CAPITULO 21 -Alice

Duas semanas depois.

Apolo ria enquanto Lily jogava pipoca em Artemis que tinha o rosto emburrado.

–Mamãe desculpa. Eu também gosto de você.

–Você disse que gosta mais dele.

Apolo riu.

–Fazer o que Artemis? Eu sou irresistível.

–Aham. –A ruiva disse fitando as unhas.

–Mamãe eu te amo. Tudo bem? Um pouquinho mais do que eu amo o solzinho, tudo bem?

Artemis riu.

–Há, e agora Apolo?

Ele deu de ombros.

–O que vale é a primeira resposta.

Artemis suspirou antes de levantar-se.

–Hey, o filme já vai começar.

–Eu sei.

–Aonde você vai?

Ela deu de ombros ao ir à geladeira e voltar com um pote de Nutella em mãos.

–Eu quero.

–Peça para o “solzinho”- Artemis disse e viu a menina sentar-se no sofá emburrada.

–Princesa... Vamos. –Apolo disse levantando-se , pegando as chaves e o celular.

A garotinha calçou a rasteirinha que estava no canto do sofá e deu a mão ao loiro.

–Voltamos daqui a 20 minutos, ou menos. –Ele deu de ombros e abriu a porta da casa da ruiva.

–E o filme?

–Grave.

–Tomem cuidado. O que vão fazer?

Ele riu e fechou a porta.

–Quer ir na frente?

A menina assentiu.

–Mas você tem que ficar quieta. Tudo bem?

–Ok. O que vamos fazer?

–Comprar chocolate.

A menina bateu palmas ao sentar no banco da frente e rir.

[...]

Apolo fechou a porta do carro segurado a mão da menina, eles entraram no supermercado e foram logo para a sessão de doces.

–Pegue poucos, tudo bem?

A menina assentiu e foi pegar alguns doces mais ao fundo, o loiro ficou um pouco mais na frente, onde tava para ver exatamente onde a menina estava, ele escolheu alguns potes de Nutella, alguns batons, chocolate em barra, chocolate meio-amargo, chocolate branco, chocolate ao leite. Olhou para Lily que tinha os bracinhos cheios também, ele riu ao pegar alguns dela.

–Você pode buscar uma cestinha, princesa? –Ele apontou para um monte ao canto.

Ela assentiu antes de sair correndo.

–Apolo.

Ele virou-se de súbito e seu olhos espantaram-se.

–Oi Alice.

–Tudo bem?- Ela perguntou.

–Claro e com você?

–Levando.

–E o bebê?

–Três meses, passam rápido. –Ela disse rindo.

–Claro.

–Achei solzinho. –Lily disse e Apolo colocou os doces dentro do cesto.

–Obrigado princesa.Vamos indo? –Ela assentiu. –Até qualquer hora Alice.

–Sua sobrinha? –A mulher perguntou.

–Não –ele riu ao passar os dedos no cabelo, enquanto segurava os dedos da pequena. –Filha.

–Filha? –Ela disse e ele riu.

–É. Filha da minha namorada na verdade.

–Ah, precisamos conversar alias. –Ela disse com um certo tom de desconfiança.

–Ah tudo bem. Podemos ser rápidos?

–A mãe dela está me esperando...

–Claro, será breve.

O loiro assentiu e passou a ponta dos dedos nos lábios.

–Diga.

–Poderia dizer para a garota ir para algum outro lugar.

–Hey, tudo bem. Pode deixa-la aqui.

–Tudo bem Sr. Como você sabe, estou grávida –ele assentiu engolindo em seco. –E o filho é seu.

Apolo arqueou a sobrancelha.

–Ah... O que?

–O filho é seu Apolo.

–Isso não é um modo... Quer dizer como?

–As vezes você é tão lerdo, por isso disse para não deixar essa piralha aqui. –Ela apontou para a menina que tinha a mão na boca, os olhos cheios de lágrimas.

–Lily princesa. –Ele se abaixou. –Não é verdade meu amor.

–Porque você não contou para a mamãe?

–Shhh –ele levantou-se – Alice vá ao meu escritório pela manhã.

Ela assentiu antes de jogar o cabelo para o lado, e sorrir para a garota.

–Até amanhã Apolo, adeus piralha.

Lily soluçou e Apolo tentou abraçá-la.

–Você traiu minha mamãe...

–Princesa.

