Calafrios escrita por Langner


Capítulo 2
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de pedir desculpas por erros que, talvez, possam estar presentes neste capítulo. Minhas betas estão ocupadas e não se encontram online, portanto, fiz e revisei sozinha. Prometo amanhã dar mais uma olhada para verificar erros novamente e, qualquer coisa, editarei.
Espero que gostem!



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Quatro da tarde. Ciel fitava friamente o tabuleiro à sua frente. Esta deveria ser a quinta partida que havia jogado consigo mesmo hoje; ou seria a sexta? "Já perdi a conta", pensou.
Apesar de suas mãos estarem ocupadas movendo as peças do jogo, a mente do rapaz estava em outro lugar. Em outro alguém. Os mesmos pensamentos usuais martelavam em sua mente com força, fazendo Ciel levar sua mão à têmpora, como se sentisse dores de enxaqueca. "Eu preciso saber". Todos aqueles questionamentos estavam, aos poucos, o destruindo por dentro. O enchendo de ansiedade. De medo. De curiosidade.
Com um suspiro, Ciel deixou sua cadeira ao se levantar com um ar irritado, e seguiu em direção à janela, na esperança de que, ao observar as belezas que seu jardim oferecia, esqueceria todas aquelas bobagens que antes se encontrava pensando. "Eu sou um Phantomhive. Não posso me deixar levar; não posso me afetar." disse o conde mentalmente, tentando anestesiar sua forte sede por respostas. Sempre conseguia focar-se em seu objetivo e deixar os pensamentos banais de lado ao relembrar seu passado, e de sua grande meta. Vingança. O sangue que lhe corria nas veias fervia furioso apenas no ato de Ciel pensar em tudo o que passou. Na humilhação. Na dor. Na exposição de sua fraqueza.
Estava totalmente concentrado, de corpo e alma nos seus objetivos, assim como o esperado. Havia conseguido finalmente guardar no fundo da sua consciência os pensamentos relacionados à Sebastian. Planejava calmamente seus próximos passos, enquanto observava o balançar das folhas em um vento quente de verão. Como o habitual, sua mente se colocou a calcular friamente os planos e projetos futuros, e Ciel, distraído, pôs-se a olhar, por razão nenhuma, para um ponto particular no canto da janela. Seu coração deu um pulo. "Desde quando ele estava ali? ...Oh". Ciel observou cautelosamente a figura negra e alta que se encontrava no canteiro do jardim. "Aparando as rosas" pensou, "como eu havia pedido".
Em um milésimo de segundo, todos os pensamentos que Ciel se esforçara para afastar voltaram com força máxima, mil vezes mais velozes. Ele. Aquele que não saía de sua mente, nem por um segundo. Suas indagações corriam de sua consciência e desciam, geladas, por toda sua espinha. Aquilo já estava o matando.
"Por que me obedece?", interpelava-se. "Por que nunca se virou contra mim, apenas pegando minha alma e saindo? Ele tem o poder para isso. Por que cumpre o que eu peço sem reclamar?" Essas eram apenas perguntas simples comparadas à tudo que corria na mente de Ciel. Haviam outras dúvidas que, só de pensar, o corpo do jovem gelava e tremia por completo. "Ele... sente?"
De repente, a figura, que há poucos segundos dava as costas à janela onde Ciel se encontrava, virou-se. A pupila do garoto dilatou, como a de um gato assustado. À distância, o conde sentiu que o mordomo o encarava de volta. Seu olhar, cravado em Ciel, não revelava expressão alguma; como o esperado de um demônio. Mesmo querendo, Ciel não conseguiu se desvencilhar do contato visual, fazendo-o fitar Sebastian por alguns segundos; e este, não fez nenhum movimento. Ciel estava pronto para se virar ao outro lado da janela, quando viu as feições do mordomo mudarem. Um sorriso. A boca do demônio se abriu ligeiramente, formando um sorriso de canto. Ciel deu um passo para trás, em choque; e simultaneamente, Sebastian se virou novamente contra a janela, voltando a cuidar das roseiras.
"Ele... Sorriu pra mim?"
Perplexo, o jovem virou-se, e colocou sua mão à procura da cadeira mais próxima, buscando apoio. "O que ele estava pensando? Ou melhor, o que ele pensa? Apenas age por instinto? Ou é só um demônio maluco que sente prazer em receber ordens de uma criança?"
Já chega. Aquela foi a gota d'água. Já não dava para conter mais a vontade de saber. De descobrir por si só a natureza do demônio. "Eu não vou temer. Ele é meu mordomo, e eu sou seu mestre. E tudo o que eu lhe perguntar, ele há de me responder". Estava disposto a questionar tudo o que estava preso em sua garganta há muito tempo. Afinal, não podia conviver diariamente com um ser que não conhecia; que talvez, só estava ali por fome, e pelo desejo de saborear sua alma.
"Eu vou descobrir." Concluiu mentalmente, enquanto fitava com um olhar decidido o luxuoso papel de parede da sala. Iria agir o mais rápido possível para tirar suas satisfações, e o faria hoje. "Afinal... eu tenho o dia livre."


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Notas finais do capítulo

Capítulo dedicado novamente à Brenda, que veio aqui em casa me apoiar com os estudos e com a fic.