

– Tenho certeza que vai, Elli. Será tão bom quanto Bernardo é. -- Megan disse beijando o topo da cabeça do garoto -- Só tenha um pouco mais de juízo. Vou ligar pra a sua irmã de novo. Nina não pode por os pés aqui nem em sonho. --

Xx

– Como Kyle descobriu isso? -- Nina andava de um lado para o outro.

– Eu não faço ideia. -- Vivian respondeu girando o celular em cima da mesa -- Megan falou pouco ainda estava um barulho absurdo.

– Mas que droga! -- Nina xingou -- Eu não sei o que fazer agora... talvez eu devesse voltar para a Vila. --

– Tenha calma! -- Vivian começou a falar quando as luzes do Bunker se apagaram.

– Que merda é essa? -- Nina olhou ao redor pegando uma Katana que estava pendurada na parede como decoração.

– Sam? -- Vivian chamou sacando a arma que levava consigo.

Pisadas fortes surgiram por um corredor que elas não enxergavam. Nina e Vivian ficaram costa a costa, para que uma protegesse a outra.

– De volta aos velhos tempos, certo? -- Nina brincou.

– Acha que Dean se soltou? -- Vivian devolveu a pergunta.

– Provavelmente. -- A ruiva respondeu.

Os passos se aproximaram cada vez mais e Nina estava preparada para cortar alguém com aquela katana, ela ergueu um pouco mais a lâmina e tinha os músculos tencionados, mais um passo sem identificação e quem quer que fosse teria um membro decepado.

– Vivian?! -- Disse a voz de Sam num sussurro.

As duas relaxaram.

– Você acabou de quase perder esse maldito braço. -- Nina respondeu ofegante. -- O que houve?

– Dean se soltou. -- Falou Sam preocupado -- Escutem, ele está fora de controle, está me caçando, caçando todos nós aqui dentro. --

– A Mary. -- Nina pensou alto se agitando.

– Eu vou ficar com ela e tranco a porta por dentro, faço uma barricada, vamos ficar seguras. -- Vivian garantiu -- Agora vocês dois, achem aquele maldito anjo de sobretudo e deem um jeito de uma vez por todas em Dean porque eu não gosto nada de adrenalina. Ok?! -- Ela falava autoritária.

– Ok. -- Sam e Nina disseram em uníssono.

– Muito bem. -- Vivian respirou fundo -- Eu estou indo para onde devo ir. Até mais. -- Ela estava visivelmente tensa, mas marchou decidida até a porta em sua frente, passou por ela e logo Sam e Nina ouviram o barulho da tranca.

– Agora somos só eu e você, Sam. -- Nina ainda apertava a katana com força -- Onde está aquele maldito anjo?

– Ele foi buscar mais alguma coisa, não ouvi bem. -- Sam suspirava -- Vamos nos dividir aqui. -- Ele baixou o tom da voz, quando os movimentos de Dean começaram a ser ouvidos.

– Nos encontramos de novo, amor! -- Falou Dean logo atrás da mulher.

– Nina, abaixa! -- Sam avisou e mulher obedeceu imediatamente, livrando-se de uma martelada de Dean.

A mulher não demorou a devolver o golpe colocando a katana contra o pescoço do demônio.

– Faça, Nina. Vá em frente, me mate. Você sabe que não pode. -- Ele ria.

– Se seu pai pudesse lhe ver agora... -- A mulher falou com a voz partida de raiva.

– Isso não faz a mínima diferença! Aquele velho era um babaca! -- Dean devolveu.

Então Nina virou a lâmina de lado, que não era cortante e bateu em Dean com ela.

– O único babaca aqui é você! Não se atreva a falar do seu pai! -- Sam segurou Nina onde estava, mas confessou que não entendia o afeto enorme que Nina sentia pelo seu pai.

– Obrigada por segurá-la, irmãozinho. -- Será melhor feri-la quando está assim, parada. -- Dean ameaçou acertar nina com o martelo mas Castiel apareceu às suas costas.

