Eu odeio domingos. Muito.

E aquele dia não me ajudou muito nessa idolatria por domingos.

Eu estava vestida basicamente bem; Eu estava com uma regata preta, mini-saia preta, um salto de três cm também preto — Resumidamente, eu estava toda de preto — e meus longos cabelos loiros presos em um rabo-de-cavalo armado. Eram duas horas da tarde, eu tinha marcado de sair com Marshall em algum restaurante/lanchonete/algum lugar aleatório. Eu estava esperando ele em casa, até que o meu celular tocou, era Marceline.

— Alô?

— Fionna! Meu Deus, garota, 'tava fazendo o que ontem?! — Ela gritou no celular, parecia muito nervosa.

— Eu... — Demorei para responder, como iria dizer que estava na cama com Marshall? — ... Estava com Marshall...

Ela gritou, mas não como Cake, que — ao contrário de Marceline — iria gritar de tanta alegria, parecia extremamente nervosa. Ela murmurou alguma coisa — Foi muito baixo não deu para ouvir — como "Fodeu." repetidas vezes, até que perguntei:

— O que foi? Aconteceu alguma coisa?

— Marshall, ele... — Ela fez uma longa pausa, não sabia o que dizer. — Eu vi ele falando uma coisa não tão legal com Ashley.

Bosta, pensei na hora. Ele voltou com Ashley.

Ela me explicou que viu os dois juntos ontem há noite num restaurante onde ela estava, e ouviu a conversa dos dois.

"Parecia um encontro, mas não era.

Marshall estava aparentemente nervoso e Ashley segurava uma fita cassete, confiante. Eles falavam de — ao que parecia — um plano; Em que você, Fionna, era a vítima e Marshall teria que fazer você se apaixonar por ele para Ashley se vingar de você — Pelo o quê, eu não sei — senão ela mostraria uma coisa chocante de Marshall para a escola toda.

Ele protestou, falando que você não merecia isso. Mas aposto que ele atuou, pois tenho quase certeza que ele me viu na outra mesa. Ashley levantou da cadeira em que estava, deu um beijo na bochecha de Marshall dizendo que 'já era', que ela já estava decidida do que iria fazer, e saiu."

Essa era a história que ela me contou. Fiquei paralisada, não disse uma palavra ou mexi alguma coisa. Desliguei o celular agradecendo Marcy, e então a campainha tocou.

Ótimo, era Marshall.

Abri a porta, mas me recusei a olhar em seus olhos.

— Oi, Fii. — Ele disse, beijando minha bochecha.

— Sai daqui. — Eu disse, o deixando aparentemente confuso. — Eu sei do seu "joguinho". Como pode?

— E-eu não sei di-disso, Fii. Vamos logo? — Ele gaguejando era a última coisa que eu precisava na hora.

— Como pode?!!! — Eu gritei dessa vez. — Você e aquela vaca da sua namorada, brincando com o meu coração! Eu comecei a realmente gostar de você, seu escroto! Você me fez fazer isso, te beijar, até ir pra cama com você, 'pra você não passar vergonha com qualquer bosta que Ashley está guardando?

Ele me abraçou, parecia estar chorando. Me separei com nojo e, antes de fechar a porta em sua cara, disse:

— Eu te odeio.

Minha mãe me observava com olhos arregalados. Apenas bufei e fui para meu quarto. Naquele momento, não me importava se minha maquiagem estava borrada, eu finalmente soube o que é um coração quebrado. A campainha tocava sem parar, mas eu ignorava.

Parei finalmente de chorar uma meia hora depois, retoquei minha maquiagem e decidi aproveitar aquela roupa curta. Saí de casa, claro que sem responder os questionamentos de minha mãe, e fui para alguma boate qualquer. Pedi um whisky, mesmo sabendo que não posso — Porque sou menor de idade — e virei o copo. Depois de um tempo — E várias bebidas — fiquei bêbada, afinal, era o que eu queria.

A partir disso, eu não me lembro de mais nada daquele domingo, só lembro que acordei na casa de algum desconhecido, e eu estava nua.

Realmente, eu odeio domingos.