Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 20
Na chuva




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P.O.V America

Assim que o programa acabou todos começaram a se retirar. Anne e Celeste comentavam animadamente sobre a entrevista de Samantha. Eu não conseguia acreditar que ela tinha ameaçado castrá-lo em rede nacional... Mas já deveria esperar algo do tipo da parte dela. Ainda acredito que isso tudo é amor contido.

–--Samantha! – Shane chamou.

Ela virou-se com um sorriso inocente nos lábios.

–--O que deseja, meu Supremo Soberano? – perguntou fazendo uma reverencia.

Meu filho estava entre divertido e irritado.

–--O que quis dizer com aquilo?

–--Você é meio lerdo, não é? – perguntou debochada – Quis dizer o óbvio, que se você tentar me beijar eu arranco suas bolas.

Maxon riu ao meu lado, Celeste gargalhava, Anne não sabia se ria ou fugia. Julie, ao lado de Samantha, olhava-a de modo que transmitia exatamente a mensagem que ela queria passar: “Fica quieta, sua doida!”. Shane suspirou e revirou os olhos.

–--Isso eu entendi. O que quis perguntar é o quis dizer quando disse que eu sou muito mais do que deixo os outros verem.

Ela ficou desconcertada por um tempo, certamente não esperava aquela pergunta ou queria muito fugir dela, mas rapidamente o sorriso travesso voltou a sua face. Eu, assim como todos os outros, estava ansiosa por sua resposta.

–--Coloque seu cérebro para funcionar, amor. Se é que você tem um.

Ele riu sem humor.

–--Muito engraçado, amor.

–--Boa noite, retardado.

E ela simplesmente deu-lhe as costas, seguindo para seu quarto e sendo seguida por Julie,

–--Parabéns. – Taylor apareceu rindo – passou de amor para retardado em questão de segundos. Por falar nisso, que história é essa de amor?

Meu filho deu de ombros.

–--Chamei-a assim uma vez para irritá-la, acabou pegando. Mas esquecendo isso... Cara, preciso da sua ajuda.

–--O que quiser.

–--Já que você e Samantha são tão amiguinhos, descubra o que ela quis dizer com aquilo. Fiquei confuso.

–--É, eu também. Quando ela abriu a boca achei que iria sair todos os xingamentos existentes. Mas, enfim, é a Sam, ela é imprevisível, vou lá falar com ela.

Ele saiu logo em seguida, seguindo o mesmo caminho que a garota fizera. Shane e Celeste saíram pouco depois, sendo seguidos por Maxon e Anne. Fiquei porque queria falar com Gavril e sabia que ele queria fala comigo também.

–--Essa entrevista foi bem interessante. – ele comentou enquanto se aproximava – Tanto ou talvez mais que a sua.

–--Com certeza mais. – eu ri – Eu posso ter admitido gritar com o até então príncipe, mas Samantha além de admitir xingá-lo, ameaçou castrá-lo.

Ele riu, provavelmente se lembrando da cena.

–--Acho que seu filho gosta disso. Com todo o respeito, ele é louco.

–--Assim como ela, dois loucos.

–--Como será ter dois loucos governando o país?

–--Não sei... Mas que essa garota será a próxima rainha, eu não tenho dúvidas.

+ + +

P.O.V Samantha

–--Adorei sua entrevista, maninha.

Olhei para o lado e descobri que Taylor me acompanhava.

–--Qual parte foi a sua preferida?

Eu não precisava perguntar para saber, mas seria divertido ouvir.

–--Com certeza foi a que você ameaçou castrá-lo caso ele te beijasse. Mas a parte em que você contou da aposta também chegou perto. Porém, a parte que me surpreendeu mesmo foi a que você disse que ele é muito mais do que deixa os outros verem. De onde tirou isso?

Dei de ombros.

–--Saiu. Eu falo sem pensar. Admito que estava pronta para falar mal dele até não poder mais, entretanto, foi o que saiu.

–--E qual o significado por trás dessas enigmáticas palavras, posso saber?

–--Quando falei isso, nem eu entendi direito, mas acho que o que eu quis dizer é que ele não é tão indiferente quanto tenta ser. E eu gosto de quando ele deixa isso de lado, ele parece mais humano, mais vulnerável, acho que gosto um pouco desse Shane.

Eu não estava acreditando no que tinha dito. Precisava mesmo por travas na minha língua, ou pensar antes de falar besteira. Fiquei tão chocada com o que tinha dito que, sem perceber, havia parado no meio do corredor.

–--Finge que eu nunca admiti isso.

–--Pode deixar. – disse, batendo continência.

