Prova de Fogo escrita por cessiuh


Capítulo 7
Um sonho ruim


Notas iniciais do capítulo

Obrigada minhas leitoras fiéis: B_moranguetty e Gabuh
Espero que gostem.



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"A sensação de estar sendo observada. Mil perguntas lutavam por atenção em minha mente.

Quem era aquela mulher?"


Ao entrar, Hinari me esperava cheia de perguntas no olhar. Era a última coisa que eu precisava agora.

- Eu encontrei a cozinheira.

- O que ela fez?!

- Me deu comida.

- Como?

- É, me deu comida, depois eu fui embora.

- E... viu alguma coisa na cozinha de diferente? Alguma coisa que ajudasse?

- Não. Quer dizer... Eu acho que eu conheço ela.

- A cozinheira?

- É. Quem mais poderia ser? Mamãe Noel?

- Quem?

Eu sentei na cama, me curvei apoiando o rosto com as mãos.

- Você está bem? – perguntou ela

- Estou.

- Não, você não está.

O sinal tocou. Eu levantei a cabeça e a olhei.

- Nós temos que ir.

Hinari assentiu com a cabeça.

- Sim, nós temos.

Voltamos para o campo, e mais uma vez me matei de trabalhar por nada. Eu não podia ficar no quarto, eles tem a chave. O prato com o almoço é deixado no quarto antes de chegarmos do campo e depois que o sinal toca e os moradores saem novamente, o prato é recolhido. No café da manha (um pão e meia xícara de leite azedo) eu me escondia debaixo da cama, mas eu não poderia fazer isso na hora do trabalho, Hinari disse que eles revistam o quarto.

Eu estava péssima. Aquela mulher... Quem era ela? O que ela sabia?

“Você não devia estar aqui. No que você estava pensando Yumi?”

Quando voltamos, o prato estava do lado da porta como sempre. Fechei a porta e Hinari parecia contente.

- Tem mais do que de costume! - Alegria de pobre é um caso sério, viu?

- Hum... E o que seria isso? – falei apontando para o prato.

- Sopa.

- Ah, deve estar uma delicia. – falei ironicamente, observando Hinari sentando apressada para provar aquele caldo sem cor.

- Aham. – Falou com um sorriso no rosto. – Está mesmo.

- Eu to morrendo de fome. Deixa eu provar.

Peguei a colher da mão de Hinari e pus na boca. Surpreendentemente e inacreditavelmente era um gosto... Aceitável. Não era a coisa mais gostosa do mundo, mas tinha gosto de... Comida. É estranho dizer isso, você só poderia entender se estivesse em Igra.

- Tem um sabor... Agradável.

- É! Não é ótimo?

- Razoável.

- Você fala isso por que odeia tudo de Igra.

- É, você está certa. Eu odeio TUDO de Igra.

- Igra não é um lugar ruim. E eu não vejo nada de estranho aqui.

- Isso por que você é lerda.

- Isso não é verdade.

- Bem, assim não vamos chegar a lugar nenhum.

- Ok, me diga então algo que lhe pareça estranho aqui. - Nossa, escolher uma? Eram tantas. A começar pelo nome. Quem inventou aquela aberração. Igra? Da onde é que tiraram isso?

- Por que não tem crianças aqui? Não que eu sinta falta daquelas criaturas, mas não te parece estranho?

- Eu não sei do que está falando.

- Crianças. Criaturas pequenas que babam e choram.

- Eu... Não sei. Não conheço isso.

- Ta. Você já nasceu assim?

- Assim como?

- Ta, esquece. Conversar com você é pior do que conversar com uma criança.

- é que você fala coisas que eu não entendo.

- Hinari, eu preciso que você me explique algumas coisas. Eu preciso entender como funciona isso.

- Se eu souber, eu explico.           

- Vocês podem namorar, casar aqui?

- Claro que podemos.

- E você pretende se casar? Já teve algum namorado? Algum relacionamento?

- Não, ainda não. Eu vou me casar depois dos próximos desafios.

- Como?

- Temos desafios aqui, eu vou me casar depois deles.

- Sim... E com quem?

- Como é que eu vou saber?

- Como assim como é que você vai saber? Não é você quem vai se casar?

- é, mas não somos nós quem escolhemos a nossa companhia.

- Ah, só podia ser. E quem escolhe então?

- O governo.

- Olha, já vi que quanto mais a gente conversar, mais coisas vão ficar sem sentido. Vocês não podem recusar?

- Não. – Falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Mas que coisa mais horrível. Se casar com um homem escolhido pelo governo!

- Mas talvez não seja um homem. Nós não sabemos.

- é... COMO? – O.o Era de mais para a minha pequena cabeçinha.

- É o governo que escolhe a nossa companhia, com quem ficamos casados. Mas não sabemos nada sobre essa pessoa antes.

- Então quer dizer que pode ser QUALQUER pessoa?

- Sim.

- Esse lugar é doido! - As pessoas nem filhos podiam ter. Isso era tão confuso.

- É melhor tomarmos a sopa logo.

- Sim, é melhor.

Mas em que muquifo eu vim parar. Pensava observando o local. É, Yumi, você não tem sorte mesmo. Olhe pra você. Dividindo um prato de sopa com uma idiota, presa num mundo bissexual que escraviza pobres coitados. Mas que desgraça a sua.

Como sempre, quando vieram recolher o prato, eu estava debaixo da cama. Aquilo era uma situação extremamente desconfortável, mas eu resolvi dormir ali. Assim eu não tinha que ficar preocupada em acordar antes do “café da manha” chegar.

Estava calor, muito calor. Eu corria, precisava encontrar a saída. Mas eu não conseguia achá-la. Talvez ela não existisse. O que eu faria se essa possibilidade fosse verdade? Todos aqueles corredores pareciam exatamente iguais. As minhas pernas cambaleavam, e já não me obedeciam com antes. Eu estava exausta, haviam se esgotado as minhas últimas forças. O que me fazia continuar correndo então? O suor escorria pelo meu corpo, o meu coração estava disparado. Ele estava derretendo. Eu caminhava tocando com uma das mãos a parede. Não havia tempo para pensamentos. Principalmente pensamentos inúteis. E eu sabia que qualquer palavra, pensada ou pronunciada, seria igualmente inútil naquele momento. O desespero tomava conta de mim. Desorientada. Confusa. Com medo. Eu queria tanto sair dali, queria tanto voltar para casa! Eu achava uma porta e a abria. Uma sala cheia de pessoas. Eu caía de joelhos e a porta se fechava atrás de mim. Eu sabia que estava presa mesmo sem precisar verificar. Muitas pessoas em volta de mim. Eu estava sozinha. Havia fogo, muito fogo. Queimava a todos. E todos gritavam, exceto eu. Lágrimas escorriam pela minha face agonizante. Elas eram vermelhas. E queimavam os meus olhos.


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Notas finais do capítulo

Olá gente. ^^
Espero que tenham gostado.
O sonho da Yumi foi baseado num sonho meu. Que eu tive algumas vezes quando eu era criança. xD
Se você leu, gostou ou odiou a minha história deixe seu comentário ali em baixo e me alegre ou me ajude a melhorar.
Bjão



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