Royals escrita por BabyMurphy


Capítulo 1
"L'histoire de deux royaumes..."


Notas iniciais do capítulo

Oh ma belles, cá estou eu.
Quem gosta de fantasia?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/507171/chapter/1

1

Você já teve que abandonar sua casa? Eu já.

É uma lembrança ruim, ver aquele mundo ao qual eu estava acostumado simplesmente ir sumindo enquanto o avião decola e se afasta. Eu tinha apenas cinco anos quando nos mudamos.

Eu nunca mais vi meu lar.

Era um lugar calmo, não muito povoado, nem muito conhecido, mas era a minha casa. Nos mudamos para os Estados Unidos da América, milhares de quilômetros a oeste. Eu sinto falta do meu mundo isolado todos os dias, mesmo depois de 13 anos.

Estou atualmente com 17 anos, prestes a fazer 18, e minha missão no momento é terminar o ensino médio. Porém, mais uma vez tivemos de nos mudar. Nossa parada agora é em um lugar que parece com minha antiga casa, uma cidade pequena e um tanto calma. Ohio.

Eu ia para uma escola nova e tinha de recomeçar. William Mckinley High School (WMHS). Não era a melhor escolar da região, mas era a mais afastada e tudo o que não queríamos era chamar atenção.

Entretanto, por mais que não quiséssemos chamar a atenção, meu pai fez questão de comprar uma mansão, isso mesmo. Ela é gigante e linda, lembra a minha antiga casa. Grande e confortável. Mas é muito chamativa. A cidade é pequena, todos vão comentar os novos moradores ricos.

São mais de oito quartos para apenas meus pais, meu irmão e eu. É muito exagero. Não gosto de exageros. Gosto de coisas simples. Roupas simples e confortáveis. Uma blusa comum, uma calça jeans e um tênis, all star, claro. Estou pronto para tudo.

Porém minha mãe não pensa assim. A doce Elizabeth adora tudo que é de marca, caro e muito, mas muito chamativo. Blusas brilhosas, calças justas e saltos altos. Colares de diamante, brincos em ouro puro. Mas só ouro branco, é claro. Acho que puxei ao meu pai.

– Kurt, por que não ajuda mamãe com as malas? – ela passou ao meu lado e me deu um beijo na bochecha.

– Claro. – sorri e fui até o carro pegar o resto da bagagem.

Depois de uma noite tumultuada de mudança, o Sol finalmente deu o ar da graça e assumiu seu posto no topo do céu. A manhã estava agradável e completamente silenciosa. Acordei, vesti a primeira coisa que vi na minha frente, fui ao banheiro e escovei meus dentes, lavei o rosto, passei a mão de qualquer jeito pelo cabelo e desci as escadas.

– Bom dia. – disse entrando na cozinha.

– Filho, você podia se vestir melhor. – dei um beijo na testa de mamãe.

– É a escola mãe, não um desfile. – sorri.

Sentei-me à mesa e tomei o café da manhã. A empregada dava voltas em torno da mesa para se certificar que todos estavam bem servidos. Quando me levantei levei comigo minha xícara e me dirigi até a pia para lavá-la.

– Senhor, Hummel, deixe comigo qu... – a empregada começou a falar e levantei a mão para que se silenciasse.

– Querida, pode me chamar de Kurt. – sorri. – E pode deixar que faço isso aqui, obrigado.

Após lavar a minha louça fui até a entrada da casa, onde o motorista esperava ao lado de um carro preto, blindado. Eu não acredito que meu pai fez isso, ele realmente quer que eu chegue à escola assim? É o mesmo que assinar meu bilhete de suicídio.

Meu irmão mais novo, Finn, estava me esperando ao lado do carro, conversando com o motorista. Ele também puxou ao meu pai, simples. A única pessoa extravagante na nossa família era nossa mãe. E ela usava brilho o suficiente para todos nós.

– Está explicando que vamos descer uma quadra antes? – falei entrando no carro, impedindo que o motorista abrisse a porta para mim.

– Com certeza. – Finn sorriu e se juntou a mim.

O que eu posso dizer da WMHS? É como a minha mãe. Extravagante. Uma escola particular, cheia de pessoas mesquinhas e metidas. Filhinhos de papai e patricinhas nojentas. Melhor lugar do mundo para quem quer morrer.

Quando entramos pelas portas, todos, exatamente todos do corredor pararam para nos encarar. Eu sorri e abanei para eles enquanto passava e Finn ria, dizendo que eu não podia ser mais debochado. Todos estavam sérios, menos duas pessoas.