–... Você... Eu quero minha mãe.

–Vamos. –Ele disse e pegou a cesta na mão, levando ao caixa mais próximo.

[...]

Artemis sentou em posição de indio, e ficou zapeando pelos canais quando a porta foi aberta e uma Lily com lágrimas escorrendo pelos olhos entrou. Ela pulou na mãe.

–Lily... O que aconteceu filha?

–Mãe. Ele... –ela apontou para o loiro que tinha a mão com duas sacolas.

Artemis levantou com a menina em seu colo.

–O que você fez com ela?

–Eu não fiz nada.

–Lily tudo bem. O que foi filha? Não precisa chorar.

–Ele vai ter outro filho mamãe. –Ela disse e Artemis olhou para o loiro, seu coração errando uma batida.

–O que?

–Artemis.

–O que? –Ela perguntou. –Eu não posso acreditar. Apolo... Você me traiu? E ainda vai ter um filho?

–Não é assim. E não adianta, você vai me ouvir.

–Lily suba, vou falar com ele.

–Não quero ele aqui mamãe, quero que ele vá embora. –A menina disse antes de se virar para o loiro que a olhava espantado. –Pegue. –Ela puxou o cordão do pescoço e entregou ao loiro que ficou ainda mais perplexo.

–Lily.

A menina subiu as escadas e Apolo virou-se para Artemis engolindo em seco. Se com a menor foi daquele jeito imagine com a adulta.

–Então... O que tem a me contar?

–Artemis, eu fiquei com essa garota antes de conhecer você, bem não foi antes, algumas semanas depois, mas a gente ainda não tinha nada.

–E ela aparece grávida. Puft. Apolo faça-me o favor. Engula suas mentiras. Eu sei a sua fama, sei que ficava com cada secretária daquela empresa.

–O que?

–ou devo me esquecer de como você já ficou com Vivian? Aposto que com Alice também.

Ele engoliu em seco.

–Quem é ela?

–Alice.

Artemis o olhou espantado.

–Nossa, serio, admito que fiquei espantada agora. Sinceramente? Vá embora.

–Artemis... Eu não tenho culpa, eu não te trai. Eu posso cuidar dessa criança e ficar com você e Lily.

–Não. Apolo eu sei como é cuidar de uma criança sozinha. Não. Vá embora, acabou.

O loiro a olhou e deu meia volta, jogando as sacolas em cima do sofá, abriu a porta.

–Eu ainda te amo.

–Vá embora.

[...]

–Idiota. Idiota. Idiota. –Ele acelerou o carro. 150. 160. 170. – Inútil. Uma proteção seu idiota, uma coisa tão pequena.

As lágrimas de pura raiva desciam pelo seu rosto, enquanto dirigia, tentando voltar ao apartamento. Quando conseguiu em fim estacionar, pulou do carro, indo pela escada. Não admitiria que alguém visse seus olhos vermelhos.

Fechou a porta com força e trancou a mesma, jogando-se no sofá logo em seguida.

[...]

–Vamos tomar um banho? Já está tarde e o dia foi cheio. –Artemis disse com um sorriso enquanto separava algumas blusas para Lily.

A menina assentiu antes de pega uma toalha e ir para o banheiro.

10 minutos depois a garota voltava, Artemis passou uma blusa para a garota que logo vestiu, e uma calça larga de pijama.

–Boa noite meu amor.

–Boa noite mãe, desculpe.

Franziu o cenho.

–Pelo?

–Por ter mandando ele embora.

–Ah. Tudo bem.

–Ele vai voltar? –A menina sentou-se na cama.

–Hm... Não sei, é melhor dormir.

Ela assentiu, Artemis a embrulhou e depois saiu do quarto, trocando de roupa e jogando-se em sua cama.

Ela pode enfim pensar, sem um maldito sorriso no rosto.

Ele não havia tido culpa, afinal eles nem estavam namorando ainda, mas... Droga de orgulho. Não, não vou pedir desculpas.

Estava assim, entre uma rivalidade de “pedir desculpas X não pedir desculpas” quando seu celular vibrou.

AP- Ainda zangada comigo?

ART- Você se preocupa?

AP- Muito mais do que você imagina. Vai me desculpar? Eu não tive culpa amor.

ART- Melhor conversamos amanhã.

AP- Ok. Boa noite.

ART- Boa noite.

AP- Lily ainda está muito brava?

ART- Sim.