– Já chega Dean. -- O anjo disse segurando o outro -- Vamos acabar logo com isso. -- Castiel disse olhando para os outros dois.

Tudo finalmente ficaria bem para aqueles ali, mas havia algo importante que não ouviam: O celular de Vivian tocada repetidas vezes jogado em cima da mesa.

Xx

Mais um vez amarrado à cadeira Dean gritava e ficava cada vez mais fraco a cada injeção de sangue humano.

– Dean, meu amor, acorda, não apaga assim! -- Nina segurava o rosto dele entre as mãos, mas Dean não dava sinais de retornar -- Não brinca. -- Ela o soltou e passou a andar de um lado pra o outro, Sam se aproximou do irmão e falou algumas coisas que não surtiram efeito igualmente -- Nós o matamos? Sam, Castiel, foi isso que fizemos? -- Ela tremia dos pés à cabeça.

– Não, Nina, ele só desmaiou. -- Castiel tentava acalmá-la.

Nina parecia ouvir a voz de John em seu ouvido "Acalme-se, cabeça de fogo. Sempre vou estar aqui pra você como se fosse minha filha também!"

– Honestamente, Cas, eu não sei mais o que fazer... isso está matando ele. -- Sam lamentou checando o pulso do irmão -- Não podemos continuar... --

Nina parecia aérea, imersa em seus próprios pensamentos -- O que eu faço John? -- Ela repetia mentalmente. De repente lembrou-se de algo, na verdade algo veio em sua cabeça, e se Nina se permitisse ser um pouco mais louca do que já era, diria que era a voz de John falando: "A Caixa dos Mortos.." -- Como eu não pensei nisso antes? -- Nina sussurrou para si mesma.

Fora do fantástico mundo de Nina, Sam e Castiel continuavam a sua conversa.

– Nem que quiséssemos continuar agora, Sam... -- Castiel falou pesaroso -- O sangue que eu fui buscar já acabou precisaríamos de mais... no entanto eu tenho medo de tentar de novo, ele não está reagindo como deveria. --

– Talvez o sangue de alguém mais próximo, alguém que signifique alguma coisa para ele... -- Sam falou já se virando para Nina -- Não se isso tem algum sentido, mas não custa tentar... --

– Meu sangue? -- Ela falou balançando a cabeça para tornar a realidade -- Claro, sem problema. -- Ela falou já sentando-se num banco e estendo o braço -- Tirem o quanto precisarem. --

– Como assim tirar? Você não vai ficar aqui... -- Sam perguntou de cenho franzido, enquanto Castiel se preparava para tirar o sangue de Nina e trazia um bolsa apropriada para colocar o sangue dela.

– Sam, nós não sabemos se vai funcionar direito. Não vou perder tempo. -- Ela calou-se apenas enquanto esperava Castiel furar seu braço -- Quando ele voltar a acordar -- Ela olhou carinhosamente para Dean -- Usem meu sangue, façam o que for preciso mas deixem ele vivo, eu vou buscar mais algumas respostas, procurar outras alternativas, eu não sei... qualquer coisa. -- Ela enrolava os cabelos nervosamente.

– Cas, já chega, já foi sangue demais. -- Sam falou o olhando de canto.

– Tire o quanto precisa, anjo. -- Nina retrucou.

– Já está bom, Irina. -- Castiel retirou a agulha do braço dela Se você não vai ficar e descasar, não posso tirar mais de você, na verdade acho que você já estar um pouco debilitada.

– Relaxe. -- Nina se levantou, mantendo um pouco de algodão pressionado no lugar da perfuração e disfarçou a tontura -- Estou forte como um touro. --

– Aonde você está indo? -- Castiel a olhava preocupado.

– Eu vou falar com alguém. -- Ela contou evasiva já saindo do lugar.

–Quem, Nina? -- Sam quis saber.

– O melhor caçador que já conheci na vida. -- Ela respondeu quando olhou pra trás uma última vez -- Tomem conta de Dean, tá bem? -- Foi a última coisa que ela disse.

