Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 37
Ameaças e interrogatório


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, mas baixou o espirito perfeccionista em mim e eu escrevi e reescrevi esse capítulo tantas vezes que até perdi a conta.
Espero que gostem.



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P.O.V Shane

–--Então vocês não vão dizer nada? – perguntou meu pai.

Ele estava sentado em sua cadeira, ao lado de minha mãe, no lado oposto da mesa estávamos eu e Samantha, cada um olhando para um lado e se recusando falar qualquer coisa.

–--Certo... Entendo que estejam irritados um com o outro, mas preciso saber o que foi que aconteceu. Então vamos começar por Shane, por que bateu em Justin?

O que eu responderia? Que ele a beijou? Esse parecia um motivo estúpido, mas no momento da briga parecia bem convincente.

Decidi ficar calado.

–--Se vai agir como criança, vou tratá-lo como uma. – avisou e eu sabia muito bem que isso significava que ele me deixaria de castigo.

Finalmente virei minha cabeça para encará-lo, porém, ao contrário do que ele esperava, me semblante era desafiador. Ergui uma sobrancelha.

–--E o que você vai fazer? – perguntei com uma risada de deboche – Tirar minha guitarra? Impedir-me de treinar?

Esses eram alguns dos ridículos castigos que eu recebia freqüentemente quando era menor. Para minha completa surpresa, meu pai riu. Sua risada não tinha nenhum resquício de humor.

–--Como se isso fosse adiantar... – revirou os olhos – Ou você age como adulto e assume seus erros e se explique ou mandarei Sam para casa.

Vi pelo canto do olho minha mãe arregalar os olhos. Engoli em seco. Sam não esboçou qualquer tipo de reação, mesmo assim pude senti-la ficar tensa e prender a respiração. Ficar sem aquela garota insuportável simplesmente não era uma opção. Eu ainda precisava dela, eu ainda a queria. Fui tomado pelo desespero de perdê-la e acho que cheguei até mesmo a ofegar. Mas estava bem claro que o rei falava sério.

–--Ele... – falei quase sem voz – Justin a beijou.

Eu passei a encarar minhas mãos como se elas fossem a coisa mais interessante do mundo. Jamais admitiria, mas estava muito envergonhado para olhar para qualquer um deles. Ouvi meu pai suspirar antes de voltar a falar.

–--E você Sam? Por que bateu na Rachel?

Ela não precisou de ameaças para focar sua olhar violeta frio e duro nos olhos dele e responder com a voz completamente firme. Invejei-a por isso.

–--Ela me chamou de puta e depois tentou me bater.

Minha mãe interrompeu seja lá o que meu pai tivesse para falar, assumindo as rédeas da situação.

–--Creio que amanhã Shane pode pedir desculpas a Justin e assim podemos deixar essa situação para trás. – sorriu minimante para nós.

Eu e Sam assentimos e nos levantamos para nos retirar. Porém, antes que pudéssemos dar um passo sequer em direção a porta, sua voz nos impediu.

–--E eu acho que vocês dois precisam conversar... Caso contrário, não vão conseguir esquecer isso nunca.

Não dissemos nada, apenas seguimos nosso caminho.

+ + +

P.O.V Samantha

As palavras da rainha America ecoavam em minha cabeça, “Vocês precisam conversar”, estava ai uma coisa que eu e Shane não fazíamos com freqüência, na verdade, quase nunca. Além disso, ainda havia a pergunta que não queria calar: por que o príncipe reagiu daquele jeito? Estava tudo tão confuso que assim que a porta do escritório foi fechada, estanquei no corredor, minha mente girava.

Olhei para Shane e seus olhos azuis me fizeram rapidamente desistir de tentar falar com ele, então me virei, pronta para passar um bom tempo no meu quarto (já estava de noite mesmo), mas antes que pudesse dar ao menos um passo fui impedida por uma mão em meu braço, mão essa que ainda fazia com que várias correntes elétricas percorressem meu corpo.

–--Precisamos conversar. – ele disse com a voz baixa.

Lentamente me virei para encará-lo e assenti minimamente. Ele fez sinal com a cabeça para que eu o seguisse e assim o fiz, aquele não era o lugar mais apropriado para termos aquela conversa. Eu nunca havia estado nesse andar do palácio antes, de modo que não fazia ideia de para onde ele estava me levando, mas não ligava. Percebi que de um jeito esquisito, eu confiava nele.

Shane parou em frente a uma das várias portas de um dos imensos corredores e abriu, dando-me passagem, entrei sem pestanejar. Percebi se tratar de um quarto, havia uma enorme cama de lençóis brancos, ao lado desta, um criado-mudo e uma guitarra escorada na parede, do outro lado uma lareira (pra que isso? Aqui só faz calor!), uma mesa, um armário e uma porta de vidro que levava a uma varanda.

–--Esse é o seu quarto? – perguntei.

Ele confirmou com a cabeça, mantendo-se calado. Isso já estava me frustrando e irritando... Nunca achei que diria isso, mas queria mais que tudo ouvir a voz dele, nem que fosse para fazer algum comentaria sarcástico.

–--Então? – arqueei uma sobrancelha – O que quer saber?

Ele me olhou nos olhos por mais alguns instantes antes de finalmente suspirar e falar:

–--Desde quando sabe que Justin está apaixonado por você?

Essa era fácil. Achei que ele seria um pouco mais criativo.

–--Desde algumas horas antes da festa.

–--Como descobriu?

–--Julie jogou na minha cara... – revirei os olhos – Todos já tinham percebido menos nós dois. Acho que tínhamos coisas mais importantes para pensar.

Shane sorriu de lado, provavelmente se lembrando de que até aquele dia estávamos nos evitando. Pensou no que eu havia dito durante alguns segundos antes de continuar com o interrogatório.

–--Você foi atrás dele esta noite ou se encontraram?

–--Fui atrás dele.

–--Por quê?

–--Para dizer que não retribuo seus sentimentos.

–--Por que o deixou beijá-la?

–--Porque achei que ele precisava disso para conseguir seguir em frente.

Ele novamente calou-se, encarando-me, sem nunca desviar o olhar do meu. Parecia analisar a veracidade de minhas palavras. O príncipe assentiu levemente com a cabeça e baixou o olhar. Entendi esse gesto como se ele acreditasse em mim. Quando Shane voltou a me olhar havia algo de diferente, era impressão minha ou seus olhos brilhavam? Era felicidade? Estreite os olhos, confusa.

Ficamos nos olhando por mias algum tempo, quando decidi abrir a boca para falar algo e acabar com aquela situação tensa, ele mais rápido do que imaginei ser possível (mal notei seus movimentos) acabou com a distancia entre nós, que não era pequena, e me beijou.

Esse beijo foi ainda mais necessitado que os outros. Uma de suas mãos puxava meu cabelo e a outra segurava firmemente minha cintura. Inconscientemente uma de minhas mãos foi para seus macios e sedosos fios negros e a outra apertava seu ombro esquerdo com força. Era como se eu temesse que ele desaparecesse. Era como se ele temesse que eu fugisse. Era como se gostássemos muito de nos beijar e tivéssemos passado um longo tempo sem fazer isso.

Separamos-nos ofegantes. Os lábios dele estavam inchados e vermelhos pela intensidade, voracidade e brutalidade do beijo, os meus não deviam estar diferentes. O azul de seus olhos estava escurecido e aquele estranho brilho permanecia ali.

–--Fica comigo essa noite?


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi completamente focado em Sham, mas mesmo assim sem muito sentimentalismo, então eu estava pensando em mais pra frente fazer uma capítulo mais água com açúcar, o que vocês acham?