A menina era baixinha, cabelo castanho. Usava um colar que tinha um pingente de estrela. Ao lado dela, um menino igualmente baixo, moreno de olhos castanhos. Eles me chamaram a atenção porque riam, até demais. Eu parei lhes olhando e então o menino ficou sem jeito, cutucou a garota e ela também parou.

Eu segui meu caminho.

Minha primeira aula era história e assim que entrei na sala, alguns minutos depois da cena no corredor, eu logo reconheci a menina com o colar de estrela. Ela sorriu e apontou para a carteira ao seu lado. Eu me sentei com ela.

– Oi, sou Rachel. – ela ofereceu a mão, um sorriso enorme estampando o seu rosto.

– Kurt. – lhe cumprimentei igualmente sorrindo.

– Então, novo na cidade? – Ela se virou para o quadro, onde o professor já anotava algumas coisas.

– Sim, minha família e eu nos mudamos ontem. – meu coração começou a acelerar quando vi o professor escrevendo.

– Aquele que estava com você era seu irmão? – ela me olhou, ainda sorrindo.

– Sim. – respondi. – Bonito colar.

– É um presente da minha mãe. – ela colocou a mão no colar e o acariciou.

O professor pediu a atenção de todos e então começou a introduzir a aula. Eu tirei meu caderno da mochila e anotei os dois nomes no quadro. Eu tentava não surtar com aquilo. Não podia ser coincidência, podia? Eles não sabem que estou aqui, sabem?

– Muito bem classe, quem conhece essa história? – todos ficaram quietos.

Eu olhei para Rachel, que olhava com a testa franzida para o quadro, ela reparou que eu lhe encarava e então me olhou, arqueou uma sobrancelha e nós tivemos nossa primeira conversa de olhares. Ela entendeu que eu conhecia a história, e então fez um sinal positivo para que eu levantasse a mão.

Relutante eu o fiz. O professor sorriu e então me chamou para ir até a frente do quadro.

– Eu falo bem daqui. – disse e todos riram.

– Venha, não tenha medo. – ele sentou-se em sua mesa e eu fui até a frente.

Era aterrorizador ter todas aquelas pessoas me olhando como se eu fosse um maluco, coisa que eu era. Eu nem tinha visto que estava com minha blusa velha dos The Beatles, e que ela tinha uma mancha branca próxima ao colarinho, provavelmente de pasta de dente.

– Bem, Costa Lune e Costa Étoile ficam na Europa. – olhei para o professor que fez um sinal positivo para que eu prosseguisse. – Eram pequenos países, colonizados por franceses no século XVII, mas não eram notados pelas grandes potências mundiais, nem sequer apareciam no mapa, mas mesmo assim tinham seu valor. Eram feitos de tradições e realeza. Ambos tinham reinos que davam seu melhor por seu povo, até o dia que um inimigo declarou guerra contra ambos.

“Nesse dia os reis se reuniram e declararam que deveriam unir forças, e então as rainhas, ambas grávidas, concordaram em prometer seus filhos em casamento para que isso unisse os reinos.” Todos estavam prestando atenção em mim, era como ler um livro para crianças. “Na noite em que a Lua e as Estrelas brilharam mais, as crianças nasceram. A Rainha de Costa Étoile deu a luz a uma menina, nascida em 9 de outubro. A Rainha de Costa Lune deu a luz a um menino, nascido em 10 de outubro.”

– Como eles nasceram na mesma noite, mas não no mesmo dia? – uma voz veio do fundo.

– Um antes da meia noite e o outro depois, burro. – outra respondeu.

– Prossiga. – o professor disse apontando para mim.

– Os Reis entraram em acordo de que aguentariam a guerra até as crianças terem 10 anos, e só então elas seriam apresentadas e começariam a conviver juntas, se acostumando ao futuro que teriam. – Rachel sorriu para mim e fez um sinal positivo. – Entretanto, Costa Étoile foi invadida quando a menina tinha um ano e o Rei deu sua vida para salvar a Rainha e a garota. Ninguém nunca soube onde elas foram parar, ou se ainda estão vivas. – Parei para respirar. – E Costa Lune foi invadida quando o garoto tinha cinco anos, e então eles tiveram de ir embora. Rei, Rainha e o pequeno príncipe. Todos fugiram e ninguém sabe pra onde.

Bem, eu sei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então esse foi o primeiro, querem o segundo?
Me digam o que acharam e até a próxima ;)