A moça desceu até a garagem do lugar e pegou a melhor moto que conseguiu ali, a mais rápida pelo menos. Sua mente estava turva, com certeza era devido a todo o estresse dos últimos tempos, tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Precisava ouvir alguém, precisava de respostas para algumas coisas e tinha certeza que só uma pessoa podia responde-la, alguém a quem havia adotado como pai.

– É melhor você dar as caras, Johnny. -- Ela falou quando o vento da estrada passava por seus cabelos com certa violência devido à velocidade.

Xx

Depois do pronunciamento de Angélica os presentes finalmente se agitaram, confusas. Os habitantes da Vila se movimentavam de um lado para o outro, alguns obedecendo de imediato e já rastreando Nina e outros se dirigindo as suas casas.

– Essas ordens são absurdas e eu não vou obedecê-las. -- Dizia o rapaz que havia enfrentado Angélica, que era alto, forte, tinha os cabelos loiro escuros e olhos azuis muito claros. Ele era incisivo ao falar com uma moça magra, alta e bonita como uma modelo da Victoria Secrets.

– Bernardo, me ouve! -- Ela pedia urgentemente -- Seja inteligente. --

– Se ser inteligente significa acatar essas ordens desses estranhos que se acham os donos daqui, mas não são nada, então eu quero ser bem burro. Eu não vou participar de uma caça à Nina! -- Ele estava irritado mas se policiava para não falar alto demais. -- Irina é a minha mentora, aliás, é a nossa. Muito do que sabemos... --

– Nós devemos a ela! -- A moça o completou -- B, eu nunca caçaria a Nina. O que precisamos fazer é ajuda-la. E pra isso você tem de ser razoável e ajudar. Faça o que eu digo e nós vamos conseguir. --

Ele respirou fundo.

– No que está pensando, Açucena? -- O rapaz finalmente a deixou falar.

– Vamos seguir as ordens, pelo menos aparentemente. -- Ela se aproximou do rapaz e falou para que só ele ouvisse -- Olhe, eu quero que cubra a os arredores de Vila Celeste, caso ela volte aqui, você tem de encontra-la primeiro do que os outros, certo? --

– Claro. -- Ele passou a olhar ao redor -- Se ela não sabe de nada, vai usar a entrada que usa sempre, vou usar os sensores pra encontra-la antes dos outros. --

– Esse é meu herói. -- A moça disse ficando na ponta dos pés e beijando a boca do rapaz, que não resistiu.

– Com licença.--

A voz de um garoto os interrompeu.

– Oi Elliot. -- A moça sorriu pra ele.

– Me desculpem, mas eu ouvi a conversa de vocês, Megan falou com Nina agora a pouco, mas contou quase nada, não haviam feito o pronunciamento ainda e agora ela não atende mais. -- O garoto falava como que passando um relatório -- Acreditamos que ela esteja vindo pra cá. --

– Tem certeza, Elliot, que ela viria pra cá? -- A moça franziu o cenho.

– Tenho, Açucena. -- Ele respondeu prontamente.

– Seria típico dela, Nina não se esconderia, principalmente se não sabe que querem prendê-la -- Bernardo falou esmurrando o tronco de uma árvore próxima -- E agora, amor, algum plano? -- Ele olhou para a outra.

– Não acho que isso mude muita coisa... -- Ela ponderou -- Só preciso que cubram a entrada secreta também. -- Ela fechou os olhos por algum momento -- Eu vou tentar me comunicar com ela. -- Açucena sorriu batendo com o dedo indicador na própria cabeça.

– Tudo bem. -- O rapaz suspirou beijando a moça mais uma vez -- Vamos logo -- falou indo na direção oposta dela.

Elliot o seguiu.

– Eu quero ajudar. -- Disse de maneira segura.

– Certo, primeiro vamos até a entrada que ela mais usa. -- O rapaz sorriu -- Mas escute bem o que vamos fazer, tenha atenção, precisamos parecer que estamos seguindo as ordens da Velha Guarda, ou é capaz deles nos prenderem, certo? --

– Perfeito. -- Concordou o garoto.