AP- Hm.

A ruiva embrulhou-se dos pés a cabeça e pode enfim dormir.

[...]

Quando enfim levantou naquele dia, indo deixar Lily na casa de Atena que a recebeu com um longo sorriso. Artemis sorriu para a irmã, deu um beijo em Lily e seguiu para o trabalho.

Seu coração pulava loucamente sobre o tecido da blusa que usava, suas mãos suavam e seus passos apressados enquanto entrava no elevador.

Por alguma coisa do destino, Poseidon e Hades não estavam lá, o que fez a ruiva suspirar aliviada.

Após sentar-se na mesa, ligou o computador e começou a fazer alguns relatórios atrasado desde que os preparativos da festa da noite seguinte. Estava assim, concentrada em terminar de digitar aquilo apressadamente quando seus olhos levantaram-se e fitaram os azuis.

–Bom dia Artemis.

–Bom dia Sr.

–podemos conversar?

–Desculpe, Sr. Pode ser mais tarde? Estou cheia de trabalho agora.

Ele assentiu e entrou na sala.

Artemis correu para a sala de Xerox, onde fez três copias de letras de música que haviam enviado para a mesa do loiro, quando voltou, havia uma mulher parada em frente a sua mesa.

Ela aproximou-se.

–Bom dia, em que posso aju... –suas palavras morreram ao notar Alice, com um vestido de alcinha parada na sua frente.- ajuda-la? Alice? Quanto tempo.

A outra deu um sorriso de escárnio.

–Olá Artemis, vejo que conseguiu roubar meu emprego. Quero falar com Apolo.

–O Senhor Solace, está ocupado.

–Estou entrando. –Ela disse ao dar das costas para a ruiva e entrar na sala do loiro.

...

Passaram-se mais ou menos uma hora, que os dois estavam enfurnados dentro da sala. Ela sentou na cadeira, seu trabalho havia acabado, por graças a todos os deuses.

[...]

Era por volta das 11:45 quando Artemis desistiu de ficar esperando Apolo e Alice saírem, quando deu de ombros e seguiu para o almoço. Parou em frente ao um restaurante, pediu macarrão e uma coca, e comeu em silêncio.

Depois de terminar, pegou a agenda e começou a ver os horários que ainda estava livres, o que tinha que fazer, passava as folhas aleatórias quando parou em uma certa folha, e começou a ler o que tinha escrito.

Right from the start
You were a thief, you stole my heart

Ela sorriu ao lembrar-se para quem havia escrito aquilo. Apolo. Nem mesmo acreditava, que o mal o conhecia mas já gostava e como qualquer boba garota escrevia versos pensando nele. Mas por alguma grande ironia do destino, seu relacionamento andava em uma corda bamba, fina.

Pegou um lápis e rabiscou algumas algumas linhas rápidas, que apenas saiam. Será se valia dar-lhe uma nova chance?

And I, your willing victim [E eu, sua vítima condescendente]
I let you see the parts of me [Deixei que você visse partes de mim]
That weren't all that pretty [Que não eram tão bonitas]
And with every touch [E, a cada toque]
You fixed them[Você as consertou]

Now you've been talking in your sleep,oh oh [Agora, você tem falado durante o sono, oh oh]
Things you never say to me, oh, oh [Coisas que nunca diz para mim, oh oh]
Tell me that you've had enough[Diga-me que você já teve o bastante]
Of our love [Do nosso amor]
Our love [Nosso amor]

Just give me a reason[Dê-me apenas um motivo]
Just a little bit's enough[Só um pouquinho já basta]
Just a second, we're not broken, just bent[Só um segundo, não estamos quebrados, apenas curvados]
And we can learn to love again[E podemos aprender a amar novamente]
It's in the stars[Está nas estrelas]
It's been written in the scars on our hearts[Foi escrito nas cicatrizes dos nossos corações]
We're not broken, just bent[Não estamos quebrados, apenas curvados]
And we can learn to love again[E podemos aprender a amar novamente]

Levantou-se, xingando-se por ser tão sentimental. Não era assim, desde Natan. Ela aprendeu ser fria com ele, por causa dele. Para não poder decepcionar-se novamente, mas lá vinha o loiro e descongelava seu coração, com aqueles sorrisos bobos, os beijos e a delicadeza como tratava Lily.

