Acordei com aquela musiquinha nos meus ouvidos. Logo depois, chequei as mensagens.

“Mari! Com que roupa você vai? Por favor! Me diz!”

“Mari? Então, meu nome é Fernanda, talvez você não me conheça mas por favor vai na minha festa! Se você for, a escola toda vai!”

“Sai comigo! Eu te imploro!”

Bem, modéstia a parte, mas todos me conhecem. As meninas sonham em ser como eu, e os meninos em me namorar. Eu sempre morei numa cidade grande, numa escola pra gente milionária, todos muito bonitos, e muitas opções de namorados e amigos. Lojas legais em todas as esquinas, cartão sem limite, e festinha todo o santo dia. Mas isso até semana passada.

Minha mãe, a famosa cantora Catarina, foi contratada para filmar uma nova comédia romântica com o meu pai, também ator na Califórnia. Mas, eu aqui não posso ir, pois poderia influenciar nos meus estudos. Meus avós estão muito velhos pra cuidar de uma menina de 15 anos, eu tenho muitos tios, mas os únicos adequados para tomarem conta de mim, moram na zona rural, já que os outros ou são irresponsáveis ou brigaram com meus pais por conta da fama. Mas quem são eles pra falar de irresponsabilidade ou fama subindo a cabeça? Nos últimos dez anos, fui educada por meus empregados e pelo meu cartão de crédito. De qualquer forma, eles decidiram que eu deveria ficar aqui, e estudar no internato IGF. Tenho que admitir que também é um internato de alto nível, mas eu não conheço ninguém lá, e todas as minha amigas e namorados ficaram pra trás.

Peguei minha bolsa rosa, minha saia rosa, meus sapatos rosa e a blusa branca da última estação.

Entrei no carro. O motorista continuava quieto, enquanto minha mãe cantava os sucessos de seu novo CD, e eu olhava pela janela imaginando o que aconteceria nesse próximo ano. Eu tinha que me comportar muito bem, já que se fosse expulsa ou aprontasse algo deveria viver como fazendeira o resto da vida. Ou seja, #horrível.

–Filhinha, boa sorte. Mamãe te ama. Vou sentir saudades. –ela disse me dando um beijo na testa.

–Também vou, mommy! –falei saindo do carro.

O motorista tirou minhas malas do carro, e saiu de lá. Me deixando sozinha naquele lugar, onde eu não conhecia ninguém. Mas, felizmente, uma mulher veio me receber.

–Olá, você deve ser a Mariana. Muito prazer, eu sou a Bruna, mas pode me chamar de senhorita Pillsbury. Sou a diretora dessa escola, e assim que soube que Catarina Campana deixaria sua preciosa filha em nossas mãos, fiz questão de recebê-la.

–Obrigada. –respondi ajeitando os fios loiros.

–Venha comigo, por favor.

Segurei minhas duas malas rosa, uma em cada mão. Ela me levou até um prédio alto, cheio de quartos.

–Por aqui. –ela falou entrando em um deles, no final do corredor. –Bem, senhorita. Aqui está. O seu quarto. O que achou?

Era um quarto bem bonito e moderno. Grande e colorido. Tinham umas seis camas, o que eu achei estranho. Tinham as camas, em frente um pufe, e logo na frente uma escrivaninha.

–Nossa, é bem... Grande. Acho que vou me divertir muito. Só não preciso de seis camas para mim e para minha mala.

A diretora deu uma leve risada.

–Pois não? Você não acha que esse quarto é seu não é? Vai divir com outras cinco meninas que estão pra chegar. Não sei exatamente quando, mas logo, logo estão aí.

–Espera! Cinco? –perguntei chocada.

–Isso mesmo. Bem, preciso ir. Espero que goste da estadia na IGF. –ela falou dando as costas.

Ainda chocada, peguei a cama do canto e fui até o banheiro. Meus olhos azuis ainda brilhavam com a maquiagem e meus cachos loiros já estavam formando nós depois da viagem de carro, já que esse internato fica a umas duas horas lá de casa. Ouvi a campainha do quarto tocar. Respirei fundo e fui abrir a porta.