Xx

Mesmo que direção segura nunca tivesse sido o forte de Nina, naquele momento ela estava quebrando todos os seus próprios recordes, mas o fato era que precisava ser rápida, muito rápida. E mais do que isso, se Kyle sabia, precisava entrar discretamente e para isso nada melhor que a entrada que quase ninguém conhecia. E ela podia jurar que durando o caminho ouviu em sua cabeça a voz de uma de suas orientandas falando para que ela usasse justamente aquela entrada. Devia estar ficando louca, Açucena não tinha como saber de nada daquilo, mesmo com as habilidades dela.

Ao chegar perto Nina praticamente pulou da moto que derrapou e caiu com um baque seco na grama. Escondida atrás de monte de coisas, de forma que não poderia nunca ser encontrada por acaso, Nina abriu a entrada secreta e fazendo uma avaliação rápida do local entrou, tomando o cuidado de cobrir a entrada novamente.

O único problema é que a avaliação de Nina havia sido rápida demais e também não servia de nada naquele completo escuro. Alguém mais alto e mais forte a imobilizou e tapou a boca. Nina lutou contra o agressor mas este já a havia imobilizado. Um vulto com enormes óculos de visão noturna surgiu a sua frente, este trazia um punhal nas mãos. Nina se agitou e aquele que o continha a apertou com mais força.

– Fique quieta, Nina! -- O vulto com o punhal falou com urgência.

A mulher reconheceu a voz e parou de se debater, prestando atenção também na pulseira de couro de quem a imobilizava, que roçava em sua pele. Reconhecendo os dois relaxou um pouco mais.

– Vai ficar calada se eu te soltar? -- O dono da pulseira falou e ela balançou a cabeça positivamente e então logo estava livre.

Bernardo e Elliot tiraram os óculos de visão noturna e o garoto acendeu o visor do celular para que pudesse se enxergar.

– Você tá forte, hein? -- Ela disse batendo no braço de Bernardo -- Agora, me contem o motivo de recepção tão calorosa! -- Ela riu prendendo o cabelo.

– Agradeça que nós conseguimos encontrar você. -- Bernardo falou tirando os cabelos da frente dos olhos.

– O que houve? --

– Angélica deu ordem pra te encontrarem e prenderem. Não sei o que exatamente Kyle disse a ela, mas esta é uma caça as bruxas. -- Bernardo explicou, enquanto Elliot avaliava se estavam sozinhos.

– Então era realmente a voz de Açucena na minha cabeça... -- Nina concluiu de cabeça baixa.

– Estamos limpos, você pode voltar sem ser vista. -- Elliot voltou a se aproximar do grupo.

– Não posso. -- Nina falou passando as mãos pelos cabelos nervosamente -- Tenho negócios inadiáveis aqui, preciso fazer isso, eu estou no meu limite. --

– O que quer fazer aqui Nina? --

– Preciso acessar o outro lado... é urgente. -- Nina olhava para Bernardo nervosa -- Acho que você me entende, garoto. --

– A Caixa dos Mortos. -- Ele resmungou cruzando os braços.

– Olha, eu não sei o que é isso, mas você tem de dar meia volta e ir embora, Nina! -- Elliot dava sinais raros de que ia desmoronar. -- Não posso deixar que te peguem! --

Bernardo permaneceu de cabeça baixa desde que havia entendido do que se tratava, mas finalmente falou.

– Ninguém vai pegá-la. -- Ele falou recolocando os óculos de visão noturna -- Você não diz que sou bom em tática de invasão? -- Dirigiu-se a Nina.

– O melhor que eu já treinei, Fantasma. -- Nina brincou bagunçando os cabelos dele.

– Você vai entrar e sair como se nunca tivesse posto os pés aqui. Eu entendo suas razões. -- Disse o rapaz -- Está armada, não está? --

– Eu sempre estou. -- Nina respondeu sentindo mais uma vez uma tontura e mais um vez a disfarçou.

– Então vamos acabar com o sistema deles. -- Bernardo tomou os óculos especiais de Elliot e entregou a Nina.

