"Tem certeza, um pônei perguntou na escuridão.

Ele e mais uma parceira estavam escondidos, observando uma casa, na cidade de Ele e mais uma parceira estavam escondidos, observando uma casa, na cidade de Canterlot.

Ele era um pégaso azul, de crina negra, quase totalmente escondida sob uma bandana vermelha. Sua Cutie Mark eram duas espadas cruzadas e ele tinha uma mancha preta em volta do olho esquerdo.

"Absoluta. Minha bussola não mente." A outra respondeu.

Se é que podia chamá-la de pônei. À princípio ela aparentava ser uma unicórnio laranja, mas ela tinha patas com garras, uma cauda de dragão, a ponta em forma de flecha e espinhos ao longo dela, e asas também de dragão. Sua crina aparentemente em chamas eram de uma azul-safira e sua Cutie Mark era uma caveira envolta em chamas.

"Não é com sua bússola que estou preocupado. São suas visões."

"Alguma vez já enganei você, Black?" Ela perguntou.

Black negou. Ia dar um voto de confiança para Blood Claws, ela sempre tinha sido uma ajudante leal e sincera, mesmo tendo poder para tomar o controle.

A cena mudou para uma caverna, onde um grupo de pôneis dormia em torno de uma fogueira. Mais ao fundo, estavam os mesmos dois pôneis de antes.

"Viu alguma coisa boa dessa vez?" Black Eye perguntou. "Última vez que seguimos uma de suas visões e sua bússola quase fomos capturados e a missão foi um fracasso."

"Não foi culpa minha. Seu capitão foi que tomou a rota por dentro das terras do gelo eterno." Blood Claws protestou. "Mas era inevitável que isso acontecesse. Agora temos a chance de corrigir nosso erro. Partiremos pela manhã."

Em dois lugares bem distantes, duas pôneis acordaram assustadas.

Uma delas, uma jovem alicórnio prateada, de crina azul-gelo, com uma única mecha puramente branca e a marca de um floco de neve, cercado por cinco pequenos cristais de gelo, saltou rapidamente de sua cama e correu para fora de casa.

Sua casa, assim como as outras em volta, era um iglu, mas era o maior da região, exceto o grande e imponente castelo de gelo. A paisagem à sua volta era uma planice totalmente branca, nada à vista além da pequena vila, situada em um vale entre as montanhas que os cercavam.

O frio ali era intenso, mas isso não parecia incomodar nenhum dos pôneis que ali viviam. Mesmo assim, Snow Glitter tremeu um pouco com a primeira rajada de ar frio, antes de continuar seu caminho.

O sonho não a perturbava, ela já tivera piores. Mas num estado entre o sonho e o acordar, ela vira uma última imagem, um castelo em uma árvore, em algum luar quente. Um castelo em uma árvore? Talvez o castelo fosse uma árvore... Mesmo assim era estranho. Mas o que aquilo significava? Onde ficava aquele castelo?

Ela olhou para trás, tentando decidir se devia voltar para sua biblioteca quente e aconchegante. Era impossível que não houvesse um mapa em algum lugar. Mas então mudou de ideia. Se algum lugar tinha um mapa, esse lugar era o escritório de Lord Freeze. Ela não devia entrar lá, mas sentia que aquilo era importante. E por algum motivo, sempre que ela perguntava sobre coisas fora do vale ele não respondia.

Ela fez seu caminho até o castelo bastante animada. Tinha certeza que era algo importante.

Mas antes que ela pudesse tentar chegar até o mapa um guarda a parou.

"Princesa Glitter, Lord Freeze quer vê-la na sala do trono o mais urgente possível."

Ela assentiu e voou para lá. Não podia imaginar o que podia ser tão urgente, mas talvez lhe desse algumas respostas.

Ela foi saudada com uma reverência pelos guardas que lhe abriram a porta para entrar na sala do trono. Lord Freze estava lá, trotando de um lado para o outro, impaciente.

Snow fez uma reverência para o lord.

"Me chamou, senhor?" Ela perguntou.

"Sim. Ainda bem que está aqui, princesa. Eu preciso partir logo, enquanto isso, você ficará no comando de tudo por aqui." Ele disse.

"Partir, senhor?" Ela ergueu os olhos para ele, surpresa.

Freeze nem olhava para a princesa, continuava a trotar de um lado para o outro, parecia nervoso. Isso era visível pela neve que caía levemente sobre ele.

"Era um costume antigo, uma vez por ano, haver uma reunião entre o lord das neves e as princesas de Equestria, no antigo Império do Cristal, o lugar mais perto que podemos chegar das zonas quentes de Equestria. Então o rei Sombra tomou o controle do império, aí o lugar todo desapareceu e o costume se perdeu. Mas faz um tempo que o império retornou, e está na hora de retomar a tradição. Já mandei uma nota pedindo audiência, estarei partindo em meia hora."

Snow saltou em pé, animada.

"Uma audiência com as princesas, e fora do vale? Não posso ir? À final também sou uma princesa."

"Sim, eu sei, Snow. Mas você é muito nova. Ficar tanto tempo fora do vale pode ser perigoso para você. Talvez devêssemos esperar mais um ou dois anos antes de apresentar você às princesas, está bem?"

Snow soltou um suspiro chateado.

"Sim senhor."

"Além do mais, quem tomará conta do vale enquanto eu estiver fora?" Pela primeira vez ele parou para encará-la. "Não se preocupe, um dia chegará sua vez, então você irá no meu lugar. Tenha paciência." Ele sorriu gentilmente.

"Sim senhor."

"Vamos meu floco de neve, anime-se. Não era o que você queria? Mais responsabilidade?" Freeze flutuou uma chave até Snow. "Acesso total ao meu escritório. Vou estar fora por quatro dias. Cuide-se."

Com isso ele começou a deixar o salão, mas Snow o chamou de volta.

"Senhor! Eu tive um sonho esta noite."

"Um sonho?" Ele continuou seu caminho, a princesa o seguiu.

"Com um castelo-árvore... Havia uma estrela no topo."

"Um castelo em uma árvore? Snow, eu já vi imagens de toda Equestria, e posso lhe garantir, que não existe nada parecido com o que você está tentando descrever. Foi apenas um sonho."

"Também sonhei com alguns pôneis estranhos. Black Eye e Blood Claws, se me lembro bem." Snow não desistiu.

Dessa vez Freeze congelou.

"O que disse?"

"O senhor os conhece?"

"Não. Vou repetir, foi apenas um sonho, princesa. Agora tenho que deixá-la. Últimos preparativos para a viajem. Te vejo quando voltar e se os sonhos persistirem, então conversamos."

Ela assentiu, sem muita escolha e deixou que o lord partisse, não fazia sentido insistir. Isso não queria dizer que ela fosse desistir. Com as chaves flutuando à sua frente ela sorriu. Seu destino estava à caminho.