–--Boa noite, Tay. – desejei rindo.

–--Boa noite, Sam. – falou com um sorriso.

+ + +

Acordei de repente, minha cabeça doía. Ainda estava tudo escuro, olhei no relógio ao lado de minha cama, ainda eram quatro e meia da madrugada. Levantei-me e fui em direção a sacada, ao abrir as cortinas, descobri que estava chovendo. Sorri involuntariamente, aqui era raro chover e eu estava sentindo falta disso.

Sem me importar se estava usando apenas meu moletom gigante cinza, que uso como pijama, corri para fora do quarto, desci as escadas ainda correndo. Não me importei com os guardas, que pareceram não se importar comigo também. Abri as portas que davam para o lindo jardim e corri para chuva.

As gotas caiam por meu rosto, encharcavam meu cabelo e meu moletom já estava pesado, mas eu não me importava. Sempre gostei da chuva, na verdade, sempre gostei de água, de nadar, tomar banho e, principalmente, ficar na chuva. Eu mantinha um sorriso nos lábios.

O cheiro de chuva se misturava com o da grama molhada e aquela era a melhor combinação do mundo.

+ + +

P.O.V Shane

Acordei com o barulho da chuva. Olhei no relógio, não eram nem cinco da madrugada. Tentei voltar a dormir, mas eu simplesmente não conseguia. Derrotado, levantei-me e fui em direção à varanda. Abri as grandes portas e contemplei a chuva, não era muito comum chover por aqui, mas eu gostava nas raras vezes em que acontecia, embora o que eu gostasse mesmo fosse a grama molhada depois.

É esquisito, mas é o meu cheiro favorito, mal podia esperar para que depois que a chuva passe, pela manhã, eu pudesse me deitar na grama do jardim. Olhei para o jardim já me imaginando deitado ali.

Um vulto correu pelo jardim, era uma garota. Franzi o cenho, ela girava e pulava pela grama, parecia extremamente feliz em ser molhada pela chuva, o que não era comum para nenhuma pessoa do sexo feminino, elas não gostavam de molhar o cabelo, estragar a maquiagem, molhar a roupa... Logo entendi o porquê de aquela em especial não se preocupar com nada disso, reconheci as mechas roxas no cabelo castanho.

Sem saber exatamente o porquê estava fazendo aquilo, sai correndo de meu quarto, passando pelos corredores e correndo pelas escadas. Os guardas me olhavam de modo curioso, mas não me importei. Finalmente alcancei a grandes portas que levavam para o jardim, elas estavam abertas, provavelmente ela havia deixado-as abertas.

Não hesitei em correr para chuva. Quando a alcancei já estava completamente encharcado, meu cabelo negro caia molhado pelo meu rosto. Coloquei uma mão em um de seus ombros e só quando ela voltou-se para mim que eu fui perceber que ela vestia apenas um moletom comprido que já estava completamente encharcado, automaticamente lembrei-me que eu também usava apenas uma calça de moletom e uma camiseta branca fina.

Esqueci-me rapidamente daqueles pequenos detalhes quando notei que ele tinha um grande e verdadeiro sorriso estampado em seu rosto. Sem nem perceber, sorri também.

–--Caiu da cama? – perguntou ela, divertida.

Samantha parecia uma criança naquela noite, brincando na chuva, seus incríveis e grandes olhos violetas brilhavam de animação. E o sorriso infantil foi o que mais gostei de ver.

–--Não exatamente. E você? – perguntei ainda contagiado por seu sorriso.

–--Não exatamente. – ela repetiu o que eu dissera, brincando.

Sem aviso prévio, ela me empurrou e cai na grama, com ela por cima de mim. Estava pronta para perguntar irritado o porquê que ela fizera aquilo, mas ao ouvir sua doce gargalhada, acabei rindo também.

–--Para alguém com tantos músculos, você é muito fraco.

–--Você me pegou desprevenido. – argumentei.

Ela sorriu mais uma vez antes de sair de cima de mim e deitar-se ao meu lado.

–--Gosta da chuva? – perguntei.

–--Sim. Gosto de água. Gosto do cheiro de chuva.

–--Gosto do cheiro de grama molhada. – contei.

–--Hoje nós temos os dois. – ela falou com um sorriso.

Ela olhava para cima, contemplando o céu escuro. Minha cabeça estava virada para o lado, olhando-a. Ela virou sua cabeça, olhando-me. Não dissemos mais nada, ficamos apenas nos encarando. era bem comum eu me perder em seus olhos, naquela imensidão violeta. Azul no violeta, na chuva.


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