Calafrios escrita por Langner


Capítulo 1
Prólogo - Despertar




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Algo irritava os olhos do menino adormecido. Luz. Uma forte claridade, vinda da janela de seu quarto, refletia sobre o rosto do jovem rapaz; que, incomodado, deu as costas às cortinas esvoançantes, que dançavam no ritmo da leve brisa que assobiava. Mas ao virar-se, a atmosfera que Ciel se encontrou relanceando, com os olhos semiabertos, foi completamente diferente. Escuridão. Não era exatamente isso que procurava ao se virar contra os feixes de luz? "Não", pensou consigo mesmo, "não era isso que eu queria". Diferentemente de uma escuridão qualquer, que apenas paira em um ambiente desprovido de luz, essa escuridão tinha uma fonte. E ela estava ali, parada, na frente dele. Ou melhor, ele. A figura negra, alta, esbelta e com um pesado ar sombrio, se encontrava ali na sua frente, parado. Esperando. "Esperando... o quê? Oh". A realidade atingiu Ciel como uma bala em seu peito, fazendo-o recordar suas memórias. O motivo dele estar ali. O porquê. A razão do garoto acordar todos os dias, para cumprir seus compromissos, dados por ninguém menos que a própria Rainha. Todos esses pensamentos passaram pela mente de Ciel em uma fração de segundos, rápidos e diretos, deixando um jovem conde, que antes se encontrava sonolento, muito bem acordado.
– Jovem mestre, é hora de acordar.
A resposta de Ciel foi um baixo grunhido, misturado com um bocejo, fazendo um som que, para o mordomo, já era usual.
– Não recebemos nenhuma carta de Vossa Alteza hoje, Jovem mestre; - disse Sebastian - E já cuidei de todos os documentos da companhia Phantom que precisavam ser avaliados e organizados. Suas aulas foram transferidas para depois de amanhã, portanto hoje, sua agenda está livre.
– Certo. - respondeu o menino, num tom ríspido. Sebastian não parecia se afetar com a frieza de seu mestre; esta já lhe era habitual. Como um demônio, o mordomo conseguia ler os sentimentos e decifrar os pensamentos humanos, e isso havia se tornado umas de suas maiores diversões. Sebastian nunca, nem por um segundo, se arrependera de ter selado seu trato com Ciel. Aquele menino valia ouro. O demônio constantemente farejava o medo e a insegurança no garoto, sempre calado. Como um bom servente, apenas obedece ordens; e observa. E é observando que Sebastian relembra como vale a pena ter um contrato com aquele jovem. Era incrível a força de vontade e a sede de vingança que o pequeno tinha; mesmo amedrontado, em pânico ou inseguro, ele tinha a habilidade de camuflar todos esses sentimentos com frieza, e sempre seguia consistente e racional em tudo o que fazia. Sebastian nunca havia visto em toda sua existência um humano assim, muito menos dessa idade; e era exatamente isso que fazia Ciel uma alma tão valiosa. Tão convidativa. Tão deliciosa. "Ah, quando chegar o dia". Aguardava ansiosamente pelo momento em que colocaria suas mãos naquela alma. Pura. Limpa. Saborosa. Pronta para ser digerida pelo mais sujo dos demônios; o mais maquiavélico; o mais manipulador. "Ah, sim. Mal posso esperar".


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Notas finais do capítulo

Comecei devagarinho, mas prometo dar um corridão no próximo. Creio que essa fic não será mais do que quatro capítulos - isso se chegar a quatro. Dedico o capítulo para Brenda, minha princesa da torre que ama tanto Kuroshitsuji. Agradecimentos às betas Mariana (ArumuNakashima) e Rebeca, que não tem uma conta aqui no site.