Entrou pelo saguão do prédio, entrando no elevador e deixando-se pensar ainda, quando abriu as portas, seu coração errou uma batida e seus olhos encheram-se de lágrimas.

Apolo soltou a cintura da morena, e ela riu ao lhe dar mais um selinho e ele abriu um sorriso maior, abraçando-lhe Apolo viu Artemis observando os dois. A ruiva apenas fez um “Acabou” antes de sair silenciosamente em direção ao banheiro.

Ela entrou em um dos banheiros e encostou-se na parede.

Não, não, não. Burra. Burra. Ele não valia uma nova chance, não valia aquele choro todo.

Por isso ela ficou de pé, limpou algumas lágrimas antes de olhar-se no espelho. Por isso, passou maquiagem, escondendo as marcas de lágrimas e qualquer esboço de tristeza. Passou um batom rosa, clarinho, sorriu de frente ao espelho e estava linda.

Quando a ruiva sentou-se novamente, sem saber o que fazer começou a navegar na internet, viu paisagens, leu biografias, leu sobre história, até mesmo sobre alguns mitos do Rock. Quando por fim, deu 16:40 a ruiva bateu de leve na porta da sala do loiro.

–Entre.

–Eh.. desculpe interromper. Mas posso ir?

Ele virou-se na cadeira, e Artemis mordeu o lábio inferior ao notar os olhos vermelhos.

–Aham.

–Obrigada. –Disse antes de abrir a porta novamente.

–Desculpe. –Ele disse e ela deu de ombros, fechando a porta atrás de si.

Apolo pegou a xícara que estava na mesa e jogou no chão.

[...]

Artemis jogou a bolsa em cima da mesa, e passou a mão no cabelo.

–Esqueça. –Disse a si mesma e foi tomar um banho, para depois poder ir buscar Lily.

[...]

Apolo jogou toda o trabalho não feito do dia dentro de uma maleta qualquer, antes de sair. Já eram por volta das 23:00, todas as salas já estavam com as luzes apagadas, ele suspirou antes de sentar-se novamente na cadeira da ruiva.

Suspirou uma ultima vez, e pegou o celular.

Nenhuma mensagem dela. Apenas uma. Abriu com um revirar de olhos.

“Temos muito o que conversar, quer hora você chega?”

Mandada a duas horas atrás.

Pelo menos não insistiu. Pensou antes de levantar-se.

O loiro desligou a luz do escritório e ia passando para ir embora, quando uma luz, ou um reflexo no chão, ao canto da mesa o vez se abaixar e olhar o caderno.

Com pequenas estrelas prateadas ao canto, o nome “Ártemis” destacava-se. Ele sorriu ao guardar dentro da maleta.

...

Ele jogou-se no sofá da sala, usando uma calça de moletom a TV ligada em um filme qualquer enquanto comia pizza requentada e coca cola.

Podia está comendo macarrão com elas agora. Pensou, mas a realidade bateu na porta, eles tinham acabado. Tudo acabado. “Acabou” o sussurro dela ecoou em sua cabeça.

–Argh.

Em uma fração de segundos, lembrou-se do caderno. Levantou-se apenas para pegar a maleta em cima do balcão e voltar para a antiga posição.

As primeiras folhas não haviam nada escrito.

Mas o que lhe chocou certamente foram as palavras que estavam escritas ali.

... Você foi um ladrão, você roubou meu coração...

E eu, sua vítima condescendente
Deixei que você visse partes de mim

Uma música. Oh deuses.

Ele correu em direção ao seu quarto pegando o violão...

Minutos depois a canção já ganhava vida... Sorriu para si mesmo, antes de correr para a sala de música que tinha ali, sentou-se com as folhas em mãos em frente ao piano...

...Desculpe-me se não entendo
De onde é que tudo isto está vindo
Pensei que estivéssemos bem (oh, tínhamos tudo)

Você costumava deitar-se tão perto de mim, oh, oh
Não há nada além de lençóis vazios

Sorriu para si mesmo. Isso. Ele iria terminar aquela música. Um pedido de desculpas talvez.

...Dê-me apenas um motivo
Só um pouquinho já basta
Só um segundo, não estamos quebrados, apenas curvados
E podemos aprender a amar novamente

...Oh, canais lacrimais e ferrugem
Vou consertar isso para nós
Estamos recolhendo poeira
Mas o nosso amor é o bastante

Sorriu. Sim, aquilo. Uma música deles, feito por eles, para eles.