– Eu não acredito nisso... -- Elliot resmungou se encostando no tronco de uma árvore -- Tenham cuidado, ao menos. Não subestimem ninguém. -- O garoto tinha claramente um péssimo humor e não observava os outros dois se afastarem.

– Veja o que estou planejando. -- Bernardo falou quando algum movimento já começava a ser percebido -- Estão todos voltados para os acessos e para os radares no centro de controle. Não imaginam que você já entrou aqui. Então vamos fazer uma rota relativamente comum, vamos agir como se você fosse uma qualquer, até porque estes óculos te escondem boa parte do rosto. --

– Ótimo. -- Nina falou sentindo mais uma vez a tontura, porém mais forte -- Me lembre de te dar um 10 com todos os bônus possíveis quando tudo voltar ao normal. -- Sua vista escureceu por poucos segundos e voltou. -- Aquilo não era bom.

– Certo. -- Ele riu -- Eu vou cobrar -- Bernardo era o melhor que Nina já tinha orientado, pelo menos da turma de caçadores de campo, os soldados, como eram apelidados. Bernardo era diferente, agia por si próprio. -- Mas vamos ser rápidos, tudo bem? Não quero arriscar nada, já tem gente aqui ao redor, se te reconhecerem acabou. Está bem para continuar? --

Agora Nina lutava com as próprias pernas pra ficar de pé.

– Honestamente? -- Ela falou cambaleando -- Acho que acabei de arruinar seu plano perfeito. --

Essa foi a última coisa que Nina disse antes de desmaiar nos braços de Bernardo.

– Não brinca... -- Ele jogou a cabeça pra trás colocando-a nos braços.

No meio daquela escuridão, outros caçadores, sem óculos especiais, começaram a apontar suas lanterna no direção onde estavam.

– Se isso for um teste, eu te deixo sozinha quando acordar. -- O garoto resmungou se movendo sem perder tempo, já estava à beira da cidade, cercado, com um peso extra que coincidentemente era o alvo de todos os outros. Precisava de um plano, mas era difícil pensar em algo genial quando tinha de correr.

Acho que tem alguém ali! -- Foi o que disse algum dos caçadores que usavam lanternas Vamos logo!

– Maravilha. -- O garoto resmungou fazendo um caminho tortuoso pelas árvores.

– Insulina. -- Nina resmungou semiconsciente -- Eu preciso tomar... --

– Maravilha. -- O rapaz engoliu em seco -- Vou entrar na cidade com a procurada desmaiada nos mesmo braços... sútil e discreto. -- Ele respirou fundo -- Vamos lá Bernardo, você consegue. -- Disse para si mesmo respirando fundo.

Xx

Mal Nina havia saído, Dean acordou e assim que ele acordou, Sam e Castiel não pensaram duas vezes antes de usar o sangue da russa. Não foi fácil, demorou tempo o suficiente para que se desesperassem mais uma vez.

– Esta é a última dose, Sam. -- Castiel avisou.

– Vai funcionar. -- O Winchester mais novo falou confiante quando injetou a última dose.

E realmente como se fosse mágica a sombra negra que sobrevoava Dean sumiu, suas feições mudaram de alguma fora e era claro quem era aquele ali sentado naquela cadeira. Era o velho Dean, sem nenhum resquício visível de maligno.

Atordoado ele balançou a cabeça, seu olhar era envergonhado.

– Bem-vindo de volta, Dean! -- Sam falou com os olhos cheios de lágrimas. Castiel sorria e se apressou para soltar o amigo.

– Aonde Nina foi? -- Dean perguntou com expressão preocupada -- Sam, dê um jeito de falar com ela eu tenho um péssimo pressentimento. --


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muuuuuito obrigada a você que acabou de ler e teve a paciência de esperar! Amo todos vocês.
Comentem tudo que quiserem, eu adoro saber o que passa pela cabeça de vocês, já sabem disso e não precisam economizar palavras se não quiserem, leio tudinho!
Bjs até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fighting Demons" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.