Recomeçar escrita por Lisbela


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/507385/chapter/7

Os meses que se seguiram foram os mais estranhos de suas vidas. Enquanto Bruno se afundava nos casos do escritório e passava mais tempo na casa de Ana do que no seu próprio apartamento, Fatinha tentava se acostumar com a rotina que havia estabelecido: casa, academia, trabalho e casa. E o principal: não pensar em Bruno. Essa última parte era impossível, nos primeiros dias, ela saia o mais cedo possível para não ter que dar de cara com ele, nem encontra-lo no elevador. Depois de quase dois meses nessa rotina, ela descobriu através de Severino, o porteiro que sabia de tudo e de todos, que Bruno só passava ali para pegar roupas.
– Acho que vamos ter um apartamento vazio no seu andar, Dona Fatinha.
– Só Fatinha, Sevê. Deixa o Dona pra daqui uns vinte anos! E quem vai se mudar?
– O seu.. - O porteiro foi interrompido pela moça.
– Já sei, já sei! É aquele senhor do 803? Me diz que sim! Semana passada não consegui dormir, ele colocou Roberto Carlos no último volume! Até reclamei com o porteio do turno da noite!
– Não, Dona Fatinha! Ops, Fatinha! Eu acho que quem vai se mudar é o seu Bruno. Ele só aparece aqui a tardinha, quando a senhorita tá no hospital. E sempre sai com uma mochila cheia de roupa. Ontem, saiu com uma mala! - Fatinha ficou atordoada ao ouvir o que Severino havia dito. Parte dela queria acreditar que era mentira. Ele também estava a evitando? Será que ele realmente vai se casar?
– E como você sabe que estava cheia de roupa, Sevê? Tem visão de raio-x agora?- Ela tentou brincar para disfarçar a tristeza que estava sentindo.
– Quem dera! Ele contou que veio pegar mais roupas, porque estava usando as mesmas peças todos os dias. E parece que a namorada dele não gosta muito de lavar roupa. Deixou um cesto cheio lá na casa da Dona Ju.
– O que você não sabe não é, Severino? Deve ter escutas em todo o prédio, além das câmeras é claro!
– Que nada! Só gosto de estar por dentro do prédio mais animado do Rio de Janeiro!
– Você está com o dia ganho! Deixa eu ir, que meu plantão só acaba às 21h!

Em outro bairro da cidade, Bruno pensava em como fugir dos compromissos que a irmã insistia em marcar. E todos, é claro, incluíam um certa loira, que ele fazia de tudo pra esquecer.
– Doutor Bruno, sua irmã está na linha 2 querendo falar com o senhor. Posso passar a ligação? - A voz da secretária se fez presente.
– Pode sim, Joana. Não tenho mais pra onde fugir! - disse resmungando, enquanto atendia o telefone.
– Olá, irmãozinho! Já estava pensando em ligar pra polícia e fazer uma queixa de exploração contra o seu chefe! É impossível que você viva em reuniões e fóruns em 24h por dia. Você ainda tem família e seu afilhado está morrendo de saudades! Daqui a pouco, ele vai esquecer de você!
– Bom dia, Juliana! Estou bem sim, obrigado pela preocupação. Prometo aparecer, as coisas estão corridas no escritório.
– Mas isso não é motivo pra não fazer uma ligação. Até a Fatinha que tá fazendo plantões malucos, aparece todos os dias pra falar com o afilhado e liga quando não dá tempo de vir até aqui!
– Plantões malucos? - ele se interessou.
– Sim! Hoje, ela chegou 5h manhã e saiu agora pouco para outro plantão.
– Ela deve saber o melhor para ela, Juliana. - A estilista percebeu a mudança de tom na voz do irmão.
– Não sabe não. Desde o aniversário de Davi ela está estranha! E por incrível que pareça, você também está! Acha que não percebi? Quando marco um jantar aqui em casa, se um aparece, o outro não vem. Nem na apresentação do Davi, mês passado, você foi! E não pensa que não sei, que você ligou para o papai pra saber quem estava lá. Ele me contou! E quero saber o motivo de vocês estarem tão estranhos!
– Não tem motivo nenhum, Jubs. - Ele falou tentando acalma-lá. - Eu liguei pra avisar que não poderia ir, e perguntei ao papai pra saber se eu faria ou não falta. Pelo que ele disse, até seus colegas do ensino médio foram.
– É verdade! A turma toda estava lá! - A moça concordou. - Mas isso não justifica, você, padrinho do Davi, ter faltado!
– Prometo que na próxima, eu vou! E o jantar depois será por minha conta.
– Ok, Bruno. Só mais uma pergunta! Você decidiu morar com a Ana e não ia me contar?- Ele sabia que mais ou mais tarde, ela viria com essa pergunta. Maldito Severino!
– Não, Ju. Tenho ficado na casa dela por esses dias, mas não estamos morando juntos. Pretendo casar antes disso. Hoje eu passo ai. E obrigada por levar minha roupa para lavanderia. Fico te devendo essa, mas agora preciso desligar! Fui! - Bruno nem deu tempo da irmã se despedir, o que a deixou com outra pulga atrás da orelha. Preciso entrar em ação! Esses dois estão estranhos por demais!, Juliana falava pra si mesma!

(...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Recomeçar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.