- O que eu falei sobre a velocidade? – May alertava, orientando a garota a mover-se mais lentamente.

- Não entendo como esses “passos de ballet” me ajudarão a socar a cara de um psicopata! – Skye reclamava dos métodos da asiática.

- Isso se chama exercício de equilíbrio e auto-controle. Você não pode canalizar toda sua força e deixa-la dispersa. Precisa de controle sobre seu corpo. – Dizia a professora de Hate-fu, que assistia a garota imitá-la um tanto impaciente.

- Mas eu já tenho controle sobre o meu...

A asiática golpeou a garota de leve e posicionou-se atrás dela rapidamente, estendendo a mão para ela, para evitar a sua queda antes que tocasse o chão.

- Não, não tem. – May concluiu, convencendo Skye de sua afirmação.

A garota sentou-se no chão meio zonza e esticou-se para pegar sua garrafa de água.

- Experimente me escutar da próxima vez, okay? – A professora paciente deu um sorriso que tinha lá sua ironia.

- Hora do Pitstop? – A morena de cachos deixou a respiração pesada fugir de seus pulmões violentamente.

- Quinze minutos. Preciso passar no escritório do Coulson.

- Precisa ou quer? – Skye não deixou passar essa.

- Dez. – May diminuiu o tempo de descanso do treino.

- Okay, okay... – A garota levantou os braços em rendição – Não tá mais aqui quem falou. – Ela disse, segurando o riso pela reação de Melinda. – Vou passar no laboratório rapidinho e roubar algumas rosquinhas da Jemma.

- Desde que esteja aqui em Dez minutos...

- Quinze! – Skye olhava para a nova O.S. clamando por clemência. Infelizmente aquela carinha de “Gato de Botas Neném” não colava pra cima dela. – Por favor...

- Dez. – Ela permanecia séria, mas estava se segurando para não rir da careta que Skye fizera. – E se continuar enchendo, diminuo pra cinco.

- Mas aí você não vai poder ver o...

May olhou pra ela com um olhar flamejante. Interiormente Skye poderia ler nos seus olhos: “Se você completar a frase, não haverá descanso do treino.”

- ...Meu bom desempenho depois de um tempo maior de descanso – Skye emendou com uma sentença qualquer, fugindo do castigo pela tangente.

- Dez minutos.

- Okay, okay... E eu achando que a Simmons era mandona... – A garota resmungou, afastando-se da asiática à sua frente.

Uma nova base, um novo diretor, um novo Koenig. Phil estava começando do zero. A base secreta “Playground” (que tecnicamente não tem um nome, já que tecnicamente não existe) era mais equipada do que Coulson imaginava. Nada como o Triskelion ou a Hub, óbvio. Mas era um começo. Um ótimo começo por sinal. E um novo começo era tudo o que a SHIELD precisava naquele momento.

- Agentes... – A voz de Coulson ecoava pelo largo vão do estacionamento – Desculpem a informalidade, mas preciso fazer um comunicado.

- O que houve, A.C.?

- Os Agentes Barton e Romanoff me ligaram pela manhã. – Skye levantou uma sobrancelha e May torceu o nariz ao ouvir o nome dela. – Eles disseram que estão vindo para a base. Juntamente com a Agente Carter e o Capitão.

- Agente Carter? Aquela agente Carter que morreu antes de eu pensar em nascer? – Skye arregalou os olhos, surpresa – Não me diga que também a transformaram em picolé de formol...

- Não existe só uma pessoa com esse sobrenome, Skye. – May pontuou.

- Sharon Carter. – Coulson esclarecia enquanto procurava o arquivo dela em meio aos demais – Ou Agente 13 como todos chamam. – Ele disse, mostrando a foto dela para Skye e Fitz-Simmons. – Aqui ela.

- Uau, ela é linda! – Dizia Skye, já prevendo como os homens da base ficariam na presença dela – Ela e o Capitão...

- São amigos. – Coulson cortou, antes que a garota começasse com suas proposições.

- Okay... – Ela falou, percebendo que era melhor não falar sobre aquilo – E esse povo todo está vindo pra base por quê? – Ela perguntou, desfazendo um pequeno nó do seu cabelo com os dedos – Tipo... Nada contra, não é como se aqui fosse o Nosso Bus ou algo assim... Tem algo acontecendo? Tipo, algo mais?

- Romanoff se infiltrou numa das bases que foi tomada pela HIDRA há algumas semanas. Ela se passou pela enfermeira de lá.

- Que irônico. – May resmungou baixinho, mas Coulson ouviu o comentário da piloto.

- Ela escutou a conversa de dois soldados, parece que a HIDRA conseguiu se estabelecer numa nova instalação fixa.

- Aonde?

- Washington DC.

- Não... – Skye não acreditava – Sem chance.

- Espere, a história fica ainda melhor. – Ele retirou um pendrive do bolso de seu paletó – Skye, está com seu laptop por perto?

- Pergunta pra May se ela anda com as facas dela escondidas pelo corpo.

- O que?! – Coulson franziu a testa, e voltou os olhos pra May que desviou o olhar, tentando esconder o sorriso.

- Skye, eu disse que... – May virou-se para tentar concertar aquela coisinha tagarela.

- Você ainda tem essa mania? – Coulson franziu a testa mais ainda, apertando os olhos. – Pensei que tinha abandonado essa sua obsessão por facas.

- Eu não tenho obsessão por facas...

- Gente... O pendrive. – Skye estava com a mão estendida, segurando o riso – May terá tempo de lhe explicar isso depois, A.C. – Jemma riu discretamente, tapando a boca com uma das mãos.

- Bem, o que está no pendrive são todas as comunicações internas que Romanoff conseguiu extrair durante o tempo que ficou lá. Uma em especial nos interessa. – Ele apontou o arquivo – Aqui. Clica nesse.

- Okay.

- VOZ DE RÁDIO FALHANDO -

“Eu tô te dizendo, cara!”

“Como você sabe disso? Quem te contou?”

“Um dos capangas do Garrett.”

O coração de Skye falhou uma batida.

“Ele é confiável?”

“É! Ele foi treinado diretamente pelo Garrett. Por mais de quinze anos.”

“E isso é verdade?”

“É o que estão dizendo, cara! Você faz perguntas demais.”

“Então, vamos ver se ele está dizendo a verdade. Tragam-no para a Base Caveira III”

“Certo, chefe.”

“Como é o nome do desgraçado?”

“Ward. Grant Ward.”

FIM DE TRANSMISSÃO.